Nunca
quis ser mãe. Foi
algo que sempre disse a mim mesma para não ter que lidar mais com o assunto nem
com os constrangimentos de talvez não me sentir apta o suficiente para ter
alguém a crescer dentro de mim e a ser
cuidado por mim. Não sabia cuidar, tinha medo de não saber amar. Não estava
assim tão longe da realidade.
Mais tarde, tudo me pareceu
satisfatório nesse sentido. Na vida nada me estava a saber como deve ser.
Parecia tudo cinzento e sempre de noite num armazém vazio repleto de pequenas
caixas do meu eu antigo. Estava casada e pareceu-me o próximo passo. Pensei que
“a ser mãe, tavez seja agora” que
nada me sabe a nada e nada me parece estar a atrapalhar.
Engravidámos. E não houve um único
dia dos 9 meses que não tivesse representado uma oportunidade para me afeiçoar
à ideia de vir a ser mãe e de ser já uma mulher. Pareceu-me muito tempo, mas
talvez tenha sido o suficiente. São 9
meses em que se gera uma criança, mas em que se começa a gerar uma mãe. Que
mãe?
No
dia do parto, a mãe não estava lá.
A mãe estava algures antes de terem começado as contracções e de se ter
apercebido que tudo isto era a sério. Apesar das noites sem dormir, das dores
enormes de barriga, das dores de costas que não a deixavam respirar e rir a
determinada altura, a mãe saiu.
Quando a filha nasceu, estava lá o
pai. A mãe não sentiu nada. A mãe
tinha saído. O corpo sentiu a perda de algo, mas o coração não ganhou nada. A
cabeça perdeu-se em ansiedade e medo e decidiu desligar. Senti nada.
Senti um pouco quando o Frederico a
pegou ao colo. Senti como se o meu pai me tivesse abraçado. A menina ao colo do pai, mas não era necessariamente a minha filha.
Dois dias e duas noites de recuperação
de filme de terror de algo que tem tudo para correr naturalmente. No meio de
angústia e de confusão, os sentimentos eram nenhuns. O teatro apresentava-se
como necessário, não fosse “o que é que os outros vão pensar” algo sempre
demasiado presente.
Quis ir para casa. Não queria mais
hospital, queria começar a vida, mas senti-me analfabeta. Tinha à minha frente aquele que sempre me disseram que iria ser o melhor
livro do mundo, mas não sabia lê-lo. Não sabia sequer manuseá-lo. E pior, ele
chorava e precisava de mim.
Roboticamente fui imitando o que se
vê aqui e ali. O que terei gravado em mim algures de ter visto algo com o meu
irmão Pedro, mas nem uma fralda me achei capaz de trocar no hospital. Tive de
chamar o enfermeiro.
Comecei abaixo de 0. Comecei sem
sentir aquele amor de que todas as mães falam. Ou quase todas. A minha falou do
parto ter sido de ventosa. Como o da minha filha.
Aos poucos fui-me permitindo “ser
ridícula”. Comecei a falar com aquele pedaço de carne que respirava. Comecei a
cantar para me acalmar, na esperança de o acalmar também e, devagarinho, por
entre muitas lágrimas de dor enquanto amamentava, fui sentido que estava certo.
Que o meu corpo também dava leite e que
estava preparado para ser mãe. Não só mulher que gera vida, mas mãe também.
Ver a minha filha a crescer
alimentada por mim e por mim (as duas “eu”: cabeça e corpo) foi-me dando força
para acreditar no meio das milhares de batalhas que ia travando na minha cabeça
entre ser capaz ou de não ser capaz e qual é a voz do instinto maternal? Porque é que erro tanto? Porque é que é
tudo tão difícil sempre para mim? Merecia eu ser mãe?
Adormecer para as sestas era um
terror. Dar a comida. Manter-me acordada. Amamentar de noite. Adormecê-la de
noite. Não me poder afastar dela. Vivi os primeiros meses sobrevivendo e sem
saber dançar, sem conseguir ouvir. Algo
me impedia de chegar a mim e, por isso, de ver a minha filha.
Seis
meses depois voltei a trabalhar, mas não tinham o meu regresso preparado. Não tinham pensado se voltava a
antena ou não e, tendo saído de um programa das manhãs, percebi que já não
importava como equipa de palco, mas talvez tivesse de me contentar com os
bastidores. “Eu adapto-me a tudo.”.
Não me adaptei. Fiquei zangada por
não se terem lembrado de mim, não terem pensado em mim, por parecer que tinham
seguido sem mim e pensei que aquele tempo ali não interessava e ainda menos
estando a minha filha sem mim. Propus um ano sem vencimento e foi-me dado.
Um
ano e seis meses em casa com
a minha filha (e marido). Uma dádiva, um privilégio, mas aterrrorizante.
Secretamente desejava que o pedido da licença sem vencimento não fosse
aprovado. Como se a minha “culpa” de não estar com a minha filha fosse atenuada
com um “tem que ser”, mas não.
Agora tinha um ano para me dedicar em
exclusivo a isto de ser mãe do qual não sei nada. Um ano.
Percebi
os truques: passear, muito. Ficar em casa dá lugar a um cansaço mental ao qual
não tenho resistência e expunha a minha filha à minha falta de sanidade. Ver
pássaros, ouvir as árvores, pô-la a brincar com pedrinhas. Estava a protegê-la
de mim, do ambiente morto lá de casa e a pedir por tudo que o tempo passasse
rápido.
O normal de estar em casa
instalou-se. Tudo era muito, mas mais 10 kilos de bolachas em cima, de muitas
sestas e de não ser eu mais do que um cadaver que cuida com amor da minha
filha.
O amor surgiu. Surgiu pelo meio das
muitas músicas que lhe cantei, mas surgiu à séria, quando comunicamos
inequivocamente para mim: ela mamava,
pisquei duas vezes os olhos para brincar com ela e ela piscou de volta. Tinha
ali a minha filha, a minha pessoa.
Agora é a sério. Tenho que a mostrar
diariamente o quanto a amo. Não vou descansar até ela saber. O meu maior tendão
de Aquiles é não saber reconhecer o que é amor. Amor por mim. Vou amá-la tanto que isso vai definir-lhe o
que é amor. Vou amá-la de maneira a que ela floresça.
E tenho amado com o meu corpo todo,
com a minha cabeça, lábios, mãos, ouvidos, nariz, tudo. Em todos os pormenores
há amor de mim para ela.
Depois
desse encontro, voltei a trabalhar. Não havia tanto tempo para amar tanto, mas
a minha cabeça arejou. O amor respirado é um amor que me parece mais saudável.
Com idas ao parque, mas já não como sobrevivência. Sim como escolha. Só por
ela. A Irene só foi para a escolar aos dois anos e meio.
No trabalho, tudo igual. Nenhum
projecto em especial para mim que, quando saí do ar, o programa que fazia era o
meu nome. Já sabia quando engravidei que ia perder o meu tempo. Convenci-me que tinha morrido para a radio
e também para a televisão. Talvez tenha morrido no formato anterior porque essa
Joana também desapareceu. Ou melhor: sofreu um upgrade.
Esta nova Joana que procura
diariamente maneiras de mostrar à filha o que é o amor também procura
diariamente o que é ser. Quem é a Joana
agora que não é o centro das atenções? Agora que tem alguém que é tão
importante na vida dela e para sempre?
A Joana que é mãe (e que ser mãe
significa ser mulher, nunca entendi bem a separação) separou-se do pai da
filha. Sentiu que para amar mais e melhor que precisava de iluminar a casa,
deixar entrar ar, libertar de coisas que a prendessem a uma determinada imagem
que já não tinha de si própria. Afinal de contas, tudo flui nela.
A Joana merece o mundo.
A mãe da Irene não estava quando ela
nasceu.
Existe mais por ter descoberto o que é o
amor.
Fotografia - Joana Hall
Macacões - Little Jack Baby Clothes
❤
Bravo! Sem muitas palavras... Adorei! Um grande beijinho
ResponderEliminarOla Joana! Bom dia! Este post vai dar que falar, vais receber muitas criticas de mães "perfeitas". Eu só admiro a tua coragem pelo que escreveste e que não é aceite pela sociedade. Parabéns! Muitas mães precisavam ler isto! Incluindo eu que por vezes achei que não amava a minha filha tanto como era socialmente suposto! A maternidade é dificil pra caraí.... e o amor, por vezes perde-se ali no meio!!
ResponderEliminarTambém ja consigo sair de casa, por ela, por ser bom e por querer aproveitar momentos a duas! (Somos só as duas).
Também tive momentos de quase perder a sanidade mental..... é quase "bom" ver que não sou a única!
Foste uma mulher/mae de coragem por teres decidido ficar em casa mesmo tendo essas dúvidas todas e mesmo sabendo que nunca quiseste ser mãe! Assumir isso num blog de maternidade, é ainda maior!
Somos todas mães!
Se a Irene te escolheu foi porque merecias ser mãe dela :)
Beijinhos,
Rita
Que lindo texto! Parabéns pela coragem!
ResponderEliminar👏👏👏👏👏👏👏👏 às vezes quando falamos sobre o que sentimos tiramos kilos de cima ... cada pessoa é uma pessoa e a vida é feita de superações. No parto da minha filha o pai dela não estava presente e sincetamente !... não senti nada, simplesmente foi estranho. Só quando os vi juntos é que me caiu a ficha. Ainda assim não me lembrava que tinha que mudar fraldas à miuda ahah. Beijos
ResponderEliminarO seu melhor post até agora 😘 é mm assim a vida, imperfeita! Pena que tantas de nós tentem espelhar o contrário é sofram em silêncio... Tão libertador que é dizer o que sentimos, compreender a nossa própria evolução. É preciso muita maturidade para escrever um texto destes. Parabéns!
ResponderEliminarNa hora do parto do meu primeiro filho (2011) também não estava la,estava deitada numa marquesa para me fazerem uma cesariana de urgência todo o meu corpo tremia. Quando senti o seu primeiro choro eu também chorei mas de vergonha de mim mesma porque não senti aquele amor imenso que todas as mães falavam que ia sentir depois levaram no embora e só o voltei a ver duas horas depois e quando o tentaram por a mamar ele recusou e eu pensei ele deve achar que não gosto dele e chorei! Depois a prova de fogo toda a gente foi embora e ficamos sozinhos os dois não durmia a pensar eu tenho um filho como vou cuidar dele.
ResponderEliminarPela madrugada deu se o tal clique a enfermeira veio de mansinho e disse mãe ele precisa de si tem fome e ele mamou e naquele segundo comecei a ama-lo e percebi que o amor pode não chegar logo mas quando chega chega com uma força arrebatadora que nos vira do avesso.
Um beijo para si e obrigado pelo seu testemunho.
Maria Pires
Muitos parabéns pela coragem.
ResponderEliminarO melhor post que li neste blog! Parabéns pela verdade, sinceridade e humildade. É aqui que reside o amor, mesmo no lado negro :)
ResponderEliminarLindo texto! Revi-me em algumas passagens.. <3
ResponderEliminarDevia haver mais destes textos e menos fotos de bebés perfeitos a dormir nas redes sociais. Fazia-nos a todas tão bem...
ResponderEliminaré tão isto! Fazia tão bem saber que não somos incompetentes nem más mães e que muitas, tantas, sentem o mesmo.
EliminarBoa sorte
Sandra
Muitos parabéns. Revi-me em grande parte. Após o parto, chorei semanas a fio cada vez que olhava para a minha filha e o meu marido sem perceber o que se passava comigo. Chorei por medo mas principalmente por vergonha e culpa. Vergonha de não sentir o tal amor arrebatador e ter de fingir que era tudo lindo e maravilhoso. Só queria descansar para recuperar do parto horrível e não podia, por tudo o que estava inerente a um recém-nascido.
ResponderEliminarO tempo passou e fui criando um laço cada vez mais forte com a minha bebé e hoje sinto esse tal amor, sou uma mãe galinha. Tenho pena de existirem muitos casos como os nossos e não existir apoio familiar devido á mentalidade da sociedade em que estamos inseridos.
Beijinhos e sê feliz❤
Leio e releio e penso. Como poderia ter sido eu a escrever estas palavras.
ResponderEliminarCom o mesmo inicio, alguns diferentes detalhes, mas com o mesmo desfecho.
Parabéns Joana, és um ser maravilhoso e uma mãe excelente e mais tarde e Irene vai-te mostrar isso.
Bj
Parabéns pela coragem de partilhar tudo isso com o mundo.... Afinal ninguém é perfeito! Mas o que é perfeição?? Felicidades. Cátia
ResponderEliminarEu sempre senti o mesmo mas não tive a mesma coragem para o escrever ou dizer!!! Agora que a Leonor tem 8 neses e reage à minha voz com sons e me imita, o amor cresce mais e mais todos os dias!!! Sinto-me apaixonada pela minha Leonor <3
ResponderEliminarO melhor post de todos. De TODOS mesmo. Fruto de uma reflexão muito séria e necessária que vai com certeza ajudar muitas pessoas - mães e pais, mulheres e homens. Excelente. Metade de ti é de uma intuição muito sensível e algum trauma de infância, mas a outra metade é de uma racionalização muito clara. Talvez não te dês conta ainda Joana, mas creio que daqui a algum tempo, e com o convívio que mantens com o pai da tua filha, te apercebas de coisas que estão adormecidas. O amor não é para sempre, mas uma grande parte de ti foi ao fundo e quando regressar à tona de água vais ficar com a big picture que está a ganhar forma. Tanto no campo profissional como no campo pessoal. Força. Desculpa a ousadia mas deste lado é o que percebo. E é muito bom. És alguém muito especial. Não uses o humor como subterfúgio pois o teu lado sério é muito mais interessante. Beijinhos
ResponderEliminarO lado negro de muitas mães. . . E aí entra a mãe da mãe que não passou por isso muito pelo contrário a vida dela era uma bosta e quando esta mãe nasceu Véio a força deste ser tão pequenino agora mãe que não sente o mesmo que eu que parece ser sacrifício dar atenção a quem deitou ao mundo foge sempre que pode do contacto com ela o pai presente usa o estatuto para se vangloriar que tem dinheiro e que não está aí para ajudar a mulher ela é a barriga de aluguer que lhe deu um herdeiro e como também não teve amor desde criança este é só um pequeno pormenor. . . Não sei até quando estará este bebé sem o amor que precisa mas o meu já o tem e o temor de perder a mãe que já foi a minha força para viver está a esgotar
ResponderEliminarme...terei sido eu a culpada ? A vocês mães desejo que rapidamente ultrapassem esse distanciamento e cresça a união o amor maternal..é que depois de ser mãe não tem mais volta ...é até morremos e filhos criados trabalhos dobrados...tão verdade e tão assustador que a caminho do meu fim a dor é bem maior, esta sociedade critica julga e nós sofremos dores sem fim...
Parabéns, Joana! Pela coragem de mostrar que a maternidade muitas vezes (a maioria?) não é a história cor de rosa que nos querem fazer crer e que nos faz achar-nos más mães pq nem sequer conseguimos amar os nossos filhos assim que nascem! Senti o mesmo da minha primeira filha e não tenho vergonha de o dizer, para que outras não se achem anormais! Um beijinho grande e um abraço! 😊
ResponderEliminarUau. Isto não é um post, é um livro. Bravo.
ResponderEliminarJoana reveijo em mim o teu começo.
ResponderEliminarTb nunca quiz ser mãe, muito pelos mesmos motivos que tu. Agora vou ser mãe em Maio e tb ainda n me consegui acostumar a ideia penso que com o tempo me vou acostumado com a ideia, ainda falta tanto tempo. Obrigado por partilhares a tua história para que mulheres como "nós" não se achem menos mulheres. Obrigado
Parabéns pela coragem ao escrever o texto e pela mãe que nasceu, tão genuína e perfeita mesma nas imperfeições!
ResponderEliminarAdorei o texto. Parabéns!
ResponderEliminarObrigada pela partilha tao honesta e crua beijinho e Parabens pelo Post brilhante
ResponderEliminarObrigada pela partilha tão importante para muitas mulheres que não se sentem à vontade com o sentimento de amor por um filho não ter nascido no parto.
ResponderEliminarQuando a minha filha mais velha nasceu senti um grande alívio (depois de 3 dias no hospital) e uma grande responsabilidade. Não senti qualquer emoção especial naquele momento.
Amor, de verdade, senti quando a minha filha deu a primeira gargalhada, aos 2 meses. Chorei e percebi, mesmo, que estava ali um serzinho que era minha filha. O amor cresceu e cresceu a cada dia até se tornar incomparável a qualquer outra coisa que senti.
Quando a minha segunda filha nasceu eu já sabia o que era ser mãe e já a amava imenso antes dela nascer. Aí sim, chorei de felicidade e achei-a a bebé mais perfeita do mundo. E o amor pela duas multiplicou-se com o nascimento da segunda.
É assim, diferente com todas e de nenhuma forma melhor que de outra. Um beijinho
Melhor post de sempre e também a minha história de uma ponta à outra do texto. E o amor quando chega em o ❤️...
ResponderEliminarLindo Joana.
ResponderEliminarE que boa reviravolta é essa filha nessa Joana.
Amei.
Fiquei comovida ao ler as tuas palavras. Muito obrigada pela partilha Joana.
ResponderEliminarAdorei e também eu me revejo, principalmente na parte em que temos de ser nós mulheres a abdicar do que gostamos realmente de fazer na nossa vida e temos de escolher e fazer opções pelos nossos filhos... a vida por vezes parece injusta dá e tira-nos coisas... e ficamos em posição de deixarmos para trás os nossos sonhos... até um dia em que parece que acordamos!!!
ResponderEliminarLindo o teu testemunho Joana. Obrigada!!!
Parabéns pela coragem! Comigo aconteceu exatamente o mesmo, com a diferença de que, apesar de amar o meu filho, continuo à espera de sentir essa paixão de que toda a gente fala, já lá vão 2 anos... Mas o amor sinto que vai crescendo um bocadinho mais todos os dias, talvez ao mesmo tempo que ele, o que já não é mau. Mas, bem lá no fundo, também nunca quis ser mãe e acho mesmo que não nasci para ser mãe. Gosto muito do meu filho, mas continuo a não gostar de ser mãe...
ResponderEliminarJoana, nunca quis ser mãe. Entretanto, namorei, casei e ao fim de 8 anos de vida em comum, engravidei. Nunca quis ser mãe mas curiosamente, fiquei louca de felicidade quando soube que estava grávida. Neste momento, com 25 semanas, não sei o que sinto. As pessoas falam do apego à barriga, falam do amor que se sente.. Não sei o que sinto. E o meu maior medo é não estar a altura quando ela nascer, de não a saber amar ou mesmo de nao a conseguir amar. Isto é esgotante e sinto me perdida.. Muitos parabéns por este texto. Acho-a muito mais genuína qd expõe os seus sentimentos desta forma, que qd se tenta esconder atrás do humor. Um grande beijinho,
ResponderEliminarAna Miranda
Sim muito mais estes textos do que o humor....
EliminarAna, procure alguém com quem falar, pode ajudá-la a sentir-se melhor.
EliminarGostei muito Joana... Obrigada pela partilha e pela coragem. Faz nos sentir mais normais e que não somos as únicas que não sentem logo um amor desmedido pelo filho nem na barriga e nem logo aquando o nascimento.... Tudo de bom para ti e para a irene.
ResponderEliminarTão lindo <3 Que coragem, Joana :-) Beijinho
ResponderEliminar"Percebi os truques: passear, muito. Ficar em casa dá lugar a um cansaço mental ao qual não tenho resistência e expunha a minha filha à minha falta de sanidade. Ver pássaros, ouvir as árvores, pô-la a brincar com pedrinhas. Estava a protegê-la de mim, do ambiente morto lá de casa e a pedir por tudo que o tempo passasse rápido." - Esta fui eu! Fui!
ResponderEliminarQue texto maravilhoso!
Porra, que murro no estômago. Não passei por isso mas consigo compreender. Beijinhos
ResponderEliminarOlá Joana e obrigada!
ResponderEliminarTenho duas filhas. Quando estava grávida da primeira, senti-me num limbo. Via-me ao espelho e adorava o que via, nunca me senti tão linda nem tão poderosa como nesses 9 meses, mas não sentia nada em relação às barriga. Cheguei à conclusão que as hormonas só melhoraram a minha autoestima mas não me fizeram despertar nada. E o nada perdurou. Passados 4 meses, no primeiro dia de 2014, estava no computador com ela ao colo e parece que um míssil me acertou no peito e na cabeça. O impacto dura e aumenta a cada dia. Independentemente disso, passei pelo mesmo da segunda vez. Tive de aprender, passo a passo, como haveria de gerir estes dois novos seres. Nunca imaginei que tantas mães se sentissem assim. É bom saber que não estamos sozinhas.
Obrigada mais uma vez.
Obrigada pelo seu testemunho. Fico feliz por saber que não sou a única que não sente nada em relação à barriga. Muito obrigada =)
EliminarParabéns pela coragem. Este post vale imenso para muitas mães. Passei por uma experiência semelhante, agravada por um problema de saúde que me pôs nos Cuidados Intensivos após uma cesariana de urgência e só me permitiu ver a minha filha ao fim de alguns dias - e ainda aí através do vidro de uma incubadora. Tudo a ajudar, portanto. Se tivesse lido, antes ou durante a gravidez, alguns textos como este, poderia ter reconhecido o que me estava a acontecer e nada me pareceria tão negro.
ResponderEliminarHoje, não me canso de falar do que aconteceu a quem pode aproveitar da minha experiência. Mesmo quando sinto desconforto do lado de lá. Mesmo a homens, para que sejam os companheiros de que as mulheres necessitam (e que eu tive a sorte de ter). E tento sempre frisar uma ideia: a nuvem passa. Se for muito grande, se for muito negra, peça-se ajuda. Mas passa. O sol volta.
Era o que eu gostava que tivessem feito por mim - mas não, a maioria das mulheres continua a calar e a fingir perfeição. Mesmo quem está à nossa volta e nos ama, muitas vezes, só quer as fotos fofinhas e que andemos para a frente com a vida. Não há como explicar que assim não podemos, não conseguimos.
Chorei a ler isto. Não costumo chorar a ler nada. Obrigada.
Isso é tudo tão normal Joana, não se preocupe. Sei que custa lidar com essas sensações e pensamentos, mas o tempo é bom conselheiro. Agora, daqui para a frente, é tentar dar o nosso melhor para elas. Beijinhos grandes.
ResponderEliminarRevi me em tudo o que escreveu. Tive um parto traumatizante, quando o meu filho nasceu não senti nada. Vi o meu marido chorar e lembro me de pensar porque é que eu não estou a chorar?
ResponderEliminarTanta aula de preparação para o parto, tantas horas de leituras e na verdade não sabia nada de nada! Não consegui mudar uma fralda sozinha, também chamei a enfermeira! Não sabia amamentar, não sabia nada de nada! Em casa foi o caos completo, horas e horas no cadeirão da amamentação. Será que está a dormir? Ou estará a mamar? Deixa o estar... Mas já está assim á 3h... É incrível como tudo mudou, o amor cresceu e finalmente conheço o meu filho.
Muitos beijinhos e felicidades
Também nunca sonhei em ser mãe, e quando engravidei de consciência, a minha própria mãe e irmã, temeram por mim e pela criança que ai vinha. Decidimos engravidar, numa de, deixa ver como isto corre!!! Mas tive a sorte de alguém me ter falado, me ter explicado, nem tudo é cor de rosa no mundo das mães, o amor vêm devagar, é como qualquer relação, vais-te apaixonando com o tempo. E assim foi, hoje amo mais a minha filha do que ontem e sei que amanhã ainda vai ser maior.
ResponderEliminarJoana, Joana, Joana, que grande mulher. Tenho uma profunda admiração por ti e identificou-me com muita coisa.
ResponderEliminarA Irene tem tanta sorte em te ter "escolhido" como mãe.
Que essa luz ilumine sempre o vosso caminho e que sejam muito felizes!
É isto... Sem tirar sem pôr. Alguém que teve a coragem de abordar o tema. Faz falta mais textos assim, abordar um tema tabu que tem que ser falado até ser desmistificado.
ResponderEliminarTive uma depressão pós parto do meu 1ro filho devido à falta desse amor imediato e incondicional imposto pela sociedade. Não houve confettis nem música, não houve balões nem corações tipo emoji a sair de mim enquanto olhava para aquele ser pequenino e o qual não conhecia. Tinha 23 anos e tinha toda a pressão dos que me rodeavam para o amar imediatamente. Claro que vim a amar, mas não foi logo e quando mais pensava nisso, mais doente ficava. Hoje vejo as coisas de outra forma e quando engravidei do meu segundo filho, não me pressionei e simplesmente vivi o amor que sentia. Amei cada minuto e segundo que fiquei em casa de licença. Amei os meus dois filhos neste pós parto... O do meu recém nascido e do meu filho que não consegui amar logo há 11 anos.
Obrigada pelo texto Joana, na minha opinião foi dos melhores até hoje.
A.M.
Obrigada pela partilha! O meu filho nasceu prematuro as 34 semanas. Não estava minimamente preparada! Tinha ali um ser pequenino, a ser alimentado por sonda, a precisar de mim e eu...nem uma fralda sabia mudar, tive medo de ser julgada. A viver noutro país sem a família por perto, foram momentos muito dificeis, muitas noites acordadas, muita angustia, muito cansaço...mas no meio disso tudo nasceu um amor tão profundo, tão mágico (também atraves de muitas cantorias e conversetas). Uma cumplicidade sem fim! O casamento...esse nao sobreviveu a todo esse período dificil. Mas se assim foi, era porque nao estava destinado. Paciência e compreensão sao palavras-chave! Mas agora sei ser mãe e serei...para sempre! ❤
ResponderEliminarWOW! que texto magnífico. Um verdadeiro murro no estômago. Andava desligada do Blog, mas ainda bem que voltei a lê-lo. Poderoso. Parabéns pela coragem de assumir o que nós mães nunca queremos que saia das nossas 4 paredes (e da nossa cabeça).
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