1.24.2015

Truques para eles comerem que nem uns bois.

A hora da refeição nem sempre é muito fácil para nós: eu preferia dar de mamar a estar a aborrecer-me a dar-lhe a colher à boca e ela, apesar de gostar de comer, acho que fica enfadada rápido de estar ali.

Como quero ao máximo evitar televisões e ipads e afins (quase 10 meses e sem nada disso, yeahh), tento sempre arranjar maneiras para lhe enfiar umas quantas colheres goela abaixo, sem que ela repare. 

Atenção que não sou nada a favor de lhe espetar a sopa toda só porque tem de ser, aliás, até falo disso neste post ("Come a papa, raio do miúdo, come a papa") que, não sei porquê, é tradição nossa querer que eles comam a quantidade que nós queremos quando nos apetece e eles também são pessoas. 

Mesmo assim, reconheço que às vezes ela fecha a boca e desvia a colher só porque está enfadada de estar ali e não por não ter fome. Enquanto não há birra, continua a levar com a sopa que até anda de lado (por acaso não anda, nem de lado... nem de frente, nem gatinha). 

Estes livros têm sido, nos últimos dois meses, as melhores alegrias à hora das refeições (estou em casa todos os dias com a Irene, tenho de lidar com almoço e jantar). Se ficam cheios de sopa? Ficam. Se tenho que os apanhar umas dez vezes por colher? Quase. Se vai a sopa toda sem birras e ainda um bocado da fruta? Sim senhora.

O Peekaboo é mágico. Depois de dois meses a usá-lo todos os dias, ainda ontem vi, pela primeira vez, a página de uma flor (devia estar colada a outra por ter muita sopa). O do Jardim Zoológico tem sons, o que é óptimo para ela se rir de boca aberta e espetar mais uma colher e o do Bolinha é um bocado fracote (tem poucas páginas e pouca interactividade), mas dá sempre para variar mais uma vez e entretê-la para a fruta. 

Isto é serviço público, mães. Vão por mim. 

Além de que não estamos a dar a comida feitas robôs, assim interagimos com eles na mesma e até se torna uma actividade muito divertida (bom, se calhar, tirar o muito e trocar por algo). 

Como fazem por aí? Já estão fartas disto e dão-lhes por meio intravenoso? São extremamente adeptas do BLW (temos de fazer um post sobre isto) e nem sopa lhes dão? 


1.23.2015

Afinal havia outra (#02) - Violetta, Violetta



É em dias como hoje - em que milhares de pais em procissão se encaminham para o Meo Arena, atrás de um bando de filhas histéricas e de bandeiras da Violetta em riste - que agradeço ter sido mãe apenas há 17 meses e uns dias. A minha filha não diz pão, quanto mais Violetta e por enquanto gosta de rock e música alternativa. De vez em quando brindamo-la com alguma pop azeiteira (mas em bom). O máximo que autorizamos lá em casa é a música do genérico final da Casa do Mickey Mouse, a “Olha a Bola Manel” e “o Balão do João” – duas canções bastante tristes onde os protagonistas acabam a chorar mas que a minha filha parece apreciar de sobremaneira – e a canção do Ruca. De resto, a criança ainda não tem querer e estas músicas só são accionadas em loop em casos urgentes de birra eminente. Para dançar, Twin Shadow e D’Alva são os preferidos mas na verdade basta cantar “lá lá lá” para ela começar a abanar o esqueleto de forma bastante desengonçada e hilariante. A minha filha tem o ritmo no corpo mas não é um ritmo oriundo da américa latina. Quando for suficientemente grande para escolher, Violetta já estará transformada numa Miley Cyrus ou Britney Spears demasiado bêbeda para encantar criancinhas. Assim o espero até porque, como disse Ricardo Araújo Pereira na sua Mixórdia de Temáticas dedicada ao tema, “o problema não é serem cantorias, é serem cantorias em espanhol”. Eu pensei que o flagelo de “Carrossel” e “Chiquititas” tivesse servido para aprendermos alguma coisa mas aparentemente não. E não, o facto de Violetta ser da Disney não altera a triste realidade de terem filhas viciadas numa telenovela. Volta Gabriela, que pelo menos não cantas e és mais crescida. E boa.
Burros que somos não aprendemos nem com as novelas venezuelanas nem com o Avô Cantigas. Xana Toc Toc, miúda, estou a falar contigo. Mais esquisito do que um velho que nem é velho (estou a falar de quando eu era miúda) e que veste jardineiras, é uma quarentona com braços de ginásio e bronze de solário que gosta de se vestir de boneca e dar-se com crianças. É até ligeiramente perturbador. Vejo pais de pele pálida e ar miserável a falar na televisão nos concertos dos Caricas e da Toc Toc, com os filhos aos pulos o tempo todo, a confessarem que o rádio do carro já não lhes pertence e que todas as viagens eram feitas ao som das canções dos filhos.
Pais que sofrem tenho uma cena para vos dizer: os grupos infanto juvenis não são uma invenção deste século. Em 1980 e picos havia uns grupos musicais chamados Ministars e Onda Choc que enchiam salas de concertos e apareciam todos os fins de semana na televisão. Lembram-se? Eu, como vocês, hoje pais da minha geração, adorava-os, queria ser como eles e comprar roupa nos Porfírios e na Cenoura (dois opostos). Mas não deu, azar. A roupa era cara para caraças e os meus pais não foram em cantigas, literalmente. Também nunca me passou pela cabeça obrigá-los a ouvir os Onda Choc, fosse no carro ou em casa. Com os meus pais no carro ouviam-se os Beatles e os Supertramp e o Eric Clapton e o Elton John. No carro da minha avó aprendi a letra de “Eu tenho dois amores” porque se ouviam as cassetes da minha avó e não as minhas. E se o Marco Paulo não é razão suficiente para os pais recuperarem o controle dos rádios dos seus carros, não sei qual será. 
Leididi, mãe há 17 meses
O Blog do Desassossego

Afinal havia outra é a nova rubrica do A Mãe é que sabe, escrita por outras mães que não as Joanas. Podíamos dizer, qual candidata a Miss Mundo, que queremos dar voz a outras mães mas no fundo, no fundo, o blogue está a correr tão bem que já nos podemos dar ao luxo de ter escravas a trabalhar por nós.