Chorei quando descobri.
Chorei quando abracei a minha mãe e lhe contei.
Chorei quando abracei o meu pai, quase 5 meses depois da última vez, e lhe disse que ia ser mãe.
Chorei quando abracei o meu pai, quase 5 meses depois da última vez, e lhe disse que ia ser mãe.
Chorei quando descobri que era uma menina.
Chorei quando achei que a ia perder.
Chorei quando me senti exausta.
Chorei quando o David a pegou ao colo pela primeira vez.
Chorei quando me disseram que ela estava a perder peso e que podia não ter alta.
Chorei quando quis amamentar e as dores eram insuportáveis. Chorei todas as vezes.
Chorei de alívio quando as dores passaram.
Chorei quando o pai foi trabalhar, uma semana depois de ter nascido.
Chorei debruçada sobre o berço numa noite em que ela não conseguia dormir de forma nenhuma.
Chorei a vê-la dormir.
Chorei a vê-la a adormecer enquanto mamava.
Chorei com ela nas vacinas.
Chorei quando o pai foi trabalhar, quase um mês, para fora.
Chorei quando caiu da cama.
Chorei quando fui trabalhar.
Chorei quando a deixei pela primeira vez na creche. E no dia a seguir. E no outro.
Chorei quando disse "mamã".
Chorei quando ela bateu com a boca numa mesa.
Chorei quando ela bateu com a boca numa mesa.
Chorei quando a deixei com a minha mãe para ir passear.
Chorei quando estava longe.
Chorei quando ela ficou doente.
Chorei enquanto esteve internada.
Chorei quando ela deixou de mamar.
Chorei meses depois, com saudades.
Chorei quando ela me acordou, dias a fio, seis ou sete vezes por noite.
Chorei quando me atrasei para ir buscá-la à creche.
Chorei no dia seguinte. E no outro.
Chorei quando não a vi de manhã, nem à noite.
Chorei com saudades. Choro muito com saudades.
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