8.01.2016

Acho que a minha avó Irene falou comigo.

Sempre que falo deste tipo de coisas ao pé dos meus amigos, eles dizem que não estavam nada à espera que eu acreditasse nisto. Nem eu estava à espera. Creio nunca ter precisado de acreditar que havia vida depois da morte, nem que os nossos entes queridos estão a tomar conta de nós ou algo do género. Sei que me custou quando a minha avó Irene morreu porque tinha criado uma imagem muito bonita dela de ser o adulto que mais criança era. A que tinha paciência para brincar comigo e não me "punha a brincar". Tenho imensas memórias dela, de quando era bem pequenina (creio que ela morreu tinha eu menos de 6 anos) e não foi de ninguém me contar. Lembro-me perfeitamente de um livro "mágico" que tínhamos e que escolhíamos daí o que fazer. Uma das coisas eram umas bonecas em papel que dava para desenhar roupas e ir trocando. Lembram-se? Também fizemos biscoitos... Ela deixava-me ir para os baloiços enquanto me ia dando a sopa. Punha um banquinho do lado de fora da janela e, de vez em quando, lá ia eu para mais uma colher enquanto ela ia fazendo as coisas dela na cozinha. Lembro-me também de estar deitada num dos quartos lá da casa da Reboleira, deitada ao lado dela, os carros passarem lá fora e das luzes que ficavam desenhadas no tecto, os quadradinhos que andavam de um lado para o outro. A avó Irene dizia que era cinema. 

Ela era pintora, pintou um quadro que me acompanhou sempre no meu quarto. 

Lembro-me que, depois, quando passava os fins-de-semana em casa do meu pai, que me custava ir para o quarto dela e dormir na cama dela. Não sei se "parvoíces" por ser a cama de alguém que tinha falecido (sou muito sensível a este tipo de coisas, não me dou bem com esse tipo de "energias", nem consigo sentir-me feliz ao pé de imagens religiosas tristes), se por outro motivo qualquer... 

Ensinou-me a pintar com canetas de feltro, de maneira a que não se notassem os risquinhos. Só tenho lembranças maravilhosas dela, da minha avó Barene. 

Sempre falei no meu pensamento com ela quando estava mais aflita - antes de testes ou de receber notas de testes. Ela deu-me um "anjo da guarda" e sempre pensei que se tivesse alguém a olhar-me lá de cima, que seria ela - se é que isso seria verdade, não custava tentar. Afinal precisava de alguém "do outro lado", mas era só por causa dos testes, não conta ;)

Passei a a ver, desde que conheço o Frederico, um programa no TLC que é o Long Medium Island e ela tornou isto das vidas do outro lado muito mais uma realidade para mim. Agora sei que ao sonhar com a minha avó Irene que é verdade e que foi ela a querer falar comigo. 

Aconteceu. 

Na semana passada, sonhei que tentava comunicar com ela e pedia-lhe que ela me desse sinais da sua presença e deu. Arrepiei-me (sinal normalmente atribuído no tal programa a quando as almas "passam por nós") e pedi para que me voltasse a arrepiar (estava um calor enorme) se fosse ela. Arrepiei-me. 

Dei o nome dela à minha filha. Sempre disse que se tivesse uma filha, que se chamaria Irene, desde que ela morreu. A intenção inicial foi para homenagear a minha avó Irene, depois, com o tempo, passei a gostar muito do nome. Hoje lembro-me que sim, foi uma homenagem. Uma homenagem àquela avó que, em 6 anos, foi criança comigo e que tantas saudades me deixa. 

Cuida de nós, avó. 

Acima de tudo, cuida dela. 

Quero ser uma Irene para a minha Irene.

8 comentários:

  1. Lindo Joana :) Grande beijinho* Ana

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  2. Lindo. ... muito lindo.... fiquei com a lágrima no olho.... também quero ser uma Irene para a minha Rita 😊

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  3. Isso do Long Island Medium no programa parece muito "fantástico", mas basta uma rápida pesquisa no google para perceber que é tudo falso e quais os truques que ela usa durante as "leituras".

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  4. Que lindo! Eu acredito que os nossos entes queridos andam "lá" a olhar por nós e também gosto de ver o programa da Long Island Médium.

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  5. Isso é fachada ao mais alto nível. balelas. morremos e acabou. N sei como ha quem perca tempo com programas desses...

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  6. Francisca8:18 da tarde

    Ai Joana! Estou aqui com umas lágrimas marotas a quererem sair. Tenho a minha querida avó ainda comigo, a pessoa que me ensinou a ler e deu-me valores. Infelizmente perdi o meu querido avô há 3 anos. Estou grávida e se for um menino vai ter o nome dele (Duarte). Beijinho*

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  7. Ola Joana. Nunca comentei mas sigo vos desde o inicio. Identifico me muito mais com a escrita e com os textos da outra Joana. E desculpa mas as vezes acho os teus textos a fugir para a parvoice e nao gosto desse registo. Mas este teu texto de hoje é lindo. Nao interessa se a avo Irene realmente estava presente ou nao, se estava a comunicar contigo ou nao, mas se realmente estava deve estar muito feliz. Grande homenagem, grande prova de amor..... beijinhos
    Ana

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  8. Eu também tive uma avó Irene... Mesmo. Era parecida com a sua, será do nome?! Ela brincou comigo durante 15 anos, ajudou os meus pais a criarem me... E hoje é o meu anjo da guarda e principalmente dos meus filhos. Tenho dois rapazes,mas sempre disse que se tivesse uma menina se chamaria Irene da Luz. Era o nome dela. Quem sabe no terceiro....

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