10.07.2019

Fui promovida.

Se soubessem...

A Irene, quando era pequenina, parecia chorar sempre mais ao meu colo do que ao colo dos outros - ainda que nunca tivesse gostado muito do colo de ninguém. Em cima de mim, chorava. Mas, ao colo do pai, calava-se. 

Claro que há milhares de razões para isso, mas eu cá escolhi as minhas: além de ser eu quem a amamentava e de "cheirar a leite" - aqui é que se aplica o "cheiras a leitinhoooo, cheiras a leitinho", ahaha - também era eu quem estava mais esgotada e ansiosa. Essas coisas sentem-se. Eles apanham o nosso cheiro a stress, a velocidade da nossa pulsação, além de não conseguirmos controlar a o tipo de movimentos que fazemos. Achamos que estamos a fazer tudo fingidamente calmamente mas, se fossemos filmadas por fora, notar-se-ia o desespero ou até a velocidade a tentar embalar a criança. De certeza que o pitch do "frère jacques" muda. 

Bom, no meio disto, tirando a mama, como disse, raramente tive a Irene ao colo ou se deitava na minha barriga, por exemplo. Até tenho uma fotografia da primeira vez que isso aconteceu para aí aos 6 meses mas também foi coisa rara. Ainda hoje, as únicas alturas em que consigo tê-la perto de mim é quando - excepcionalmente - vemos televisão juntas, quando a vou adormecer (pede a minha mão para fazer conchinha com ela) ou, então, quando está com muito sono e a convido para vir para ao pé de mim. 

Embora nada disto tenha mudado grandemente dado que não salta para o meu colo quando a vou buscar à escola; eu é que, com tempo, paciência, mudança de vida e terapia é que tenho vindo a saber apreciar melhor as vezes em que esses toques se dão e, por isso, já não me parecem tão poucos.. 

No outro dia fui promovida. 



A Irene começou a chamar-me mamã. 

Sempre fui a mãaaae ou a mamiiiinhaaa ou algo do género. Mas, de repente (não foi de repente, foi a resposta dela a todas as mudanças na nossa vida e o quanto isso nos tem deixado cada vez mais felizes - história que para mim faz sentido), fui promovida a mamã. 

Sou a mamã, agora. E este mamã não é usado só quando precisa de alguma coisa. É mesmo "mamã, o que achas disto?". Passou a ser o meu nome e estou em êxtase. Que carinho gigante. Que coisa fabulosa. A nossa relação tem evoluído imenso e isto foi apenas mais um dos sinais. 

Ontem fazia-me festinhas quando eu fingia que estava a dormir enquanto a estava a adormecer. Disse-me no outro dia que sou "a mais importante" e noto que confia no que lhe digo, que sou a sua melhor amiga. 

O pai também foi promovido a papá. 

E isso deixa-me tão feliz. Mostra que ela está mais à vontade connosco, menos nervosa, menos ansiosa, com mais espaço para ser criança e com menos pressão para se mostrar crescida ou para estar do lado dos adultos. Quanto mais confortável está em ser criança, mais surgirá o carinho - penso eu. 

Tem sido uma viagem grande. Desde deixar de trabalhar 8 horas por dia para outros e ficar louca de stress com coisas que nem me tocavam, a não ter uma relação que me pesava o coração e o corpo e não se revelava uma fonte de felicidade mas antes de mais pressão. A ter mais tempo para mim própria e não olhar para a Irene - com culpa à mistura - como consumidora do meu tempo pessoal. A estar mais com as pessoas de quem gosto e, por isso, lembrar-me de mais partes de mim e poder dar mais de mim à minha filha... 

Têm sido 5 anos e sempre a melhorar. 

O meu coração não poderia estar melhor. O coração desta mamã. 





  • Bom, esta semana voltamos a gravar vídeos e podcasts, não se apoquentem. Com a Joana fora, perdemos aqui um pouco das rotinas, mas vamos voltar em força esta semana e muito em breve - talvez ainda esta semana - vos apresentemos um dos vários projectos que vão sair este ano. Podemos dizer que vos vai ajudar a ser ainda mais felizes aí em casa. ;)
  • Podem seguir-nos no youtube para serem avisados sempre que sair um novo vídeo e também nas plataformas habituais de podcast: Spotify, Apple Podcasts, iTunes, SoundCloud e AnchorFM. O podcast chama-se "a Mãe é que sabe", mas prometemos falar de tudo menos de maternidade - só para desenjoar um bocadinho, o que acham?
  • Para além disso, que tal ajudarmos outras mães no início desta aventura? Juntem-se a nós no próximo "a Mãe é que sabe ajudar" enquanto parceiras. Enviem-nos um e-mail para amaeequesabeblog@gmail.com a mostrar a vossa vontade e dizemo-vos como podem participar (podemos demorar um pouco porque estamos a ir por ordem de chegada vs necessidades de reunião, etc). 
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6 comentários:

  1. Parabéns, eu quase que ia sendo despromovida, porque o pai insiste que eu sou a mãe, mas insisti ainda mais e continuo a ser a mamã. Felizmente festinhas e todo o tipo de afectos da parte dela sempre tive muitos, o que menos gosto é que agora às vezes quer dar-me beijos na boca. As bocas têm muitos germes e outra bicharada que quero evitar transmitir-lhe, acho que esta panca começa finalmente a passar-lhe. 😜

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  2. Engraçado: cá em casa sempre foi mamã porque sempre foi assim quer referi a mim. E o papá é o papá. Por sempre ter sido assim não vejo nisto uma « promoção ». E ela também nunca foi muito de grandes gestos de carinho (agora com 3 anos já começam a aparecer) mas também sempre os teve mais com o pai do que com a mãe. E no nosso caso nem se tratou de stress ou ansiedade meus. Acho que é nitidamente uma menina do papá. :)

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  3. Que curioso Joana, a minha menina também com 5 anos começou-me a chamar mamã e ao pai papá...dantes era mãe..pai...
    Será coincidência ou alguma caracteristica própria destas idades?

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  4. Mas porque raio é que uma criança de cinco anos havia de estar nervosa, ansiosa ou pouco à vontade com os seus pais?
    Ser a sua melhor amiga?
    Olha desculpa lá mas acho que está tudo trocado.
    Nem consigo imaginar como será quando a Irene chegar aos dramas da adolescência ....

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  5. Mas por que raio é que um/a anónimo/a (adulto/a) assumo haveria de às 5:34 da tarde escrever um comentário que não tem o mínimo de consideração e empatia pela Joana? Dizer um "desculpa lá" não é fazer um verdadeiro pedido de desculpa, é mais uma frase usada para nos desculpamos a nós próprios das barbaridades que nos sentimos no direito de dizer aos outros, sabendo que os estamos à partida a desrespeitar. Não sei que problemas tem na sua vida, nem se lhe faltam ao respeito aos seus sentimentos com regularidade mas se for o caso, espero que as coisas melhorem. Entretanto, seja um pouco mais meigo/a para com os sentimentos dos outros e tente perceber antes de falar dessa forma com alguém que não conhece. Não sabe se o que está a dizer da forma que está a dizer vai ser recebido simplesmente com desprezo, ou se é um ataque que lhes vai criar uma ferida ainda mais profunda. Seja empático/a. Da mesma forma que gostaria que o/a tratassem a si. Espero mesmo que a sua semana melhore.

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    Respostas
    1. Não acho que tenha ofendido ninguém.
      O direito a opinar sobre a vida dos outros vem da vontade expressa da própria em expor a vida dela e a da filha em páginas públicas com caixa de comentários.
      Quando estou com amigos ou familiares (pessoas a quem conto a minha vida) também me sujeito a ouvir opiniões, que podem não ser as minhas.
      A minha semana está óptima, obrigada. Quer dizer, estava melhor se os meus três filhos não fossem adolescentes tão parvinhos, mas isso passa. Ao contrário de outras coisas.

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