3.16.2017

Temos que ser nós!

Temos que ser nós a reconhecer-nos primeiro. Temos que ser nós a olhar para dentro, a olhar para trás, a olhar para os lados e para a frente e a reconhecer o caminho que fizemos, fazemos e que nos falta fazer. 

Depender do outro para nos avaliarmos é um risco e cansativo - falo por conhecimento próprio e, por isso, hoje, estou de parabéns. 

Depois de toda a viagem atribulada que tem sido grande parte da minha vida lidando com a ansiedade, hoje quase que me esqueci disso. Hoje, fui ao Ikea com a Irene comprar algumas coisas (que achamos sempre que são muito necessárias, mas porque não queremos pensar muito nisso...) e, quando dei por mim, a hora de "saída" já tinha passado. Às 7 já é mais do que suposto ela estar à mesa para jantar (são as nossas horas cá em casa, cada família terá as suas). Às 7 ainda estávamos na caixa. Sem pressas. Ainda a agradecer a todos os santinhos por haver uma fralda na mochila visto que a miúda ainda só quer fazer o número 2 na fralda, apesar de andar de cuecas todo o dia e não haver nenhuma casa de banho minimamente perto e prática no andar de baixo e já com as compras feitas, enfim. 

Era tarde, mas e então? O meu cérebro pensou: vamo-nos divertir, "um dia não são dias". Isto, para quem é "normal" é algo perfeitamente usual de acontecer, mas para quem via o mundo e o tempo como eu via, não. É uma aventura que nos parece perigosa e que nos faz sentir com fracas possibilidades de sobrevivência, por muito estúpido que pareça e percebo que pareça e ainda bem que vos parece.

Fomos jantar lá acima. A Irene comeu umas almôndegas, umas colheres de sopa, uma pêra e eu comi um hambúrguer e algumas colheres de sopa. Foi um jantar fora de mãe e filha, sendo que havia tudo o que ela precisava para se sentir incluída. Cadeira alta, babete, talheres, pratos, .... 

Acabou por perguntar se também íamos descansar por lá (na escola dela não falam em "dormir") e até achei uma ideia gira. Provavelmente acusar-nos-iam de um crime qualquer, mas quase que valeria a pena. :)

Não dei pelas horas. Comemos com calma. Com calma ao ponto de por todos os pensos que tínhamos comprado para feridas nos dedos dela para fingir que eram anéis. Ao ponto dela, a caminho do elevador, ir metendo conversa com toda a gente e fazendo caretas e sem eu sentir mais nada do que gratidão. Não senti o coração acelerado, não me senti aflita, não me senti num beco e, mais importante que tudo isso: não passei nada de negativo para a Irene. 

Compensa ter dado atenção a mim própria. Ter reconhecido parte de mim que precisava de reconstrução e de ter mudado a minha vida toda. 

Estou grata por o tempo passar de forma mais normal. Grata por mim e pela minha família. 

Mais sobre a minha ansiedade aqui

Agora o LoveLab chama-se The LoveProject, cusquem que vão adorar! 


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13 comentários:

  1. Fico imensamente feliz por ti Joana. Por ti, pela Irene, pela tua família, por todos vós. É tão bom saber que estás a conseguir mudar as coisas menos boas e a transformar-te numa pessoa melhor, em paz contigo mesma...
    Beijinhos e obrigada por partilhares.

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  2. Sofro do mesmo, e exigimos tanto de nós mesmas...! Pensar "menos", na hora de sentir mais..! :)
    Parabéns! :)

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  3. Tão feliz por ti Joana:) Um grande beijinho*
    Ana

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  4. Consigo compreender. Não tenho um nível de ansiedade tão grande mas incomoda-me essa questão dos horários/rotinas. Se se aproxima a hora em que ele deveria estar a fazer alguma coisa (comer/dormir, etc), começo a ficar preocupada e também não consigo "aproveitar o momento", ainda que estejamos a fazer algo muito bom e divertido.

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  5. Eu tive uma mãe ansiosa com horários e detestei sempre o não conseguir disfrutar certos momentos de mãe e filha com ela. Também sou ansiosa mas nada a ver com aquilo que a minha mãe foi. Tenho 2 filhos de 4 anos e quase 1 ano e espero que a ansiedade morra em mim porque é horrível mesmo. És uma pessoa sensível Joana e com o discernimento de olhar pra ti mesma e perceber o que tens de mudar. Primeiro por ti e depois pela Irene. Bravo. Não é fácil. Já vivemos com tanta culpa e pra quê? Há que ser feliz agora. Mindfulness. Beijos

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  6. que bela caminhada a tua! estás de parabéns, querida Joana. e o melhor é que todos ficam a ganhar (até nós que te lemos... já me fizeste ganhar o dia). um beijinho!

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  7. Não sobre de níveis de ansiedade muito elevados, acho eu...
    Mas também não consigo descontraír se algo me foge aos planos, se os horários "supostos" estão atrasados, ou se tinha planeado isto ou aquilo e não está a acontecer.
    Tenho de relativizar também e deixar-me levar :-)
    Obrigada pela partilha.

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  8. Gostei de ficar a perceber melhor este lado.
    Eu sou o oposto, se me estiver a divertir e a relaxar, esqueço-me de tudo. Das horas, do telemóvel, tudo...
    Já perdi a conta às vezes que me chateei com o meu marido porque perdi a noção das horas e só apareci em casa à hora de jantar quando tinha saído de manhã só para ir ao café. Quando era mais nova, perdi a conta às vezes em que a minha mãe andava aflita porque não sabia de mim e já tinha passado muito da hora de acabarem as aulas e eu perdia a noção do tempo no cafe, jardim ou mesmo que fosse na biblioteca com os meus amigos. Diga-se de passagem que a minha mãe era uma stressada e o meu marido é um polícia das horas, o que eu odeio.
    Para mim já me chega a obrigação de cumprir um horário de trabalho durante a semana. O que eu odeio, sinto-me um robot. Odeio sentir-me presa e mandada.
    Achava que era um defeito meu e agora que tenho 2 filhos, tento estar um pouco mais atenta. Simplesmente, olho para o telemóvel de vez em quando e aviso as pessoas à minha volta para não me chatearem. Às vezes agarro no meu filho a um sábado de manhã para irmos ao parque e vamos fazendo e comendo o que apetece. Chegamos a casa exsustos e ele com uma carinha super feliz e já apagado a dormir ao meu colo.
    Afinal, pensando bem, acho que gosto de ser assim.

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