2.22.2015

Sexo? Prefiro dormir!

Calma, não fui eu quem disse isto. E se fosse, também ninguém tinha nada a ver com isso.


Na já tão badalada grupeta privada que temos no Facebook (mamãs de março de 2014), fala-se de tudo. Um dos últimos temas foi sexo depois de se ser mãe.


(Pedi à Isabel para me ajudar aqui a manter o anonimato da publicação e a minha filha nunca me desilude.)

Neste criterioso e científico estudo com p'ra lá de 16 participações (upa upa), cerca de 90% das inquiridas confirma que prefere uma boa noite de sono a uma noite de sexo. As restantes 10% falam de barriguinha cheia (e pelas noites de sexo às tantas a expressão já é literal hehe) porque os filhos lhes dão umas belas noites. Cerca de 20% diz que vontade não lhes falta, mas que se sentem cansadas.


Ora bem, este já não é um assunto novo aqui no blogue. A Joana Gama deu, de forma humorística, dicas para recusar fazer sexo aqui (Dicas para fazer recusar sexo como uma mãe) e eu já falei no sexo depois do parto aqui (Sexo depois do parto?).

Agora algo que nunca aqui foi falado: eles. Eles, os maridos, os namorados, os pais das crianças, os companheiros, o que for. A pessoa com quem dividimos a vida e a cama.

(Voltei a pedir a colaboração da minha filha para preservar o anonimato desta mãe. hehe)

Muitas mães diziam o mesmo: que eles contavam as vezes, que se sentiam mal, mas que o cansaço muitas vezes vencia. Percebo que não seja fácil lidar com a situação e que para alguns casais este possa ser um motivo de afastamento e que a relação possa esmorecer. Quantas histórias já ouvimos de que a relação arrefece depois de sermos pais? Mas também não cola aquele discurso machista, como se a mulher tivesse de estar à disposição do seu amo e senhor, do "ah! mas ela não lhe deu o que ele precisava, foi procurar fora" ou "se eles não têm em casa, mijam fora do penico". Se isso acontece nesta fase de grandes transformações das nossas vidas, então não me parece que ele seja O homem da nossa vida. 

Mães que têm preferido uma noite de sono (ou umas horas) a fazer amor, já perceberam, não estão sozinhas. Façam, todas juntas, umas rezas e esperem que isto passe (ou façam por isso, se for o caso, porque às vezes o segredo está em (re)começar).

Mães que andam a ter uma vida sexual mais activa que a do Redtube, dicas para as outras mães, ófaxavor.


Vá, tambem podem comentar este texto como anónimas, não se apoquentem.

Afinal havia outra (#09) - Martim

O teu primeiro toque em mim, embora leve e tímido, representou o maior dos terramotos, o mais impactante e estrondoso tsunami. Foi um toque de vida, de dar vida e receber ainda mais de volta. Ninguém está completamente preparado para a responsabilidade de, apenas para todo o sempre, ter a preocupação com lugar cativo no coração, ter o sono mais leve que um balão e, lançar a sua imagem para segundo plano, em todas as decisões, em tudo o que respeita a este mundo.

Nada continua igual e ainda bem, ser mãe é difícil  mas é o difícil mais feliz. O teu toque é, não digo mágico, porque isso é demasiado esotérico e tu és tão real. O teu toque tem uma base de bondade e um efeito reparador em todos os meus poros. Por ti e graças a ti a minha existência é mais atenta, mais generosa, mais ambiciosa e lutadora.

Não consigo prever o futuro como cobiço, e nisto de ser mãe o futuro pode trazer angústia, medo do desconhecido e a vontade avassaladora de te proteger. Nos meus sonhos entoamos sempre em uníssono, a simbiose perfeita como já fomos outrora. Tu cresces a olhos vistos e o teu toque será cada vez menos frequente, sou egoísta em sofrer com a tua liberdade.

A ideia de saber que um dia não serás somente meu, que não estarei a amparar as tuas quedas, que não partilharemos o mesmo ar e o que o papel principal irá fugir-me entre os dedos é tenebrosa. Dou-te tudo de mim e isso implica perder parte de mim, essa estará sempre contigo, nos caminhos que percorreres, nas decisões que tomares, nos valores que escolheres e nas conquistas que alcançares. Não me percas pois eu, no nosso ninho, permanecerei até ao último suspiro.

Lénia Freitas
mãe do Martim