3.06.2019

“Às vezes gostava de não ter uma irmã, de ser só eu”

“Às vezes gostava de não ter uma irmã, de ser só eu”

Foi este o desabafo da Isabel, à noite, com o pai, enquanto este as estava a adormecer. E antes disso, entre lágrimas disse algo como “não quero a Luísa”.
Duas coisas: primeiro, a Isabel adora a irmã. Vê-se mesmo que se sente orgulhosa dela e até mesmo quando lhe perguntaram se ela queria outra mana, ela respondeu, da forma mais querida do mundo que não, que queria a Luísa, sem ter percebido que a pergunta era se queria ter mais uma irmã. Depois, disse que queria 5 manos.
Segundo: é muito mas mesmo muito importante que ela se expresse tão bem. Que se sinta à vontade para o fazer com os pais. É que nunca deixe de sentir que pode dizer tudo, desabafar sobre o que precisar.
Claro que nos custa ouvir algo assim; claro que pensamos logo em que é que estamos a falhar.
Quando já dormiam, conversámos sobre isto. A Isabel não parece, muitas vezes, uma miúda de 4 anos. Tem conversas e uma sensibilidade que não esperávamos tão cedo. Fala sobre a morte, tem raciocínios que nos deixam de boca aberta, confronta-nos com coisas que dissemos há meses, analisa e faz perguntas: “gostava que me explicasses, por favor, porque eu não percebi, por que é que antes disseste que a máscara era cara, mas depois compraste outra que foi mais cara do que aquela que vimos”. Sim, esta foi a última que me apanhou desprevenida. Caraças.
Posto isto, com este desabafo dela, ficámos com a certeza de que temos de ter um bocadinho mais de cuidado com a atenção que lhe damos. E em pequenos pormenores. Tentamos muitas vezes justificar com “a mana é mais pequenina, amor, ela ainda não percebe” para desculpabilizar a Luísa de algumas coisas e se calhar temos de começar a atribuir mais justiça na hora de resolver algum conflito. Peço à Isabel para deixar a Luísa chegar ao elevador ou para ser ela a desligar a luz e essas pequenas coisas acabam por lhe tirar também o prazer de ser ela a fazê-las. Claro que depois fico felicíssima quando a vejo a pegar na irmã ao colo para ela chegar ao botão do número 5, mas se calhar a Luísa terá de ficar a chorar mais vezes e ser a Isabel a fazê-lo. Eu sei que isto está ali a roçar já o “não assunto” mas eu acho que é nestes pequenos pormenores que nós vamos acumulando frustrações, até explodirmos. Foi claramente o que se passou com a Isabel. Ela acumulou e explodiu quando estava mais vulnerável, com sono e cansada.
Ainda bem que o fez. O comentário está ao nível do “não gosto da mãe. És má é feia”, não corresponde exactamente à verdade, mas pelo menos demonstra necessidade de atenção. Vou/ vamos tentar ter mais cuidado. O pai já a levou ao cinema a ver o filme do dragão entretanto e já foi com ela ao Benfica e costuma ser ela a ir às compras também, mas se calhar tem de haver mais atenção aos detalhes, no dia-a-dia.

O que fariam? O que acham disto?
Obrigada!






Fomos por Portugal fora de auto-caravana. ♡

Bom dia :)

Acho que ainda nem tive tempo de processar o que aconteceu. Pareceu tudo um sonho e nem por isso aconteceu assim tão rápido. A brincadeira começou há um ano e pouco, como vos disse, quando a Irene viu um episódio qualquer da porquinha Peppa em que a família ia de férias de auto-caravana. 

A Irene pediu-me, na altura, para irmos de férias de auto-caravana e eu pensei: "quem sabe, um dia". Quando estava a marcar as férias para o "ano inteiro", seguindo aquilo que partilhei convosco de me obrigar a parar mais vezes por ano, deixei logo o espaço para a "auto-bikanka". Não sei de onde veio o nome, mas ficou.

Partilhei a minha ideia com vários colegas meus até que a Sónia Santos da Renascença (uma das pessoas que me formou como locutora e animadora de rádio e que agora faz com o Renato Duarte - um dos melhores amigos da Joana Paixão Brás - o "Nunca é Tarde") me contou que ela e um amigo têm algumas auto-caravanas para alugar. Como não experimentar? 

A "nossa" Bikanka.


Experimentámos, claro. Marcamos para as férias do Carnaval. Sabíamos que não ia estar muito calor e era uma primeira experiência para ver como nos daríamos com a coisa. O roteiro foi simples: Lisboa, Ericeira, Peniche, Baleal e Nazaré. Parámos sempre ao lado de praias, de manhã fomos sempre pôr um pezinho na areia, conhecemos as vilas à noite e dormimos com aquecimento-central (nunca pensei que pudesse haver este tipo de mordomias, sinceramente). 

Tomámos banho com água quente - até tivémos de ter cuidado porque rapidamente saia a ferver - levámos internet connosco para ver uns filminhos depois da Irene adormecer, podíamos carregar os telemóveis e as máquinas fotográficas, duas camas de casal, espaço de "sala de estar" mesmo com a segunda cama aberta, tudo fechado, cortinas e afins para termos privacidade e também para não levarmos logo um chapão de sol de manhã. 

Outra coisa que me surpreendeu foi o conforto das camas. Não estava à espera que, numa auto-caravana, as camas fosse iguais às de casa. Eram mesmo. Dormimos com edredão e foi o suficiente. 

De manhã, abríamos a janela e lá estava a praia à nossa espera. 

A sorte... Fez-lhe maravilhas às vias respiratórias também... 

Fartámo-nos de comer fora, mas também cozinhamos uma refeição na bikanka. Comemos uns hambúrgueres no pão com salada e ao pequeno almoço uns ovos mexidos. 

Lembro-me de quando era mais pequenina e passeava com os meus pais de passar por parques de campismo e achar que as pessoas que iam nas auto-caravanas deviam estar super desconfortáveis, mais ainda do que a malta que ia de tendas, mas... afinal nem sempre é o caso.

Só há um problema: fiquei com o bichinho. O de querer mais. Queremos tornar isto numa tradição familiar e fazê-lo todos os anos. 

De janela aberta ao final da tarde a comer uma laranja. 


Vou escrever-vos mais posts sobre isto, quem sabe até com umas dicas para quem quiser começar - apesar de não ser NADA complicado.

Estamos tão felizes. A Irene delirou e contemplou o mar. Foi bom vê-la a sentir as coisas assim. 


Querem experimentar? 

3.04.2019

Há um antes e um depois da Isabel

Há um antes e um depois da Isabel. Antes de ser mãe, achava que ia continuar a trabalhar em televisão, a entrevistar pessoas e a gerir conteúdos, a pensar em rubricas e em programas. Depois de ser mãe, percebi que o meu tempo, gerido de outra forma, me faria mais feliz. Grávida da Luísa, tive coragem para por o plano em marcha. Era como se nada mais fizesse sentido. Queria estar com ela, pelo menos no primeiro ano. Percebi que ser “só” mãe é algo que não existe, porque continuamos a ser sempre muitas coisas ao mesmo tempo, mesmo que adiemos a carreira ou, até, a abandonemos. Contribuímos com tempo, coração e ganhamos imenso em troca. Aprendemos muito. O que não faz sentido é, nos dias de hoje, haver ainda quem estranhe isto, quem não concorde com isto e quem ache que esta escolha não se enquadra numa onda de feminismo. É precisamente o contrário. Liberdade é podermos fazer o que bem entendermos, seja continuar a progredir na carreira, seja desistir dela. Eu não faço ideia do que sou neste momento. Tenho um trabalho, por conta própria, mas sinto-me “mãe a tempo inteiro”. Acho que este termo é até redutor (não somos todas?). Mas bem, percebi que quero, neste momento (não gosto de coisas muito definitivas), ir buscar as miúdas cedo à escola e não ter uma veia a rebentar de cada vez que há trânsito. Entre casa, jantar, e-mails, um post, uma reunião ou exercício físico, o dia faz-se. O resto é delas. E eu estou feliz assim. Não sei se “para sempre”. Mas a fazer ouvidos moucos a perguntas e constatações do género: “quando é que voltas a trabalhar?” e a “alguém tem de trabalhar”. Só tenho de ouvir o meu coração. Por enquanto, ele diz-me que estou no caminho certo. O meu. ❣️