11.12.2019

Usar aparelho com 5 anos - porquê?

Há cerca de 3 semanas, a Isabel começou a usar aparelho. Eram notórias, cá em casa e até junto da pediatra, não só a forma mais "ciciosa" de falar (os ésses mais carregados), assim como a forma como punha os dentes de cima em cima do lábio de baixo. Por isso, depois de duas consultas na odontopediatra, raio x e avaliação, decidimos avançar com um aparelho miofuncional. Além disto, iremos pedir avaliação de um otorrino e queremos também ter consulta num terapeuta da fala (deverá precisar de fazer terapia miofuncional), de forma paralela.

Mas que tipo de aparelho é este? 
Com dentes de leite, vale a pena? 
Não é muito nova? 

Condensei algumas das vossas perguntas no instagram (que eram também as minhas antes de iniciar este processo) e resolvi, com a ajuda da odontopediatra da Isabel, a Dra. Beatriz Jordão, Directora Clínica da Clínica Dentária do Lumiar e a maior com crianças, responder às vossas dúvidas.

[as miúdas adoram lá ir, tem um jeito muito especial para falar - e brincar - com elas, além da sala ser completamente desenhada para os receber - desde músicas da Disney, a tablet, a phones, para que não ouçam barulhos mais chatos em algum procedimento, cadeira adaptada, brinquedos... etc etc].



Vamos a isto.

O que são, como funcionam e para que servem estes aparelhos? 

São aparelhos para corrigir os maus hábitos miofuncionais (hábitos dos músculos à volta da boca, da língua, da mastigação e da respiração). Corrigem a forma da boca e melhoram o alinhamento dos dentes, através da posição correta da língua e dos lábios. A chave para este tipo de tratamento é corrigir a posição e função da língua, treinar os músculos da cara para que não façam forças contrárias aquelas necessárias para o desenvolvimento dos ossos dos maxilares. Os aparelhos são desenhados de forma a que a língua tenha um sítio específico para se posicionar, ficando na posição correta na maxila, a musculatura oral seja estimulada ou descontraída para que o crescimento ósseo dos maxilares possa acontecer.

Porquê nos dentes de leite, porquê usar tão cedo? 
São utilizados maioritariamente em crianças com dentes de leite ou dentição mista (quando ainda estão a trocar os dentes) porque funcionam através do crescimento facial, potenciando-o. Até por volta dos 8 anos temos ainda um grande crescimento facial nas crianças. Estes aparelhos guiam esse crescimento de forma a prepararem a os maxilares (língua, músculos, etc) dos mais pequenos para receber os dentes definitivos da melhor forma e evitar tratamentos mais complexos no futuro.

Sempre ouvir dizer que aparelho só em dentes definitivos… podia explicar melhor? 

Estes aparelhos miofuncionais não são aparelhos para os dentes, são aparelhos para “a cara no geral”. São aparelhos para a língua, para os músculos, para os lábios, para os ossos e acima de tudo para alterar hábitos. Hábitos que nem sempre são conscientes (como o da Isabel – por oposição a hábitos tipo chupeta e assim) e nestes principalmente precisamos deste tipo de dispositivos para nos ajudar a eliminá-los. Ainda assim… aparelho só em dentes definitivos = mito 

Exemplos práticos de necessidade
- O caso da Isabel que “morde” o lábio de baixo com os dentes de cima projectando-os para a frente
- Crianças que dormem de boca aberta: como a boca está aberta, a língua fica numa posição incorreta e empurra os dentes e faz um arco na forma da boca
- Mastigar sempre para o mesmo lado e/ou demorar muito tempo a comer ou não gostar de coisas duras - pode ser sinal de necessidade de aparelho porque os dentes “não encaixam bem” e por isso demoram mais tempo a exercer a sua função (mastigar) ou fazem-no sempre melhor de um lado.

Qual a duração e o preço do tratamento? 

A duração depende muito do problema e também da colaboração do paciente, porque a maioria destes aparelhos são removíveis e se não são colocados na boca não funcionam.

Também existem opções fixas (não para o caso da Isabel) e com essas o tempo de tratamento pode ser muito mais curto (3 a 6 meses em média). Mas cada caso é um caso e tem de ser feito um estudo individual para cada um.

A Isabel não é muito nova para usar aparelho? Afinal os dentinhos dela ainda vão cair…

Estes aparelhos podem ser usados a partir dos 3 anos, a Isabel já tem 5. Até a Luísa já poderia usar se precisasse (não precisa, felizmente!). Os dentes ainda vão cair sim, mas não estamos a tratar os dentes que estão neste momento na boca dela, estamos a preparar a chegada dos próximos! Se não atuarmos, já a probabilidade dos definitivos nascerem e ficarem inclinados é grande, com este aparelho estamos a diminuir um pouco essas probabilidades.

A minha filha de 5 anos usa há 2 semanas para correção da mordida cruzada, será o mesmo?

Talvez sim, mas existem muitos tipos de aparelhos miofuncionais. Para a mordida cruzada até é bastante comum usarem-se soluções fixas. Faz com que endireite os dentes? Sim, pode fazer. No caso da Isabel não é esse o objectivo para já, o objectivo é que os definitivos não tenham o mesmo problema. Os dentes da Isabel neste momento são de leite, no entanto mesmo os de leite podem endireitar quando bem usado o aparelho.

Quando usa?

Idealmente 1h por dia em casa e durante toda a noite.

Qual é o problema da Isabel?

Classe II divisão 1 com hábito sucção não nutritiva do lábio inferior.

Também dá para quem chucha no dedo? O meu filho tem 5 anos… 

Os hábitos de chuchar no dedo, ou noutra coisa qualquer, depois dos 3 anos deixam conformações maxilares anormais, normalmente chamada mordida aberta. Estas alterações devem ser corrigidas o mais rápido possível, para tentar reverte-las ou melhorar a forma para os dentes definitivos. Dedos e chuchas têm uma componente psicológica associada e o aparelho não substitui isso, obviamente.




A Isabel recebeu muito bem esta notícia. Não vos vou dizer que não lhe custa nada (nos primeiros dias, dizia que lhe doía um bocadinho, além de não saber bem o que fazer a tanta saliva) e não é fácil fazer com que o aparelho aguente na boca dela a noite toda. Já cheguei a acordar para procurar o aparelho e lhe colocar a meio da noite. E já houve noites em que deve ter estado, no máximo, umas 4 horas com aparelho. Mas noto que, com o tempo, ela se foi habituando bastante à ideia, que já se preocupa em pôr o aparelho mal lava os dentes; brinca um bocadinho ou lê as histórias já de aparelho; já faz parte da rotina dela. Acho que mais duas semanas e já está tudo mecanizado. Acreditam que fiquei a admirá-la ainda mais depois de ver a forma determinada e resiliente como encarou isto? Mega orgulhosa.

Se tiverem mais dúvidas e quiserem partilhar, comentem, que tentaremos responder, sim?

Obrigada à Dra Beatriz por nos receber sempre tão bem. Há pessoas mesmo talhadas para a profissão que têm.




11.11.2019

Namorado aos 5 anos?

Hoje fui chamada à casinha (até gosto do nome, apesar da piroseira) para me ser comunicado que minha filha teria iniciado a sua primeira relação amorosa. Não só que tinha acontecido como que tinha sido ela a tomar iniciativa. 

Achei amoroso, claro. Especialmente porque sempre tive cuidado de não empolar o lado romântico na Irene. As crianças devem ser crianças e sinto que não se deve espevitar o "já tens namorado?" e a questão do casamento e família. Já chegam as imposições da sociedade - umas mais silenciosas que as outras - e haverá sempre tempo para lidar com elas. No entanto, ela convive com os amigos, há de ver desenhos animados em que tal acontece e, por isso, "limito-me" a oferecer o contraditório. Falando da importância da amizade, tentado explicar o que é o amor e como devemos tratar os outros e sermos tratadas. 

O namorado "emprestado" da minha filha - porque "não damos beijinhos, mãe, por causa dos micróbios" - ofereceu-lhe hoje umas cartas Pokémon e ela tem o desenho de retribuir com uma carta de amor que escreveu sozinha - com tantos erros, que amor - para ele: "Crido XXXX, cria faser esta carta namorado". E amanhã lá vai ela entregar-lhe. 


Giro que quando ela lhe pediu em namoro, ele primeiro disse que ia pensar e só depois voltou com a resposta afirmativa. Disse que passaram o almoço todo a chamar-se namorado um ao outro. 

Claro que me ri, claro que dei a devida importância que isto tem para ela. Dei o meu melhor para não empolar, mas para pegar na situação e explicar-lhe mais algumas coisas, nomeadamente que, se o namoro um dia acabar, que é importante e possível que os dois fiquem amigos tal como a mãe e o pai ficaram. 

"Ou namorados para sempre como os avós", disse ela. 

O pai, ao telefone, quando ela lhe quis contar depois também frisou que ela deve ser sempre tratada com carinho e respeito e ela disse que já sabia. Além de lhe ter perguntado se o rapaz não teria a idade do pai só para ficar descansado, ahah. 

Pelo que, venha o que vier, seja lá o que for, a Irene sabe que antes do namoro vem a amizade e que durante o namoro e depois também. E que, tanto na amizade como no amor, o carinho e o respeito são o mais importante. 

Apetece-me ir coscuvilhar com os pais do rapaz, mas ainda me acham casamenteira, ahah. 



Já repararam que saiu um novo episódio do nosso podcast? Desta vez falamos do que é preciso fazerem para terem um blog de sucesso (grande moral, bem sabemos!). Está disponível no Spotify, SoundCloud, Achor FM e iTunes, ok? ;)



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Se calhar fomos longe demais...

É possível porque nos pusemos a dizer o que seria necessário para ter um blog de sucesso. E, por isto, quer dizer que tivemos de comparar o que fazemos com outras pessoas. Nada contra, mas há práticas com as quais não nos identificamos e também temos as nossas opiniões. 

Para vocês que estejam a pensar em ser bloggers ou algo do género, pode ser que seja interessante pensarem nestas coisas.




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