Sabemos a teoria: mais do que dizer como se faz, é fazer para que vejam. Mais do que ensinar-lhes que têm de dizer olá, agradecer, serem gentis com os outros, é preciso que nos vejam a fazê-lo. Que nos vejam a sê-lo. Mais do que dizer que são corajosas e fortes, ou que não faz mal chorar, ou que nos podem contar sempre tudo, é preciso que nos vejam ser corajosas, ou até a chorar, ou contar-lhes coisas sobre o nosso dia ou sobre nós para que percebam que há espaço para partilha, que não é unilateral. E que também nos vejam pedir desculpa, a reconhecer que erramos.
Mas será que o que dizemos sobre nós próprias à frente delas, não define também em parte as coisas que vão pensar e dizer sobre elas? Tenho uma grande amiga (olá Millia!) que há muito me diz que as expressões que dizemos sobre nós - “ai que parva!” “sou mesmo trapalhona”-, os rótulos que nos colocamos, mesmo que com sarcasmo ou no gozo, definem muito do que sentimos sobre nós, limitam-nos, e isso condiciona-nos muito. “Se não dirias isso à tua melhor amiga, não o digas de ti própria”. Sou muito castradora em relação a mim. Dantes achava que não era mau ser tão crítica e exigente, que era melhor ser a primeira pessoa a baixar as expectativas sobre mim para não defraudar ninguém e que até tinha graça. Talvez fosse apenas insegurança, mas eu até o via como um exercício pragmático de humildade. Só que o que achamos sobre nós, a prateleira onde nos arrumamos, pode definir muito aquilo que conseguimos atingir.
O 50 cent (sim, estou a citar o 50 cent eheh) disse uma coisa muito gira: “a tua opinião sobre ti próprio torna-se a tua realidade. Se tens todas essas dúvidas, então ninguém vai acreditar em ti e vai correr tudo mal. Se pensares o contrário, o contrário vai acontecer. É simples.” Se formos mais optimistas, mais positivos e mais gentis, coisas boas virão. Dantes acharia este discurso boring e demasiado concurso de beleza, agora acho-o essencial até (chamem-me velha). Por isso, mudar o mindset só pode ser bom. Sermos boas para nós próprias, sem estar sempre a acrescentar camadas de culpa, camadas de julgamentos, sem estarmos a reforçar sempre o que temos de “errado”, é libertador. Ainda estou a aprender a fazer isto, não é de um dia para o outro. A linguagem e o pensamento treinam-se. E conseguem mudar o (nosso) mundo.
Fotografia: Joana Sepulveda Bandeira do The Love Project |
E é isto, por hoje. Espero que tenham gostado e assim me despeço, com cordialidade (haha),
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100% nós criamos a realidade em que vivemos ! Tudo à nossa volta é reflexo do nosso interior . Tdo o que vemos nos outros que nos incomoda vem para ver-mos que tenos essas característica e poder-mos melhorar . Espero não ter sido confusa ahha ��
ResponderEliminarQue reflexão oportuna Joana! Muito bem 😀
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