1.09.2017

o Pai também sabe - Miguel Costa

Miguel Costa

Nome: Miguel Costa
Alcunha: R: Rolha 
Filhos: 2, Luísa de 4 anos e Teresa de 2. 


Olá Miguel, não pretendemos de todo fazer uma espécie de Alta Definição, até porque a outra Joana cá da casa e o marido dela não me deixariam plagiar a onda (são da equipa), porém queremos saber mais sobre ti no papel de pai e vou ser intrometida, ok? Vá, que já te vi algumas vezes "por aí" e sei que até és porreirito! :)


1 - Fechou-se a loja ou ainda vem mais uma filhota? 

R: Ainda não sabemos! eheheheh… Nada foi planeado, nem as nossas filhas. Foram desejadas e a vontade em sermos pais sempre existiu, mas o segredo é não planear… O segredo é não planear mas ao mesmo tempo planeamos, no sentido de organizarmos o nosso tempo e a nossa disponibilidade financeira. Não queremos mais filhos só porque sim, para termos mais filhos temos de ter a certeza que teremos condições para isso. A ideia não está posta de parte :)

2 - Eram duas raparigas que querias ter? 

R: Nunca tive preferência. Rapazes ou raparigas, seriam sempre bem-vindos(as). Se tivermos mais filhos pode ser mais uma rapariga. Aliás, confesso que aproveitamos muita coisa da Luisinha para a Teresinha, por serem duas raparigas. Roupas, etc...

3 - Os nomes foram escolhidos por serem bonitos ou existe alguma história por detrás? 

R: Por gostarmos muito dos nomes. Por acaso, a minha mãe chama-se Luisa e a mãe da Joana chama-se Teresa, mas foi mesmo por serem nomes bonitos! No dia em que as avós lerem isto, vai ser complicado, mas é a verdade. 

4 - Qual foi o teu papel nos primeiros meses de cada uma? O que é te calhou na rifa? 

R: Sempre quisemos fazer tudo os dois, eu e a Joana. Não há o pai que ajuda a mãe: há o pai e a mãe que cuidam dos filhos. É por aí. Agora, infelizmente, não tenho o dom de gerar um bebé dentro de mim e transportá-lo durante 9 meses na barriga, mas gostava. Até para aliviar o desgaste da minha mulher, porque pode ser um privilégio, mas é também uma tareia. Voltando à vossa pergunta, sempre fizemos tudo os dois. Mas acho que a Joana é a melhor mãe do Mundo e acho que fez ainda mais e melhor que eu.



5 - Que mudanças notaste na tua mulher desde que passou a ser mãe? 

R: Muda tudo, nela e em mim. Muda para melhor, porque as nossas filhas nunca vieram para tentar segurar uma relação. Antes pelo contrário, vieram porque a relação é excelente. Não é perfeita, atenção… mas é excelente. O que mudou na minha mulher? Os instintos maternais revelaram-se da melhor maneira. O tempo não se multiplica logo, se as nossas filhas exigem bastante tempo, sobra menos tempo para o resto: vida social, desporto... Por outro lado acho que passamos a organizar melhor o tempo e a aproveita-lo melhor. Até porque os programas a dois continuam a ser muito importantes. São em menos número, mas aproveitamo-los bem.

6 - Sentes falta de alguma coisa da tua vida anterior a teres filhos? 

R: Não. Porque sempre quis ser pai. Estou a viver uma fase diferente e nova para mim, logo é algo que me deixa muito feliz. Mas, pensando bem, sinto falta de dormir, às vezes, e alguns programas com amigos. Mas o que veio é diferente, é único, e é o melhor que já senti: o amor pelas minhas filhas. 

7 - Aproveitas as tuas acting skills para levares a tua avante com as traquinas? 

R: Às vezes, a contar histórias para as convencer a comer a sopa toda. Ou para as distrair, no bom sentido, quando por algum motivo estão com uma birra, ou doentes. E confesso que me custa as vezes ser mais firme, tenho de vestir a pele de um personagem, mas acredito que é tudo para o bem delas.

8 - Achas que, por serem miúdas, sentes uma preocupação acrescida em protegê-las? 

R: Boa pergunta. Sinceramente não sei porque não tenho rapazes. Teria de ter um termo de comparação. Mas acho que sim, porque a mulher é mais sensível, mais delicada (são elogios) e tenho esse comportamento mais protector porque sou mesmo muito protector. Sou muito atento ao que se passa com elas. Mas nunca as inibi de viverem, calma! Andam na escola desde pequeninas, com menos de um ano, logo interagem com outras crianças desde sempre, com outros adultos. Vão a festas com outros miúdos, tentamos que vivam muito ao ar livre, praia, campo, bicicleta, etc. Mas são as meninas do papá e serão sempre. :)



9 - Tens liberdade para seres tu a escolher-lhes as roupas? E corre bem? Não na tua opinião, mas na da mãe? ;)

R: Acho que temos gostos parecidos, mas a decisão da mãe prevalece, quase sempre. Eu gosto de escolher roupas para elas, mas como me identifico muito com o gosto da Joana, não me custa que a decisão que prevaleça seja a dela. Há vezes em que eu decido só por mim. :) Mas há coisas que eu tenho de aperfeiçoar a vestir as minhas filhas: collants, por exemplo. Sou terrível a vestir collants às minhas filhas, demoro horas e ficam muitas vezes todos tortos…!

10 - Depois das duas gravidezes a que assististe, estar grávido parece-te um estado de graça ou de desgraça?

R: Acho que já respondi em cima. Para mim é as duas coisas: um privilégio por um lado, e uma tareia pelo outro. A capacidade de gerar um ser dentro de si, é um sinal que o sexo feminino é claramente o mais forte e eu vivo muito bem com isso, mas ao mesmo tempo as alterações hormonais, o peso, dói tudo, as costas, as pernas.

11 - Quais são as três principais características de cada uma das tuas filhas neste momento? 

R: De cada uma, porque são muito diferentes. A Luisinha é delicada, muito feminina, muito criativa. A Teresinha é um furacão, é transgressora, desafiadora, mas ao mesmo tempo muito querida e comunicativa.

12 - O que sonhas para elas?

R: O melhor que há na vida. Que tenham muita saúde, que sejam muito felizes, que tenham sempre a sua volta pessoas que lhes queiram bem. Desejo o melhor que há para elas! O melhor! E no que depender de mim, espero dar-lhes sempre isso: o melhor.



13 - O que gostarias de dizer a todas as mães grávidas que nos estão a ler? 

R: Que não stressem, que os filhos são o melhor que temos, que nunca irão sentir um amor tão forte por nada nem ninguém, que são muito mais fortes que nós homens porque aguentam esses 9 meses!

14 - E às mães no geral?

R: Que temos muita sorte em sermos pais, mães e pais. É um privilégio sem igual.

15 - E a mim? 

R: O que dizem os teus olhos? Ahahahah…não, não, não vou por aí, apesar de gostar muito do trabalho do Daniel Oliveira. Gostava de te agradecer esta excelente entrevista, foi muito boa mesmo, e que desejo-vos um grande ano, um anão, como costuma desejar o meu amigo David Almeida (dos meus melhores amigos).

16 - Vá, é a nossa "o que dizem os teus olhos": a mãe é que sabe? 

R: É, a mãe é que sabe, mas eu também sei qualquer coisinha, o que é bom porque nos complementamos, não competimos.



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1.08.2017

Vamos mudar de escola. Está decidido.

Foi uma decisão que muito nos custou. 

Não é de ânimo leve que se fazem mudanças tão grandes. Ainda para mais aquelas que significam que tudo "deu para o torto" e que têm uma influência tão grande no crescimento da Irene. 

Lembro-me quando andei a visitar escolas com o Frederico no ano passado, estar a dar em doida por sentir que não tinha grandes critérios, parecia não ter "conhecimento de causa" e, por isso, sentir-me perdida. Tivesse eu encontrado, por exemplo, este artigo que me deram a conhecer no outro dia (obrigada, Ana). 

Fomos a imensas escolas, a maior parte delas tinha algo negativo perfeitamente incontornável para ambos: condições que deixavam a desejar, crianças com aspecto pouco feliz (não vos sei explicar mais do que isso) ou sítios onde parecia que o caos imperava (não o caos infantil - que acho positivo e expectável - mas institucional). 

De todas as que vimos, gostei imenso de uma onde senti que tinha criado uma ligação especial com a coordenadora pedagógica. Tinham imensas "mariquices" (senti isto assim e esse foi o meu erro, já tento explicar) que me agradavam, nomeadamente uma atenção virada para o desenvolvimento emocional da criança, com actividades em prática para tal - não sendo apenas uma coisa escrita ali no site e pronto. Tinham meditação de manhã, trabalho frequente com uma psicóloga (acho eu) que lhes apresentava as emoções e ferramentas, música à hora de almoço, etc. Faltava um bom espaço exterior. De todas as que vi, parecia-me perfeita. A partir daí nem liguei muito às seguintes. 

Uma das seguintes foi para onde foi a Irene. Quando entrei senti um frio grande na instituição. Senti uma organização extrema e disciplina, mas não senti aquele colinho que queria encontrar e que me deixaria mais descansada quando entregasse a minha filha. Lá tinha eu deixado a escola que estava dentro de uma quinta com animais para trás por visitar porque me tinham dito que não tinha bom aquecimento (apesar de não ser a que mais gostei, essa sempre me deixou com água na boca). 

Não me pareceu nada de tremendamente mal. A alimentação deixou-me triste em praticamente todas as escolas, ainda para mais nos casos em que diziam que as ementas eram supervisionadas por pediatras e ou nutricionistas. Pensei que teria de ceder nalgumas coisas e cedi. Além de que, quanto mais investigamos cada escola, mais feedback negativo aparece e acabou por acontecer isso com a minha preferida. Tinham saído de lá uma ou duas turmas para a escola que acabou por ser a da Irene. Engoli uns 30 sapos e porque "temos gente conhecida que tem lá os filhos e adora" e porque parece bem (ou porque "não parece assim tão mal e talvez eu esteja a ser maricas") lá ficou.

Fiz mal. O que eu queria, as coisas que eu procurava e que acabei por achar que eram "mariquices" de toda a gente me dizer que sim, eram realmente as coisas que eu achava mais importantes para a minha filha. Reparei agora à procura de uma nova escola para a minha filha em que, há mais frio, mas em que existem 1000 outras coisas pequeninas que me deixaram feliz, radiante, aliviada e expectante em relação ao futuro, ao crescimento dela. Senti que havia uma continuidade do nosso trabalho em casa e que não teríamos de estar constantemente a desdizer as coisas que eram feitas na escola ou de dizer "isso fazes na escola, aqui não". Tem de haver coerência. 

Quando dizem para ouvirmos o nosso "instinto", acho que é isto: fincarmos pé, especialmente connosco próprias e de não nos contentarmos com menos. Não acharmos que queremos demais. 

Como diz uma amiga minha da antiga escola da Irene (por quem estou muito apaixonada, digo já aqui ahah) "não vais encontrar a escola perfeita, é sempre preciso trabalho". Acredito que sim. Porém, uma coisa é o ADN da escola e temos mesmo de encontrar uma escola que vá ao encontro com os nossos princípios até para não ser frustrante para ambas as partes. Não digo que esta escola fosse má, há de ser excelente até porque essa minha amiga ama lá estar e tem lá os seus 59 filhos. Não é o que quero para a Irene. 

Quero amor, compreensão, empatia, escuta, conversa, cuidado, consciência, calma, respeito, jardim. Quero abraços espontâneos, explicações com vontade, ferramentas variadas e atenção. 

Quero muita coisa e, por isso, não me vou contentar com metade. Mesmo que custe ter que o explicar, mesmo que custe ter que mudar, mesmo que custe. 

"Para melhor, muda-se sempre". 

Acho que foi o que aconteceu. Sou das pessoas mais sensíveis que irão conhecer, é um facto. E este assunto é dos mais importantes para mim, é outro facto. Quando assisti ao que se passava nesta nova escola e que tudo, além de coerente, transpirava amor, senti que a minha vida tinha começado ali. 

Mudamos a Irene de escola principalmente porque já não vamos morar lá para o pé como tínhamos pensado (num futuro próximo), mas há males que vêm por bem. Estamos os três muito mais felizes, descansados e orgulhosos. 



Esta situação, apesar de desnecessária, também ajudou a que algumas das pessoas que achavam que os meus quereres eram "mariquices" (eu incluída) percebessem a importância de pequenas coisas como respeitar o ritmo de cada criança ou sua sensibilidade. 

Não parem de procurar. O que vocês querem é importante. 


Os putos estão a dormir? Ainda não fizeram tudo na sanita? Então leiam mais isto: 

Mais sobre a mudança de escola da Irene aqui

Quais eram os nossos planos aqui

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Isto também vos deixa tristes?

Desculpem. Não queria contribuir com algo negativo para o vosso fim-de-semana. Porém, como é mesmo a reflexão que ando a fazer desde há um dia ou dois, não consigo evitar. 


Cada vez julgo menos as mães. É injusto falar "à boca cheia" quando não conheço o contexto. A única coisa que gostaria é que todas nós conseguíssemos ter vontade de ganhar novas ferramentas para, quando chega o momento em que já não conseguimos pensar, conseguirmos optar. Optar por algo mais oportuno para ambas as partes, com menores danos (visíveis ou invisíveis) e com menos culpa e maior eficácia (mesmo que a médio/longo prazo). 

*We heart it 

Estou em vários grupos no Facebook (hoje mais uns 16 graças à Jhuaninha, ahah) e num deles - onde sinto que as mulheres são mesmo muito cruas e onde se criou um espaço de partilha sem cerimónias - fala-se de sexo, traições, inseguranças e até já houve uma menina que eu muito admirei que publicou algo a dizer que se sentia sozinha e que precisava de amigas. 

No meio de tanta partilha (umas que me fazem lembrar aquelas coisas que circulavam por mail nos anos 90 ou assim), encontrei um post que me deixou triste e que me deu vontade de refletir. Por motivos óbvios não digo o grupo, nem vou referir os nomes das participantes. Grupo fechado é fechado e é para respeitar. 

Houve uma rapariga disse "Digam uma frase que a vossa mãe dizia e que mais vos marcou a infância.". Já vai em mais de 600 comentários até ao momento da escrita deste post. Vou transcrever alguns (a mim também me deu vontade de rir de vez em quando na primeira leitura, confesso, mas depois deu-me mais para pensar): 

Nota: estou a seleccionar as mais comuns e as que mais me deixaram triste

"As meninas feias têm de ser simpáticas!"

"Engole o choro!"

"Nem mais um pio!"

"Quando chegar o teu pai vais ver!"

"Já chega de chorar, senão ponho-te a chorar com vontade!"

"Levas uma lamparina que até andas de lado!"

"Para de rir, para, olha que apanhas mais!"

"Se for aí e encontrar levas com ele na cara!"

"Viro-te a cara para onde tens o cú!"

"Vou-te partir o focinho!"

"O primeiro a chorar, leva!"

"Diz a verdade que a mãe não te bate... Pumba!"

Já sei que nem todas pensamos da mesma maneira e que muitas de nós pensam que "uma palmada na hora certa, blá blá". Porém, acho que quando tivermos uns minutos (ou presas no trânsito ou naqueles dias em que podemos ficar mais um minuto ou dois na sanita) podíamos pensar se isto tem tanta graça assim como poderá parecer à primeira vista. O que sentirá a criança em cada uma destas situações (que obviamente, depois de ditas 50 mil vezes, já não devem "furar" mais do que já está "furado")? E o que isto quer dizer de cada mãe em cada situação? 

Ser perfeito é impossível, mas nada nos impede de irmos crescendo também à medida que eles vão crescendo. Aprendi qualquer coisa com este post e queria que vocês também vissem algo especial como eu e que vos ajudasse a pensar, caso achem que precisem. Isto de tentar melhorar diariamente, reconhecendo os nossos erros acaba por ser um desafio engraçado e produtivo. Vemos os resultados diante de nós. É gratificante também. Talvez não seja no próprio dia, mas já não somos nós crianças de querer tudo logo na altura, não é? :) 

Gostei muito de um livro que me ajudou a ganhar algumas ferramentas para contornar (até agora) situações mais complicadas: é este. 


E "oiçam", não sou nenhuma expert, não sou a melhor mãe do mundo, hoje tive duas ou três situações delicadas com a Irene em que estive muito perto de me passar. Numa até me passei um pouco mais do que queria, mas amanhã é um novo dia e estou a fazer tudo o que posso.

Nota2: Às meninas do fabuloso grupo, não duvido que as vossas mães sejam maravilhosas e que tenham dado mundos e fundos para que vocês se tenham tornado nas mulheres que são hoje. O que é importante agora, poderá não ter sido o que era importante na altura e, mais uma vez, não julgo. Quero só propor que façamos melhor. Talvez, se elas fossem mães de crianças nesta altura, também tentariam fazê-lo. :) Ou, se calhar não e vocês virem-me a cara para onde tenho o cú. 


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