6.14.2020

E escolher a escola ideal?

Este vídeo começou por ser apenas uma partilha de preferências nossas no que tocasse à escolha das escolas para as miúdas. Infelizmente, tanto a Joana Paixão Brás como eu, já tivémos a nossa dose de aprendizagens pelo caminho e acabámos por partilhar convosco as piores situações a que assistimos ou vivenciámos nas escolas anteriores. 

Deixámos ficar na mesma porque pode ser que vos ajude também a pensar nesses assuntos - caso ainda não tenham pensado - e, por isso, não tenham de passar por eles para que estejam atentas aos sinais. 

Foi muito duro para ambas, em momentos diferentes e por motivos diferentes e nem sequer estamos a falar do impacto que poderá ter tido nas nossas filhas. Não dá para medir, agarramo-nos à certeza de que há de haver mais coisas boas do que más no crescimento delas e que "a vida é muito assim". 



Estas são as nossas preferências e, por acaso, estamos bastante alinhadas. Não quer dizer que tenhamos razão em tudo ou que não haja motivos para determinadas escolas agirem como agem. Seja como for, temos direito à nossa opinião e, mais do que tudo, saibam que têm direito à vossa. Podemos sempre falar com as escolas, questionar, propôr ou, até, ir para a próxima, onde sintamos que os nossos filhos estão a ser criados com mais amor. 


Aqui vão alguns dos nossos critérios que acabamos por explicar melhor no vídeo (podem ver aqui ou ir mais para baixo que já aparece): 

  • Espaço Exterior;
  • Turmas mistas;
  • Filosofia de castigos e recompensas;
  • Como permitem e lidam com a fase de adaptação;
  • Localização;
  • Todas as crianças poderem ir à rua apesar da idade;
  • Darem colo para adormecer;
  • As crianças serem respeitadas pelos seus ritmos diferentes de crescimento;
  • Não calendarização das actividades criativas e respectivos trabalhos;
  • Não discriminação de género nos brinquedos e brincadeiras;
  • Uma escola que, tendo que escolher, trabalhe para as crianças e não para os pais. 

Queremos saber quais foram ou são os vossos critérios e, apesar de me ter "enganado" (acontece), fazer uma lista de requisitos antes de fazerem a voltinha às escolas ajuda imenso para não serem levados em conversas (por vezes bem intencionadas), mas que depois vos distraem daquilo que será mais importante para vocês. 




Voltámos também aos podcasts, garotas!
Falámos, como não poderia deixar de ser, disto do isolamento e das coisas más e boas inerentes ao processo. Sentiram-se como nós? Foi pior ainda? Foi melhor? Queremos saber :)

O nosso podcast está disponível nas plataformas habituais: SoundCloud, Anchor, Apple Podcasts, Spotify, etc. Procurem por: "a Mãe é que sabe" que irão lá dar. 







6.12.2020

9 coisas que faço antes de lhe bater.

Tem sido uma aventura gigante. Ainda passaram e passaram 6 anos. Tenho perfeitamente a noção que todas vocês compreendem esta noção esquisita do tempo desde que passámos a ser mães. Passa tudo rapidamente devagar e o contrário também - não me apeteceu pensar. 

Senti, tal como já vos contei, que o meu primeiro instinto era levantar a mão à minha filha. Ainda tinha ela meses. Estava(mos) cansada(s), frustrada(s), assustada(s) e não tinha nenhuma outra ferramenta em mim que me ajudasse a sentir mais segura ou que me permitisse acreditar que as coisas, um dia, iriam melhorar. 



Com o passar do tempo, tenho vindo a desenvolver algumas técnicas que resultam cá em casa e connosco. Antes de lhe bater, faço o seguinte: 

1) Vou avaliando ao longo do dia - por mim, por ser algo que me ajuda - como me vou sentido fisica e psicologicamente. Vou contextualizando esses sentimentos no período em que estou a viver, por exemplo: perdi um trabalho que me iria dar algum dinheiro recentemente, tenho reparado que ando mais irritadiça e ansiosa. 

2) Quando tomo decisões que possam retirar conforto à minha sanidade mental, tomo-as de forma consciente. Isto é: se andar numa semana em que descuido a minha higiene de sono, sei que vai ser mais complicado para mim estar disponível para a Irene e que os dias serão mais difíceis no geral, percebendo que a paciência não se compra, constrói-se. 

3) Quando tomo decisões a favor de outros elementos que não o sono ou a energia da Irene (irmos almoçar fora e alongar os planos para a tarde, privando-a de fazer sesta, fazer "dias de festa" vários dias seguidos, deitá-la mais tarde para quebrar a rotina), sei conscientemente que poderei ter que ser mais empática e tolerante nos dias seguintes por saber que isso lhe afecta a estabilidade emocional e fisiológica. 

4) Estou a par da importância da qualidade da alimentação na vida dela. Caso tenha andado a descuidar recentemente a alimentação da Irene, caso ande a comer mais doces, por exemplo, é natural que a irritabilidade suba (é um vício), além de que os níveis pontuais de energia em demasia. Não posso culpá-la por a mãe lhe ter comprado e dar doces. Há que ser tolerante nestas alturas. 

5) Olho para a vida da Irene no geral e observo se haverá coisas com as quais ela esteja a lidar que possam ser difíceis para ela. Fiz isso quando nos separámos, quando começou a escola, quando tem uma colega que lhe tem azucrinado a cabeça, quando tem aftas, ...

6) Caso ela esteja há demasiado tempo a ver televisão ou iPad, tenho de perceber que aquilo mexe (até connosco) com o funcionamento da nossa cabeça e que aumenta a nossa irritabilidade. Pelo que, pedir sensatez ao final do dia e depois de um kilo de iPad na cabeça não será algo fácil, muito menos para uma criança. 

7) Se sou eu quem está irritada e, por isso, a Irene está a espelhar o meu comportamento. Ainda que me seja difícil, ausento-me do sítio onde ela está dizendo-lhe que preciso de ir respirar. E vou. Sem telemóvel. Vou mesmo tentar estabilizar a minha respiração. Quando volto, respondo às perguntas que ela tenha ou tento explicar de forma sucinta o que é que me fez ficar zangada. 

8) Se for a Irene quem estiver a agir de forma incompreensível (há motivos, poderei é não saber quais), tento validar o que ela está a sentir. Pergunto-lhe de que forma posso ser útil e, mediante o assunto, ajo ou dou uma oportunidade para que ela se auto-regule e me procure para conversar. Ultimamente ela tem-se retirado do sítio onde estamos e vai respirar para o quarto dela, por exemplo. 

9) E porque os problemas não devem ser sempre lidados em cima do momento, tenho feito terapia sempre que posso para que consiga estar no meu melhor em tudo aquilo que faça, especialmente ser mãe. 


Tenho tido muita sorte. Todos estes passos têm feito com que, ainda que nos zanguemos, nunca seja necessário chegar ao ponto de haver violência física. O que fazem vocês? 




Voltámos também aos podcasts, garotas!
Falámos, como não poderia deixar de ser, disto do isolamento e das coisas más e boas inerentes ao processo. Sentiram-se como nós? Foi pior ainda? Foi melhor? Queremos saber :)

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6.09.2020

Como consegui que a Irene me contasse o seu dia.

Sempre que agora vou buscar a Irene à escola e muito por causa dos diários de gratidão de que vos falei há uns tempos neste post, ela faz uma avaliação do dia. Tem gostado, tem dito que faz "um like" ao dia. Também há dias em que não gosta tanto, mas acabamos por conversar o que terá corrido mal e dá-me sempre alguma liberdade criativa para reenquadrar mas, acima de tudo, para que ela se sinta ouvida. 

Conseguem pô-los a falar dos seus dias? Li num livro (e noutros sitios) chamado Como falar para as crianças ouvirem e como ouvir para as crianças falarem que as perguntas abertas não funcionam muito bem. Às vezes nem connosco, não é? De alguma maneira, consegui que ela falasse espontaneamente comigo. E sinto que é uma vitória. 



Uma das coisas que sinto que fiz bem foi também começar a falar com ela sobre o meu dia. Não criar um "inquérito" sempre que a fosse buscar à escola, mas iniciar uma conversa: "hoje, a mãe, teve um dia cheio de coisas: uma reunião disto, uma daquilo... sentiu que isto". 

Naturalmente começou a falar-me do seu dia e que bom, que bom conseguir saber mais sobre ela, sobre o dia dela. 

Conseguem que os vossos falem dos seus? Como o fazem?