1.19.2017

Senti-me tão mãe.

Se dantes era horrível para mim adormecer a Irene, desde que conheci a Constança, adormecê-la deixou de me enervar e passou a ser um momento até produtivo com muito contacto visual, muito miminho e, depois, de meditação. Dantes irritava-me ficar tanto tempo no quarto dela, agora acabo por ficar mais um pouco a ouvi-la respirar (a maior parte das vezes adormeço) e aproveito para processar coisas que se passaram no meu dia, coisas que tenha que fazer ou, às vezes, só a apreciar o facto de estar ali ao meu lado uma pessoa que está cá graças a mim. Muitas das coisas que mais me têm deixado feliz ultimamente, surgiram nesses minutos "extra" em que fico por lá. 

Ajudam-me a sentir-me cada vez mais confortável neste papel de mãe. Fazer este balanço silencioso de como estará a correr, como posso melhorar, o que sinto sem estar a fazer outra coisa ao mesmo tempo, tem sido muito proveitoso para mim. E que melhor banda sonora que o nosso filho enquanto ele dorme? 

Quem haveria de dizer que eu escreveria isto? Pus a Irene a dormir no quarto dela no segundo dia de vida ou terceiro porque o respirar dela não me deixava dormir. 

Hoje, quando acordou às 4h da manhã, lá fiquei com ela. Voltou a ter um pesadelo em que gemia baixinho e a respiração ficava acelerada. Fiz-lhe cafuné (como de vez em quando faço para que ela relaxe) e não resultou. Então, decidi abraçá-la e dizer que estava tudo bem. A Irene ouviu-me, a sua mãe, e relaxou. Passou. Respiração desacelerou e ficou mais pesada outra vez. 

Que coisa mais simples, mas que me fez sentir tão completa. Saber que o meu abraço e a minha voz a acalmam mesmo quando está a dormir. Não há nada mais puro que isto. 


Agora, como temos a escola ao pé de casa e do meu trabalho, conseguimos ainda ir uma hora ao jardim antes de anoitecer. Que privilégio. 

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Outros textos relacionados.


Sobre odiar adormecer a Irene: 

Querem stressar para os pôr a dormir? 

Como não nos passarmos da cabeça quando os queremos adormecer. 

Às vezes não tenho força ou paciência. 

A vida de um bicho de uma caseira muito caseira.

Sobre mudar a Irene para o quarto dela: 

Vai para o quarto dela. 

Entrevista sobre co-sleeping ao Observador.

Sobre achar que não era capaz de ser mãe: 

Não sejas estúpida, Joana. 



Coisinhas que podem ter achado giras:
Casaco - Boboli

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5 comentários:

  1. Que lindas palavras amiga...
    Adoro adormecer a minha pipoca, apesar dela ainda dormir connosco, adoro... e o pai sai muito cedo para trabalhar, então depois, muitas vezes fico ali deitada a observa-la no seu sono descansado e acabo por me adormecer tb ao lado do respirar dela... é tao bom...
    Beijinhos

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  2. Joanas! Fui ver a vossa entrevista ao Observador e fiquei siderada com o que li. O artigo é extremamente tendencioso, omitindo informação importante e entrevistando apenas profissionais que claramente têm uma opinião bem formada, todos no mesmo sentido. Chega até a ser desfaçatez! Considero-o um artigo perigoso e perpetuador dos mitos e "formataçoes" que este blog pretende combater! Eu sei que só foram entrevistadas para o artigo, mas podem pelo menos tomar alguma posição em relação a ele? Ou pôr um comentário no link? Qualquer coisa! Eu não seguia o blog nessa altura e, assim como está, passa uma ideia completamente deturpada do que é o co-sleeping, e na versão mais maldosa que eu conheço! (Comodismo, problemas psicológicos dos pais, consequências psicológicas nas crianças!...)

    Não precisam de publicar o meu comentário, mas, por favor, façam alguma coisa!!

    Inês

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  3. "Quem haveria de dizer que eu escreveria isto? Pus a Irene a dormir no quarto dela no segundo dia de vida ou terceiro porque o respirar dela não me deixava dormir."

    Lê-se um sentimento de culpa em cada uma destas palavras. Eu só acho que é uma culpa injustificada... let it go. eu sei que é tão mais fácil dizer do que fazer (ó se sei!), mas livra-te disso. :)

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  4. Parabéns por este texto! O sono das crianças é normalmente um assunto tabu e são muitas as pessoas que criticam os métodos dos outros. Obrigada por seres sincera.

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  5. Olá Joana, bom dia!

    Tal como a Joana, também eu pus a minha primeira filha no quartinho dela logo no segundo dia de vida. Foi o que funcionou melhor para nós na altura e não me arrependo minimamente porque sei que nessa altura qualquer outra coisa não teria funcionado porque a minha mente estava formatada para aquilo e não havia volta a dar. Hoje, exactamente 3 anos depois, tenho uma segunda filha com 1 mês e, pasme-se!, dorme na nossa cama desde o primeiro dia. Aliás, nas primeiras 3 semana dormiu mesmo foi em cima do meu peito numa cadeira reclinável extremamente confortável que comprei. Bla bla bla, risco de morte súbita e não sei quê, caguei para isso tudo (desculpem a expressão). Eu e ela dormimos super bem desde o primeiro dia, dou de mamar durante a noite sem quase nenhuma de nós acordar e esta minha filha praticamente não chora (excepto ali entre as 20h e as 22h...que deve ser o descarregar do "stress" causado pelos estímulos diurnos..no fundo dá-lhe ali um amok esquisito mas depois passa!). Passa o dia juntinha a mim num pano (tipo baby wrap) e acho que nunca tive a casa tão organizada e limpa ahahah como isto me deixa as mãos livres e ela anda sempre tão calminha e feliz, tenho tempo e vontade que a casa esteja limpa e organizada, reflexo de como eu me sinto. Sinto-me mesmo feliz como não me senti na primeira filha (durante os primeiros meses) e foram dois os "textos" que me fizeram mudar de ideias:
    1 - Os dois livros da Constança Cordeiro Ferreira
    2 - Este texto - http://www.askdrsears.com/topics/health-concerns/sleep-problems/co-sleeping-yes-no-sometimes?doing_wp_cron=1485156941.4238550662994384765625

    Concordo 100% com a máxima de "a mãe é que sabe" e o que funciona para uns não funciona para outros e olha "Whatever works" desde que a mãe e o bebé se sintam bem e tudo seja feita com a devida responsabilidade e cuidados necessários (a minha cadeira reclinável tem apoios em todos os lados..O bebé só caía se o mundo virasse ao contrário e a minha cama é de 180 x 200 cm ...Há espaço para toda a gente dormir à larga e em segurança!).

    O tempo voa, e vejo isso pela minha primeira filha que ainda ontem nasceu e hj com 3 anos está tão crescida que não acredito como é que o tempo passou tão rápido. Com esta segunda filha, vou aproveitá-lá ao máximo, sem medos nem receios de viciá-la em colo e em mimo...é o que funciona para mim! :D

    Desculpem lá o testamento :)

    Beijinhos!

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