Estávamos os três no parque . A Isabel subiu, para poder descer no escorrega. Lá em cima, agarrado a uma espécie de volante que gira, estava um miúdo com uns dois anos. Empurrou-a de tal forma que ela caiu e bateu com a cabeça. Começou a chorar daquela forma em que prendem o choro, ficam sem ar, e que nos aperta o coração. Peguei-a logo ao colo e eu e o pai começámos a tentar acalmá-la.
Disse ao miúdo, de forma calma e sem levantar a voz, encarando-o como se fosse o meu filho mais velho: "Não se empurra, está bem? Depois a bebé cai, faz dói-dói e chora muito. Não se empurra ninguém."
O pai dele, que estava a ver qualquer coisa no telemóvel, ouviu (não era a minha intenção) e perguntou-me se tinha sido ele. Anui.
"Vem cá. Não se bate". Palmada. "Não se faz isso. És feio. És mau." Palmada. Miúdo a chorar, Isabel, que já se estava a acalmar, desata a chorar outra vez.
"Olhe - disse-lhe - faz parte desta fase do crescimento deles, são muito egocêntricos, não medem bem as acções, já passou, não foi Isabel?"
"Pois, mas ele é mau. És feio. Vamos embora se não pedes desculpa".
Mais choro.
"Dá uma festinha, pronto Isabel, o menino é amigo".
"Pois, mas ele é mau. És feio. Vamos embora se não pedes desculpa".
Mais choro.
"Dá uma festinha, pronto Isabel, o menino é amigo".
"Não pedes desculpa, vamos embora."
E foram.
Não percebi muito bem, fiquei meia perdida no meio daquilo tudo. Palmada para se explicar que não se bate? Sou contra. Ele não é feio, nem mau, teve uma atitude errada, que não se faz, mas que não sei até que ponto ele conseguirá controlar. Haver uma consequência para o acto dele (privá-lo de estar ali), por um lado, não me pareceu totalmente errado, há uma relação causa-efeito no meio de tudo aquilo. Mas, por outro lado, também não me parece que ele tivesse maturidade suficiente para saber pedir desculpa. Acabou por haver ali uma exigência/ameaça que, a meu ver, não lhe dava uma segunda oportunidade. O destino estava traçado, logo não me pareceu justo. Já estava condenado a ir embora do parque. Fiquei tristonha por ele, confesso, e por momentos até me arrependi de o ter repreendido. Mas serviu, pelo menos, para uma coisa: debater o assunto com o pai da Isabel.
O que acham vocês de tudo isto? "A família é que sabe", já sei! Mas sou chatinha e gosto de debater estes assuntos, estejam vocês perto da minha linha de pensamento ou no extremo oposto. Aprendo com todas as opiniões e experiências. Vá, digam lá o que fariam.
O que acham vocês de tudo isto? "A família é que sabe", já sei! Mas sou chatinha e gosto de debater estes assuntos, estejam vocês perto da minha linha de pensamento ou no extremo oposto. Aprendo com todas as opiniões e experiências. Vá, digam lá o que fariam.
Acima de tudo, os pais dão o exemplo. O pai desse menino ao dizer-lhe que não se bate e acompanhar essa ordem ou afirmação com uma palmada, não está a ser coerente. Então diz que não se bate e ele própria (que deve dar o exemplo) está a bater-lhe? Além do mais, a criança com 2 anos ainda não tem um entendimento total daquilo que é certo ou errado fazer... E depois ainda diz que é feio e mau? Como terá ficado a criança no meio desses palmadas, repreensões e injúrias? Confusa, certamente.
ResponderEliminarÉ preciso muito cuidado com as nossas reações perante os nossos filhos. Umberto Eco escreveu «Creio que nos tornamos aquilo que o nosso pai nos ensinou nos tempos mortos, quando não tinha a preocupação de educar-nos.» Acho que isto diz tudo.
(Gosto muito, muito do vosso blogue, não só pelas fotografias, pelos posts mas também porque nos põe a pensar. Obrigada! E beijinhos às quatro meninas)
Coitado do pequenino... Eu fiz o que tu farias e iria ficar impressionada e com vontade de dar colo ao rapazinho que foi humilhado pelo pai, e nenhuma criança merece ser humilhada, não é assim que se ensina e educa...
ResponderEliminarTenho uma filha com dois anos e meio, e na minha modesta opinião duas coisas erradas na postura do pai... Primeiro a palmada e depois o estar constantemente a chamar ao menino feio, mau e nomes desses género... o impacto na personalidade, se ouvirem isto com frequência, é muito grande, e na auto estima também...
ResponderEliminarChamar atenção sim, dizer que fez errado sim, tentar que peça desculpa sim também...e até mesmo a consequência de ir embora... Mas nunca chamar esses nomes na frente de pessoas que o menino não conhece (e que conhece também não) de modo a que ele possa se sentir humilhado e a palmada não também...
Beijinhos
tenho uma filha de 23 meses e um filho de 8 anos... uma palmada na hora certa faz milagres... disse uma... mas nesse caso não vejo razão para aplicar tal castigo... pois está indo contra a maré... devemos dar o exemplo, falar ao nível deles, um dialogo simples, calmo e sem ofender a criança... esse pikeno deve ter ficado confuso e não aprendeu nada de útil... =( ( mesmo em situações em que temos de dar uma palmadinha (ultimo recurso), deve ser sempre longe dos outros, pois a intenção não é humilhar, nem aleijar... aí está a pequena diferença entre palmada e porrada... só que alguns pais entram logo na violência seja física ou psicológica. Sei que é difícil e confuso entender ou percepcionar a "linha" que separa o certo da violência (física e psicológica). beijos
Eliminareu entendo...uma palmada na hora certa e sempre como último recurso.
EliminarOpá que desagradável! :( Muito mau.
ResponderEliminarNão creio que o senhor seja um péssimo pai, provavelmente é só um pai um bocadinho menos interessado em aprender mas discordo totalmente das "palmadas educativas". Com violência (mesmo que seja só a "espantar moscas" não se ensina nada além do medo). Escrevi sobre isso aqui: http://www.vinilepurpurina.com/2015/08/06/palmadas-educativas/
Eu tenho uma filha com 2 anos. Sei que se isso acontecesse ela não saberia pedir desculpa. Se ela empurrasse outro bebé, diria-lhe que isso não se faz, dizia para ela dar uma festinha ao outro bebé e claro que diria para ela pedir desculpa (mesmo sabendo que ela não o sabe fazer ainda). Eu própria pediria desculpa pela minha filha aos pais e ao bebé. Claro que não lhe ia dar nenhuma palmada nem ali nem em outro sitio. Simplesmente tentaria fazer com que ela percebesse que agiu erradamente.
ResponderEliminarTambém concordo que a atitude do pai não foi a mais correcta. O pai certamente estava envergonhado por não ter tomado atenção às atitudes do filho e por ter sido a mãe da outra criança a ter de o repreender primeiro e vai daí para mostrar o seu "poder" e que é um pai "muita mau" toca de humilhar a criança e bater-lhe...Se o objectivo dele era ensinar o seu filho a ser socialmente mais responsável, não era humilhando a criança, envergonhado-a à frente dos outros e muito menos batendo-lhe. Não sou especialista na matéria, mas sou mãe e tenho opinião e o que faria no lugar desse pai era chamar a criança à parte e explicar-lhe que o que fez é errado e é feio (a atitute claro está, não a criança), mas que gosto muito dele e que ficava feliz se fosse pedir desculpa à menina que magoou. Acho que todos temos dias menos bons e que nos arrependemos muito depois de tomarmos alguma atitude com os nossos filhos e espero sinceramente que tenha sido só um dia mau desse pai, para o bem daquele menino.
ResponderEliminarEu teria feito o mesmo, mas ao ver a reação do pai do menino, arrependia me logo... coitadinho, há pessoas mesmo estúpidas...
ResponderEliminarMas adivinhar é proibido...
Infelizmente e conheço um caso, que a palmada já faz parte do ralhar, sai logo uma palmada...custa me tanto, mas as pessoas não aceitam que se diga nada, já tentei...e acham que "não vai de outra maneira"...fico mesmo triste.
ResponderEliminarDetesto ouvir crianças a chorar, aflige me...
Ora bater e exigir que o filho não faça a mesma coisa? Impossível não é?!
ResponderEliminarOs filhos são os espelhos dos pais. Se o pai lhe bate ele poderá fazer o mesmo.
muito boa essa atitude do pai!! deve se ensinar o que não fazer, fazendo pior !!! depois não sabem como é que os filhos ficam uns mal educados, ai mundo !
ResponderEliminarSo eu é que fiquei com vontade de dar 1 palmada ao pai a dizer que não se bate e ainda outra por não estar a passar tempo útil com o filho?! Claro que a atitude é errada e sinceramente condeno e muito. Para mim foi mau pai sim. Não tanto pela palmada mas pela incoerência. Não se bate, tumba! Mas mais ainda pelos nomes, pela humilhação e por claramente se perceber que estava ali a fazer frete!
ResponderEliminarEstou na mesma linha de pensamento da Joana e das outras mães. Acho que uma criança de 2 anos ainda mantém discernimento para pedir desculpa, ainda que seja boa idade para se ir apercebendo. Mas bater e dizer que é feio e mau não. No lugar do pai teria dito que não se bate, e para dar uma festinha na menina ou para dar a mão e ajudar a subir para o brinquedo/escorrega. No lugar da Joana teria feito o mesmo, porque a intenção foi a melhor. Às vezes chateia-me um pouco os outros pais não estarem atentos ou não ligarem. Há dias estávamos num restaurante e na mesa ao lado estava uma miúda com um tlm a ver vídeos dos caricas, o meu filhote (21 meses) foi lá espreitar e estava a sorrir para a miúda é a querer espreitar os filmes. É a miúda, com uns 7 anos, sempre a esconder o tlm... Ele olhava para mim confuso! Os pais nem ligaram. Ok ela não seria obrigada a partilhar o que estava a ver, mas se mantivesse na mesma posição o tlf viam os dois e ele não a incomodava e assim ela via as imagens num ângulo difícil é não aproveitava! Enfim, miúdos!
ResponderEliminarConheço uma pessoa que foi educada com "és feia, és parva, és isto e és aquilo". Resultado: cresceu sem auto-estima e não confia em quase ninguém. Pelo que conheço, este método estraga mais que aquilo que ajuda.
ResponderEliminarCostuma-se dizer que cada um sabe de si e dos seus... mas realmente "menino mau, não se bate" e toma lá uma palmada?! Mixed messages... Não sei como vou ser quando o A. for maiorzinho, mas espero ser tolerante e coerente nas minhas palavras e ações...
ResponderEliminarCom o pedir desculpa e, depois da recusa, terem saído, concordo plenamente, eu teria feito o mesmo... O resto é que é muito feio e mau - se calhar o menino não teve educação porque não está habituado a que os que o rodeiam a tenha...
ResponderEliminarBeijinhos, de outra Joana