8.19.2016

"Anda lá, despacha-te! Não vês que a mãe está com pressa?"


No dia em que se fartarem da minha partilha de aprendizagem com a Irene, digam (que não muda nada, eheh). Gosto mesmo de vos ir mostrando as coisas que vou retirando para que mais aprendamos mais depressa ou então, caso não concordem comigo, ao menos que pensemos todas juntas e sejamos pais (e mães, claro) mais conscientes. Acho que essa é a principal tendência desta nova geração de pais. As coisas estão a mudar (ainda bem) e uma das melhores coisas (com outras negativas que vêm com elas) é que pensamos mais e, muitas vezes, até melhor no exemplo que damos aos nossos filhos e no caminho que queremos percorrer com eles até serem alguém de valor. Damos mais importância à felicidade interior do que, propriamente, a não poderem fazer birras porque têm de se comportar como adultos ainda com 2 anos de idade. Acho que estas mudanças são naturais, tendo em conta a maneira como fomos educados. Muitos de nós estamos a tentar fazer diferente. Não rejeitando tudo aquilo que nos foi transmitido (nem tudo estava mal, credo), mas melhorando as coisas das quais sentimos falta. 

E, por isso, tento estar atenta às coisas que faço e, principalmente, às coisas que impinjo à Irene. 

Lentamente me fui apercebendo que a minha fúria de querer fazer coisas com ela quando chego do trabalho não estava a ser saudável para ambas. Dei por mim a sair todos os dias e a fazer coisas "lá fora" com ela, por ela não sair de casa até eu chegar, mas reparei que há muito tempo que não a sentia nos meus braços sem distracções. Tenho andado a ficar mais tempo em casa, dedicada só a ela, sem piscinas, sem jardins e baloiços. Ouvir o que ela tem para me dizer e vê-la a brincar (brincado com ela também). 

Ainda dentro dessa fúria, reparei que, por querer manter mais ou menos a rotina da Irene, tudo o que tínhamos de fazer era a despachar. Chegava a casa e tentava abreviar a mamada para "termos tempo para ir à piscina". Apressava-a para mudar a fralda, mesmo quando a ela ainda lhe apetecia estar mais um bocadinho deitada... Afinal, quem é que queria ir à piscina? Por quem estava eu apressada? Se a Irene quer demorar mais tempo a fazer as coisas e se, por isso, não formos à piscina... vamos noutro dia. 

Bem sei que isto são problemas de primeiro mundo. "À piscina? São muito finas!". O problema é que a piscina não é nossa e ainda temos de conduzir até lá chegar e voltar, se fosse nossa "não haveria pressa". Estou sempre a apressá-la, porque quero que tenhamos tempo para fazer "tudo". Para quê? 

O melhor é mesmo planear pouca coisa ou "deixar ver". Uma suposta ida à piscina pode ser trocada por uns 20 minutos aos saltos na cama dos pais e as restantes horas a dar papinha à Sara ou ao Martim. 

Eles têm que ter tempo. Eles querem parar para cheirar as flores e nós, por estarmos com pressa (muitas das vezes por causa deles), estamos a abreviar-lhes o dia. 

Vou dizer mais vezes que SIM ao que lhe apetecer fazer. 

Tal como no outro dia. Era tarde. Tínhamos ido jantar fora. A Irene foi-se deitar e já estava escuro (não é costume). Pediu-me para ver a lua e lá fomos. Ela de fralda e eu de pijama, na varanda do quarto dela, vimos a lua durante uns minutos. Se estivesse com pressa, não tínhamos vivido este momento juntas que me comoveu e que ainda hoje ela fala sobre ele.

Pode ir ver a lua, a Necas? 
Pode, Necas. Vamos. 

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8.18.2016

Um dia isto acaba.

Não estou a falar do blogue, não se preocupem. Quer dizer, pelo menos, por mim, não acaba tão cedo. Acho que, pela Joana também não. Aliás, espero que não, porque se ela não escrever neste blog, ele vai mirrando e ficam só as 15 pessoas que gostam de mim. Sendo que 10 dessas ainda não perceberam que são duas a escrever. 

Quero dizer-vos que "um dia isto acaba". Um dia, a fase má, de falta de controlo, de privação de sono, de loucura ao extremo, de culpa sempre presente, de ansiedade extrema... um dia acaba. 

Tenho tentando ajudar amigas minhas que estão agora a passar pelos primeiros meses com um recém-nascido. Tenho tentado não meter muito o bedelho. Tento falar só quando me perguntam alguma coisa e deixar sempre muito claro que "eu faria assim, não quer dizer que tu faças" e tento, acima de tudo, passar confiança. 

Ainda ontem, uma delas (assim parece que tenho imensas amigas - o que é esquisito porque não tenho) me falou sobre a "alcofa ter picos" que, quando mete lá o miúdo, ele volta a chorar. Isso trouxe-me "tão atrás". Está entre aspas porque a Irene dois anos e meio, apesar de ter parecido que foi há 10 anos. 

Era horrível para mim adormecer a Irene, passá-la para a cama, sair do quarto de fininho, chegar à porta cheia de esperança e, depois, ela começar a chorar outra vez. Escrevi imenso sobre sono no blog (vejam aqui). 

Era terrível ela começar a chorar perfeitamente desnorteada e não parar com nada. Nem a maminha aceitava... o que fazer? Cantar? Tantos Hakuna Matatas que cantei pelo meio de soluços e de lágrimas, na esperança de que ela se acalmasse, que sentisse que a mãe estava calma, apesar de estar a reagir como se estivesse a família inteira sob fogo. 

Chorava, suava, ficava zangada, depois ficava zangada comigo por ter ficado zangada, ficava desesperada, chorava, enchia-me de esperança, ficava triste, ficava a sentir-me perdida, questionava-me se merecia ser mãe... 

Um dia isto acaba. 

Todo esse volume tão alto, um dia baixa. Se tudo correr bem - o normal é correr, baixa. Hoje, a Irene acordou às 6h da manhã e eu, cheia de pica, fui AO GINÁSIO a uma aula de BODYCOMBAT. Quando, alguma vez na minha vida, enquanto passava por tudo isso, alguma vez conseguiria imaginar que iria conseguir voltar a ter este espacinho na minha vida em que sinto que consigo fazer tudo e que amo viver? 

Por isso, vocês, mães, que agora se sentem perdidas, lutadoras, abandonadas por vocês mesmas, que parece que não conhecem esse ser que saiu fora de vocês e que quase vos parece, às vezes, ter sido um erro... 

UM DIA ISTO ACABA. 

Outras missões virão mas, até agora, nada tão complicado como tudo isso. É como um jogo de computador, mas em que parece que estão a começar pelo boss. 

Força. 


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