Ser o irmão mais velho é uma valente treta.
Deixamos de ter a casa e o coração dos nossos pais só para nós.
Ser o irmão mais velho é uma valente treta.
Deixamos de poder ir ao cinema ou ao teatro ou fazer coisas de "crescidos" enquanto o irmão mais novo não tiver idade. Ou vamos, mas muito menos.
As nossas mãos deixam de ser pequeninas, os nossos pés tornam-se enormes e a nossa pele deixa de ser tão macia.
Deixamos de poder ir a conversar no carro porque o bebé se sobrepõe ou chora ou não nos deixa falar.
Deixamos de poder fazer birras, de nos queixarmos ou de fazer disparates porque olham para nós como pessoas já com mestrado, quando ainda nem fizemos a primária.
Deixamos de poder subir a um muro porque temos de dar o exemplo.
Nunca mais comemos um gelado sossegados. Ou um chocolate por inteiro.
Deixamos de poder fazer jogos de tabuleiro ou brincar com peças pequenas só porque é perigoso para o bebé.
Ser o irmão mais velho é uma valente treta.
Deixamos de ter o nosso espaço, o nosso lugar e de ser incomparáveis.
Deixamos de ter um colo só para nós e de ser pequeninos.
Às vezes nem nos vêem, não nos ouvem nem perguntam por nós na rua.
Às vezes nem nos vêem, não nos ouvem nem perguntam por nós na rua.
Não podemos ripostar porque "é o mais novo", "é bebé", "coitadinho dele".
E até arcamos com castigos, à custa do outro.
Ser o irmão mais velho é uma grande treta.
A chave do diário é descoberta. E os nossos segredos mais preciosos.
A chave do diário é descoberta. E os nossos segredos mais preciosos.
Nem conseguimos ir a concertos, festivais ou discotecas sozinhos ou com os nossos amigos.
E, imagine-se, até podemos ter de voltar a viver juntos, para estudar.
Ir buscar.
Receber chamadas tardias.
Emprestar carro.
Ficarmos preocupados.
Ser o irmão mais velho, às vezes, é uma grande treta.
No resto das vezes não.
Sentimo-nos orgulhosos.
Ensinamos coisas a alguém.
Somos protectores.
Sentimos um carinho inexplicável.
Temos alguém com quem brincar.
Um aliado para os disparates.
Um par para a dança mais maluca.
Uma mão para nos segurar.
Uma gargalhada, uma piada, e pipocas para partilhar.
E nem sequer nos conseguimos lembrar de como era a nossa vida antes do nosso irmão.
Duvidamos até que fosse melhor do que é.
Só lhe desejamos o melhor da vida.
Queremos que seja feliz, muito feliz.
Tanto ou mais do que nós.
Da irmã mais velha.
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