5.22.2015

Afinal Havia Outra (#25) O momento certo para engravidar?

Quando decidimos ter o primeiro filho contávamos com (ora deixa cá ver) pouco mais de três anos de casamento. Ele trabalhava, eu trabalhava e estudava. Era Dezembro de 2011. Deixei a pílula. Fui ao médico de família e depois ao ginecologista. Queria engravidar logo, há muito tempo que desejava ser mãe. Engravidei em Agosto do ano seguinte mas perdi o meu bebé quatro dias depois de me saber grávida.


Em Dezembro de 2012 engravidei novamente, soube-o em Janeiro de 2013 (há lá melhor maneira de começar um ano?!). Quase 41 semanas depois tive o meu filho nos braços e experimentei uma felicidade que, juro, é indescritível. Resumidamente, foi assim que tudo aconteceu e desde a decisão propriamente dita até sermos, efectivamente, pais passou mais de um ano e meio.


Ambos desejamos ser pais novamente, não sabemos exactamente quando. As dúvidas que, enquanto casal, fomos tendo antes de avançar para o primeiro são, estupidamente, as mesmas, às quais se juntam mais algumas por termos um filho ainda bebé. Estamos como que  a meio da ponte, sem saber para que lado ir. À direita avistamos placas que nos levam a pensar que o ideal era ser já e agora, à esquerda vemos caminhos de espera. E não é que a porcaria do GPS ficou sem bateria, dá para acreditar?! Ok, isto foi só uma graçola para aligeirar a coisa. Bom, vamos lá tentar organizar as ideias:


A questão profissional/económica: nunca é a altura ideal, isso já não é novidade. Ambos temos trabalho mas a minha empresa vive uma situação complicada e isso assusta-me bastante. Desempregada e com dois filhos é só assim uma visão dramática. Quanto à questão financeira... bem, se esperarmos pelo dia em que vamos estar confortavelmente ricos, sem preocupações deste género, compremos então uma cadeirinha, fazendo jus àquela coisa do "esperar sentado";

A questão do tempo: é bem capaz de ser um dos aspectos que mais temo. Se eu, com um filho, já acho que tenho tempo para nada, como será com dois? Vai daí e penso que se nos organizarmos ainda mais, em família, somos capazes de conseguir dar banho a dois filhos em simultâneo, fazer as refeições, pôr na cama (embalar na "pior" das hipóteses), levar e trazer da creche... Temos dois braços não temos? Ora, aqueles dois multiplicados por mim e pelo marido dá quatro (surpreendido amor, tu que estás sempre a troçar de mim por não saber a tabuada?), o que me parece um número aceitável de braços para dar conta das tarefas todas. Ok, ok, aqueles programinhas que ainda temos feito porque a avó fica com o bebé devem passar a eventos anuais, mas lá para os 40/45 anos já estaremos em condições de retomar a nossa vida social;


A questão da aceitação do irmão: ter um irmão é das melhores coisas do mundo, verdade? Ter um irmão com pouca diferença de idades, que alinhe nas brincadeiras, que partilhe sorrisos e lágrimas (bom, aqui o cenário já não é assim tão animador) deve ser ainda melhor.

Estou a pintar um cenário cor-de-rosa? Provavelmente, até porque gostaria de ter uma menina.

Queremos ter mais filhos? Queremos. E, se o momento ideal não existe, então que comece a grande aventura!

Clara

Atenção à pasta de dentes da Chicco!

Atenção que estes foram os conselhos que ME deram, perguntem aos vossos especialistas de referência, ok?

Sempre li que temos de lhes começar a lavar os dentes assim que lhe aparecer o primeiro dente. Mesmo me sentindo um pouco "ridícula" lá comecei a fazê-lo com uma dedeira (uma coisa de silicone que se põe no dedo e que tem uma espécie de escova) e com a pasta de dentes da Chicco, uma que há praticamente em todas as farmácias. 

A minha pediatra tinha-me dito para lhe lavar os dentes com uma pasta de dentes com flúor mas, quando procurei, não havia nada com flúor para a idade dela. Confesso que pensei: "olhem, a pediatra estava enganada". Às vezes enganam-se, não é? 

Continuei a lavar-lhe os dentes com a da Chicco. Até que, no Facebook, num grupo de mães, uma dentista bastante informada e solícita (e simpática), respondeu a uma mãe em relação a este assunto: que pasta de dentes utilizar. E coincidiu com o conselho que me deram hoje e com a dica da pediatra.



Ora, o que ouvi hoje da minha higienista foi o seguinte: 

Dantes, achava-se que se deveria dar flúor em comprimidos às crianças (lembram-se?), mas veio a ser provado que raramente esse flúor chegava aos dentes e que até, nalguns casos, poderia causar sobredosagem, tendo em conta a composição de algumas águas no nosso país (acho que é mais provável de acontecer nos Açores). Agora acredita-se que a utilização tópica (mesmo no dentes) é a melhor. E, portanto, tem de se usar pasta de dentes com flúor logo que nascem os primeiros dentes. A recomendação da minha higienista, para a Irene, são pastas com flúor, com um sabor agradável para crianças que tenham mais de 1000 ppms (vejam na embalagem, mesmo não sabendo o que isso quer dizer mas acho que quer dizer qualquer coisa como "partes por milhão"). Só vamos encontrar isso nas pastas de dentes para crianças com mais de 7 anos. 

Atenção que a ideia é apenas sujar os pêlos da escova com a pasta de dentes. Nem é por pasta, nem chegamos a apertar o tubo. Põe-se muito pouco porque eles depois não vão lavar a boca com água, pelo que aquilo fica ali a marinar. 

Só mais tarde, quando são mais velhos - do que percebi, por volta dos 5 anos, quando já aprendem a cuspir e isso - é que se deve por uma ervilha de pasta. 

Claro que, para terem mesmo muito menos problemas de dentes, o melhor é evitar hidratos de carbono e açúcares e tal ao máximo, principalmente daqueles que ficam colados aos dentes. 

Ah! E ao contrário do que se diz por aí, dar mama à noite não provoca cáries. ;) Obrigada também a essa Dra. Rita muito simpática e solícita que apanhei num ou dois grupos de mães. 

5.21.2015

Um tapinha não dói?

A propósito do post de ontem As palavras que nunca te direi, que está a ser bastante partilhado (fico mesmo contente por terem gostado e se terem identificado), venho deitar mais achas na fogueira para reflectirmos juntos.


Um tapinha dói ou não dói? 
Eu acho que dói, principalmente na alma. De quem dá e de quem leva.

Deixo-vos uma história, com a ressalva de que o meu pai é mesmo o melhor pai do mundo. Errou, apercebeu-se do erro, pediu desculpas.

Não me lembro de apanhar. Duas vezes talvez. Não era hábito. O meu irmão talvez tivesse levado mais vezes, não sei, apaguei da memória. Mas lembro-me do meu irmão, muito pequenino, fazer asneiras e ir ter com a minha mãe, com as mãos esticadas, e dizer "bate, bate, bate" e da minha mãe se desmanchar a rir e não bater.

Os meus pais eram pacientes (tinham de ser mesmo muito, com dois irmãos que não se davam lá grande coisa, andavam sempre a brigar, mas que se adoravam, não é Frederico?) e resolviam a coisa quase sempre na base do diálogo. De vez em quando uns berros, que ninguém é de ferro.

Mas houve um episódio que me marcou. Digo que me marcou porque até hoje está bem presente na minha memória. Não que tenha ficado uma mágoa ou algum ressentimento, mas se me lembro de tudo de forma muito clara é porque foi impactante na altura.
Eu estava na sanita. O meu irmão conseguiu, não sei como, enfiar a carteira do meu pai na sanita. Deve ter ido dizer ao meu pai que tinha sido eu, porque só me lembro do meu pai vir ter comigo e me dar uma valente palmada no rabo. Chorei, chorei muito. Ele chorou mais ainda, quando se apercebeu que me causara dor. E, ainda por cima, por se ter apercebido que não tinha sido eu. Errou duplamente. Tenho essa imagem guardada. O meu pai ajoelhado à minha frente, na casa de banho, a chorar e a pedir-me desculpa. Só de me lembrar disto, fico com os olhos cheios de lágrimas, a pensar na culpa do meu pai.

Um tapinha dói. Dói a todos. E deixa memórias que não se apagam. 

Eu amo o meu pai, desculpo-o, desculpei-o logo na altura. Errou, como todos erramos. Mas não acho que as palmadas que levei tenham feito de mim a mulher que sou hoje. O que fez de mim quem sou hoje foram os ataques de cócegas, as festinhas a ver filmes deitada com a cabeça no colo dele, a paciência a explicar-me as equações, as boleias que apanhávamos nas ondas, as conversas à mesa da cozinha, a presença dele nos campeonatos de ginástica, a segurança que me passava, a motivação que ele me dava, o exemplo de esforço, de trabalho, a abnegação pelos filhos, as piadas secas, o humor (e o mau humor às vezes), a forma de dançar que me envergonhava, os conselhos, os abraços, os passeios, as manhãs de sábado passadas na cama, os quatro, a rir.

Bater não resolve nada. Nem sequer gosto de limpar o pó, por isso não deverá ser na minha filha que o farei. Para mim, um tapinha dói.