12.01.2019

Não sei se ainda gosto do Natal

Já não sei se gosto do Natal por elas ou por mim. A verdade é que dantes esta era, sem margem de dúvidas, a minha altura preferida do ano. Não sei quando começou a perder encanto. Não sei se foi quando me comecei a aperceber de que não há Pai Natal, se foi quando me comecei a ver nos adultos falhas, se foi quando percebi que o consumismo nesta altura não é, de todo, consciente. Se foi quando comecei a pensar nas pessoas que não têm família ou nos que a têm mas é como se não tivessem. Se foi quando a família se começou a separar mais, a ter outras famílias, se foi quando começámos a perder pessoas. Já chorei no Natal. E não foi de comoção. Acho que pode ter tanto de bonito, quanto de triste. 

Mas, sem dúvida, tento aproveitar o que tem de bom. E quando temos filhos, queremos ver magia nos olhos deles. Queremos que sejam crianças felizes. Quero que elas sintam o que eu sentia quando era miúda. Acho que estou a conseguir. E acho que, de alguma forma, passei a gostar mais deste mês. A ver o lado positivo. A tentar aproveitar esta época para lhes passar valores. A pensar em cada pessoa de quem gostamos. Hoje, por exemplo, fizemos o jogo da descrição dos nossos amigos em que um descreve alguém de quem gosta e os outros tinham de adivinhar quem era - foi lindo ver o que cada uma acha que define outra pessoa, em como não têm preconceitos, em como não ligam a magrezas, a gorduras, nem à idade ou ao tom da pele. Claro que tudo isto pode ser feito noutros meses, mas também é giro irmos definindo coisas para fazer no advento.

E vocês? Como vivem o Natal? Quem está a viver fora, consegue vir nesta altura? Quem está cá, sofre neste mês ou celebra?

Fotografia The Love Project

4 comentários:

  1. Joana, cá em casa é uma época que divide muito os sentimentos...
    Quando perdi o meu pai, em 2002 e com 20 anos, virei costas ao Natal com muita mágoa pois era a minha época preferida, seguida da Páscoa. Deixei de sentir o Natal e era só mais uma data.
    Entretanto nasceu o meu primeiro sobrinho em 2012 e, como sou louca por ele, voltei a ir ao meu “baú interior” resgatar o melhor que conseguisse encontrar para voltar a viver esta época com alegria, através dos olhos dele. Em 2014, 6 dias antes do Natal, fui mãe e então o Natal ganhou definitivamente uma nova cor. Nesse mesmo ano e no dia de Natal perdia o meu sogro e via o meu marido dividido entre a dor de perder o pai, do outro lado do atlântico, e o carinho pela filha de apenas 6 dias. No ano seguinte foi difícil para todos porque lhe trazia muita dor. Tentou nunca a transmitir demasiado, mas como filha que também já tinha perdido o pai, sabia bem que havia ali uma luta interior muito grande. Além disso, no dia que a nossa filha fazia 1 ano, o irmão (também do outro lado do Atlântico), sofria um acidente do qual só saberíamos que vinha a escapar depois da Passagem de Ano. Ainda assim, por ela, tentamos manter o máximo que conseguimos o espírito. Felizmente era muito pequena e não se apercebia de quase nada.
    Na véspera de a nossa filha fazer 2 anos, 2016, nova tragédia e ele perde um primo que era como irmão, melhor amigo, cresceram juntos e viviam porta ao lado no Brasil, de acidente. Aí não houve Natal mesmo. Já só havia dor e revolta por tudo acontecer nesta época. Eu tive que fazer o meu papel de Mãe e manter a minha filha mais afastada da tristeza que ensombrava a época. De lá para cá, felizmente, mais nada de grave aconteceu e o meu marido luta aos pouquinhos por se deixar contagiar pelo entusiasmo que a nossa pequena, agora prestes a fazer 5 anos, nos imprime. Eu voltei a rever-me nos meus tempos de criança e vibro tanto como ela. O meu marido faz um esforço, mas naturalmente não lhe é indiferente o sofrimento que, já por várias vezes, a época lhe trouxe.
    Felizmente passamos o Natal todos juntos e com os miúdos juntos, os meus (agora 2) sobrinhos e primos e isso aquece-nos o coração.
    Ao dia 1 fazemos as decorações de Natal e damos início às missões do advento com uma caixa com 24 gavetas em que cada dia ela abre uma e tem que fazer aquela missão ou simplesmente refletir. Desde doar brinquedos, falar sobre o Jesus, sobre os mais desafortunados, é uma fase especialmente importante para perceber a sorte que tem e que outros não têm.
    .
    Resumindo... o brilho o olhar deles nesta época é impagável e portanto aos pouquinhos chegamos lá! ��

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  2. Sempre adorei o Natal desde miúda. Tive uma infância muito feliz. Quando me tornei mãe passei a gostar ainda mais. Este ano com a perda do meu pai à 1 mês, foi com ele todo o entusiasmo. Agora faço um esforço pelos meus filhos, mas a magia de sempre acabou ��. Bjs Joana

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  3. Bolas assim n e fácil não ! Espero que tenham outro feliz natal para se tornar hábito! E espero que o seu marido supere os precedentes ��

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  4. Em setembro de 2008 o meu pai suicidou se ! E por razões que apenas a nossa pequena família sabia a minha relação com a minha mãe degradou se ! Culpei a e responsabilizei a pelo sucedido ! O meu pai era tudo na minha vida ! Meu amigo , meu pai , meu confidente , meu pilar! Não consegui ajuda lo , confesso que com 19 anos na altura , nem procurei muito ajudar pois isso implicaria envolver me demasiado na relação deles , e eu não queria ver me envolvida ... mesmo dacetando , ao ver o meu pai tão mal e em depressão ! Perdi-o , a seguir foi o natal , entrei eu em depressão ! Não tinha carro , os carros eram dos pais e deixaram de estar a disposição então perdi o trabalho , a minha mãe isolou me como pode , passei um natal infeliz onde estava a minha família materna , que não sabiam de absolutamente nada , apenas o k ela dizia , k o meu pai era louco e eu uma ma filha , passei o natal a ouvir “ sê gentil para a tua mãe , ela está a sofrer , não sejas assim não sejas assado “ mal eles sabiam k no fim de semana a seguir a morte do meu pai ela tinha ido festejar para a discoteca e entrou de manhã ! Passei muito mal ! Sobretudo pk o meu pai festejava o seu aniversário no dia 23 de dezembro! Foi duro ! Muito duro ! Mesmo passados 11 anos e duro ! A minha mãe fez me passar muito mal , em fevereiro a seguir sai de casa ! A minha família paterna ouviu me , apoiou me , acolheu me , e ajudou m! O natal seguinte foi simplesmente estranho não me sentia no meu lugar ! O seguinte já foi com a família do meu marido ! Mas nestes anos todos o natal foi uma merda ! Dia 23 deprimo ! E dia 24 recordo o último natal com o meu pai ! Neste momento mesmo essa imagem e tão clara ! Presenteou-o me com um grande abraço ! O meu pai era simplesmente a pessoa mais inteligente que eu conhecia , apenas com a 4 classe mas com imensa cultura , ainda não estava dita a conversa e ele já sabia a conclusão da mesma ! Tenho muita pena ! Vai ser sempre um grande sofrimento não o teu comigo ! O meu natal só ganhou cor em 2014 , com o nascimento da minha filhota, e agora tbm mãos ainda com o nascimento do mais novo em 2016 ! N e fácil mas tento sempre dar a volta por cima mostrar mais entusiasmo do k sinto realmente! Hoje em dia tbm já ganhou um pouco mais de sentido , parte da minha família materna ( a mais importante para mim ) a minha avó e a minha tia madrinha , viram k a minha mãe e completamente alucinada e má, procuraram me , pediram me desculpas por não terem visto antes , e hoje posso não ter mãe , mas tenho a minha madrinha que adoro , e que me mostra o mesmo amor por mim , como se fosse ela minha mãe. No dia da morte do meu pai perdi pai , mãe e família materna, hoje , tenho um marido top , dois filhos lindos , e o respeito de toda a minha família ! E uma mágoa enorme, a falta de um pai , a falta de uma mãe para que não falo a anos pk ela e louca , e a falta de um irmão mais novo que e manipulado pela minha mãe e de quem tenho muita pena pois não quer ser ajudado 😕 nem toda a gente tem natais felizes ! E nem toda gente e totalmente feliz no Natal ! Não era para escrever isto tudo, abri demasiado o coração , não publiquem isto se faz favor ! Um beijinho grande , e obrigada pelo vosso trabalho ! Tanto no blog como no insta como no podcast! São formidáveis ! Obrigada por serem tão reais e malucas ( Joana G ) 😁

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