3.02.2017

A internet veio estragar as pessoas.

Isto foi a reacção de uma colega minha quando lhe contei do comentário de uma leitora a este post que a Joana escreveu: "a internet veio estragar as pessoas". 

Fotografia: Rui Valido.

Logo tentei argumentar (apenas por diversão porque ainda não pensei seriamente nisto) e disse que "quanto muito, a Internet veio revelar o pior das pessoas". Não me entendam mal, acho que consigo fazer bastante bem uma filtragem dos comentários que devem ser tidos em conta e os que não. Aqueles que me afectem muito poderão provocar uma reflexão na minha pessoa para me interrogar sobre o porquê ter tido aqueles sentimentos a ler aquilo e, depois de identificar o motivo, tento trabalhar nele. São inputs. Até as coisas mais maliciosas ou mais desprovidas de conteúdo podem ser óptimos gatilhos para reflexões. Tudo depende da nossa vontade e disponibilidade e capacidade, claro. Até agora só houve um que me tivesse irritado.

Hoje não me irritei. Hoje li aquele comentário e pensei: "há gente que perde imenso tempo com coisas desnecessárias". Eu nunca, nunca na vida me iria dar ao trabalho de comentar um blog (eu nem leio blogs, só para que tenham a noção do bicho) fazendo referência à roupa das pessoas ou criticando a escolha das roupas da mãe para a filha. Não entendo sequer a utilidade disso. Nem percebo a vantagem que isso terá para a pessoa que comentou.

Compreendo que, em temas mais apaixonados, toda a gente dê o seu bitaite e que seja quentinho estar atrás do computador para sair algumas frustrações ou para não termos que ter aquele tacto (que temos de ter em tudo, é uma chatice, é sempre tudo muito sensível e na internet parece que há um mundo sem responsabilidades, extremamente apelativo ao nosso lado mais infantil) praticamente o dia inteiro. 

Agora: 


Houve aqui claramente uma escolha das palavras para não magoar, para não ser ofensiva, mas lembrou-me daquelas colegas do secundário que diziam sempre "não me leves a mal, mas essas botas fazem-te parecer um bocado puta". Não me diziam a mim. Não usava botas desse género, sequer. 

Onde é que passamos a ficar tão pseudo-confiantes das nossas opiniões sobre vestuário para acharmos que todas as outras não são válidas? A minha filha não parece uma palhacinha. Poderá parecer a esta Ana, mas é uma coisa que se comente? Que se torne pública? Qual o intuito deste tipo de observações?

Não me lembro se foi ela quem escolheu a roupa naquele dia ou não. Sei que, provavelmente, não me terá dado grande opção em relação ao calçado, mas...  isso é importante?

Claro que tudo o que é importante é discutível. Até podem dizer que nada neste blog é importante, mas já sei que é. Muitas mães nos dizem que as ajudamos em muita coisa. E, sinceramente, a mim ajuda-me imenso escrever com regularidade e ter as nossas vidas registadas num diário tão pormenorizado. Gosto. Também me agrada quando temos oportunidades de negócio, como é óbvio. 

Não disseram que a minha filha é feia - antes pelo contrário - mas isto, para mim, já vai um pouco além do que me parece aceitável. Claro que, se tenho um blog, se me exponho, tenho que aceitar. Epá, tenho? Até poderia não ter aprovado, mas cada vez mais sinto que só devíamos dizer online aquilo que fossemos capazes de dizer frente a frente. 

E que também aquilo que comentamos deve ser alvo de reflexão. O que me leva a escrever isto? Porquê? O que é que retiro disto?

No meu caso, não se preocupem que faço aqui uma boa gestão, mas confesso que me deixa preocupada com a "humanidade" e esta necessidade constante de apontar dedos (não me estou a elevar, estou só a dizer que estou a tentar nadar contra a corrente - que também é minha). 

Ana, nada contra si pessoalmente (como? nem a conheço), mas serviu apenas de inspiração. Poderá ser uma pessoa maravilhosa e cheia de ternura e carinho (fartou-se de fazer elogios à minha filha e à Joana), mas confesso que me deixou a pensar... 


Beijinhos, 

a Mãe da palhacinha. 

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