O segundo mais feliz da minha vida. Esse e todos os que se seguiram.
Era assim que eu estava, depois de umas 12 horas em trabalho de parto e
de 10 minutos na sala de partos. Vê-se bem nos olhos a força que tinha
acabado de fazer. O cansaço. Estava com fome e sede. Mas vê-se
principalmente a alegria. Tinha o queixo sujo de sangue e tinha acabado de
sentir a minha filha, quente, primeiro nas minhas pernas e depois no
meu peito. A emoção das emoções. Disse logo que ela era bonita. Agora
vejo uma bebé inchada, com a cabeça deformada da ventosa, mas delicada.
Lembro-me bem do choro, baixinho e suave, como todos os outros que se
seguiram. Assim que ouviu a minha voz parou de chorar. Dessa magia não
me vou esquecer nunca.
O meu parto foi o momento mais maravilhoso da minha vida. Foi tudo o que desejei, acompanhada por pessoas calmas, divertidas, pela médica dos meus sonhos e pelo homem que me faz feliz e me conhece como ninguém. Foi um parto a rir. A primeira coisa que fiz quando senti uma coisa quente a descer pelas minhas pernas foi soltar umas gargalhadas enormes. E é com um sorriso nos lábios que recordo todos os momentos. A enfermeira que não sabia abrir o alfinete de ama, o barrete por cima do barrete, as orelhinhas enroladas, a pele cor-de-rosa. A primeira vez que mamou, para logo depois adormecer aconchegada ao meu lado. A primeira vez que o David a pegou ao colo, já no nosso quarto. Tenho tudo gravado na minha memória, como se fosse hoje.