Não estava à espera disto, mas talvez o tempo "a mais" nos ajude também a irmos aos assuntos que temos mais enterradinhos (literalmente, neste caso, ahah) ou à espera de um pouco de silêncio para virem à superfície (esperemos que não literalmente neste caso, credo).
No meio desta quarentena (como se soubéssemos onde está o meio, não é?), a Irene encontrou um anjinho da guarda que uma amiga da família nos deu. Não sei bem como descrever, mas é um anjinho da guarda, gravado talvez em prata, com o nome dela escrito atrás e a data de nascimento.
Também recebi um quando era pequenina e lembro-me de falar muitas vezes com a minha avó Irene e de me ter aquecido o coração saber que ainda podia chegar até ela. A Irene, sem que lhe dissesse isso, perguntou se era um anjinho da guarda que daria para falar com as avós que já morreram.
Disse-lhe que sim. Que podia falar com o anjinho e que o anjinho lhes transmitiria as mensagens, ainda que, mesmo sem anjinho, tinha a certeza que as bisavós estariam sempre a pensar nela e a fazer todos os possíveis para que tudo de bem lhe acontecesse.
Apanhei algumas conversas com o anjinho que me comoveram bastante. Nomeadamente com a avó Irene: "Temos o mesmo nome, aposto que iríamos ser muito amigas, avó. A mãe disse que pintavas muito e eu também gosto de pintar".
Depois, claro que aproveitou para pedir alguns desejos, nomeadamente "Gostava que a mãe deixasse de fumar já" e "Quero que todos os doces do Mundo só façam bem".
No entanto, sinto que vivemos aqui um momento importante, em que estabelecemos uma espécie de ligação a quem não teve o prazer de conhecer a Irene e que talvez tenhamos deixado mais claro que isto é um ciclo e que, apesar das pessoas irem e virem, o amor fica.
Têm surgido conversas das quais não estavam à espera ou fomos só nós a "fritar" por aqui? ;)
Curiosidade de quem não tem filhos e não é fumador, o que leva a Irene a querer que a mãe deixe de fumar? O cheiro? Imagino que ainda não tenha noção dos malefícios
ResponderEliminarOlá! Lembro me de ser pequena e odiar que os meus pais fumassem, por saber que lhes fazia mal. Os pais que fumam geralmente repetem aos filhos que aquilo é mau para a saúde, e os filhos não querem ver os pais fazer alguma coisa que não é boa para eles. Por isso, para além do cheiro, acredito que embora à medida dela, a Irene tenha consciência que o tabaco faz mal.
EliminarSim por aqui também houve dessas conversas quando acabamos de ver o musical do principezinho, a minha filha com 4 anos perguntou quando as bisas, a avó e o gato voltavam cá abaixo porque já estavam a muito tempo no céu e já tinha muitas saudades.
ResponderEliminarComo é óbvio ela começou a chorar e eu agarrei me a ela a chorar também os sentimentos andam muito a flor da pele nesta altura de pandemia