Há dias difíceis. Duros. Intermináveis.
Mas terminam. E, quase sempre, com um quentinho no peito.
Mesmo que as lágrimas de cansaço teimem em cair.
Mesmo que achemos que podíamos ter feito mais, estado mais, sido mais.
Os dias são um comboio em alta velocidade que às vezes descarrila. Basta uma peça sair do lugar. Uma preguiça a falar mais alto. Um trabalho constantemente interrompido pela mais nova, sedenta de atenção. Não ter o jantar feito com antecedência. Uma sesta que não aconteceu na escola. Não ter o pijama que ela queria lavado. O bebé dela ter ficado no carro do pai, que vem mais tarde.
As birras são o mais difícil de suportar. Ainda não sei lidar bem com elas. Afligem-me. Menos agora, mas ainda fazem mossa. As no carro já não. Já conto com elas, já sei que há ali uns dois, três minutos de choro, de descompressão. Depois passa. Agora todas as outras, mais imprevisíveis, ainda me desgastam. Mas acabam quase sempre a bem, com abraços, com beijos, com conversas enormes na cama, depois da história. Tudo se resolve.
E depois há coisas que me comovem. A relação delas que, em cinco meses, já significa tanto.
A Luísa muda de expressão quando a vê e todo o corpo se movimenta, qual explosão de foguetes e fogo de artifício demorado.
A Isabel já sabe que é para sempre. Mas mais do que o carinho, os beijos e as festinhas, o que me emociona verdadeiramente é a preocupação com a Luísa. Não a pode ver chorar.
Ontem, foi para o pé dela, que estava de barriga para baixo no tapete, conversar e acalmá-la: "Luísa, a mana está aqui. Não chora. A mana está ali a desenhar, mas já vem." Assim que se afastava, a Luísa choramingava. A Isabel voltou, decidida a fazê-la rir. "Salta, salta, salta!". Descobriu que esta palavra, repetida três vezes, fá-la dar gargalhadas. E deu.
Se há coisa mais deliciosa do que esta ligação, do que esta preocupação com dois anos e meio, não conheço!
A Luísa muda de expressão quando a vê e todo o corpo se movimenta, qual explosão de foguetes e fogo de artifício demorado.
A Isabel já sabe que é para sempre. Mas mais do que o carinho, os beijos e as festinhas, o que me emociona verdadeiramente é a preocupação com a Luísa. Não a pode ver chorar.
Ontem, foi para o pé dela, que estava de barriga para baixo no tapete, conversar e acalmá-la: "Luísa, a mana está aqui. Não chora. A mana está ali a desenhar, mas já vem." Assim que se afastava, a Luísa choramingava. A Isabel voltou, decidida a fazê-la rir. "Salta, salta, salta!". Descobriu que esta palavra, repetida três vezes, fá-la dar gargalhadas. E deu.
Se há coisa mais deliciosa do que esta ligação, do que esta preocupação com dois anos e meio, não conheço!
É nestes momentos que confirmo que está tudo bem. Que estou a fazer algo bem. Que foi no tempo certo. Que tudo faz sentido.
Por isso, se me perguntarem, respondo. Isto de ter duas filhas com idades próximas foi a melhor coisa que me aconteceu. Foi a nossa melhor decisão. Mesmo que haja momentos caóticos, eu só tenho de respirar fundo e lembrar-me da maravilha que são aquelas conversas entre dois seres tão pequeninos, mas já com tanto amor dentro deles.
Gosto deste texto. É transparente, vindo do fundo da alma. Pelo menos, assim o sinto. E gosto também, porque também gosto dessa cumplicidade entre os meus e revejo-me nessa ambiguidade, entre aquilo que nos faz moça e aquilo que rapidamente a repara.
ResponderEliminarQue máximo ouvir um relato tão igual ao meu dia a dia,tenho duas meninas também uma vai fazer 3 em Dezembro e outra com agora 7 meses. Montes de felicidades ♡♡
ResponderEliminarMossa e não moça ;) adorei este texto. Os meus filhos têm 3.5 anos de diferença e a bebé tem paixão pelo mano mais velho! Dá guinchos de alegria quando o vê! E agora com um quase um ano, vê -los a brincar, é o meu maior deleite. Os meus amores pequeninos 😍
ResponderEliminarAlterei antes de a ler, assim não conta como erro ahahha 😜 Ui quando brincarem as duas, este cotação vai derreter! Beijinhos
EliminarOlá Joana. Tenho um filho com quase 3 anos, ando a pensar engravidar até porque ele pede muito um mano, mas ao mesmo tempo sinto me culpada, como se o tivesse a passar para 2plano. Sinto que o amo demasiado e não sei se serei capaz de amar mais alguém da mm forma. É verdade que o amor se multiplica? Nunca sentiste isto
ResponderEliminarMuitas felicidades para essa família linda
Salta, salta, salta :) aqui por casa, o meu Tomás de 5 anos ao irmão de 1 diz: piquei-me! E o irmão também desata à gargalhada. Há cá coisas k não conseguimos explicar... Identifico-me consigo em muitas coisas. Sabe bem ler um pouquinho de si e encontrar um pouquinho de nós nas suas palavras. Obrigada!
ResponderEliminarÉ uma relação especial e maravilhosa, esta entre irmãos. 😃
ResponderEliminarComo entendo tão bem... :) A única diferença é que tenho dois meninos.
ResponderEliminarBoa lufada de esperança para quem quer ter mais do que um filho - e eu gostava mesmo de ir aos quatro (um de cada vez, e só uma de dois anos para já!)
ResponderEliminarPara já só tenho uma filha, a Laura. Tem 6 meses e é um doce de menina. Acompanho o vosso blog bem de perto quase desde início e acho que nunca como agora a Joana escreve de coração e com o coração. É real, humana, frágil e carinhosa. Uma mãe como nós. Adorava conhecê-la... Parabéns pelas princesas, estão maravilhosas.
ResponderEliminar:) Sinto o mesmo. Ter duas filhas com idades próximas foi a melhor decisão que já tomei na vida. Revejo-me em muito do que está neste texto. Não digo que não vá acontecer, mas não há um dia desde que a Maria nasceu em que não me sinta totalmente feliz por elas terem uma idade tão próxima.
ResponderEliminarQue bom ler este texto... Para uma mãe de uma menina com 20 meses e grávida de 34 semanas da segunda. Quando nascer a primeira terá 22 meses nais ou menos!! Sei que vai haver alturas do caos total mas aguardo momentos fantásticos como os que referiste �� obrigada pela partilha!
ResponderEliminar❤❤
ResponderEliminarTenho 3, de coração cheio 💞 (9 e 4 anos e 3 meses). E realmente, são as birras que mais me inquientam...mas o amor incondicional, ultrapassa tudo😍
ResponderEliminarEpa, no outro dia li uma mãe que com três filhos não sabia o que era uma birra e o meu primeiro pensamento foi: "o que é que estou a fazer mal?" Ainda bem que não é só o meu! Estamos numa fase de birras por tudo e por nada. Birra porque quer a chucha, birra porque não quer sopa, birra porque não quer ir para a escola, birra porque não gosta de dormir (esta é nova, durante três anos, até a irmã nascer, era a criança mais dorminhoca do mundo). As birras eram más mas agora, desde que a irmã nasceu, está bem pior. As vezes é o desespero de não saber quando é que esta fase vai passar. É até à exaustão. Mas o melhor de tudo - que é o que me dá força para continuar - é vê-lo com ela. Nem sei pôr em palavras a relação deles. Os olhos dela brilham só de o ouvir, mesmo que ainda não o consiga ver. Mete-lhe as mãos na cara e faz-lhe festinhas. Dá gargalhadas de qualquer coisa que ele faça. E ele... não podemos ir a lado nenhum sem ela, larga o que está a fazer para lhe dar atenção, deita-se no berço com ela e fica minutos intermináveis imóvel ao lado dela (já sabe que se não for assim não põe lá estar) só a dar-lhe beijos e a contar histórias. Não tem preço. <3
ResponderEliminarAs birras também dão cabo de mim. Surgem tantas vezes, do nada, do mais inesperado e com tanta convicção.
ResponderEliminarPor vezes ainda não consigo digerir e dou por mim a pensar que vou enlouquecer, só pode.
Depois tento conversar com ela, explicar, ela diz que sim, chegamos a um consenso, mas na próxima tudo se repete.
Sei que vai passar e ainda bem.
<3 <3 <3
ResponderEliminarola Joana gosto muito do blog, sigo mas não costumo comentar no entanto este post tocou-me em especial tenho 2 bebés uma menina com 2 anos e meio e um menino com 11 meses não foi planeado assim mas aconteceu, e realmente às vezes é caótico e sinto que o mundo está de pernas para o ar... Mas quando os vejo juntos o amor que sentem um pelo outro sem que saibam ainda o que significa isso, sem dúvida que compensa tudo. É o melhor sentimento do mundo <3
ResponderEliminarAdorei este texto, estou gravida de 5 meses e tenho um menino que faz os 4 anos em Fevereiro, e ja ouvi muitos mimimis e comentários de que estava a fazer mal e que era demasiado cedo para o segundo filho. Ler estas tuas palavras só me da mais força e curiosidade por ver como ele se ira comportar e acarinhar o mano/a.
ResponderEliminarFelicidades!
Por aqui também temos uma Luisinha com 6 meses e um mano com quase 4.. As manhãs são o mais difícil.. O tempo passa e falta sempre qualquer coisa.. Mas ver o mano a brincar, a consolar e até a cantar para embalar a mana faz com que tudo valha a pena!! BFFs forever espero! Ah, Joana, as birras dos 4 anos são ainda piores que as dos 2.. Eu não acreditava, até lá chegar.. Enfim, faz parte!
ResponderEliminarMais um texto lindo! Mas ainda não me faz pensar no segundo :p
ResponderEliminarOh Joana é mm isso! Tal e qual! As mesmas angústias, a vida e a casa completamente bagunçadas mas o coração cheio ❤
ResponderEliminarPor aqui duas manas,uma com 1 mês e outra com 21. Também há dias de caos, mas como disseste e bem, também terminam, e no final quase nem sinto o quão cansada estou. As birras ai ai... Estão cada vez piores. Respirar fundo e muita paciência :)
ResponderEliminarQue boa esta leitura... e que verdadeira! Tb tenho duas princesas, uma com 4 anos e outra quase com 3 anos... por vezes o dia está a ser um pesadelo com birras atrás de birras até que começam a brincar... são muito amigas e companheiras... nesses momentos sinto uma paz enorme e uma confiança na forma como as estamos a educar... é tão bom!
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