A mãe que sou nasceu com a Isabel. Talvez tenha nascido até um pouco antes, quando a comecei a sentir dentro de mim. E com ela, nasceu uma mãe que, apesar de prematura, tinha uns braços compridos para embalar, uma voz calma para sussurrar e cantar e um coração que sempre bateu forte, mesmo que descompassado. Os medos e as angústias estão lá ainda, sempre estiveram, assim como uma incapacidade momentânea que me tolda a razão. Não estava preparada e afinal estava. Porque não se aprende a ser mãe antes de o ser. Vai-se aprendendo. O mais difícil de tudo talvez seja parar de ouvir todas as vozes à nossa volta que, por mais bem intencionadas que sejam, são ruído para os nossos instintos. Ser humilde, agradecer, filtrar. E depois é ser mãe. Mãe quando ouvimos o nosso coração e damos colo quando sentimos que temos de dar, mesmo que nos doam as costas. Quando deixamos que as respirações se sincronizem, com eles em cima do nosso peito até adormecerem, numa simbiose tão perfeita que deixará saudades. Quando damos maminha as vezes que achamos que temos de dar ou até mesmo quando deixamos de o fazer se isso não nos fizer a todos felizes e acharmos que não compensa.
A mãe que nasceu em mim tinha algum receio de dar banho, não sabia como acalmar cólicas e tinha algum receio de "habituar mal" a minha filha. A mãe que cresce em mim ainda não sabe tudo (às vezes acha que não sabe nada) mas já sabe que manter a calma é muitas vezes o segredo para resolver. A mãe que cresce em mim sabe que o amor, o mimo e o colo curam muita coisa. A mãe que cresce em mim raramente tem medo de estar a fazer mal, porque, apesar de estar minimamente informada, sabe que as dicas para fazer crescer pessoas de bem não vêm nos manuais. Sente-se. Tenta-se. Faz-se o melhor.
A mãe que nasceu em mim, voltou a nascer com a segunda filha. Quando achava que até sabia fazer malabarismo e só com uma mão, entraram mais bolas na equação. Precisei das duas mãos e de todas as que se ofereceram. Ainda preciso. A mãe que sou é só uma, mas consigo ser duas também. E às vezes nem isso chega. Desdobro-me, tento chegar a todo o lado e posso jurar que durmo em duas camas e tenho superpoderes. Não tenho. Às vezes não sei a quantas ando, mas a mãe que nasceu em mim e que em mim cresce, diz-me que isso é normal. E que não estou sozinha.
A mãe que nasceu em mim, voltou a nascer com a segunda filha. Quando achava que até sabia fazer malabarismo e só com uma mão, entraram mais bolas na equação. Precisei das duas mãos e de todas as que se ofereceram. Ainda preciso. A mãe que sou é só uma, mas consigo ser duas também. E às vezes nem isso chega. Desdobro-me, tento chegar a todo o lado e posso jurar que durmo em duas camas e tenho superpoderes. Não tenho. Às vezes não sei a quantas ando, mas a mãe que nasceu em mim e que em mim cresce, diz-me que isso é normal. E que não estou sozinha.
A mãe que cresce em mim continuará a crescer até... até ao último suspiro. E aí espero ver, como nos mostram nos filmes, os flashes dos melhores momentos, de todo este percurso de crescimento, em que crescem filhos, mas também mães.
Boquinha deliciosa da Isabel, em 2014, tão pequenina... |
Como sempre tão bem escrito, escrito com o coração... Crescer como mãe é mesmo isso... Bjs
ResponderEliminarQue texto lindo Joana. Beijinhos
ResponderEliminar❤️
ResponderEliminarsorrio e choro ao ler este texto, sorrio porque me revejo nas tuas palavras e choro porque me emocionei com elas!
Que lindo Joana, que lindo!
e a mãe que cresce em ti ainda tem tempo e disposição para escrever este legado ❤️
Um beijo para ti *
É isto mesmo... Às vezes pensamos isto é depois há quem escreva! :) Obrigada!
ResponderEliminarAinda estou no início mas já sinto muitas destas coisas...