Nunca fui verdadeiramente infeliz, mas agora sei que andava a viver a vida pela metade. Habituei-me ao "menos bom" como às vezes nos habituamos a coisas menos boas só para deixarmos de as ver. "É assim mesmo"- pensava. "Isto não é assim tão mau" - dizia.
A verdade é que sempre me conheci assim - muito ansiosa - e, por isso, não me achava muito nada, a não ser muito eu e ligeiramente diferente (por coincidência) de praticamente toda a gente que eu conhecia, mas isso também deveria ser "normal" porque não somos todos iguais, certo? Errado.
Apesar da ansiedade me ter dado algumas qualidades... Ahm... deixem-me reformular... ter acentuado algumas das minhas preocupações e, por isso, me terem feito reagir de forma mais exagerada (ex.: estudar com um mês de antecedência para os exames da faculdade ou chegar uma hora antes a todo o lado por não aguentar ficar em casa a ver o tempo passar, nem conseguir aproveitar sabendo que tenho coisas para fazer dali a uma hora), apesar de tudo isso, não reparei que andava a fazer-me mal. Afinal, ser muito ansiosa, fazia-me pior à vida e à saúde que os meus dois maços de tabaco por dia que já cheguei a fumar.
Escrevi-vos sobre a minha ansiedade (
aqui) há uns tempos e afinal somos muitas. Mesmo muitas. Outras que ainda não sabem que são por acharem que é "normal", mas outras que já sabem que a vida é mais simples do que aquilo que sentimos por dentro. Vale mesmo a pena lerem o aqui (que já pus umas linhas acima) antes de continuarem a ler o post para saberem o quanto tudo mudou para mim e pode também vir a mudar para vocês.
Cheguei a prejudicar-me em projectos profissionais por não conseguir pensar racionalmente, pelo meu corpo ficar tão tenso que não me sentia confortável nem sequer a mexer o pescoço ou a minha garganta fechar e não ser capaz de falar normalmente.
Estou a falar das minhas piores crises. Diariamente não era tudo assim tão grave, senão claro que já tinha tentado mudar há mais tempo.
Em tempos fiz psicoterapia com uma componente psicanalítica que fez sentido na altura para resolver algumas outras questões (ahah sou toda carcomida desta cabeça, sim), mas não me mudou a minha suposta "natureza ansiosa" e ainda bem que não me calhou um especialista todo devoto aos comprimidos e nada à terapia. Demorou demasiado tempo e demasiado dinheiro.
Fui "ignorando" e "aprendendo a lidar com isso", mas sem saber o quanto isso me estava a custar. Agora, quando começou a afectar a Irene e o Frederico tive de repensar as coisas. E, sabem quando há determinadas coisas na vida que surgem no momento certo?
Uma amiga minha, a Renata, faz parte de um grupo de mães (tal como eu e a Joana fazemos) de bebés que nasceram em Novembro do ano passado e foi aí que conheceu a Eugénia, mãe do Miguel de um ano. Recomendou-me a Eugénia.
A Eugénia é psicóloga e especializou-se em hipnose clínica na faculdade de medicina.
A sério, Joana Gama? Tu a falar de hipnose?
Epá, eu sei. Experimentei. Numa de querer muito mudar a minha vida e como era amiga de uma amiga, não havia problema se chegasse lá e me partisse a rir.
Ri-me? Sim. Não sou nada dada a coisas "alternativas" porque me fazem sentir fora do meu "normal" e, portanto do meu controlo, mas fui.
Fui e conheci a Eugénia. Falamos primeiro as duas (componente de psicóloga e também para me explicar como iam funcionar as coisas e o que me iria fazer durante a hipnose) e fartei-me de falar. A Eugénia fez com que eu falasse tudo como não falava nem comigo. Senti uma química imediata como se a conhecesse há mais tempo do que a mim própria. Sei que está a parecer lesbiano, mas quase que foi. Ela deu-me vontade de lhe contar tudo, até coisas que não contava a mim mesma. A empatia e carisma da Eugénia e também o meu desespero e o suposto timing fizeram com que me abrisse completamente a uma estranha que, ao mesmo tempo, me era tão familiar.
Contei-lhe. Contei-lhe os meus maiores problemas, onde tudo começou, o que fiz, o que não fiz, o que foi feito, o que tentei esquecer. Enfim, todas temos histórias dramáticas, basta "querermos".
E fomos para a hipnose. Fui hipnotizada.
Tirei os sapatos (a pedido da Eugénia e coitadinha que fui de ténis) e deitei-me na marquesa. Estava extremamente desconfortável por não ser uma coisa que já tivesse experimentado, era novo e diferente. "No que me meti?".
E sabem o que senti? Enquanto fui hipnotizada? Senti como se estivesse imenso frio em casa e me tivesse acabado de enrolar toda no edredão e sem ter horários para acordar no dia seguinte. Senti que estava a ter um tempo só meu, super quentinho e sem nada que me preocupasse. É como aquele abraço quando se faz as pazes com alguém ou quando temos saudades de alguém ou... aquele abraço que damos aos nossos maridos quando estamos super carinhosos e gratos por viver.
Ouvi tudo o que ela me dizia e conseguia falar se quisesse, conseguia mexer-me se quisesse. Ao que parece, há vários níveis de hipnose e com vários propósitos. Neste caso, temos mesmo de estar conscientes, mas relaxadas para que tudo funcione.
Sim, tive direito àqueles barulhos de água e de ondas e piano e cordas. Tudo aquilo que, caso continuasse a fazer stand-up, seria motivo de gozo, mas mexeram comigo. Só o facto de ter começado a ouvir esses sons tão relaxantes misturados com a voz tão doce da Eugénia fizeram-me chorar. Chorar por ter sentido que já não tinha "um abraço daqueles" (que tenho do Frederico, claro, mas não o sentia assim) há tanto tempo. Sem diálogo, senti-me preenchida. Senti que andava a gritar comigo há anos e anos a dizer que não me sentia bem e feliz e que eu própria me fazia de surda, que não me queria ouvir.
Foi o encontrar de uma sintonia que me compôs. Que me curou. Que me fez fazer as pazes comigo e eu nem fazia a mínima ideia de que estava chateada. A verdade é que andamos tão ocupados a cumprir o dia-a-dia que deixamos de nos dar atenção ou, então, decidimos seguir em frente por acharmos que não sabemos fazê-lo de outra forma.
Não sou nada de coisas alternativas, nem de meditações e de ioga e acupunturas e coisas do género, acreditem. Entrei só uma vez na Natura e foi porque vi umas pantufas giras ;). Mas esta sessão e logo na primeira sessão fez-me mudar a minha vida toda. E quando digo toda é mesmo toda.
Saí da consulta a voar. Nas nuvens e esse sentimento prolonga-se. A consulta foi em Setembro, mesmo no início e ainda está a resultar. O efeito é em "bola de neve", mas para bom. Assume-se (naturalmente) uma postura diferente e, como nos sentimos gratificadas a tê-la, continuamos a ser dessa maneira que nos faz mais felizes. Sabem que mais? Os problemas vão ficando resolvidos, outros deixam de ser problemas... A hipnose começa na consulta e vai sendo feita pelo cérebro (por nós) ao longo do tempo. Daí as consultas serem espaçadas umas das outras, para a hipnose ter mesmo efeito. Todas as consultas são muuuito potentes e mudam a nossa vida de maneira drástica (para o melhor). Para quem sofra de ansiedade como eu, a primeira consulta é mesmo um choque enorme (para o melhor, volto a frisar hehe). É um trabalho muito muito mais rápido que outro tipo de terapias porque sinto que as duas pessoas não perdem tempo em mal-entendidos ou em coisas refundidas por descobrir. Aqui descobrem-se, aqui ficamos verdadeiramente permeáveis à partilha, à descoberta e à cura.
Já tive algumas consultas com a Eugénia e todas elas mudam um bocadão a minha vida. Começam nas consultas e arrastam-se pelas semanas fora.
Estou a partilhar isto convosco porque me escarrapacho toda aqui com tudo o que sinto e penso e, acima de tudo, porque adorava poder mudar a vida de mais pessoas como a Eugénia mudou e muda a minha. Falo-vos da Eugénia porque continuo a falar com ela (aquela química era mesmo, mesmo verdadeira) e porque sabem que nisto das coisas alternativas há muita gente (tal como em tudo o resto) que não é de confiança. A Eugénia é. E, numa consulta apenas, mudámos (sim, porque nós temos parte activa neste processo) a minha vida para sempre. Vamos continuando a mudar ainda mais consulta a consulta, comigo cada vez mais feliz e com mais vontade ainda de me aperfeiçoar.
Já recomendei a uma amiga que estava a tentar engravidar, a outra que andava muito stressada, a outra que teve um ataque de pânico e este efeito não é só em mim. Uma consulta e tudo muda. Querem experimentar?
Continuo a ter consultas mas é, já agora, para arrumar outras questões, quero usar e abusar da Eugénia ao máximo (eheheheheh).
Já tiveram alguma experiência do género? Têm perguntas? Medo de serem hipnotizadas? A Eugénia há-de vir cuscar o post, se lhe quiserem fazer perguntas também estejam à vontade!
Quanto mais quiserem mudar e se sentirem preparadas, mais rápida é a mudança. Comigo foi... de rompante e fulminante.