6.03.2019

Tenho claramente um problema

Tenho claramente um problema a fazer malas para férias. [problema de primeiro mundo, bem sei] 

Ou é 8 ou é 80.

No fim-de-semana passado claramente levei roupa a menos. Não contei, por exemplo, com um descuido da Luísa (raro, mas acontece). Lá fui eu lavar os calções dela porque já não tinha mais roupa caso sujasse a única que sobrava. Também gostava de ter levado mais umas calças para mim, que, com os colos, ficaram imundas. Não adorei a sensação de não ter opções. Sou claramente de fases. Já chegámos a ir para a costa alentejana com a roupa do corpo e foi fantástica a sensação de libertação e desapego.

Mas depois, a fazer malas para uma semana, exagero! Levo duas camisolas quentes para ambas, não vá estar frio. Dois casacos, não vá estar fresco à noite. E depois calções e t-shirts e vestidos que não acabam nunca. Até lhes perdi a conta. Fico com medo que sujem durante o dia, ou que as molhem, e que depois do banho precisem de outra muda. Para mim, 3 pares de calças e uns quantos vestidos e saias e calções... para quê, mesmo? Vamos para um destino de chinelo no pé, pá! Vamos para Porto Santo. Bastava 3 calções e 7 t-shirts e uma camisola estava a andar de mota. Mas não. Todo um mundo numa mala. Tenho de aprender a conter-me que em setembro esta mala, que usei para as três, vai ter de servir para os quatro.

No outro dia enviaram-nos um e-mail a pedir dicas sobre este assunto, mas eu é que vos peço a vocês!



Como fazem?


6.02.2019

Estratégias para não bater nos nossos filhos.

Ninguém disse que ia ser fácil. Aliás, antes pelo contrário. Toda a gente diz que é muito difícil “mas que compensa”. Fala-se muito da falta de sono que, nos primeiros meses, é do mais torturador que existe mas, depois, deixa-se de falar das coisas como se fossem “adquiridas” e começamos a passar o cenário para a responsabilidade das crianças.



“Ai, portas-te tão mal! És tão mal-educado! Porque é que ME fazes isto?”

Não. Continua a haver situações complicadas, difíceis de gerir e que são perfeitamente naturais enquanto são crianças (e adolescentes, do que me lembro). Só que aí, por já não se parecerem com recém-nascidos, já nos parecem mais como “pessoas” e mais “capazes” e, por isso, mais aptos para serem responsabilizados. Nós, cansadas, exaustas, com mil pressões em cima também não conseguimos ter ar suficiente nos pulmões para respirar fundo e ganhar tempo a tentar perceber o que se passa. O que se passa além das nossas emoções mais primárias agudizadas com o nosso cansaço. Uma chatice. Para todos. 

Os começos e os finais de dia são, a meu ver, o mais complicado. Quanto mais cansadas estivermos, pior. No outro dia, no Facebook, a Joana Paixão Brás e eu fizemos um live no Facebook para tentar construir uma lista de estratégias para não batermos nos nossos filhos e decidimos fazer um vídeo sobre isso para ajudar mais famílias, mães e crianças por aí. 

Esperamos que, mais do que gostem, que vos seja útil. Só por uma os comentários no vídeo já valeu a pena falarmos sobre o assunto. Subscrevam o canal, já agora ;)


Gostaram da maquilhagem? Foi a nossa Patricia Marques - sigam-na aqui ;)

Querem partilhar aqui nos comentários as vossas dicas? O que é que vos tem ajudado ou, até, se quiserem, as vossas frustrações para todas nos sentirmos menos malucas?






5.28.2019

A minha infância

Fui uma criança muito feliz. Senti-me amada. Deram-me liberdade. Ouvia muita música e cantava muito. Andava de bicicleta na Perofilho, comia amoras acabadas de apanhar e tomava banhos de mangueira e de balde no quintal da minha avó Rosel. Apanhava nêsperas da árvore. Apanhava boleias nas ondas, no verão. Comia gelados, que derretiam pelas mãos e que eu lambia. Chupava o sal dos cabelos, acabados de sair da água do mar. Fazia amigos na areia. Fazia pinos e andava nua pela praia. Brincava no recreio da escola, jogava à macaca e ao elástico. Imitava os Onda Choc. Via novelas - adorava a Babalú da Quatro por Quatro - e o Baywatch quando chegava a casa. Punha a cassete com as gravações de desenhos animados, dos quais já sabíamos as falas de cor. Fazia ginástica e pontes no quarto. Andei na natação e nas danças de salão e na música e no coro. Bebia leite com cevada em casa da minha avó Isabel. Desmembrava os sofás com o meu irmão para saltarmos e brincava com os bibelots que eram meninas e cães e sei lá mais o quê. Comia caracóis com torradas e um sumol de laranja. Lia muitos, muitos livros. Ia para a cama dos meus pais aos sábados e domingos de manhã, ouvir anedotas e apanhar cócegas. O meu pai secava-me o cabelo, em cima de um banquinho verde tropa, com um rolo, para as pontas irem para dentro. Tinha um vestido amarelo torrado que adorava e com o qual me sentia vaidosa. Fazíamos viagens maiores a ouvir Shade, Delfins e Os Bandemónio. Eu cantava a viagem toda. Usava borrachinhas de cheiro e canetas de cheiro para colorir os meus cadernos, sempre impecáveis. Alugava filmes no clube de vídeo, mesmo em frente ao nosso prédio. Fazia coleção de cromos e autocolantes (aqueles dos fantasmas que brilhavam no escuro!) e de posteres das Spice Girls, dos TakeThat e dos Backstreet Boys. Tinha um do Hugo Leal, um crush, apesar de ser do Benfica. Ficava escondido do lado de dentro do armário para lhe poder dar beijinhos à vontade. Adorava a Bravo e a concorrente. Tinha cassetes que ouvia na aparelhagem do quarto. Escrevia no diário todos os dias e apaixonava-me muito. Ia para Lisboa para os ensaios dos Onda Choc e do coro dos Jovens Cantores de Lisboa. Faltava às aulas para ir ao Buereré atuar, mas tinha justificação por "atividade cultural". Partilhámos camarim com estrelas da altura, com os Milénio e tirei fotografias com os Anjos. Pedi autógrafos aos Excesso, antes de um concerto. Fui à Expo 98 e adorei o pavilhão da China. Gritei muito e chorei muito com os jogos da selecção nacional. Recortei o Figo das revistas. E adorava a Naomi e a Cindy Crawford, mas a minha preferida sempre foi a Elle Macpherson (que vi, anos mais tarde, numa fila para o cinema em Londres e ia tendo uma coisinha).



A minha infância foi... mágica. 
Voltava lá por um dia.

E vocês?