Hoje a Luísa faz quatro meses.
Hoje conheci um casal - ela sueca, ele português - pais do Isaac e do Oliver. O Isaac tem 3 anos e o Oliver 8 meses. Estão cá em Portugal 3 meses, de licença de maternidade. Sim, na Suécia, país onde ele trabalha há 5 anos, as mães têm direito a 380 dias de licença - 13 meses - que podem, se percebi bem, ser usados/espalhados durante anos. A mãe pode tirar, imaginem, 3 dias por semana durante anos. O pai - e isto foi a coisa que mais me espantou - tem direito a 6 meses de licença. Sim, leram bem, mais do que uma mãe em Portugal. Podem fazer este esquema: mãe tira 3 dias por semana e pai os outros 4, sem falar nas horas de trabalho: "começamos às 7h mas depois saímos e ainda temos um dia pela frente, não é como aqui que temos de esperar pelo chefe para sairmos por último". Na Suécia, não há creche antes do primeiro ano dos filhos, não há o conceito de berçário. E eles cá estão, 3 meses em Olhão, com a família dele, a aproveitar a vida, a família, a construir memórias. Fiquei meia deprimida. Viemos passar o fim-de-semana ao Algarve (este ano ainda não tínhamos cá posto os pés), toda contente por estarmos dois dias em família, a achar-nos uns sortudos (que somos, é verdade...), mas há países que vêem mais além, que percebem que os primeiros anos são essenciais para o desenvolvimento de uma pessoa e que mostram que é possível pôr a economia a mexer assim mesmo. A Luísa hoje faz quatro meses e eu fiquei deprimida porque por cá ou temos de pôr uma licença sem vencimento (quando dá...), despedirmo-nos (isto se houver rendimento suficiente na família, o que é raro...), abdicarmos de uma carreira para que os nossos filhos tenham o direito de crescer com uma mãe (ou pai) mais presente. É triste. Pronto, já desabafei.
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