Já comecei e deixei a meio este post inúmeras vezes. Não é fácil escrever sobre aquela que foi a tua primeira casa. Foi lá que viveste até ao dia 21 de março, o dia do início da primavera, o dia da tua alta. Lembro-me bem desse dia. Chovia a potes e aqueles breves minutos à espera que o pai parasse o carro à entrada das urgências pareciam uma eternidade. Já no carro, sentei-me ao teu lado no banco de trás, agarrada aos teus pequenos dedos olhava para ti e sentia-me a mãe mais feliz e mais insegura do mundo. Gostaria que entendesses o que sinto cada vez que vamos à maternidade, é uma mistura de gratidão e angústia, um nó na garganta e uma sensação estranha de conforto, a vontade de seguir em frente mas ter medo de esquecer. Quando passo por lá à noite tudo isto torna-se ainda mais intenso... As noites, as noites eram o pior, António. Saíamos para comer qualquer coisa e na maioria das vezes ainda voltávamos às 10 ou 11 da noite para te desejar boa noite. Estacionávamos nas ruas já vazias, completamente exaustos mas sempre a passo acelerado, cumprimentávamos o segurança que já sabia de cor o número do teu berço e seguíamos pelos corredores fora, eu com o chá de funcho na mão, o pai carregado com esterilizadores, bombas de leite ou a ceia preparada pelas avós. Desinfetávamos as mãos, deixávamos os casacos no cacifo e sentávamo-nos finalmente ao teu lado. Na sala, agora escura e quase silenciosa - não fosse o barulho constante das máquinas e do rádio propositadamente lá colocado durante a noite - ficávamos nós os três e os outros bebés. Aproveitávamos essas horas calmas para falar com as enfermeiras sobre a tua evolução e tirávamos dúvidas sobre como cuidar de um bebé tão pequeno em casa. Saímos de lá com uma boa preparação, aprendemos mais naquelas noites do que em todos os livros e cursos de preparação para o parto juntos.
Às enfermeiras ganhámos um carinho especial, elas não se limitavam a tratar de ti, elas cuidavam de ti, davam-te colo, falavam contigo... Esméria, Ângela, Manuela, Rute, Tânia, Ana Lúcia, Sílvia, estes serão sem dúvida alguns dos nomes cujos rostos jamais esqueceremos.
Rita Carvalho
Como leitora assidua do blog já pensei mais do que uma vez relatar também a minha experiência que se assemelha à da Rita Carvalho... Tive uma bebé prematura com 35 semanas no dia 31 de Dezembro. Estive 2 semanas internada por uma pré eclampsia e uma colestase da gravidez o que motivou uma restrição de crescimento da minha filha que nasceu por cesariana de urgência com 1790kg. Felizmente correu tudo bem. Foram 12 dias de neonatologia e mais uma semana comigo na maternidade devido a uma infecção da sutura... Já se passaram 3 meses e um amor que cresce a cada dia que passa. Para mãe de primeira viagem é uma experiência que não esquecerei mas que me ajudará a ser melhor mãe e a valorizar ainda mais as pequenas coisas da vida.
ResponderEliminarObrigado pelo vosso blog e pelos imensos sorrisos que me proporcionam com os vossos posts.
É sempre bom ler estes relatos Eugénia, dá-nos esperança!
EliminarComo leitora assidua do blog já pensei mais do que uma vez relatar também a minha experiência que se assemelha à da Rita Carvalho... Tive uma bebé prematura com 35 semanas no dia 31 de Dezembro. Estive 2 semanas internada por uma pré eclampsia e uma colestase da gravidez o que motivou uma restrição de crescimento da minha filha que nasceu por cesariana de urgência com 1790kg. Felizmente correu tudo bem. Foram 12 dias de neonatologia e mais uma semana comigo na maternidade devido a uma infecção da sutura... Já se passaram 3 meses e um amor que cresce a cada dia que passa. Para mãe de primeira viagem é uma experiência que não esquecerei mas que me ajudará a ser melhor mãe e a valorizar ainda mais as pequenas coisas da vida.
ResponderEliminarObrigado pelo vosso blog e pelos imensos sorrisos que me proporcionam com os vossos posts.
Já aqui partilhei que o Lucas foi prematuro, quando era colaboradora do blog. Mas eu tive a sorte tremenda de ele nascer às 35 semanas, apesar de ter ficado 12 dias internado. Sei que há inúmeros casos como os da Rita e do António, em que aquele tempo de gestação ou aquele tamanho não são suficientes. São uns guerreiros, todos. Os bebés e os pais!
ResponderEliminarA mãe Rita com o chá de funcho para ajudar à produção de leite, pois o António provavelmente não mamava ainda. Tudo para que a produção de leite se mantenha para lhe oferecermos do melhor! Identifiquei-me muito, embora eu tenha sido uma sortuda!
Parabéns pelo post!
Rita,
ResponderEliminarum abraço! Não consigo imaginar a angustia desses primeiros tempos. A minha miúda nasceu com 3975 e a questão do peso só foi preocupação no parto...