11.02.2017

10 truques para acabar com birras.

Tendo em conta o que vos escrevi ontem aqui e sendo que a Irene continua a fazer birras, não vejam aqui nada de milagroso. Apenas alguns atalhos que demoraram imenso tempo (e leituras também) a aprender e que funcionam comigo e com a Irene. Tenho esperança que funcionem convosco também. 

A ordem é conforme o que me vai surgindo, mas acho que os posts ficam mais credíveis com números, por isso, aqui vai. 



#1 - Não ter que dizer não directamente. 


Eu sou tortinha e sei que quando me dizem que não que todo o meu corpo se altera. Fico mais hirta (que nem uma barra de ferro, eu sei) e com vontade de contra-argumentar tudo. Às vezes não precisamos de cortar a direito para ter o mesmo resultado e até de forma mais rápida se evitarmos uma birra. A Irene ouve tantas vezes isto que até a mim já me diz. 


"Amanhã fazemos/procuramos/compramos/falamos/brincamos". 


Dar a solução (se for verdade) em vez da negação absoluta. Resulta imenso por aqui. 


#2 - Explicar o motivo, se houver. 

Isto, partindo que a criança já sabe compreender - por acaso, o Frederico e eu falamos com a Irene desde sempre como se ela compreendesse e não me lembro de não ser eficaz, acho que a distraía e habituou-nos bem. "Filha, tens que lavar os dentes porque senão os bichinhos comem os dentes, ficas com uns buracos que são as cáries e que fazem doer os dentinhos e depois...". Ou tens de vestir o casaco, senão podes ficar doente com o frio e depois queres ir ao jardim, mas tens de ficar em casa a tomar ben-u-ron". Estou a rir-me. Realmente sou muito específica mas funciona. Ela cala-se, nem que seja para eu não falar mais disso com ela por estar farta. 


#3 - Exagerar o motivo.

Não é verdade que, se ela adormecer, o cabelo vá ficar maior, maaaaas, o cabelo cresce todos os dias e, à noite, também terá o seu processo, não é? Sabendo que ela quer ter o cabelo comprido... e que não é mentira... Que mal tem dizer isso? Quando a de "dormir para descansar e amanhã ter energia" não resultar...? Sei que isto deve estar algures incorrecto numa teoria qualquer, mas parece-me relativamente inofensivo. 

#4 - Ser criativo.


Só conseguirmos isto se andarmos descansadas e bem da cabeça. Esqueçam a criatividade quando estão a pensar se se querem divorciar ou se acordam seis vezes por noite para dar de mamar ou biberão ou por a chucha que caiu. Não dá. Maaaaaas e "lava os dentes para a Skye de peluche aprender a lavar os dentes contigo que sabes tão bem" funciona... Se calhar vamos ter aqui grandes criativas. Os amiguinhos peluches aprenderem com eles, eles serem o exemplo ou, no caso da Irene, usar os personagens que ela vai interpretando ("Será que o Rafa consegue ir já para o banho?") resulta muuuito bem. 





#5 - Recompensa Final

Não estou a falar de recompensas pelo bom comportamento ou mau. Nunca pensei muito a fundo nisso, mas superficialmente não me parece adequado criar uma gratificação para um comportamento expectável, mas talvez venha a mudar de ideias. Para já, por exemplo, a Irene sabe que se engonhar muito até ir lavar os dentes e o nariz (cheia de alergias, tadinha) que depois não há tempo para histórias. E não há. No dia seguinte acontece tudo mais rápido ou, então, não há histórias. Simples. Encurta-se o tempo da história e deita-se a horas razoáveis na mesma. 

#6 - Não ter medo da birra grande

Houve uma altura em que a Irene queria que eu ligasse o ar condicionado para ela adormecer. Depois, como a luz iluminava demasiado o quarto, isso deixou de ser porreiro porque ela não relaxava. Disse-lhe que se ela voltasse a dar saltos na cama (ou lá o que era) que tinha de desligar o ar condicionado porque era por causa da luz que ela não estava a descansar. Fez na mesma. Desliguei o ar condicionado. Foi uma birra gigante (ainda por cima cheia de sono que era hora da sesta), mas expliquei-lhe que era uma "lição" e que não podia voltar a ligar o ar condicionado por muito que ela pedisse. E ainda hoje funciona quando digo que tenho de fazer algo para ser uma lição. 

#7 - Ditar as regras enquanto se tem atenção

Antes de ir para o jardim e depois de perdermos a atenção deles, explicar o que vai acontecer e como. "Irene vamos para o jardim, vais brincar muito, mas quando a mãe chamar é para ir porque temos de ir jantar e blá blá". Minutos antes digo: "Irene, só mais um bocadinho que temos de ir embora, depois quero que venhas ter comigo ali à porta e vamos as duas". Refila sempre um bocadinho (consoante o cansaço), mas rapidamente lhe digo "abres tu o carro com o comando" ou assim e passa-lhe rápido. 

#8 - Reconhecer as emoções

Se começa a chorar porque está triste ou a bater em coisas porque está zangada, reconhecer os sentimentos dela, que já percebemos e explicar-lhe o que se está a passar. Depois de vermos o filme Divertidamente juntas é fácil explicar-lhe que ela tem o Sr. Medo e o Sr. Zangado na cabeça e, por isso, é que se está a passar, mas que podemos ajudar o senhor medo(varia consoante o que se passa, até poderá passar por um mantra qualquer) e depois o Sr. Zangado vai dormir também.

Foto Pau Storch


#9 - Cumprir as promessas

Importante mantermos a nossa palavra, mesmo quando achamos que eles já se esqueceram para que a confiança deles em nós funcione a nosso favor. A Irene cortou a pasta de dentes que tinha acabado de lhe oferecer sem querer. Ficou muito triste e fez uma birra gigante por a deitar no lixo e eu disse para ela não se preocupar que um dia a mãe comprava uma. Comprei. Agora, já sabe, que sempre que eu disser que não há problema que resolvo, que vou resolver. Relaxará.

#10 - Saber como funciona o cérebro deles.

A brincar, a brincar, saber como é que eles vêem as coisas e porque é que pensam como pensam ajuda imenso. Se os saltos de desenvolvimento e picos de crescimento nos bebés fazem com que eles tenham comportamentos irreconhecíveis nalguns meses, também nos restante crescimento tal acontece. Ajuda a despirmo-nos da culpa e de tudo o que temos implantado na cabeça sobre podermos estar a fazer um mau trabalho e vermos as coisas com maior amor e empatia. 


Num outro post poderei dar sugestões de leituras, sei que deve haver mais mães por aí que gostem de queimar pestanas e que gostem de ver os resultados práticos a surgirem bem à vossa frente :) 



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Ahh! Então é por isto que eles fazem birras!!

Eu não sou coach, nem o Gustavo Santos. Sou apenas uma mãe que, tal como vocês, vai "aprendendo a andar nisto", mas que tem dias em que o nome deste blog lhe parece fazer muito pouco sentido. Ainda antes de ontem a Irene e eu tivemos um momento menos feliz, mas que gosto de pensar que o resultado tenha sido produtivo, apesar de tudo. 

Vou tentar escrever para amanhã algumas dicas para acabarmos com as birras, mas antes tinha que escrever este post. 


Sejamos francas, não são só as crianças que fazem birras (aqui um post sobre As Birras da Irene) Nós, todas adultas e quês, também temos as nossas fraquezas e o que é que as piora? Não termos as necessidades básicas em ordem, como vos falei neste post "O MEU melhor conselho para recém-mamãs"

#1 - Isto é: será que têm sono? Mesmo que tenham dormido bem à noite ou à tarde, não se poderão ter cansado?

#2 - Será que não estão a ter atenção suficiente nossa e estão a fazer disparates só porque têm saudades nossas? É possível e, às vezes, incorporando-os nas nossas tarefas é o suficiente. 

#3 - Será que estão a passar por uma situação mais complicada? Aos três anos, por exemplo, existe um período muito sensível na construção da sua identidade e, para além disso, os pais da Irene (minha filha), separaram-se recentemente. Será normal ela andar mais sensível? Claro. 

"Não vemos as coisas como elas são. Nós vêmo-las como somos" 
 Anaïs Nin
(também não sei quem é, mas a frase é óptima - obrigada, Anaïs)




#4
- O que nós achamos que eles estão a fazer por serem mal-educados ou porque nos estão a desafiar, pode ser verdade para eles. O ó-ó não é o único boneco que a criança tem e que é especial para ela e que tem uma "representação" que transcende o material. A pasta de dentes que ofereci no outro dia à Irene era "uma prenda da mãe" e não uma mera pasta de dentes. As "coisas"/"situações" podem ser especiais para eles e, às vezes, até cruciais por algum motivo: segurança, por exemplo. 

Temos de dar espaço para que as coisas não sejam o que nós julgamos que são, principalmente se tivermos a tendência para sermos rápidos a julgar por estarmos cansadas ou por ter sido isso que fizeram connosco em criança, o que for. Confiemos que não estamos a criar diabinhos e que as crianças não vieram possuídas e que as temos que purificar com a nossa ilusória imposição de controlo. Precisam de regras, firmeza e amor. Tudo junto, a toda a hora. 

#5 - E febre? Já houve uma manhã em que a Irene estava insuportável e que tentei falar com ela a tentar perceber o que se passava e porque é que me estava a atrasar tanto e, quando fui ver (de manhã costumo estar robótica e cega), estava com 39 graus de febre. Isto é válido para outro tipo de desconfortos físicos como dor, "estar a incubar alguma"... 


#6 - A Irene, tal como eu, não gosta que lhe comuniquem as coisas em cima do momento e de forma peremptória. Também tem vontades e ritmos. É uma pessoa e posso fazê-la sentir que a tive em conta nas minhas decisões ou mostrar como é que pensei nela no processo. Quando sou muito autoritária, mais facilmente tenho que a arrastar. A maneira como correu o nosso dia tem muito que ver com isto, com o tom, a energia, a postura, como preferirem. Também não gostamos quando não simpáticos connosco sem motivo, pois não? 



Amanhã vou partilhar algumas dicas que acabam com as birras da Irene. Querem já ir escrevendo aqui algumas vossas para compilar para amanhã? 



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