Ainda antes de estar grávida da Isabel sabia que havia de amamentar. Estava longe de ser mãe mas já sabia, no meu íntimo, que havia de querer construir essa ligação com o meu bebé. Mal sabia eu que, nos primeiros tempos, não me seria natural e que me custaria tanto. Desistir passou-me pela cabeça mil vezes no primeiro mês. Mas logo a seguir lembrava-me da imagem da minha mãe a amamentar-me na praia ao pôr do sol, com um ano e tal, memória que não tenho mas que as fotografias ajudaram a recriar. Eu adoraria consegui-lo, não só pelas vantagens já conhecidas, mas porque sempre achei aquilo bonito, especial.
Durante um mês sofri bastante, tinha dores e pouca ajuda. Valeu-me o apoio moral do David e da minha mãe, que me prometeu que as dores passariam (também me disse que a escolha seria sempre minha). Ela tinha razão. Passaram e então vi e senti o quão especial era aquilo. A Isabel desmamou quando teve pneumonia com 9 meses e meio, rezei para que fosse um falso desmame e ainda tentei reverter mas já não consegui. Acabou uma bonita história, sem culpas. Escrevi sobre isso aqui. Mas prometi a mim mesma que correria melhor num segundo filho. Correu. Está a correr muito, muito melhor. Apesar de ter sido um bocadinho doloroso no início novamente, principalmente com a subida do leite, nunca me coloquei pressões de aumentos de peso, não dei aso a confusões de tetinas, dei mama mais e mais vezes e pedi ajuda à CAM Patrícia Paiva, o meu porto de abrigo, sempre que tinha dúvidas (ela está agora no projecto Amamenta Setúbal, para quem precisar, aconselho!).
Amamentar para mim é muito, muito importante, faz-me bem, faz-me feliz. Seria igualmente boa mãe se não amamentasse, disso não tenho dúvidas, mas gosto muito desse nosso momento de namoro indizível. Até quando? Desta vez espero que até (bem) mais tarde, até ambas querermos e até que isto nos faça bem às duas. Adoraria conseguir fazer um desmame natural. Mas logo se vê. Acho que se não pusermos pressão nem fizermos grandes previsões, tudo correrá melhor. É deixar fluir. É irmos sendo felizes.
Outros textos sobre a minha experiência:
Como sobrevivi ao primeiro mês de amamentação
Amamentação: o que vou fazer diferente da 2a vez
O teu leite não é pouco nem fraco!
Acabou-se a mama
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