4.26.2015

Somos pais e temos amigos!

Incrível, não é? Somos pais e temos amigos. E amigos que não são pais. É possível! 

Vieram cá a casa, comemos petiscos, vimos a bola, os homens jogaram FIFA, as mulheres estiveram a ver roupas giras na net e não se esteve sempre a falar de crianças! Falámos do IRS, do fisco, das empresas, de alimentação, de desporto, de amigas em comum... um montão de temas que não metem ranho, nem dentes, nem noites mal dormidas. 

Afinal não precisamos de ir para os paiólicos anónimos. Afinal até nos sabemos comportar. Devemos ter conseguido estar uns 15 minutos seguidinhos sem falar da filha e, o mais incrível, a Isabel estava aqui connosco!

Afinal os amigos não precisam de fugir de nós! Podem voltar. Já não podemos ir jantar tantas vezes a sítios fixes (só quando a avó Béu cá vem fazer o seu babysitting), já não queremos fazer grandes noitadas, já não vamos estar 100% sossegados onde quer que estejamos, mas conseguimos disfarçar bem! Juro!

Afinal continuamos pessoas minimamente interessantes, apesar de andarmos há 3 dias para ver um episódio do Game of Thrones. Apesar de já não lermos tanto e de andarmos, às vezes, um bocado a leste do mundo. Podem voltar.

Afinal somos os mesmos, não sendo. Nunca mais vamos ser os mesmos, porque simplesmente somos mais, somos maiores, os dois somos três. Mas damos gargalhadas, dizemos disparates, somos divertidos q.b. Podem voltar.

Não tenham medo de incomodar, de ligar, de convidar. Mesmo que não possamos ir ou que recusemos algumas vezes (agora temos de ser mais selectivos, porque temos de dar primazia às sestas dos filhos e ao seu bem-estar, até porque pagamos caro se nos armarmos muito em hippies), podemos sempre arranjar alternativas, combinar almoços, lanches, vêm cá a casa, tudo se arranja.

Acho que, pela curta experiência que tenho nestas andanças, não são os casais com filhos que se aproximam, por livre e espontânea vontade, de outros casais com filhos. São os amigos sem filhos que se desinteressam, que deixam de querer incomodar, de se adaptar às nossas rotinas, que não têm pachorra para fazer programas em família. É legítimo, claro que é. Mas custa um bocadinho, tal como custava quando a colega de carteira na escola começava a preferir ficar ao lado da Cláudia, na fila da frente. Já não era a preferida dela. Mas o Mundo está tão bem feito, que agora aprendemos a relativizar tudo muito mais e já não vamos para casa a chorar. Agora o que é realmente importante está ali no quarto ao lado a dormir e está aqui ao meu lado a jogar FIFA. E são os amigos que, a esta hora, já devem ter chegado a casa.

Obrigada por continuarem a fazer parte das nossas vidas.