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5.18.2020

Como foi este primeiro dia de creche?

Acredito que não tenha sido fácil. São tempos estranhos estes e vai ser complicado, digo eu, recomeçar. Contudo, acredito que educadores e auxiliares estejam a dar o seu melhor para equilibrar indicações e para nada faltar aos “seus” meninos. Se um recomeço, depois de férias “normais” são quase sempre difíceis para os miúdos (as minhas filhas adoram a escola e depois das férias - pelo menos a Luísa - ficariam com a mãe), regressar e ver caras sempre tapadas e um sem-número de várias novas regras, deve ser ainda mais complicado de gerir. 

No entanto, acredito também que com muito amor, tudo se faz. Acredito que nem toda a gente tenha deixado já os filhos (por não ter ainda voltado ao trabalho) e que esse processo mais gradual ajude. Os miúdos são muito resilientes e acho que depressa se vão habituar a esta nova realidade. Não quero acreditar que as imagens que vimos de uma escola em França ou o pessoal todo equipado como se num hospital trabalhasse, até de luvas postas, sejam replicadas. As crianças não podem ser enjauladas e separadas, nem o ambiente numa creche pode ser tão assético ao ponto de não permitir o que de mais básico tem de existir: contacto. Muitas das regras que li são muito dificilmente cumpridas ou perder-se-á o lado humano e genuíno das interações humanas e com os pares. Prefiro acreditar que são apenas orientadoras/ideais mas não exaustivas e taxativas. 

Ainda não sei se as miúdas voltam em junho ou só em setembro. Vai depender de uma coisa: eu voltar ou não a ter trabalho. Sou trabalhadora independente na área de conteúdos de TV e os projetos em que estava pararam. Logo, fiquei sem trabalhar e sem receber. Se porventura voltarem em junho, também eu voltarei. Duvido, no entanto. 



E vocês? Como viveram este regresso, se foi o caso? Como correu? 

Quem tem filhos na pre, voltam em junho? Como se vão organizar? 


7.10.2019

Salas mistas: Sim ou não?


No outro dia, num grupo de mães e de pais na Internet, li uma questão de uma mãe, apoquentada, porque a filha ia passar a estar numa turma mista na escola, ou seja, com idades entre os 3 e os 6 anos.

Não sei se será o vosso caso, mas gostava de deixar a minha opinião sobre o assunto e de "acalmar" quem está com dúvidas em relação a este assunto.

Salas com idades mistas são, a meu ver, extremamente benéficas. Vejo isto enquanto mãe e mera curiosa nestas questões, não enquanto especialista no assunto, psicóloga ou educadora (que não sou). E, claro, tudo isto dependerá sempre de muitas outras coisas: educadoras, escola, projecto educativo, etc. Estou a falar de creche e de pré-escolar (nas restantes idades ainda não me debrucei).

Fotografia: The Love Project

Mas, à partida, sinto como algo muito positivo. Senão vejamos:

- as crianças mais novas têm nos mais velhos um modelo a seguir e querem reproduzir o que eles fazem;

- as crianças mais velhas tornam-se mais responsáveis, sentem-se mais "líderes" e sentem empatia pelos mais novos, ajudando-os em tudo - vocabulário novo, a arrumar algo, etc

- esta interacção e dinâmica é, de facto, o que se passa "lá fora": nós aprendemos e trabalhamos com pessoas diferentes e de idades muito diferentes e é essa pluralidade que nos enriquece

- os valores que se passam nestes momentos de colaboração e interação são excelentes: por um lado pratica-se a tolerância, a paciência e até a auto-confiança e auto-estima dos mais velhos; os mais novos estão rodeados de um ambiente de generosidade e vão usar essas aprendizagens quando for a vez deles serem os mais velhos da sala

- a independência e autonomia dos mais velhos é muito estimulada e reforçada

- os mais novos, pela primeira vez na sala ou até na escola, são recebidos de braços abertos pelos mais velhos, o que ajuda imenso na integração! (Noto que a Luísa, este ano das mais velhas da sala - fez 3 anos em maio -, era muito querida para os bebés que chegavam e queria participar/ajudar em tudo)

- a competitividade, muito comum entre miúdos da mesma idade, é menos pronunciada e, pelo contrário, a questão de "cada um aprender ao seu ritmo" é acentuada: há menos rótulos, menos "pressas" e um espírito maior de partilha e colaboração entre todos - cada um contribui à sua maneira. 

No caso dos irmãos e dos primos, não notam que é saudável a interação deles, tendo diferentes idades? Então, é igual na escola. 

Acredito que o trabalho de casa - e mesmo em sala - do educador seja grande. Gerir idades e necessidades diferentes não deve ser fácil. Mas acredito também que envolver todos, criar um espírito de pertença e aproveitar as situações de conflito para passar valores seja também muito benéfico para todos. Além de que, desta forma, ainda se deve comparar menos competências e olhar mais para cada um individualmente, estando mais atento às necessidades de cada elemento. Faz-vos sentido isto?

O único ponto menos positivo que encontro nisto tudo é, pela minha experiência, que, por vezes, os mais novos queiram imitar os mais velhos em coisas para as quais ainda não estão preparados. Por exemplo, a Isabel deixou de querer e de conseguir fazer sesta mais cedo do que eu gostaria. Como os amigos mais velhos já não faziam, ela não compreendia por que teria de ficar a dormir quando havia tanto mundo para descobrir. Apesar de notar que ela se aguenta muito bem sem sesta (não percebo que faça mais birras ou que esteja muito mais cansada do que ficava antes) e apesar de eu tentar compensar em casa, indo mais cedo para a cama e acordando mais tarde, todos sabemos da importância de uma sestinha nestas idades (havendo algumas excepções, sim, mas serão isso, excepções).

De resto, notei uma evolução enorme nas duas neste sistema e concordo plenamente com ele. Noto também que a forma como lidam uma com a outra e tentam resolver alguns problemas entre as duas, a empatia, a maneira como a Isabel encoraja e estimula a irmã a fazer tudo, é linda de se ver. Quando ela no outro dia tentou perceber por que razão a irmã estava a fazer birra é algo que não esperava numa miúda de 5 anos.
Por outro lado, a forma como a Luísa consulta a irmã, lhe pede opiniões e ajuda é algo que me enche o coração. Também pode ser - e é, vá, não vou estar a menosprezar o nosso papel enquanto pais - trabalho de casa, mas tem muito a ver com as aprendizagens que trazem da escola. 

Este é um tema que me apaixona cada vez mais. Por isso, caso queiram saber a minha opinião ou experiência com o Movimento Escola Moderna; Montessori, ou com algo relacionado com o projecto educativo ou com a escola delas, digam coisas que eu abordo o tema novamente.

Escrevi sobre a escola delas aqui e aqui.





9.10.2018

Super útil dicas agora para o regresso à escola, não é? É quando tenho, amores...

... muito melhor do que estava à espera, caramba! Não sou uma pessoa propriamente calma e optimista por natureza (ou se era, escangalhei-me), mas seja como for, a primeira vez que a deixei na escola depois das férias foi... maravilhosa. 


Sabem o que fiz que acho que ajudou?


(sim, Joana, agora que já toda a gente tem os putos na escola, vamos todas adorar as tuas dicas, principalmente quem não teve a mesma experiência) 




Acordei-a estupidamente cedo. 

Moramos ao lado da escola e acordei-a (por acaso até foi sem querer) às 6h30 da manhã. 
Deu para brincar com ela na cama, fazermos umas festinhas e conversar sobre não só "o dia", mas também sobre o fim-de-semana que está para vir em que ainda vamos ao Algarve e, por isso, as "férias ainda não acabaram". 

Comprei uma roupinha de primeiro dia de aulas. 

A minha mãe deve ter-me feito isto quando eu era pequenina e devo ter gostado, porque me lembrei de fazer o mesmo com a Irene. Lá me torci toda e comprei uma roupa que não gostei grande coisa porque sabia que ela ia adorar e... adorou! Porém, depois, quis trocar porque afinal não queria usar o vestido - e já tinha cortado a etiqueta... aquele clássico. 

Disse mais vezes que sim de manhã (até porque tinha tempo). 

"Queres ver como dou cambalhotas no sofá?", "Queres ver a pirueta que dou com o tacho na mão?". Quero tudo, filha. Não só porque não quero que sintas a minha ansiedade, mas também porque vou divertir-me mais assim e o dia pode ser bom apesar estar morta por dentro de medo. 

Preparei tudo no dia anterior e caprichei.

Há coisas que me fazem sentir bem e descansada. Caprichar no lanche que lhe levo para a escola e no desenho ajuda. Por isso, no domingo, para ajudar à ansiedade, estive a fazer bolachas, sumos e tudo mais. Hoje já não tive que pensar em quase nada, foi óptimo. 

Levei-a antes da malta.

Foi fantástico. Além de ter lugar para estacionar, havia menos loucura no ar, menos miúdos a chorar, menos pais nervosos e conseguiram ajudar-me mais a despedir da Irene, distraindo-a depois de me despedir. 

Isto foi o primeiro dia, não quero cantar de galo, mas sei que tudo isto terá ajudado. Nem que seja a mim e, portanto... :)

10.19.2017

35º dia de creche - está doente!

Eu já andava a achar estranho, quase dois meses depois, nem uma virosesita, uma constipação que se visse, uns piolhitos, nada?! Cá está ela. 

A Luísa começou a vomitar e vomitou 5 vezes esta noite. Coitadinha. Dela e de nós. Troca roupa, troca cama, lava cabelo e cara, volta a adormecer. Dormir muito ao de leve, sempre preocupada. Com vómito, com febre (vem, não vem?), com tudo.

Ia com ela ao Centro de Saúde hoje, por estar mais assadita que o normal (já experimentei uma boa dose de cremes diferentes e não estão a funcionar... e até já pus maizena, como aconselharam, mas cheira-me que já precisa de um anti-fungíco e era isso que ia lá confirmar), só que agora acho imprudente estar a tirá-la de casa: tem o sistema imunológico em baixo e ainda apanha para lá qualquer coisa pior. Vou aguardar, talvez ligar para a Saúde 24, caso não tolere líquidos e ache que possa estar a desidratar ou caso tenha febre...

É sempre uma enorme confusão, não é? Por mais que já tenha passado por estas doenças normais com a Isabel, é como se fosse a primeira vez. 

Por enquanto está tudo controlado, não a acho molinha e estou com esperança que seja algo levezinho. Por todas as razões: por ela, claro, mas também por todos nós. Tenho (ou tinha) amanhã um trabalho que não queria desmarcar. Ia, supostamente, de fim-de-semana. O primeiro sem a Luísa.
Será que a espertinha adivinhou? :) 

Por aí, como andam esses infectários?


Ontem, antes de ir para a escola <3

Sapatos - Triboo
Casaco - Zippy
Calças - Zara


 
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9.07.2017

Algo que me ajudou muito quando a Irene foi para a escola.

A Irene foi para a escola - sortuda - pela primeira vez aos dois anos e meio. Já era "tão crescida" que conseguimos explicar o que ia acontecer e até esteve uma semana a gostar de ir. Depois percebeu que, mesmo quando não queria que iria e as coisas complicaram-se. 

Na altura fantasiei com uma espécie de Bipper (lembram-se?) com o qual ela me poderia enviar um boneco e eu responder com outro ou algo do género. Fica para alguma de vocês - mães empreendedoras a nadar em dinheiro - seguir com isso. Como acho que ainda não há, inventei um smile na mão dela a esferográfica e um smile na minha. Disse-lhe: sempre que precisares de miminho tens aqui o smile que te lembra da mamã e do papá que estão a penar em ti, sempre. Funcionou para mim também. Ao longo do dia lembrava-me que ela poderia ver a mão e sentir-se acarinhada. 

Pensei em tatuar o smile na minha mão e tudo, pelo significado que tem para mim e que teve para ela, mas fui aconselhada a não tatuar a mão pela tinta não aguentar "em ordem" muito tempo. 

Este ano, no primeiro fim-de-semana em que foi para o pai levou uma pulseira especial. Tanto ela como eu temos no pulso uma pulseira muito simples - foi ela a escolher no site - com uma borboleta (engraçado o significado, já que falamos de um afastamento natural do crescimento dela e meu). Disse-lhe o mesmo: vais estar muito feliz com o pai e com os avós, sempre que olhares para a pulseira, a mamã estará a pensar em ti e, se calhar, a olhar para a dela. 


Deve haver outros sistemas giros, vocês podem ou já devem ter criado o vosso, mas gosto muito destes dois. Eu tenho, porém, a tendência de tornar físicos os meus sentimentos com piercings e tatuagens e colares e...  Não sei como será convosco.

Sei que a Irene gosta. E que, pelo menos, o momento em que o fazemos é especial. Se depois funciona, não sei. Mas, por exemplo, com os smiles era já ela a pedir que os fizesse de manhã.


Só quero que ela saiba e sinta que a amo mais do que tudo no mundo. A minha missão é que ela tenha uma grande fasquia do que é ser amada para saber o que é bom para ela e o que é mau.

Fotografia: The Love Project 
Pulseira: Portugal Jewels
Smartwatch: Fóssil 


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9.06.2017

Carta à minha filha que foi para a creche pela primeira vez

Querida filha,

Espero que à hora que te escrevo já tenhas parado de chorar. Que tenhas comido qualquer coisa. Que tenhas conseguido dormir um bocadinho e sem soluçar. Que já tenhas presenteado todos os que te rodeiam com esse sorriso contagiante, com essas notas musicais no corpo, com os teus abraços demorados, com o teu despachanço. Tu que deitas alegria por todos os poros, que és meiga e suave e quase não choras. O meu coração mirra cada vez que te deixa, qual furacão a cuspir lava, pronta a ficar vermelha de tanto chorar. Faço um esforço enorme para não chorar ali à tua frente. Choro por dentro filha, tanto, tanto. Choro agora. 

E recordo a última sesta que fizemos juntas. Fiz questão de dormir contigo, de estar ali a ouvir-te respirar. Não quero saber se é parvo, adoro pôr o meu nariz bem perto da tua boca tão bem delineada para sentir o cheiro que de lá sai. É qualquer coisa de maravilhoso. E fui percorrendo todo o teu corpo com o olhar. Os teus dedos dos pés, quentinhos, a tocarem nas minhas pernas. As tuas dobrinhas perto dos joelhos. Tudo tão perfeito. A tua barriga que sobia e descia num ritmo calmo, relaxado. Estavas tranquila. Estavas segura. Sabias que eu estava ali. Dormes sempre mais quando eu estou ao teu lado. Eu protejo-te da ausência, do vazio. Eu sou a tua mãe. Foi a última sesta antes de ires para um sítio diferente, com outros cheiros e outras caras. Foi a última sesta comigo ali, por perto, pronta para te sorrir quando acordasses. Foi a última sesta em que pudeste sentir o meu cheiro, logo tu que, quando te cansas de mamar, gostas de enfiar a cabeça no meu sovaco. Tu não sabias que havia mais mundo lá fora, nem que quando acordasses eu poderia não estar lá. E isso dói-me em todos os músculos, articulações e na alma. Fazer este corte custa. Custa muito. Para as duas.

Sei também que vai deixar de custar tanto. Sei que um dia irás, conformada e entusiasmada, para a tua salinha e dir-me-ás adeus com a tua maozinha sapuda e tentarás dar-me um beijinho. Sei que um dia terás a certeza absoluta que eu volto para te devorar com beijos e colo e mimos. 
Até lá tenho de acreditar que vais ficar bem, que esta fase faz parte e que não deixará mossas em ti, minha filha querida. Que tudo o que vivemos foi tão forte e tão bom que já ninguém conseguirá desfazer. Que a nossa ligação te dará sempre forças quando eu não estou e que a saudade vai passar a ser algo bom. 

Estou aí às 4 horas, filha. Sabes que é a melhor parte do meu dia? Quando tudo volta a fazer sentido? Quando o meu coração acelera, qual apaixonada antes de um encontro? Chora tudo o que quiseres, faz-me queixinhas, pendurada no meu ombro. Até amanhã de manhã sou toda tua. E serei sempre. Mesmo nas horas em que não estou.

Sempre, filha. Sempre.


7.13.2017

Como/quando se diz a um filho que vai mudar de escola?

Hoje não sou eu a dar dicas, mas sim a procurar sugestões. Como/quando se diz a um filho que vai mudar de escola?

A Luísa - 13 meses - vai para a creche em Setembro (farei um post mais pormenorizado sobre isso e como me sinto em relação a isso, em breve) e, como a Isabel - 3 anos - também teve vaga nessa escola, fiquei com aquela sensação agridoce: é bom para nós que vão as duas para a mesma escola, por variadas razões (levar e buscar, integração da Luísa, valor, etc, etc), mas tenho medo que lhe custe muito. Se me custa a mim afastá-la dos amigos e das educadoras de que tanto gosta...
É certo que a Isabel se adaptou lindamente à mudança de Lisboa para Santarém (e se adapta bem à mudança em geral), mas era mais pequenina. Agora vou ter de lhe explicar tudo bem explicado e espero alguma frustração e tristeza da parte dela. 

As minhas dúvidas são: 

Com que antecedência se explica? 
(Começo a explicar depois de virmos de férias? Na semana antes? No dia antes?)
Como se explica? Com entusiasmo, com naturalidade?
Como faço a transição?


OBRIGADA A TODAS. 



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8.25.2016

A Irene vai pela primeira vez à creche na quinta-feira.

Tenho perfeita consciência de que estou numa situação muito mais fácil que a maior parte de vocês. Penso sempre no exemplo da Joana Paixão Brás que foi obrigada a ir trabalhar ainda tinha a Isabelinha 3 meses - que desumano, que falta de direitos incrível! A Joana falará sobre isso, mas acho que ela pairou por essa dificuldade sem se afundar, entrou em modo de sobrevivência, porque "tinha que ser". 

A minha história é muito diferente. Aliás, foi uma das coisas que também me fez sentir confortável em ter "já" a Irene: o pai é freelancer e poderia ficar com ela até ela ter uma idade em que ficássemos ambos mais confortáveis que ela fosse para a creche. Acabei por tirar um ano sem vencimento da rádio e fiquei um ano e meio com ela em casa. O pai ficou, faz esta quarta-feira, praticamente um ano. com ela desde as 9 da manhã até à hora do lanche. 

Ela vai aos dois anos e meio para a creche. Poderia ir mais tarde, mas a verdade é que noto que a Irene vai beneficiar e muito de ter alguém constantemente interessada na sua aprendizagem e desenvolvimento, além de já notar nela uma vontade de socialização e de consciência do outro. Não apenas numa de "olha um bebé, mãe", mas está a aprender regras e limites, a aprender a lidar com as pessoas, com o mundo. 

Estou muito feliz. Sei que os meus problemas são "não problemas" porque, mais uma vez, tenho consciência do quanto tantas vocês têm de largar filhos em berçários e de ir trabalhar a seguir. Para umas é libertador e pacífico, para outras é de uma agressividade extrema, como se lhes estivessem a dar pontapés no coração. Lamento que tenhamos que passar por isto. Lamento que não haja mais empresas que tenham condições para podermos levar as nossas crianças para o trabalho e para podermos continuar a fazer parte do dia delas como quando estamos em casa ou parecido. Lamento, lamento, lamento. 

Prometo que se um dia for dona de alguma coisa ou patroa de alguém que tentarei facilitar tudo no que puder até porque sei que uma mulher e mãe equilibrada é melhor do que alguém desfeito em frente a um computador (ou o que for). 



Sinto-me em paz com a ida para a creche. Estou feliz por ela estar afastada do iPad. Agora, enquanto estiver no trabalho, sei que está a sentir-se incluída num grupo que terá os mesmos gostos e que andará a fazer experiências novas todos os dias com os novos amigos e com a professora. Creio que a culpa de ter que a passear sempre que chegava a casa do trabalho vai acabar. Ela vai ter dias variados e repletos de novidades. É isto que quero para ela. Menos um peso para mim, mais felicidade para ela. 

O pai diz que ela não vai chorar quando formos embora. Eu acho que é provável que sim mas que, mesmo que chore, sabe que voltamos. É a sorte dela já ir "crescida" e a falar. Já lhe expliquei que a vamos deixar na escola e que depois "vamos trabalhar" e que depois da sesta a iríamos buscar. Ela parece entusiasmada. Também já lhe expliquei que será outra pessoa a mudar-lhe a fralda, que irá um dia experimentar a sanita como os amigos, que vai comer sozinha... Ela parece-me feliz com a ideia!

Que privilégio poder explicar-lhe que eu depois volto. Lembro-me do meu regresso ao trabalho ao final do tal ano e meio em que me ia embora e ela chorava muito. Porém, parava minutos depois, envia-me o Frederico numa mensagem. Choram porque não querem que nos ausentemos, mas não porque não querem ficar no sítio onde estão.

Sonho com o dia em que a Irene chore porque não quer sair da escola. É isso que pretendo. É esse o meu objectivo. 

Uma curiosidade engraçada? Uma leitora do blogue tem-me ajudado muito a tirar monstros da cabeça. Quando fui à reunião com a educadora, ela estava a ir buscar a filha e reconheceu-me. Já tenho uma bff na creche que muito irei estimar e que, além disso, tem uma filha muuuito querida e que irá fazer as delícias da Irene. 

A Irene já me pode contar tudo o que fizer na creche. Acho que isso também contribui para que eu ande a conseguir dormir, apesar de já ter tido um pesadelo ou outro em que obviamente é o meu cérebro a processar esta "separação". 

Para vocês, mães, que estão tão assustadas que nem conseguem ver uma maneira das coisas correrem bem... Não consigo dizer-vos nada que vos ajude. Só que imensas já passaram por isso e ainda cá estão e que estão bem agora. Adorava poder abraçar-vos uma a uma porque... as mães também precisam de colo...

Força!

5.04.2016

Quando nos ligam da creche...

Quem tem filhos na creche ou na escola já deve ter passado por isto.

Há aqueles segundos entre ver escrito "creche" no visor (ou o nome que lhe tiverem atribuído) e o ato de atender em que o coração não sai disparado da boca por pouco. 
Depois os 6 segundos em que se demora a receber a notícia parecem dois minutos. Normalmente há um "está tudo bem, mãe, não se preocupe, mas..." O "mas" mata-nos um bocadinho. 

Desta vez (assim como das outras, felizmente) não foi nada de grave. Mas há o "mas" e nós nunca sabemos. O coração acelera sempre, sempre. 

Conjuntivite. Ufa. Menos mal.

Também sofrem com as chamadas da escola ou sou demasiado piegas (hipótese mais que provável! Hehe) ?

4.22.2016

Como se adaptou à nova creche?

Foi tudo muito mais fácil e rápido do que eu previa. Do conjunto das mudanças por que passou nos últimos meses, era esta a que mais me assustava. 

Falei-vos de como a Isabel adorava a escolinha dela (esteve lá praticamente 3/4 da sua vida) e de como estava a ser complicado para mim segurar as lágrimas nas despedidas. Sabia também que a passagem para a nova escola deveria ser - em se podendo - gradual, para não ser tão drástica, confusa e dolorosa.

No primeiro dia, foi duas horas, de manhã, e correu tudo bem.
No segundo dia, começou a choramingar assim que saímos de casa, quando lhe disse que ia para a nova escolinha. Chegou lá e não queria ir para a sala de maneira nenhuma, alapando-se a mim. Partiu-me o coração. Mas respirei fundo, disse-lhe que a mãe já viria buscá-la e fui buscá-la depois do almoço, antes da sesta. Pedi que me ligassem a contar como estava a correr e, para meu alívio, parou de chorar nem 5 minutos depois. Voltou a chorar quando viu os meninos a descalçarem-se para a sesta e lhe disseram que ela não precisava (hehe). Cheguei eu e veio a correr, eufórica, para mim.
No terceiro dia, fomos levá-la - pai e mãe - e o David ficou angustiado quando ela ficou a chorar, na sala. Tentei acalmá-lo, dizendo-lhe que ia passar em poucos minutos. Assim foi. De vez em quando, lembrava-se e perguntava por mim, mas tudo controlado. Almoçou, dormiu a sesta e lanchou. Fui buscá-la às 16 horas.
No quarto dia, não chorou e foi toda contente para o pé dos amigos. Já sabia alguns nomes de cor e contou-me tudo o que fez e o que comeu.

E assim foi: a adaptação foi mais rápida e menos dolorosa do que eu esperava. Sinto que adora lá estar, que vem de lá feliz (há dias em que não quer vir embora e gosta muito de me mostrar os cantos à casa), que aprende imensas coisas, que está vivaça, comunicativa, engraçada. Já percebi que adora o Afonso (e cheira-me a paixão, porque também lhe dá com os pés - literalmente, ouvi dizer...) - no outro dia até me veio tentar contar a história da cadeira (teve de ser afastada da cadeira perto dele, depois de um "carinho" daqueles, mas depois pediu desculpa). Tudo normal, portanto. E tudo a correr muito bem nestes quase dois meses. Além disso, tenho a sorte de - tirando praticamente só os dias em que vou a Lisboa trabalhar - a poder deixar mais tarde e de a ir buscar cedo e isso, para mim, está a ser qualidade de vida. Para ela, para mim, para todos.

Conclusão: se vão passar por um caso semelhante de mudança, não sofram por antecipação. Tudo se resolve e, muitas das vezes, com menos complicação do que andámos a imaginar.


3.01.2016

Guardo as lágrimas para mais tarde.

Foi a despedida da creche. Fiz de tudo para que não fosse uma choradeira. Levei uns queques para as crianças e um bolo para as educadoras. Prometi-lhes que as visitava, com a Isabel, e quero cumprir.

Já chorei bastante a escrever isto e a ler os comentários das mães das coleguinhas Laura e Ana. Agora só gratidão. Guardo as lágrimas para mais tarde.

Ficam os últimos momentos na creche.














Obrigada, Margarida, Lola, Ana, Ana Cristina e Fátima por terem sido umas "mães" para a Isabel e a toda a família Curiosaidade. Um beijo enorme para todas.

2.24.2016

Última semana na creche de sempre

Ui. Como vos explicar o quão pequenino o meu coração está?

Imaginem terem de deixar a vossa filha, tão bebé, com desconhecidos. Imaginem que a vossa filha conheceu estas pessoas com 5 meses e meio (aqui). Imaginem que, no meio de tantas inseguranças (normais de mãe) com leitinho, depois sopas, colo, sestas, amor, atenção, doenças, tudo corre bem. Que a vossa filha se habituou de uma forma fácil ao ambiente e às pessoas (aqui). Que tem uma amiguinha, a Laura, com umas bochechas maravilhosas e um sorriso lindo, que está com ela desde o início.


Nem precisa de legenda. Foi a 1 de setembro de 2014.

Imaginem que aquele bocado de coração que vos foi roubado no início, voltou a crescer e que se apercebem que a vossa filha gosta de lá estar, que é feliz, que foi bem tratada, estimulada, acarinhada. Que lhe deram muito colinho. E regras. E que por lá come sempre sopa (coisa que em casa é quando o rei faz anos...). Que sabe de cor o nome de todas as educadoras e auxiliares (chateia-me chamar-lhes auxiliares, por mim ficam todas educadoras!). Que não gosta muito quando a vamos buscar mais cedo. Que corre para a aula de música às terças feiras (mesmo que vá sempre atrasada, pais desnaturados!) e que em casa pede para lhe pôr as músicas da Vera (professora de música), que já sabe trautear. Que já consegue fazer um resumo do que fez no dia, que me conta se fez cocó ou xixi na sanita, toda orgulhosa.
Imaginem agora que este ano e meio foi bem melhor do que esperaram no início. Que tudo se fez, que a bebé se tornou numa criança traquinas (e que faz moche aos colegas...) mas também carinhosa, que dá beijinhos à Ana e à Guida e que adora a Lola e a Ana e a Fátima e "todaaaas", como ela diz. Sinto-a feliz ali. E vai acabar.

"Obrigada por me terem ajudado a crescer" é a frase que mais se vê por aí escrita nas lembranças que se oferece às educadoras.

Eu agradeço por terem ajudado a Isabel a crescer. Mas também por terem ajudado esta mãe e este pai a sentirem-se um bocadinho menos culpados, quando se atrasam a ir buscá-la, por saberem que ela está bem entregue. Por estarem lá, quando nós não estamos. Por terem sido a segunda casa dela, numa fase tão importante no seu desenvolvimento. Por terem passado mais horas com ela do que nós e por terem dado tanto de vós. Reconheço que o vosso trabalho é muito, mas muito cansativo e de uma enorme paciência e responsabilidade, mas tenho a certeza de que também compensador. Que se lembrem sempre do sorriso da Isabel, das caretas e disparates. Ela não se vai lembrar de vocês daqui a uns anos, mas eu farei questão de lhe contar que foi muito feliz aí.

Obrigada.


9.11.2015

Ia acontecer...




Ia acontecer, mais tarde ou mais cedo. Faz parte. Mas o instinto animal começa a rugir. "Quem foi?" Como se a resposta importasse. Como se fosse tirar satisfações com a mãe do miúdo ou com o miúdo "fazes isso outra vez à minha filha e... e..." e nada, como é óbvio. 

Qualquer dia - se é que não o fez já na creche - será ela, chateada e frustrada por lhe estarem a tentar tirar o boneco das mãos. Foi o que aconteceu e o outro bebé mostrou-lhe a sua garra. Os dentes, neste caso. Faz parte, repito vezes sem conta para me convencer disso. Mas custa. Custa não poder protegê-los. Custa não os ter debaixo da nossa asa.

Será que um dia vamos conseguir encarar todas estas coisas sem dramas e achar natural? Ou vamos ter sempre este fogo que passa no peito e faz acelerar o coração durante uns segundos?

8.03.2015

Mães que estão prestes a deixar os filhos na creche (#02)

Mães, acalmem esses corações. Não chorem. Não muito.

Isto foi o que escrevi, e o que senti, no primeiro dia de creche da Isabel.

Agora, um ano depois, estamos finalmente de férias. Voltei a tê-la só para mim, com todo o tempo do mundo. É bom. Não é bom, é óptimo. Mas vamos a balanços: foi bom a Isabel ter ido para a creche. Não queria que tivesse ido tão cedo, é verdade, mas não tive alternativa. Acabou por correr tudo muito bem. Nem sempre, mas quase sempre.

Fato que usou no Carnaval na creche

No dia do pijama

A primeira mochila

Teve a fase de ficar a choramingar quando a deixava.
Também a cheguei a apanhar a chorar quando a fui buscar. 
Teve a fase de beber o meu leite lá e de nem sempre querer beber.
Teve a fase de trocar doenças com os colegas.
Teve a fase de não dormir nada bem nem deixar os outros dormirem.
Teve a fase de fazer moche aos colegas e de, muito provavelmente, também levar com eles.

Mas sei que o balanço é positivo. 

Agora apanho-a sempre feliz e a brincar. Às vezes nem quer vir logo ao meu colo, mas continuar nas brincadeiras, a mostrar-me como está feliz.
Agora dorme bem a sesta grande. Nem sempre dorme toda, mas lá se habituou à rotina.
Agora tem comido muito bem lá (é o que a safa, porque em casa é o que se sabe).
Agora dá beijos aos amiguinhos e já a vi dar um grande beijinho na boca à Laura, que entrou na mesma altura que ela, há um ano.
Agora, sei que ela está bem, integrada, crescida. 
Sei que teve atenção, colo, mimo, amor.


Mães que estão prestes a deixar os filhos na creche, eles ficam bem. Eles vão ficar bem. Confiem. 
O balanço vai ser positivo. No final do dia, eles vão voltar para o vosso colo e vão perceber que eles estão felizes.

6.30.2015

Primeiro dia de creche.



"Lá fomos deixar-te, Isabel. Ficaste a chorar e eu a chorar fiquei. Por mais que me digam que vai correr tudo bem, o meu coração está apertadinho, espremido, falta-lhe um pedaço. Quando te for buscar, juro, juro que vou transbordar de amor, agarrar-te como se não houvesse mais nada neste mundo. A verdade é que não há. Não há nada mais puro, mais verdadeiro, do que o meu amor por ti."


Foi este o texto que escrevi no primeiro dia de creche. Ficou lá apenas duas horas, para se ir ambientando. Foi há quase um ano. Naquela semana, o meu coração ficou com um nó. Depois, o nó desfez-se. A primeira vez que estendeu os braços à Margarida, a educadora, senti que estava a fazer tudo certo. Já havia ali um vínculo. Ao longo deste ano, já ficou lá a rir, sem olhar para trás, já choramingou, já me estendeu os braços, já foi a correr para as educadoras. Quando a vou buscar, vejo-a feliz. Por isso, recém-mamãs, que estão prestes a deixar os vossos filhos na creche, eles ficam bem. Confiem. E lembrem-se, o nó vai desatar-se. Vão ficar mais leves. E no final da tarde, os vossos filhos vão estender os braços para vocês e vão sentir-se únicas.  

5.08.2015

Ontem fartei-me de chorar

Ela chorou. Eu chorei. Ou eu chorei e ela chorou.

Ontem era a vez do David ir buscar a Isabel à creche. Eram 18h e veio a correr dizer-me que não ia conseguir despachar-se a tempo. Eu, que ontem tinha de trabalhar à tarde e à noite, também não podia.
Mas alguém tinha de conseguir. Disse-lhe que ele tinha de ir. Esperámos até às 18h30 para ver se ele se despacharia ou se tinha de ser eu a deixar um trabalho a meio e deixar pessoas à minha espera. Assim foi. Cheia de nervos no meu corpo, remorsos e sentimentos de culpa, lá fui eu enfrentar o trânsito. Já sabia que só chegaria depois das 19h. Nunca tal tinha acontecido. Estávamos a bater todos os recordes. Os minutos a passarem e os nervos a apoderarem-se de mim. As lágrimas, sem pedirem autorização, já caíam cara abaixo. A nossa filha tem de ser a nossa prioridade. Sempre. Não temos mais ninguém que a possa ir buscar, que possa colmatar a nossa ausência.
Somos só os dois. Dois dois, algum tem de ceder, tem de dizer "não", tem de interromper o trabalho, tem de ser menos profissional e ser mais pai. E mais mãe.
Quando lá cheguei, estava ao colo da Lola, olhos inchados e rosados, nariz vermelho. Virou a cara e desatou a chorar. Os soluços. As queixas. Toda a razão do mundo. O meu pedido de desculpa e as minhas lágrimas. Sim, chorei na creche.
A culpa foi mais forte.
"Batemos todos os recordes hoje." "Não, não aconteceu nada. Está tudo bem. Era a vez do David, mas ele não conseguiu vir." "Não chore, mãe", ouvi.
Não consegui. Vê-la assim, triste, cansada, à hora a que costuma estar já no conforto de casa, com aqueles que lhe são mais queridos... mexeu muito comigo. 

Foi o caminho todo até ao trabalho a soluçar e a fazer queixas. E eu a pedir desculpa e a fazer a voz mais doce possível.

Nem quis ir ao colo do pai, estava zangada, com fome, desnorteada.

Hoje, acordou a rir-se. Deu-nos abraços. Brincou connosco. Fez caretas. 
O meu coração voltou a crescer, a amolecer. Respirei fundo. Eles perdoam-nos tudo. Esquecem tudo. Nós é que não. E disto não me quero esquecer tão cedo. Para que não volte a acontecer.