Mostrar mensagens com a etiqueta covid19. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta covid19. Mostrar todas as mensagens

10.26.2020

Fui ver a minha avó e chorei.

Fui ver a minha avó e chorei. Quando me apanhei sozinha, chorei. Fiquei fungosa atrás da máscara, olhos brilhantes e voz mais trémula.



Foi um misto enorme de emoções. Tinha saudades de estar com ela, de falar com ela, de a ouvir falar sobre tudo e sobre todos. O primo que morreu, Jacques Tati e a forma como os seus filmes são ainda hoje atuais, as filas para as senhas de racionamento e a forma como acalmou a mãe, que chorava sem saber o que dar de comida aos filhos: "mãe, está a chorar porquê? Ainda há capilé! Fazemos um refresco!". E a sua voz cansada, atrás da máscara. Cansada da máscara e cansada disto tudo. Sinceramente, e não que tenhamos de fazer um pódio, mas acho que quem está a sofrer mais com isto tudo, são os velhos. A minha avó, a par da Luísa e da Isabel, tem um bisneto que nasceu em plena pandemia e praticamente só o vê ao longe. Estamos a falar de alguém de 84 anos que está sempre a frisar que não sabe quanto mais tempo os vai poder ver crescer. Se isto não parte o coração a alguém, então não sei.

Continua a partir o meu. Mas lá fomos, lá mantivemos o distanciamento, mas não nos faltaram as palavras. E as histórias. E as memórias. A nespereira pequenina, o meu avô Jorge com os meus primos bebés no colo. E agora as miúdas a subirem a essa mesma nespereira, de onde apanhei tantas nêsperas. E onde rasguei o meu vestido num batizado ou casamento de um qualquer primo mais velho. E andaram de bicicleta naquelas estradas, as mesmas que eu tinha andado a descobrir, quase trinta anos antes. 



Foi lindo. Mas triste, ao mesmo tempo. Cheio de nostalgia. De saudades dos que já foram, mas também dos que cá estão.

Que se criem ali muitas mais memórias. E que no verão possam tomar banho num balde ali na garagem, sem máscaras, sem barreiras, e com muitos abraços à bisavó à mistura.









5.18.2020

Como foi este primeiro dia de creche?

Acredito que não tenha sido fácil. São tempos estranhos estes e vai ser complicado, digo eu, recomeçar. Contudo, acredito que educadores e auxiliares estejam a dar o seu melhor para equilibrar indicações e para nada faltar aos “seus” meninos. Se um recomeço, depois de férias “normais” são quase sempre difíceis para os miúdos (as minhas filhas adoram a escola e depois das férias - pelo menos a Luísa - ficariam com a mãe), regressar e ver caras sempre tapadas e um sem-número de várias novas regras, deve ser ainda mais complicado de gerir. 

No entanto, acredito também que com muito amor, tudo se faz. Acredito que nem toda a gente tenha deixado já os filhos (por não ter ainda voltado ao trabalho) e que esse processo mais gradual ajude. Os miúdos são muito resilientes e acho que depressa se vão habituar a esta nova realidade. Não quero acreditar que as imagens que vimos de uma escola em França ou o pessoal todo equipado como se num hospital trabalhasse, até de luvas postas, sejam replicadas. As crianças não podem ser enjauladas e separadas, nem o ambiente numa creche pode ser tão assético ao ponto de não permitir o que de mais básico tem de existir: contacto. Muitas das regras que li são muito dificilmente cumpridas ou perder-se-á o lado humano e genuíno das interações humanas e com os pares. Prefiro acreditar que são apenas orientadoras/ideais mas não exaustivas e taxativas. 

Ainda não sei se as miúdas voltam em junho ou só em setembro. Vai depender de uma coisa: eu voltar ou não a ter trabalho. Sou trabalhadora independente na área de conteúdos de TV e os projetos em que estava pararam. Logo, fiquei sem trabalhar e sem receber. Se porventura voltarem em junho, também eu voltarei. Duvido, no entanto. 



E vocês? Como viveram este regresso, se foi o caso? Como correu? 

Quem tem filhos na pre, voltam em junho? Como se vão organizar? 


5.10.2020

Adormeceu a soluçar com saudades da avó

E partiu-me o coração. 



Por um lado, tento imaginar que se estivéssemos emigrados também seria impossível estabelecerem contacto físico com os avós e a vida seguia. 
Por outro, sei que eles estão ali. E elas também. O meu pai sozinho há dois meses. A minha mãe tem um ecrã cheio de corações e máscaras do messenger a enfeitá-la. E o cheiro? E os abraços quentinhos? Elas sentem falta deles. Eu também. 

Eu achava que o pior já tinha passado, em termos de habituação, de mudança de rotinas. Psicologicamente, sinto-me mais estável até. Mas noto-as, nos últimos dias, mais desejosas de voltar. De voltar a ver os amigos, a escola (a Isabel pede-me - por favor, mãe! - para pelo menos ir um dia a esta escola, antes de mudar para a escola onde vai fazer o primeiro ciclo), os avós e os tios, as primas. Não é que estejam o dia todo a bater nessa tecla, mas de vez em quando descomprimem expressando a frustração de lhes terem alterado o esquema todo. 

Quando? Pergunto-me muitas vezes. Quando poderemos ver os meus pais e a minha avó? O máximo que aconteceu foi no dia 16 de março a minha mãe escrever na estrada, lá em baixo, "parabéns Isabel" e vir cantar os parabéns da rua. Ainda nem os visitei (mesmo mantendo distanciamento) por achar que dificilmente conseguirão manter uma distância de segurança. Que, por muito que lhes explique as regras, vai ser doloroso não poderem interagir fisicamente com eles. E quero protegê-los. E aos outros. 

Mas até quando? Também se perguntam isto? Até quando teremos de privar avós e netos ao que de mais precioso têm na vida uns dos outros? Até termos imunidade de grupo? Até encontrarem uma vacina? E haverá vacina para este vazio? Para acalmar os soluços da Luísa, que vêm normalmente à noite quando me pede para lhe cantar a música do Vitinho (a mesma que a minha mãe lhe costumava cantar quando a adormecia)? 

Acredito muito nesta necessidade deste isolamento (e os resultados estão à vista: fomos alunos bem comportados e estamos a ter boas notas). Temos de continuar a respeitar a distância, a higienização e tudo o mais, em prol de todos. Esta responsabilidade e consciência colectiva é bonita de se ver e traz frutos. Mas pergunto-me muitas vezes pelas lesões do coração. Nos colos vazios de netos, nas recém-mães sem rede de apoio, na solidão de muitos, que deixa mossa. 

Temos de dar mais colo uns aos outros, mesmo que de forma virtual. Palavras de esperança. Memórias boas, que havemos de repetir. Disse baixinho a Luísa: "está quase, um dia vais voltar a estar com a vovó". E vai.  


Parir em tempos de Covid-19

Quando soube que estava grávida de gémeos, soube que vinha aí um grande desafio. Não acreditei quando o médico me disse, achei que estava na brincadeira, fartei-me de rir com o seu sentido de humor e, depois, de chorar. Lá estavam eles, cada um na sua bolsa, a partilhar a mesma placenta. Porquê? Um daqueles milagres da genética, um óvulo e um espermatozóide que se dividiram em dois. Fiquei a saber que abundam casos destes na minha família. Eu é que não sabia. Também não sabia que, meses mais tarde, o desafio iria subir de nível. Ia ter gémeos no meio de uma pandemia.

Vim para casa de quarentena no dia 19 de Março, com um caso suspeito na escola do meu filho. Já estava grávida de 33 semanas e, na altura, não sabia bem as implicações que este vírus ia ter no parto. Ao longo dos dias, fui assistindo às notícias que davam conta de mães infetadas que eram isoladas dos bebés à nascença, de leite materno desperdiçado, de pais excluídos do momento do parto e de induções desnecessárias. E num contexto de tanta morte, de tanta solidão na morte, de caixões que se acumulam, de funerais sem pessoas, lá estava eu do lado oposto, a gerar duas vidas e, no entanto, profundamente angustiada.

Há uma enorme romantização da gravidez e do parto, que faz com que nos sintamos um pouco ridículas por nos sentirmos assim. Quando os tiveres nos teus braços, vais ver que fica tudo bem, diziam-me. Mas é um momento extremamente violento, duro e decisivo para a vida dos nossos filhos. E às vezes os bebés não vêm para os nossos braços. E às vezes não fica tudo bem. E quando não fica tudo bem, não há profissional de saúde, por mais profissional e humano, que substitua aqueles que amamos.

Foram muitas as vezes em que me pus a pensar em duas variáveis opostas desta pandemia: isolamento e relações sociais. As segundas têm sido constantemente espezinhadas pelo primeiro e encontrar o equilíbrio acaba por ser uma missão impossível. Privilegiar questões emocionais parece estar fora de questão e, no entanto, elas não ficam em stand by. Vão crescendo, na solidão.

Falei com o meu médico, em quem confio muito, e percebi perfeitamente as decisões. A culpa – se é que interessa – não é dos hospitais. Infelizmente, na maioria dos hospitais públicos, não há condições para garantir acompanhantes em segurança. Devia haver. Devia haver um esforço do governo para possibilitar a criação de condições. Mas não há. Felizmente, a questão da separação mãe bebé quando a mãe testa positivo para Covid-19, no caso deste hospital de Lisboa, fica à decisão (informada) da mãe.

Com isto, quero dizer-vos, grávidas desta pandemia, sintam-se no direito de estar revoltadas, tristes, angustiadas. Ou felizes por não terem que levar com os beijinhos repenicados das vossas quarenta tias afastadas nos vossos bebés desta vez. Ou defraudadas, por terem criado uma expectativa que não se vai concretizar. Ou ansiosas na esperança de que isto mude. Não deixem que ninguém vos revire os olhos e vos diga que no tempo da Maria Cachucha não havia cá pais (nem epidurais!) e que as coisas aconteciam na mesma. Sintam-se como sentirem, um abraço apertado para vocês, cheio de solidariedade e força. Não sei se vai ficar tudo bem, mas uma coisa é certa: dos nossos sentimentos sabemos nós.

Mas queria partilhar também que nem tudo é negativo. Algumas coisas correram melhor neste meu parto e acredito que se deva à pandemia. Aqui vão elas. Sem romantizações.

Os profissionais de saúde fizeram os impossíveis para não sentir a falta do pai
Nunca esperei mais de uns segundos depois de tocar à campainha. Deram-me epidural assim que cheguei à sala de partos e eu dormi. Quando me senti nervosa, no momento antes da expulsão, ficou uma enfermeira comigo. Também ela tinha tido um filho há pouco tempo, fartámo-nos de conversar.

Fiquei num quarto sozinha
Imagino que, para minimizarem os contactos, estejam a privilegiar esta modalidade. Claro que não será sempre possível, mas no meu caso tinha quarto e casa de banho só para mim.

Dormi muito (se é que muito e dormir podem ser utilizados juntos num contexto de dois recém nascidos)
Não ter visitas tem este lado. Sempre que não estava a comer ou a alimentar as minhas crias, estava a dormir.

Saí do hospital em 36 horas
Foi parto normal, pelo que este é o tempo de internamento. Saí feliz, com o meu marido e o meu filho à porta, à espera para conhecerem o João e o Manuel. Foi uma emoção, as auxiliares tiraram fotos, uma animação!

Li há tempos uma notícia de um senhor de cento e poucos anos que tinha sobrevivido à Covid-19 em Itália. Tinha nascido em plena gripe Espanhola. E desejei que esta fosse uma história longínqua para os nossos filhos contarem aos seus netos daqui a uma eternidade. Tive que ser um bocadinho romântica.



A Margarida tem 34 anos e é mãe de três rapazes. Trabalhou 10 anos em comunicação, mas em 2019 tomou a decisão de deixar o seu emprego e dedicar-se à música. Voltou a estudar, a cantar e começou a dar aulas de música a crianças. Engravidou de gémeos no meio destas mudanças todas, mas confia que vai tudo correr bem.

5.07.2020

Os nossos filhos podem ser (ainda) mais felizes que nós.

É um dos meus maiores objectivos: quero que a Irene aprenda, desde cedo, o que está ao seu alcance para que a vida se torne mais fácil para ela. 
Não sei como é que vocês se sentem em relação a isto, mas tenho reparado que aos 30 é quando estou finalmente a aprender que a maior parte dos nossos sentimentos podem ser percebidos, reenquadrados e até usados a nosso favor. 
A questão do "mindset", do ângulo com que olhamos para as coisas que acontecem (e não que nos acontecem) é fulcral para que criemos e abramos espaço para que mais coisas boas aconteçam e, acima de tudo, para que saibamos lidar com elas. 

Algo que tenho achado muito desafiante no papel de mãe tem sido ensinar coisas à Irene que eu própria ainda não domino. Por exemplo, sofro de ansiedade, tenho muita dificuldade ainda em lidar com esses momentos mais sufocantes mas gostava muito de lhe passar as técnicas que a ajudarão a ter uma maior coerência entre o lado mais emocional do cérebro e o mais racional. Um dos conceitos com o qual não estava minimamente familiarizada até recentemente é o da gratidão

Pensava: "Hei de estar grata pelo quê se ninguém me está a oferecer nada? O que tenho, trabalhei para isso e aquilo com o qual me ajudaram foi uma maneira de compensarem outras coisas com as quais não me ajudaram". 

A verdade é que é um sentimento mais complexo que parece só começar a surgir quando a nossa sanidade e ou disponibilidade mental atinge outro conforto. E aquela "treta" da "felicidade estar nas mais pequenas coisas" parece-me cada vez mais importante. 

Por querer ajudar a Irene a ter uma mentalidade de crescimento e não uma fixa - quero que ela sinta que, ainda que não possamos controlar o que acontece, que podemos trabalhar em nós e melhorar as nossas hipóteses - pesquisei algo que pudesse ajudar-me a estimular um pensamento mais positivo e de, lá está, gratidão. 



Encontrei o HappySelf Journal. Para ser clara, ninguém me ofereceu nada ou me pagou para estar a fazer esta referência. Ainda que, neste blog, só façamos coisas com as quais nos sintamos confortáveis ou identificadas ainda que tenhamos perdido muito dinheiro com isso, mas tenhamos ganho boas noites de sono (a fingir que elas não nos acordaram durante a noite). 



A Irene ficou muito contente por ter direito a um diário "de crescida". O diário tem uma parte introdutória que explica a importância do mindset e da disponibilidade para ver as coisas de outra forma para chegarmos mais perto daquilo a que sintamos como "felicidade". E já era altura - na volta há mais cadernos destes - de encontrar algo que apelasse aos miúdos, com um óptimo design, tudo muito simples e que, com o tempo, vai decididamente fazê-los trabalhar na perspectiva que vão tendo dos acontecimentos. Muito interessante também fazermos o exercício com eles (a Irene ainda não escreve fluentemente) e percebermos o que vai na cabeça deles e também termos oportunidade de reestruturar alguma narrativa que tenha acontecido de maneira mais construtiva para eles ou para toda a família. 



A Irene, no primeiro dia, pediu-me para escrever que uma das coisas mais importantes do dia (temos feito antes de deitar) tinha sido eu dar-lhe colinho durante um filme que tínhamos visto de manhã. Quando isso aconteceu - ela não é muito física - eu fiquei profundamente comovida, mas não quis estragar o momento. Não pensei que ela desse a mesma importância, mas deu. Só por isso já valeu o balúrdio que paguei pelo caderno (uns 26 euros ou lá o que foi). 

Aconselho vivamente a fazerem isto com os miúdos. Ainda para mais agora que estamos a viver numa altura que poderá pedir uma transformação tão violenta dos nossos hábitos. No entanto, como neste caso, há sempre a hipótese de tornarmos isto numa oportunidade para revermos alguma coisa e fazermos coisas mais construtivas. O HappySelf Journal foi mesmo bem jogado da minha parte. 

Para a motivar e também porque tenho um fetiche por blocos e cadernos, mandei vir uma versão para mim de um site que gosto muito, este. Tem desde agendas a cadernos para cuidar de assuntos em particular e mandei vir um para desconstruir pensamentos ansiosos e também outro para começar o dia a pensar no que quero fazer, quais são os meus objectivos e registar as coisas pelas quais me sinto grata. Por estarmos a fazer isto juntas, sinto que nos motivamos mutuamente, além de ser uma altura boa para mudar rotinas, como disse antes. Não estou em teletrabalho durante 8 horas por dia, a Irene não precisa de estar na telescola e, sinceramente, já não me sinto pressionada em ter que fazer todos os trabalhos que a escola envia (e bem). Estou a priorizar a nossa sanidade mental e tentar reorganizar a nossa noção de tempo. Não quero pressas, nem obrigações de momento. Quero focar-me na nossa relação e no crescimento da Irene. Pintamos, fazemos coisas em conjunto que também trabalharão skills importantes para a escola, mas não vou confrontá-la diariamente com isso. 





Pronto, ficam aqui duas ideias para vos animar neste isolamento que, apesar de já não ser por muitos (força aí), para toda a gente que possa ser, deverá continuar a ser. Obviamente que isto que estamos a viver não é uma coisa boa (tantas pessoas que já morreram...), mas os que ficam têm a obrigação de não contribuir para piorar e, já agora, de utilizarem da forma mais profícua o seu tempo, não é? 





5.02.2020

Vão pô-los na escola?

Se, por um lado, só me apetece correr de desvario (desde a sala até à cozinha) por as escolas irem abrir para os miúdos... Por outro estou... algo inquieta, acho que ainda não entendi bem. 

As creches vão abrir já a 18 de maio. Isto é: os nossos bebés, os nossos mais que tudo vão voltar para o Mundo lá fora que ainda tem um suposto vírus chatinho (para não dizer mais) à solta. Vão ser os "primeiros", os da linha da frente nisto da soltura... E a 1 de Junho abre a pré-escolar, é isso? Quando é que fecham as escolas para o final do acto lectivo? Na escola da Irene, as aulas acabam no final de Junho. Valerá mesmo a pena durante um mês... entregar a miúda ao exterior?


Se ela precisa de estar com amiguinhos e com a professora? Claro que precisa. Se eu preciso que ela esteja? Ui, claro que preciso, mas como tomar uma decisão assim? Do que tenho lido - o que também não tem sido muito - o vírus não é estupidamente grave em crianças (a não ser as já debilitadas), mas caraças, parece que se poderá a precipitar um bocadinho tudo por causa da economia, será?

Ou então, a importância dada ao vírus no início foi bastante empolada por desconhecimento e também por medo de incapacidade de gestão do SNS para sensibilizar as pessoas ao confinamento e já estamos com mais moral... 

Seja como for, enquanto mães, como é que atiramos os miúdos para a arena? Sei que muitas de nós não terão outra hipótese porque terão de ir trabalhar e afins, mas... conseguem ajudar-me a pensar nisto por favor?

Nem queria que ela tivesse de viver uma realidade na escola em que andem todos de máscara e tudo super pressionado por causa das medidas...  Epá, ninguém disse que seria fácil, mas isto?





A melhor compra nesta quarentena.

Adorava dizer que a ideia foi minha, mas não foi. Foi ao passear pelo meu instagram que me deparei com as filhas da minha editora a curtirem um trampolim na varanda. E pensei: "epá, isto era capaz de fazer bem ao corpo da Irene, da mãe e... ainda de a cansar!". 


Tomem a foto random de um puto só porque não queria que o trampolim aparecesse como miniatura no post de Facebook.


Mandei vir pela net e chegou há um mês: um trampolim. 


Se é feio? É! Se é daquelas coisas tipo anúncio de televendas que tem que ser arrumado debaixo da cama para ninguém ver, sim. Mas... já pensaram bem nas vantagens deste bicho? A miúda fica contente, cansa-se, faz exercício físico e, nos intervalos, posso ir lá dar um saltinho e tonificar este valente traseiro (sim, cada vez mais valente). 

Não estava à espera que custasse menos de 40 euros, daí também ter prosseguido para a compra. Por acaso foi um destes, mas não foi desta marca: 


Ela tem adorado saltar (e tem tido cuidado). Eu, de vez em quando, dou umas perninhas e até agora, malta, boa compra! Não queria deixar de vos recomendar, yes?





4.23.2020

Era isto que a minha filha e eu precisávamos.

Espero que também vos dê alguma ideia. Aconteceu "sem querer" ontem e dei por mim a pensar que há, realmente, vantagens neste tipo de coisas. 

Que coisas? Algumas "técnicas" que usei quando a Irene era bebé e estávamos completamente em ondas diferentes e até, inclusivé para resolver problemas na amamentação. Outros truques foram pessoas que falaram disso e que eu, ratolas, apanhei e nunca me esqueci. Outros (não vão ser assim tantos) li algures e fizeram-me sentido... 


Isto porquê? Está a ser difícil estar "presente" e conseguir olhar para a Necas como o ser humano que amo profundamente. Nunca deixo de a amar mas, no dia a dia, com a ansiedade, com o cansaço e com a fúria, tem sido mais difícil. A verdade é que há coisas que faço nestas alturas e que também poderão vir a ser úteis para vocês para "restabelecer" aquela ligação, aquela paciência e amor que todas nós temos (se a nossa vida fosse exactamente como gostaríamos ou se nos conseguíssemos esquecer das merdas que temos na cabeça). 

Vamos a isso? Quero que partilhem connosco as vossas também, please: 


- Ver fotografia deles quando eram pequenos

Esta dica foi uma das educadoras da Irene que me deu e realmente tem razão. Parece que às vezes nos esquecemos de como estes indivíduos eram os nossos bebés. Quando ainda a tábua era totalmente rasa (ou quase) e dependiam totalmente de nós. Isso ajuda-nos a relativizar e a reactivar esses sentimentos que tínhamos na altura. É fabuloso. Ver com eles, então, ainda é melhor.

- Tomar banho com eles

Tomar banho com eles, o chamado "pele com pele" também ajuda imenso. Faz-me sentir um reset. Como se tivéssemos ido de férias e tivesse corrido tudo bem, não sei explicar. Depende muito da idade deles, claro, mas sempre que o fiz foi mágico. 

- Massagem antes de dormir

Foi isto que fiz ontem e que me fez chorar. O pai da Irene fez com ela uma lista de músicas para dormir ou relaxar no Spotify e ouvimo-las baixinho à hora de dormir enquanto lhe espalhei creme pelo corpinho todo. Ver os pés, as perninhas, as costas... tudo aquilo a meia luz relembrou-me que tenho uma mini-pessoa que saiu de mim, que foi muito desejada tanto por mim pelo pai e que está a crescer.

- Dia do sim

Falei-vos disto há uns posts. É dedicar um dia da semana/mês para aceitar tudo o que eles peçam ou digam dentro do razoável (ou possível em tempo de quarentena). Acaba por ser giro entregarmo-nos à mente e à energia deles e ajuda-nos a não termos como bengala o "não" só porque nos parece mais simples, mais imediato e mais dentro do nosso controlo.

Espero que estas dicas não vos sejam úteis, que já as soubessem ou que não precisem delas. Mas que, caso sintam que precisam de se religarem aos vossos filhotes, podem sempre experimentar. Comigo resultam. Esqueço-me muito delas mas, quando me lembro, é maravilhoso.






4.17.2020

Afinal sou uma educadora do caraças e não sabia #02

Depois do sucesso da primeira edição (e mesmo que não tenha sido, vamos fingir que sim), vêm aí novas sugestões desta mãe que vos escreve, que já teve melhores dias mas, vá, estes não são tão maus assim. Saudinha da boa, impagável. Vá, punha uma varanda cá em casa, se querem saber. É que já nem digo um terraço, nem um jardim, nem... era só uma varanda, aberta, para não ter de ficar com os caixilhos das janelas a fazerem-me tatuagem nos cotovelos e antebraços em gangrena sempre que quero pôr a cabeça de fora da janela para apanhar uma brisa na cara. Pronto. Já desabafei, está tudo bem, siga.

Então o que tenho aqui para vos sugerir de atividades giríssimas (calma, não são assim tão extraordinárias, mas entre estarem a comer a comida do gato e a empapar rolos de papel higiénico no bidé, mais vale estarem entretidos com outras coisas. Cá estão elas:

1) Contagens com conchinhas
A Luísa queria que fosse a Lisa a agarrar a caixa e cá está ela. A ideia aqui é bastante óbvia: colocar números em cada buraquinho da caixa de ovos e deixar que eles coloquem lá a quantidade indicada de ojectos. Podem fazer com feijões, botões, peças de lego pequeninas. Fizemos com conchinhas - são os nossos tesouros - para aproveitar para conversar sobre as férias e despertar boas memórias.


2) Naves com rolos de papel
Vocês não sei, mas cá em casa uma das frases mais ouvidas é: "limpas o rabo?" Estão SEMPRE a comer e aquilo tem de sair por algum lado, sabem como funciona a mecânica. Por isso, vão ver aqui várias sugestões com rolos, sim?


3) Animais pintados com aguarelas
Foi o David que copiou estes de algum lado da internet, mas elas estiveram entretidas a ajudar e já brincaram muito com estes bonecos. A Isabel quis pintar a borboleta "ao contrário" e, já se sabe, eles podem tudo. :)



4) Experiência "misturas"
Esta foi a Isabel que sugeriu. Apesar de não ter tirado foto, é bastante simples. Têm de ter à mão 4 copos com água e, ao lado, canela, sal, farinha e azeite. Em cada um, deixam-nos deitarem uma pequena quantidade de cada elemento. A ideia é ver se dissolvem ou não, se são homogéneas ou heterogéneas (calma que elas não usam esta terminologia ahah).


5) Brincar aos restaurantes
Isto parece sem interesse do ponto de vista "didático", mas dá sempre para aproveitar para falar sobre a ementa, os ingredientes dos produtos que estão à venda, os preços e depois fazer contas com moedas 


Para além destas actividades manuais, contagens e brincadeiras, vou deixar-vos AQUI uma lista de programas giros para eles verem na televisão e/ou no pc/tablet, desde peças de teatro, circo, desenhos animados e curtas, visitas virtuais a museus. Espero que gostem! <3

4.13.2020

Assim discutimos menos :)

Aiii! Nem vos vou falar da irritação gigante que tive ao receber as compras online e ver que faltavam 70% das coisas. Tinha planeado algumas refeições, até visto nalguns livros de receitas e... esqueci-me que estamos numa época em que temos de contar com todos os imprevistos. Lá vieram os kgs de cogumelos, mas sem arroz, enfim. É lidar. 

Ainda para mais agora que andamos todas com os nervos à flor da pele, menos tolerantes, menos racionais e menos empáticas. É como se agora fossemos todas aquela malta que faz comentários odiosos no Facebook gratuitamente só porque a vida deles não é nada como gostariam que fosse. Dizem-nos para meditar, mas a última coisa que nos apetece, quando estamos irritados, é acalmarmo-nos. Coisa parva isto do ser humano. 

Seja como for, tal como vos disse no post anterior, tomei algumas decisões para ver se nos facilitam a vida. Uma delas foi fazer uma rotina mais descritiva dos nossos dias (as crianças adoram regras e, guess what, eu também) e que afixámos no quarto dela. Nessa rotina estão incluídas responsabilidades que passam a ser dela, como tratar dos gatos e do peixe e fazer a cama. Tem horas e tudo. Claro que haverá espaço para alguma flexibilidade, mas confesso que sinto que nos está a deixar às duas menos angustiadas. E que bom! A ver se dura!


Fiz as rotinas em conjunto com ela e, para minha surpresa, até foi ela a sugerir algumas das mais importantes "a Mãe e a Irene têm de se respeitar uma à outra" e "enquanto a Mãe trabalha, a Irene tem de fazer silêncio". Vamos ver como corre, mas estou esperançosa! 

Aqui pelo meio, também descobrimos que ela adora aspirar (embora ainda não aguente muito tempo) e que até gosta de limpar o que suja. Vou tentar ganhar aqui uma "ajudante", em vez de uma arqui-rival ;). 

Foto ranhosa, bem sei, mas não ando com muita paciência para aprimorar a nível fotográfico, como deverão compreender. 

Ainda escreverei um post sobre isso, mas a miúda anda a acordar um zilião de vezes durante a noite. Vamos ver quem é que se passa primeiro cá em casa, é um novo reality show. ;)

E, caso precisem de apoio psicológico, não se esqueçam que podem ligar para o número da Saúde 24 (808 24 24 24) e carregar na tecla 4, ok?




Parem de se comparar com as outras mães!

Não estou a escrever estas palavras com um sorriso no rosto. Não posso deixar de dizer que fiquei triste porque houve pelo menos uma pessoa a dizer que me tinha deixado de seguir porque “estou sempre a fazer atividades com as filhas”. Percebo que a forma como o post da Joana Gama está escrito - apesar de saber que não foi essa a intenção - incentive por um lado, e ainda bem, a descompressão, o desabafo, a partilha mas, por outro, uma especie de shaming contra as “mães do Ruca”. Como se alguém o fosse.

Nunca disse que isto estava a ser fácil para mim. Vivo num T2 muito pequeno (mesmo muito), tenho duas miúdas cheias de energia fechadas, sem uma varanda que seja, sinto que estou sempre a fazer comida (frase que mais ouço é “tenho fome!” a par de “limpas o rabo?”, e faz sentido uma ser consequência da outra), a limpar, a arrumar ou a gritar para pararem de se esfolar vivas. Até há uma semana estava em teletrabalho e foi um mês de loucos. Tinha de trabalhar às vezes até às 3h da manhã para conseguir compensar o que não dava vazão durante o dia. E lá estavam elas a acordar cedo no dia seguinte e tudo se repetia.

No entanto - e esse foi o meu estratagema, não significa que resulte convosco, que possam ou queiram - tirava sempre (ou quase sempre), uma horinha que fosse só para elas de manhã. Mas, notem, não era só por elas. Era por mim também. Por dois motivos essencialmente: se lhes desse atenção, “des”largavam-me mais no resto do dia. E também porque planear coisas para elas fazerem e envolver-me nos projectos delas me salva. É uma forma de me manter ocupada, de ter planos e projectos. Sem grandes expectativas! Às vezes quem acaba as coisas sou eu. Às vezes só fica a Isabel entusiasmada. Às vezes gostaria que não se lembrassem do que lhes prometi fazermos na véspera, porque não me apetece, mas tenho uma polícia cá em casa (Isabel). Lembrámo-nos de jogar sempre um jogo os quatro às refeições (telefone avariado/ listas de animais, etc) e há dias em que só me apetecia comer em silêncio.

Já houve dias em que se tiveram 15 minutos da minha atenção focada foi muito. E está tudo bem. Tenho a certeza de que elas - e os vossos - não se vão lembrar disto nesta quarentena. Vão lembrar-se das partes boas. Eles não nos cobram isso tudo.



Por isso, decidi fazer aqui uma ressalva (como se não bastasse o estado em que mostrei a minha cozinha no outro dia...), para vos dizer que não ando a espetar nas vossas caras as mil atividades que faço com elas (atenção que algumas se fazem em 5 min... mas pronto) porque “sou uma ÓPTIMA MÃE, olhem para mim” mas sim para vos dar ideias simples, caso estejam já sem elas, para entreter os vossos filhos. Deixei também links de séries e de teatros e circos que duram uma hora (para nos libertar também a nós). Não escolham ver o pior dos outros nesta fase. Nem em vocês. Não se sintam frustradas porque não conseguem ter a casa arrumada, fazer a comida XPTO ou pão, ou fazer coisas com os miúdos. Quem disse que quem está nas redes a partilhar está o dia todo naquilo? E, mais importante, está feliz? Não se consegue fazer tudo bem. Muitas vezes prescindo de fazer refeições de jeito, de ter a casa arrumada ou, até, de tomar banho. Pronto, já disse.

Não sou guru, nem psicóloga, nem nada disso, mas tentem também avaliar se estão a fazer as escolhas mais “acertadas” (não falo do banho). Fará sentido continuarem a passar roupa a ferro? Que tal dobrar depois de apanhar e arrumar? Quem vos vai cobrar por isso? Quem vos vai ver? Poupam energia e tempo e cabeça [a não ser que vejam nisso uma terapia]. E fazer mais comida ao almoço a contar já com o jantar? E se eles não tomarem banho todos os dias? Sei lá, vejam de que forma podem tirar esse peso de cima de vocês, e por favor, sem se estarem sempre a comparar com os outros.

Vejo quem ande a treinar todos os dias, a ler livros atrás uns dos outros, outros já acabaram de correr a Netflix, vejo quem se continue a maquilhar todos os dias (por acaso a minha pele está muito melhor desde que não o faço): se eu ficar algum dia com algum sentimento de inferioridade por isto, internem-me (dava jeito já, para ir descansar um bocado delas). Se calhar deviam mesmo, que já gritei mais neste mês e uma semana do que na vida toda delas.

Ninguém é perfeito. Estamos todos a lidar com isto da melhor forma que sabemos. A apalpar terreno. A fazer ajustes todos os dias ou só a tentar sobreviver. Uns a conseguir aproveitar as coisas boas desta porcaria, outros a ver de que forma saem com alguma sanidade. Uns a descobrirem talentos que não sabiam que tinham, outros a pensar como vão conseguir continuar a pagar a escola dos miúdos se deixaram de ter trabalho.

Não, não vamos todos ficar bem, mas que o processo seja o menos penoso e o mais leve possível. Julguemos menos e, sobretudo, paremos de nos comparar tanto. Ninguém estava à espera disto e a espera por que tudo isto passe parece interminável. Cada um lida como melhor pode ou consegue.

Até breve, com mais ou menos sugestões de actividades com os miúdos. Mas seguramente com um copo de vinho ao lado, enquanto vos escrevo.

4.10.2020

Não consigo fazer actividades com a miúda.

Não consigo e sinto-me pessimamente com isso.

Tenho visto os stories da Joana e as publicações aqui, mas confesso que só me deixam mais enervada comigo e triste.

Sinto que devia estar a fazer, até os trabalhos que a professora manda (estão a ser feitos às mijinhas), mas há algo que não me permite. Sinto que talvez seja a falta de tempo para mim mesma. 

É claro que a culpa é da pandemia, mas há pequenas coisas que conseguimos controlar para serem mais a nosso favor. Tenho escolhido ficar acordada a ver os directos do Bruno a descansar e a acordar cedo para preparar o dia, por exemplo. Tenho de tomar uma decisão mais inteligente. 

Agora que sabemos que, para os mais novos, as escolas vão ficar fechadas até Setembro, sinto-me ainda mais responsável por entreter a Irene de forma educativa, mas faltam-me as faculdades. Não que seja difícil ir à internet e sacar umas actividades ou comprar umas coisas, mas falta-me a disponibilidade mental. Adorava tê-la. 

A última vez que me senti assim foi quando estava numa relação e ocupava o meu tempo livre (sem Irene) com a relação. Assim que deixei de estar e passei mais tempo sozinha, passei a estar muito mais paciente e disponível para brincar. Neste caso, terei de trabalhar em delimitar melhor os tempos de cada uma sozinha para ver se os tempos de presença aumentam de qualidade. 

Também dizem para criarmos rotinas mas, honestamente, aqui têm ido a abrir. Se seguimos a rotina que fizémos uma ou duas vezes foi muito. Tenho de controlar mais isso. 

Tenho saudades minhas.

Por outro lado, porra. Não me apetece ter que controlar nada, nem melhorar nada. Apetece-me só ser empática comigo e com a miúda. Não estávamos à espera disto, não é horrível, mas não é nada fácil e talvez não seja agora tempo de fazer um sprint de criatividade e de dedicação por isto ser uma maratona. 

Se conseguisse, claro que faria sprints diariamente, mas não estou preparada para isto. 

Aliás, tem-me doido o corpo todo sempre que acordo. Às vezes nem reparo, mas devo andar muito tensa diariamente porque no dia seguinte é mesmo com se tivesse feito um treino de crossfit pela primeira vez (que nunca fiz, mas percebem a ideia). 


Tenho inveja de ti, Joana. Também quero ter paciência para pintar ovinhos e fazer rolos de papel higiénico e teatros de sombras e cozinhar saudável, mas ainda ontem mandei vir McDonalds, espetei-lhe o iPad para conseguir trabalhar e se brinquei 15 minutos com ela minimamente presente foi muito. 

Contudo, vou escolher aceitar-me. O meu estado tal como estou a vivê-lo. Somos diferentes umas das outras, skills diferentes e bem ou mal, vai tudo correr de forma diferente da que poderíamos alguma vez ter imaginado, mas vai correr. 

Não posso continuar a pedir tudo isto de mim própria: brincar com a miúda, pensar em actividades giras, ser boa mãe, comida saudável, arrumar e limpar a casa, trabalhar, pensar na carreira, ser proactiva... Fuck!

Acho que vou escolher ser razoável em tudo e não óptima. Deixem-me. 



4.09.2020

A Irene tem falado com as (bis)avós que já morreram.

Não estava à espera disto, mas talvez o tempo "a mais" nos ajude também a irmos aos assuntos que temos mais enterradinhos (literalmente, neste caso, ahah) ou à espera de um pouco de silêncio para virem à superfície (esperemos que não literalmente neste caso, credo). 

No meio desta quarentena (como se soubéssemos onde está o meio, não é?), a Irene encontrou um anjinho da guarda que uma amiga da família nos deu. Não sei bem como descrever, mas é um anjinho da guarda, gravado talvez em prata, com o nome dela escrito atrás e a data de nascimento. 

Também recebi um quando era pequenina e lembro-me de falar muitas vezes com a minha avó Irene e de me ter aquecido o coração saber que ainda podia chegar até ela. A Irene, sem que lhe dissesse isso, perguntou se era um anjinho da guarda que daria para falar com as avós que já morreram. 

Disse-lhe que sim. Que podia falar com o anjinho e que o anjinho lhes transmitiria as mensagens, ainda que, mesmo sem anjinho, tinha a certeza que as bisavós estariam sempre a pensar nela e a fazer todos os possíveis para que tudo de bem lhe acontecesse. 



Apanhei algumas conversas com o anjinho que me comoveram bastante. Nomeadamente com a avó Irene: "Temos o mesmo nome, aposto que iríamos ser muito amigas, avó. A mãe disse que pintavas muito e eu também gosto de pintar". 

Depois, claro que aproveitou para pedir alguns desejos, nomeadamente "Gostava que a mãe deixasse de fumar já" e "Quero que todos os doces do Mundo só façam bem". 

No entanto, sinto que vivemos aqui um momento importante, em que estabelecemos uma espécie de ligação a quem não teve o prazer de conhecer a Irene e que talvez tenhamos deixado mais claro que isto é um ciclo e que, apesar das pessoas irem e virem, o amor fica. 

Têm surgido conversas das quais não estavam à espera ou fomos só nós a "fritar" por aqui? ;)




4.08.2020

Televisão e tablets na quarentena? SIM!

Deixei-vos aqui algumas das actividades que andamos a fazer em casa, mas também não vos minto. Têm tido acesso a bastante televisão e tablets. Há coisas muito giras a acontecerem por essa internet fora que podem intervalar- e bem - os momentos em família e as brincadeiras. Está neste momento a decorrer - hoje e amanhã -  festival KIDS ON organizado pela Grow Up Eventos, com aulas de dança, yoga, música,  cantorias de princesas da Disney, aulas de cozinha para os mais pequenos. Vejam no instagram deles os links para as várias aulas! 


Deixo-vos pelo menos 8 sugestões:

História Natural e Ciência, Coches, Gulbenkian, palácios, mosteiros, Louvre, Museu Salvador Dali... há um mundo de possibilidades para que possamos viajar sem sair do sofá. Explorem.


2) Ver o Grufalão, que está na RTP Play (e a Filha do Grufalão também, vamos ver amanhã)
A Isabel pediu-me para que lhe oferecesse o livro, de que gostava muito e já chegou. Entretanto lembrei-me de que já tinha passado na RTP a história. É sobre um ratinho que ao passear na floresta em busca de nozes, encontra três predadores que desejam comê-lo: uma raposa, uma coruja e uma cobra. Para sobreviver, o corajoso ratinho usa a sua inteligência. Vejam, é muito mágico.


3) Têm pelo menos dois espectáculos que o Cirque Du Soleil disponibilizou no Youtube para ver. As miúdas nunca tinham visto e adoraram tanto que agora pedem mais vezes para ver (e para tentar imitar. Não garanto que não partam a cabeça um dia destes...)


4) O Indiejúnior disponibilizou no site várias curtas de animação. A preferida das miúdas é a Wolf, mas acabei de perceber agora que já há nova para vermos (gostei da indicação +3 e +6 nestas últimas, é útil).


5)  O musical Principezinho, do La Feria, também está aqui


6) O Teatro Nacional D. Maria II lançou o movimento "Dona Maria II em Casa" e tem disponibilizado peças para nós, mas agora também para eles: temos a Alice no País das Maravilhas para ver.


7) Cativar - Teatro para a Infância também já fez, pelo menos, dois directos com teatro de fantoche - dos Três Porquinhos e também da Branca de Neve


8) Além de tudo isto, há muita gente talentosa a contar histórias, como a Sofia da Aqui há Gato (já comprei um livro porque ela contou a história magistralmente - temos lá muitos vídeos ainda por explorar).




Gostaram? Espero que sim! Agora quero as vossas. Ah! Aulas de ballet/ dança/ginástica para os miúdos, assim como yoga, ainda não explorei, mas quero saber tudo.

4.07.2020

Afinal sou uma educadora do caraças e não sabia #01

Primeira achega ao título: é uma graça. É óbvio que não tenho nem formação, nem jeito, nem PACIÊNCIA, nem talento para ser educadora. Já tinha percebido isso há muito tempo. E acho que agora já percebemos todos a importância e o papel determinante das educadoras dos nossos filhos nas nossas vidas, não já? Pronto. Cada macaco no seu galho. Eu prezo muito as educadoras das miúdas, tenho umas saudades enormes delas, acho-as fantásticas (toda a escola e metodologia, aliás - Movimento Escola Moderna, de que já falei aquiaqui e aqui). A Luísa ainda no outro dia se deitou a choramingar porque tinha saudades da Maria João e da Rute. A Isabel vibrou quando viu um vídeo da sua querida Inês a contar uma história e ouviu um áudio com a voz da Nádia. Temos tido acompanhamento via whatsapp com sugestões e propostas de atividades para desenvolvermos em casa, links para programas giros, tudo. 

Estive até este sábado em teletrabalho, pelo que não foi fácil gerir tudo como gostaria. Mas, mesmo assim, conseguimos fazer coisas giras - umas propostas pelas educadoras, outras sugeridas pelos colegas e família e outras que surgiram da nossa imaginação, vi em algum site/FB/pinterest. 

Não vão ver aqui grandes obras de arte, nem nada muito bonitinho (para isso sigam a Violeta Cor de Rosa, que disponibilizou coisas lindas para imprimir), mas pode ser que vos inspire para futuros projectos aí em casa com eles, porque, no meio disto há dias em que já não sabemos o que inventar. 

  • Atenção que às vezes temos de nos dar um desconto - e a eles - e um bocadinho de ócio também faz bem, a todos. Se virem mais TV nestes dias, etc, acho também perfeitamente legítimo (nós tínhamos cortado a TV e os tablets durante a semana cá em casa, lembram-se?). Agora não. Durante a semana vêem bem menos do que ao fim-de-semana, mas, de forma controlada, há espaço para tudo
  • Brincadeira livre é importantíssimo e deixo bastante espaço para isso, mesmo que acabe normalmente tudo à batatada
  • Ajudarem nas tarefas domésticas e nas refeições não só é extremamente útil, como considerado "tempo em família", em que aprendem ao mesmo tempo a cooperar, a ser autónomos e desenvolvem destreza em várias coisas (a Luísa a cortar cogumelos e espargos é uma maravilha de se ver e ainda não ficou sem dedos. Ainda.)
Posto isto, vamos então à primeira listinha de coisas que temos feito cá em casa e que facilmente conseguirão reproduzir aí.

1) Teatro de Sombras
Fizemos inspirado neste aqui. Precisam de uma caixa de cartão, papel vegetal, cola. Pauzinhos (usámos do mikado, ups!) e figuras que podem desenhar e recortar ou imprimir da internet. Giro e dá para fazerem sempre novas personagens, treinar o improviso, brincar, além de que o ambiente é muito giro, mais escuro, elas adoraram.



2) Caixa para lápis/canetas feita de embalagem de leite
Vocês cortam, eles colam um papel pintado e decoram como quiserem (aqui sempre tentámos desmistificar os monstros). Além de aprendem a reutilizar uma embalagem, vêem todos os dias algo feito por eles. É bom para a auto-estima deles, digo eu.


3) Família e amigos feitos em rolos de papel higiénico
Fizemos para o Dia do Pai e elas adoraram. Com desenhos e recortes de revistas e fotografias que tenham ou imprimam, fica engraçado, elas podem brincar com eles e matar saudades dos avós, tios, etc

4) Gelados
Já fizemos só de fruta, saudáveis, mas também um menos saudável, com natas ao barulho e morangos, mas é algo de que elas gostam muito e sempre dá para matar aquele "bichinho" de quando nos pedem coisas doces. Participam no processo, cortam os morangos, etc, etc.


5) Experiência flutua/não flutua
Esta foi a Isabel que pediu. Já tinha feito na escola e queria repetir para mostrar à Luísa. É simples: basta agarrarem em pequenos objectos aí de casa, verem se flutuam ou não (se são mais pesados ou mais leves) e registarem numa folha


6) Relógio de papel
Só precisam de dois pratos de papel, cartolina para fazerem os dois ponteiros e uma forma engenhoca de os prender aos pratos. Desenhar as horas na folha de cima e desenhar os minutos na folha de baixo.



Tenho mais coisas para vos mostrar, mas também não vou gastar já os cartuchos todos, não é?

Querem também ideias de filmes/ peças de teatro / livros / sites giros para eles?