2.26.2018

E vais amamentá-la até ela ir para a faculdade?

No outro dia, como algumas de vocês terão reparado, fui à SIC dar o meu testemunho de alguém que amamenta a filha com 4 anos. O que se tem chamado de "amamentação prolongada/tardia" mas que, realmente, não é nada mais nem nada menos que amamentação.

E, enquanto estava a ser entrevistada, fui-me apercebendo da quantidade de cenários imaginários que deverá haver na cabeça das pessoas que nunca passou por esta situação. À semelhança dos rapazes que, quando são novos, perguntam: "Se usas tampão, como é que consegues fazer xixi?". 

1) A Irene come outras coisas. 

A Irene toma pequeno almoço, almoço, lanche e jantar "como as pessoas". O leite materno não entra como complemento em nenhuma refeição. Consome bebidas vegetais e ocasionalmente um iogurte ou outro, mas nada frequente. 

2) Eu não ofereço mama à Irene. 

Eu não ando atrás da Irene para ela mamar, nem lhe ofereço mama. Eu amamento-a ainda por estar a respeitar o ritmo e a vontade dela. Creio que pouco terá que ver comigo a este ponto.




3) A Irene não pede mama ao longo do dia. 

A frequência das mamadas vai desaparecendo com o tempo (às vezes com previsíveis retrocessos em alturas que estejam mais carentes ou em saltos de desenvolvimento/crescimento). Neste momento só mama antes de adormecer (diariamente à noite ou, ao fim-de-semana, antes da sesta). A semana passada, por estar mais carente (e meia adoentada) pediu também mama de manhã, mas não é comum. Quando era mais pequena nem contava o número de vezes que ia à mama e é por aí que também passa a "livre demanda" (a maneira ideal de amamentar os bebés). 

4) Quando pede mama, espera. 

Eu que nunca fui a pessoa de "ahhh são só mamas, amamento onde for". Sempre que amamentei em público me senti um pouco desconfortável (por mim, mesmo que não houvesse comentários), mas tive de passar a fazê-lo. Era impossível fazer a nossa vida sem considerar essa hipótese e amamentar em casas de banho (e tinha de amamentar em pé que, em crises, era só assim que a Irene aceitava) não é de todo agradável. Nunca me apetece comer quando me cheira cocó. Mas isso sou eu. E, por isso, já desde há muitos meses que quando ela pedia mama e estávamos na rua eu explicava: "quando chegarmos a casa". 

5) Já não me doem as mamas ou pingo leite

Quatro anos depois a amamentação não é de todo o mesmo que no início. Já nem exerce a função alimentar (a de carinho, apêgo e de fornecimento de defesas e ajuda na construção de defesas) como incialmente. Pelo que as mamas não incham, não doem, não tem que se tirar leite, etc. 

6) "Mas isso não é já só vício?"

Nope. As crianças têm mesmo necessidade de sucção e até estando elas associadas à mama da mãe, vão gerindo a sua necessidade com algumas limitações, sendo que a mãe, por esta altura, já não está em todo o lado. Durante a noite também dormem sem ter que chuchar (se calhar há uns que, entretanto se habituaram à chucha e não tem mal :)), na escola não podem levar a mama da mãe atrás, etc. Faz sim, parte de um ritual, isso sem dúvida. Já reparei que, quando vamos dormir a outros sítios, há menor probabilidade dela se lembrar que quer maminha antes de adormecer.

7) "Mas vais amamentá-la até ela ir para a faculdade?"

Não. Até porque ela não vai ser obrigada a ir para a faculdade. Escolherá o seu caminho, sendo que a faculdade será apenas uma das opções (ahah, ela tem só 4 anos mas já pensei nestas coisas). Apesar de querer que seja o ritmo dela que determine grandemente a amamentação, o meu conforto e vontade também é importante. A idade "normal" de desmame na nossa espécie é entre os 2,5 e 7 anos de idade. Se aos 9 ainda mamasse, a situação teria de começar a ser gerida de outra maneira. Quanto mais aos 18. Ahah Nem imagino, ela estar a ouvir a Mega Hits, a fumar um cigarrinho entre mamadas (ahah).

8) Não te dói com os dentes? 

Miúdas, para quem teve um início de amamentação complicado, a fase dos dentes é só a coisa mais tranquila do mundo. No caso da Irene, ela mordeu uma vez, olhei nos olhos e comecei a fingir que estava a chorar e ela percebeu que me magoava. Tive sorte que me percebeu bem. Agora, com 4 anos de mamanço em cima, já ela sabe mamar a fazer o IRS ao mesmo tempo e eu também.




9) E as mamas? Têm ficado cada vez mais mirradinhas? 

Honestamente, até já começaram a melhorar. Dantes notava diferença quando estavam cheias e vazias, agora já estão sempre "neste estado". Não têm piorado, nada disso. Até tenho bicos nos mamilos, coisa que nunca tinha tido e que me faz sentir toda tesudona. Acho que até amamento só por causa disso.


10) Mas isso ainda faz alguma coisa?

Faz. Ajuda a passar defesas para o bebé e também ajuda na construção das suas próprias defesas. Isto além da questão emocional. Um bebé que sempre tenha mamado e que possa fazer o desmame ao seu ritmo tem uma experiência mais calma do processo. É como ouvirmos a nossa música preferida e, em vez de a ouvirmos até ao fim, alguém desligar a meio (enquanto dançamos e curtimos) e sem conseguirmos entender "porque é que me fizeram isto?". E, já agora, essa música preferida ser "a mãe" e ter sido a "mãe" a desligar.


Tudo o que já escrevemos sobre amamentação aqui. 
Fotografias: Joana Hall
Macacacões: Little Jack

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44 comentários:

  1. Olá Joana,
    Obrigada pela tua partilha.
    Eu sou uma mãe que ainda amamenta. A minha filha está prestes a fazer 3 anos.
    E eu estou numa fase em que me sinto "pressionada" pelo facto de AINDA amamentar.
    Identifiquei-me a 100% com o teu artigo. E confesso que me deu mais FORÇA para não dar ouvidos a tanta "gente alheia" à minha relação mãe / filha. É uma coisa nossa e que só a nós diz respeito.
    Tenho a sorte de ter um marido, uma medica de familia e uma pediatra a apoiarem a nossa amamentação prolongada, e acho que isso é meio caminho andado para o sucesso.
    Muito grata
    Ana

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  2. Olá,

    O meu filho vai fazer 2 anos e já ouvi várias vezes a pérola "está quase a namorar e ainda mama"...
    Infelizmente, até de uma médica de família ouvi que estava na hora de retirar a mama.

    V

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    1. Quando for assim responda: "Quando começar a namorar ele larga, já vai ter outra mama para se entreter. Não se preocupe com a nossa vida, está tudo planeado".

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  3. Obrigada por falares neste tema. A minha filha vai fazer 2anos e já me falam no vício, no desmame e sei lá. Neste caso só eu e o pai e a nossa filha entendemos. O que não tem sido fácil gerir. Tenho tido redução de horário mas infelizmente a pediatra já disse que para lá dos dois anos já não passa... Mas isso não vai impedir que a minha filha pare de mamar. Por aqui também vai ser gradual e ao nosso ritmo. Beijinhos

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    1. Pensei que não houvesse limite para a redução de horário.
      Mas na minha opinião, ter direito a 2h a menos por dia comparativamente aos colegas, em casos em que a criança só mama de noite ou de manhã, também não me parece justo.

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    2. Ia comentar o mesmo que o anónimo. Ponto 1 não há limite. Ponto 2 reflita se faz sentido usufruir de um benefício que prejudica a sua entidade empregadora e provavelmente os seus colegas quando o seu filho/a já não precisa de mamar durante o dia. Pode responder que precisa de mimo. Sim, verdade, precisam todos que que mamam e os que não mamam, mas causa-me muito desconforto está ideia de que o mundo é dos espertos.

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    3. Sou grande defensora da amamentação, para mim não a imagino tão prolongada, mas acho que cada mãe deve decidir por ela. No entanto, também não concordo na redução de horário para crianças com 2 anos porque com essa idade já só devem mamar de manhã e à noite e verdade seja dita, mamam em 5-10 minutos pelo que não faz sentido trabalhar menos por causa disso. Por outro lado, seria a favor de um horário reduzido para todas as mães (ou pais) até aos 2/3 anos para não passarem tantas horas na creche. SF

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    4. Em vez de querermos "tirar" as 2 horas a quem amamenta mais tempo por "não fazer sentido" aos olhos de tantos, devemos ambicionar dar duas horas a quem não amamenta, que as crianças dessa idade bem agradecem. Senhores aspirem mais ao bem geral e não a que fiquemos todos mal.
      Ass: Mãe que não amamentou.

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    5. Exactamente o meu ponto SF. Obviamente que todas as mães/ pais gostavam de ter uma redução de horário para acompanhar os filhos sem serem prejudicados por isso. Usar a amamentação a partir dos dois anos com esse intuito parece-me um pouco imoral. (Anon. das 10h38)

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    6. Anon. das 11.40 não estou aqui para tirar nada a ninguém mas questionarei sempre usos abusivos da lei (nem vou falar do comentário abaixo que fala de mães que não amamentam e usufruem da redução de horário). Alguém que está a amamentar no registo que a Joana descreve não precisa de redução de horário (atenção que não sei se a Joana o faz, estou a dar um exemplo). Manifestamente não precisa e está deliberadamente a ludibriar a entidade patronal e a abusar de uma lei. Lamento se não gosta da conclusão. Na minha opinião a redução de horário deveria ser um direito não relacionado com a questão da amamentação e que quem quisesse poderia usufruir dele (mas não é), tenho no entanto sérias dúvidas se esse direito deveria ser garantido às custas do estado ou da entidade patronal. Deveria chegar-se a um equilíbrio entre essas entidades e o que algumas mães/país queiram abdicar (em termos de remuneração) para ter esse direito. Infelizmente as pessoas olham muito para o seu umbigo e pouco para o impacto destas coisas em terceiros e caindo muitas vezes na falácia da comparação com os outros países da Europa. Por motivos que não interessam sei bastante bem o que se passa na Europa em termos de licença e ainda que não estejamos no país perfeito tambem não estamos na cauda e sim nesses países onde as mães estão anos sem voltar ao trabalho também abdicam de compensação financeira. É este o meu ponto. Bottom line vivemos numa sociedade estilo meio mundo a enganar outro meio e achamo-nos todos muito espertos. Já agora antes que venha daí a acusação: sou empregada por conta doutrem, não sou patroa. (anónimo das 10.38 e as 12.12 ou Sara para facilitar)

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    7. até 1 ano de idade dos bebés, a redução de horário de trabalho é um direito de todos quer sejam mulheres quer sejam homens e esteja o bebé a ser amamentado ou não. A dispensa para amamentação ou aleitação visa proteger mais do que a alimentação dos bebés. Lamentavelmente na maioria das situações as pessoas não conseguem exercer os seus direitos ou são prejudicadas ou fazem mais um esforço para fazerem o mesmo em menos horas. A OMS recomenda a amamentação exclusiva até aos 6 meses mas é quase impossível estender a licença além dos 5 meses. Isto sim é merecedor de reflexão. Subtrair direitos, ainda por cima em prejuízo das crianças, parece-me retroceder. Naturalmente que abusos e excessos nunca foram dignos de congratulação:/ Ana

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    8. Tenho uma menina de 26m que mama bem mais do que de manhã e à noite. Não sou eu que lhe digo 'já tens dois anos só mamas 2x ao dia'. Tem dias que mama mais que um recém-nascido. A redução de horário irá manter-se enquanto ela amamentar, mesmo que isso signifique 4 ou 5 anos. É uma lei que protege a criança, a mãe apenas beneficia. Tendo em conta que a maioria ou entra num trabalho novo e não usufrui ou a entidade não negoceia sequer as horas. Aconselho todas a consultar o CITE nestas situações. Assim como fazer reclamação dos médicos que NÃO PODEM NEGAR atestar a verdade!

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  4. Ola Joana,
    Gostei muito deste artigo porque estou ainda amamento a minha filha de 2 anos e meio e mesmo com a pressão de todo o lado acho isso normalissimo!
    É aquele aconchego que ela e eu precisamos! E quando acabar, acabou mas de coração cheio! �� obrigada por partilhares esta tua aventura
    Beijinhos
    Katia

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  5. Obrigada mais uma vez Joana! Deste lado é tuuuudo igual! ... Sinto-me tão mais normal agora! :)

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  6. Força a todas! Por aqui quase 3 anos também. Mama durante a noite quando acorda e de manhã (madrugada) quando estou com ele na cama. Cada um sabe de si, desde que não se prejudique ninguém. É do melhor que há para criar vínculo com os nossos filhos. É o"nosso" momento. Só nosso!

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  7. Amamentei até aos 4 anos e sofri grandes dissabores por isso. Ainda me emociono ao pensar na angústia por que passei. Fizeram-me sentir que estava deliberadamente a prejudicar o bebé e não há coisa pior que se possa fazer a uma mãe. A grande custo pessoal, decidi confiar no meu instinto e não me arrependo. Tenho pena que exista tanta interferência e ignorância nestas matérias e só posso agradecer o seu testemunho. A divulgação é importante para que outras mães possam ter a tranquilidade necessária nesta etapa tão desafiante e bonita das suas vidas.

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    1. O meu tem 2 e meio e também já houve pessoas me fizeram sentir como se eu é que o obrigasse a mamar para que ele dependa sempre mais de mim. Muito triste...

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  8. Pergunta sem maldade nenhuma!: A entidade patronal não se "aborrece" com dar duas horas para amamentação quando a amamentação dura, como disseste no vídeo, talvez uns 30 segundos? Ou ainda que não aborreça, não é um bocadinho abuso?

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    1. E depois há a questão de que não tem como se provar a amamentação.

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    2. O provar que amamenta já é uma questão de confiança entre o médico e a paciente. Se houver dúvidas poderão ser feitas análises. Pode sempre levar a criança à consulta e amamentar à frente do médico.

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  9. Esta coisa das horas enerva-me. Eu acho que devemos ambicionar que todas as crianças até aos3,4,5,6 anos beneficiariam de estar comas suas mães/pais mais duas horas, ainda por cima quando isso significa menos tempo de creche/infantário (é inadmissível o tempo que as nossas crianças passam em instituições). O que devemos ambicionar é que todas as mães ou pais tenham essas duas horas e não criticar as mães que amamentam por gozarem as 2 horas. Por experiencia em amamentação prolongada sei que para manter o estímulo e ter leite é necessário mais do que duas vezes ao dia. As mamas dão leite na mesma quando a criança tem 3 anos. O ritmo da alimentação não é igual ao das crianças de biberon... nem podia ser. Uma criança amamentada para beber os 500ml diários que é o que uma criança de 1/2/3 anos bebe não vai à mama só de manhã e á noite, mama quando vem da creche, antes de dormir, uma vez a meio da noite e de manhã por exemplo. Claro q as duas horas são desejáveis.

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  10. Bom dia, Normalmente costumo sempre comentar quando o tema é amamentação "prolongada" porque é um tema que também me toca. Principalmente porque é o natural a ser tratado como anormal.
    A nível das pessoas que nos rodeiam penso que cada uma saberá melhor como agir em cada caso e em cada comentário. Mas honestamente não tenham medo de ser brutas. Os pais é que sabem, os pais é que mandam. Se vos fizerem perguntas invasivas perguntem sobre a vida sexual das pessoas. Pode ser que isso as cale.
    A nível profissional (médicos, enfermeiros) penso que o caminho passará por reportar o mais possível as situações consideradas "anómalas". E o que é que pode ser considerado anómalo? De tudo o que já li neste blogue, de tudo o que já partilharam comigo e de tudo o que se passou comigo, o seguinte: a partir dos seis meses o leite não tem benefícios para a criança, os seus filhos não estão num bom percentil porque mamam (o que é um bom percentil???? Eu que moro no sétimo andar sou melhor que o meu vizinho do primeiro andar? Eu que meço 1,70 sou melhor que a minha amiga que mede 1,55????), médicos que são contra amamentação para lá de um certo período só porque sim, profissionais de saúde que referem no primeiro ano de vida que o leite é um miminho que se dá e muito mais...

    Para onde se poderá reportar? Ideias minhas...

    Comissão Nacional Iniciativa Amigos dos Bebés

    UNICEF

    Direcção-Geral de saúde

    Da minha experiência, para já apenas comuniquei à direcção do centro de saúde e à DGS o que ouvia sistematicamente no centro de saúde pois felizmente a pediatra dos meus filhos é uma grande defensora da amamentação. Apesar de não ter obtido qualquer tipo de resposta a verdade é que há muito que deixei de ouvir comentários no centro de saúde. Apenas olhares como se fosse uma maluca fundamentalista da amamentação. Tudo bem?

    Ainda mama com 4 anos? Porquê? Porque é um MAMÍFERO!!!

    Beijos a todas e muita força!

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    1. vai ser mamífero a vida toda, com esse argumento vai mamar até velhinho

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    2. E porque todos os mamíferos mamam enquanto precisam e todos deixam de mamar antes de chegar à idade adulta. Irra, que é preciso mesmo dizer tudo, não é? Santa paciência...

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    3. Quando as pessoas não querem compreender não vale a pena insistir... agora quando são médicos e juízos a ter este tipo de comportamento é que o caso se torna mais complicado...

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  11. Joana desculpa a ignorância mas como fazes na eventualidade de ela dormir em casa de outra pessoa (avós por exemplo)? Ela não precisa mas o teu peito como fica? Não incha? O facto de ela não mamar não te diminui a produção? Amamento apenas à 9 meses do primeiro filho.

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    1. Não sou a Joana mas amamento o meu filho há dois anos e meio e posso responder à sua pergunta. A partir de determinada altura, a produção de leite está tão adaptada à necessidade da criança que é possível ficar 24 horas e mais sem dar de mamar e não ter o peito inchado. O mecanismo de produção/procura está tão desenvolvido que o peito produz aquilo que a criança precisa e quando ela precisa - como as lágrimas, que só produzimos quando choramos, mas que não secam por o fazermos! O meu filho já ficou 24 horas sem mamar e não senti diferença nenhuma no peito, e na situação contrária, já o tive doente e quase 24 horas/dia a mamar e nunca lhe faltou o leite. E note-se que eu tive no início muitos problemas com mastites por ter leite a mais, e tive inclusivamente de usar a bomba para as aliviar, mas agora funciona lindamente. É fantástico!

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    2. Obrigada! Só hoje li a resposta. Ainda só vou nos 10 meses e às vezes fico um pouco insegura. Toda a ajuda é pouca :)

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  12. A Joana Gama uma vez disse que um dia iria fazer um post acerca das coisas mais "cruéis" que já ouviu por amamentar a Irene sendo que a grande maioria delas é dita por mulheres. Gostava que também se pronunciassem aqui aqueles que não amamentando também aproveitaram a redução de horário pois sei que existem. Já ouvi várias colegas minhas a dizerem à boca cheia que mesmo não amamentando tiravam as duas horas... Portanto tenho a certeza que há mais pessoas que fizeram/ fazem isto por aí. Mas quando chega a hora do ataque, ataque-se a mãe que amamenta. Eu amamento os meus filhos de 1 ano e meio (18 meses para quem se entender melhor com os meses) e tiro as horas sendo que passo a maior parte desse tempo em transportes e deslocações. De manhã muito agradeço essa redução de horário pois ainda sou capaz de estar cerca de meia hora ou mais a amamentá-los sem conseguir fazer mais nada. E mamam assim que chegam da escola. E à noite antes de dormir. E por vezes ainda durante a noite. Tem dias. E os chefes olham de lado para tudo: para a gravidez, para a licença, para as doenças das crianças, para as festas da escola. Portanto não façam das horas de amamentação o que elas não são. Se há direitos há que usufruir deles desde que também saibamos cumprir os nossos deveres. Se calhar em vez de haver críticas e comentários ressabiados às "calonas" que só trabalham seis horas por dia deveríamos todos em conjunto lutar para que todas as mães e pais trabalhassem apenas seis horas por dia nos primeiros dois anos de vida dos filhos. Parece-me mais construtivo e útil para todos. Num país onde só teoricamente é que se fala do aumento das licenças e parece ser mais prioritário aprovar leis que permitam levar as tarântulas e as iguanas para o restaurante, lutemos por algo que parece ser mais exequível do que licenças de um ano...

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    1. A reduçao de horário, até a criança ter um ano, é para todas as mães, quer amamentem quer não... é o q diz, e bem, a lei.

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    2. Clap clap all star!
      Isabel, penso que o tema é depois do 1o ano.

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    3. É isso! A perseguição à mulher começa com um positivo nos teste da gravidez. Na gravidez atacam porque não fazemos esforços excessivos e começam a falar da possível baixa que vamos inventar e das férias de licença que vamos ter. Quando regressamos vimos frescas das belas férias e ainda queremos mais horas a gozar por dia. Coitadinhos que estão sempre doentes, dizem com ironia. Também queres ver a festa de Natal do teu filho, como se fosse pedir muito. Não me digas que ainda mama, com 1 ano. Basicamente, a mulher virá inimigo. Esquece -se que se tratassem as mulheres com respeito e dignidade, todas as outras coisas se dissipação na vontade de trabalhar. Quem trabalha num ambiente de porcaria, pouca vontade tem de fazer senão o básico. E quando faz mais, quando dá melhor, quando abdica de mais uns minutos/horas para garantir que tudo fica melhor que o básico, não fez mais que a obrigação.

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    4. O que me enerva é que muitos dos que criticam quem tira estas duas horas fazem menos trabalho no horário completo do que quem amamenta em menos duas horas. Estão demasiado ocupados a olhar para a vida dos outros. Ah e antes que perguntem, sim, sou mulher, mas não, não sou mãe. No entanto trabalho e sei que normalmente quem fala é quem pior faz. Não passam duas horas a amamentar os filhos, mas passam mais tempo a fingir que trabalham e assim que vêem os chefes até batem com os calcanhares no cú para mostrar que trabalham...

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  13. Obrigada pela partilha aqui ele tem quase 2 anos e eu tb ja ouvi mt coisa. Mas quero la saber abano a cabeça que sim e sigo .adoro te lo so para mim naquele momento.so pede a noite e de manhã se o pai nao esta. E por x ao fim de semana quando esta comigo. E é tao bom.

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  14. A minha princesa mamou até aos três anos, não mamou mais Pk um familiar lhe disse k se ela mamasse lhe cortava a língua...
    A miúda apanhou tamanho trauma que nunca mais quiz mamar.por mais que eu lhe disse se que não fazia mal e que ninguém lhe cortava a língua nunca mais quis mamar.Acredito que a forma como ela largou a mama a tenha perturbado um pouco..
    Com o nascimento do irmão eu VI nela a necessidade de tocar no peito de ver de cheirar...
    Amamentar é uma opção, para mim não há melhor.

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    1. Fiquei em choque ao ler o seu comentário. Coitadinha da menina! A quem deviam cortar a língua era a esse familiar, mas a sério, para proteger o resto do mundo de barbaridades desse género!!!

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    2. Quem foi o idiota com uma tirada tão brilhante! Essa pessoa é que devia morder a língua de cada vez que o intestino se lhe liga ao cérebro, a julgar pela qualidade da ideia...

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  15. Olá Joana! Por aqui a minha tem 2 anos e meio e também mama para dormir a sesta, se está doente pede mais. É super normal, isto é que é o normal aliás.
    As opiniões dos outros não interessam para nada!
    Beijinho

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  16. ADOREI!!!! O meu mais novo tem 3 anos feitos em novembro passado e também "ainda" mama, já pensei em parar, mas acho que a decisão vai ter de ser tomada a dois (eu e ele) também já não mama na "rua" e também ouço os "ainda". Grata por partilhar. Um grande beijinho

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  17. até 1 ano de idade dos bebés, a redução de horário de trabalho é um direito de todos quer sejam mulheres quer sejam homens e esteja o bebé a ser amamentado ou não. A dispensa para amamentação ou aleitação visa proteger mais do que a alimentação dos bebés. Lamentavelmente na maioria das situações as pessoas não conseguem exercer os seus direitos ou são prejudicadas ou fazem mais um esforço para fazerem o mesmo em menos horas. A OMS recomenda a amamentação exclusiva até aos 6 meses mas é quase impossível estender a licença além dos 5 meses. Isto sim é merecedor de reflexão. Subtrair direitos, ainda por cima em prejuízo das crianças, parece-me retroceder. Naturalmente que abusos e excessos nunca foram dignos de congratulação:/ Ana

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  18. Olá Joana, vi o seu testemunho na SIC e adorei!
    Sou mãe de um menino de 3 anos e 4 meses e também amamento, pois ele continua a querer para adormecer e de manha quando acorda (e as vezes a meio da noite, se ele acorda, pois tem um sono leve). O meu marido está confortável com esta situação e eu também, mas quando as pessoas decidem criticar Não ligo e ainda pergunto se faz mal? Não, então ótimo, porque as mamas são minhas! O Martim tem um sistema imunitário muito FORTE, e tudo graças ao meu leitinho! É uma criança muito decidida, confiante e independente.
    PARABÉNS a nós que escolhemos com o coração O MELHOR para os nossos filhos!

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  19. Obrigada Joana pelo teu testemunho.o meu filho ainda mama e fez 4 anos em novembro de 2017. Recentemente separei-me e contra a minha vontade foi decretado o regime provisório de guarda partilhada com residência alternada. O meu ex-marido é contra a amamentação. A assistente social fez-me sentir uma criminosa porque ainda amamento. O meu filhote adora mamar, no entanto ñ sei se o leite vai resistir a estes lapsos temporais... Alguma mãe na mesma situação???

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  20. Olá a todas. Sigo o seu blog de forma assídua, quero congratular a sua coragem em expor temas como este de forma tão pública e que divide as opiniões gerais.
    Deixem que me apresente: mãe de um menino que completou semana passada 3 anos, prematuro, com necessidades especiais.
    Amamento desde o momento em que comecei a produzir leite... de início era dado por sonda e seringa (ele não tinha força para respirar sozinho qt mais mamar). Apesar de todas as dificuldades consegui estabelecer a amamentação e mantê-la nestes 3 anos.
    Sim, estou a usufruir de redução de horário por esse facto...
    Qt tempo por dia/noite passo a amamentar? Depende, e ninguém tem nada a haver com isso!
    Até qd vou amamentar? Até quando ele quiser... e ninguém tem nada a haver com isso!
    Até quando vou usufruir de um direito que a lei me dá enquanto mãe que amamenta (e sem cláusula/alínea nenhuma no que diz respeito a quantidade, tempo, horário, duração, etc.)? Enquanto a amamentação perdurar e as únicas pessoas que têm algo a haver com isso são o pediatra que mensalmente atesta que estou a amamentar e os recursos humanos da minha empresa onde vou religiosamente e mensalmente entregar o atestado.
    2 anos a pedir mensalmente atestado como estou a amamentar. 3 anos a ouvir opiniões, críticas, elogios, superstições... São as "pérolas" da amamentação.
    A última foi hoje: a minha chefe a me exigir uma data de até quando estaria disposta a manter a redução de horário, perante a afirmação de que não tenho uma data e que o meu filho é que irá decidir, perguntou se vou amamentar até aos 18 anos. Respondi que aos 18 anos ele irá gostar de maminhas, mas já não será as da mãe!
    Opiniões existem sempre mts, mas o mal-estar e as pressões que todas as mães estão sempre sujeitas deveriam ser histórias do passado e não do presente e futuro de um país desenvolvido e que luta por ser rejuvenescido.
    Um bem-haja a todas

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    1. Ao ler o seu comentário identifiquei-me consigo. Tenho um filho com 33 meses e desde os 12 meses de idade tenho sofrido uma pressão enorme pela entidade patronal para não apresentar atestados de amamentação. Fui até convidada a despedir-me. Usufruiu das horas porque amamento e porque sempre cumpri com todos os meus deveres e se é um direito porque não devo usufruir. Confesso é desgastante emocionalmente e sociologicamente esta pressão

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