Sigo o vosso
blog já há algum tempo, mesmo antes de ter engravidado, quando mês atrás de mês
rezava para que o teste saísse positivo e nada. É como um bálsamo de energia
positiva. Obrigada por partilharem um pouco do vosso dia-a-dia connosco,
estranhas do outro lado da blogosfera.
Hoje
escrevo-vos ainda de pijama, às 11.30 da manhã, enquanto a
minha filhota de 3 meses dormita uma das sestas supersónicas dela (nunca mais
de 30 minutos, safada).
Faltava-me a
mim também alguém que me dissesse “caga”. Mas a família está longe, os amigos
(aqueles verdadeiros) contam-se pelos dedos de uma mão e também eles não estão
por perto. Sobra o marido, que é 5 estrelas, mas a quem eu também não quero
estar sempre a preocupar com as minhas queixas.
Seguramente
não sou a única que põe demasiada pressão nela própria. Queremos ser perfeitas
e isso nunca vai acontecer. Mas eu pensava que podia. Estava errada. Nos
primeiros meses eu dizia “isto até nem é tão difícil, consigo tomar duche todos
os dias, ir passear e por maquilhagem, ela mama bem, já só falta perder o peso
extra”. Mas o peso não se foi, e a casa só fica mais desarrumada, e a pequena
tem as suas crises que partem o coração a quem a vê (e ouve).
Muitas vezes
dou comigo numa luta mental. “Limpo a casa, tento fazer exercício ou
simplesmente tento dormir uma sesta com ela?“ E a luta é tão grande que acabo
por não fazer nada disso. E depois vem a culpa.
Oops. A
pequena acordou (o que é que eu disse?) Já volto.
Ok, eu outra
vez. Ahh, já sei onde ia.
Também a mim
me apetece dormir em concha e chorar um bocadinho. Também eu me sinto
desamparada e sem ser capaz de fazer coisas, quando temos de fazer as coisas
mais importantes da vida. Temos um ser humano, pequenino e frágil a depender de
nós.
Já não me
importo tanto com a casa. Escrevo-vos com um buraco no tecto da cozinha porque
houve uma infiltração na casa de banho no andar de cima e agora temos de
renovar o tecto. Lá se vai a teoria de ter a casa limpa e em ordem...
Mas é a
outra casa, a da alma, que me apoquenta todos os dias. Este corpo não é meu.
Também estava convencida que ia tudo ao sítio num par de semanas. Ou meses, no
máximo. Uma semana depois da pequenita ter nascido fui correr (já sei, louca
que os pontos podiam rebentar!). Mas fez-me maravilhas à alma.
Mas o corpo
continua na mesma, e eu não reconheço o que vejo reflectido no espelho. Quero
sentir-me bem na minha pele. Mas até esse esforço me parece alienígena.
Ontem pela
primeira vez fui ao ginásio por uma hora (como não tenho ninguém a quem deixar
a pequena, deixei-a na creche do ginásio). E em vez de gozar o shot de
endorfinas, passei a hora inteira e pensar se ela estaria bem, se estava a
dormir, se estava a chorar, etc.
É errado
queremos tratar de nós como dos nosso filhos? Seguramente que não, mas por que
é que eu penso que sim?
Ela está a
chamar por mim. Já volto.
Eu outra
vez. :) Acabei por tomar um duche (com ela acordada, a olhar para mim sentadita
no bouncer dela, que é a única maneira de conseguir tomar um duche), dar maminha
e agora a pequenita está sossegada. Mais ou menos.
Ok, o email
já vai longo por isso é melhor parar por aqui.
Desculpem o
turbilhão de sentimentos e palavras. É reflexo talvez do turbilhão que nos
passa na alma a cada dia. Felicidade, tristeza, orgulho, desespero...
Só queria
agradecer por serem tão sinceras e por partilharem um pouco da vossa vida
connosco. E obrigada por nos lembrarem que somos humanas, a aprender a cuidar
de seres pequeninos à nossa mercê, um dia de cada vez.
Talvez este
email sirva de desabafo.
Muitas vezes precisamos de ser nos a dizer a nós mesmas "caga"."
A A. enviou-nos este email. Que ajude outras mães a dizerem "caga". Obrigada, A. pela confiança. <3 E força.