9.17.2018

Parvoíce ou vocês também sonham com estas coisas?

Estava a estender a roupa (coisa que fiz muito este fim-de-semana e que, apesar de não adorar, me faz reflectir) e comecei a ouvir crianças a saltarem para a piscina e a nadarem. Há um condomínio em frente ao meu prédio com piscina. As minhas filhas estavam na sala a brincar e a esbofetearem-se (alternam muito entre uma coisa e outra). Era domingo e estava calor. E eu comecei a deixar-me invadir por pensamentos menos bons. A chatear-me por termos estado a manhã toda em casa, de volta da louça, da roupa, do almoço, das arrumações. De vez em quando fico com peso na consciência e sinto-me um bocado culpada, a achar que me organizo mal e que o fim-de-semana deveria ser só para elas. “Se morássemos ali, já estava feito. Descia até à piscina, uns mergulhos, umas brincadeiras com os vizinhos e já não me iria sentir assim”. Lamentei vivermos num segundo andar sem elevadores e sem garagem (já apanhei multa de estacionamento e tudo à custa disso). Perguntei-me se algum dia lhes poderia dar isso. Imaginei-nos numa casa com jardim a receber os nossos amigos numa almoçarada. E parei por ali. Que parvoíce. Comecei a fazer o exercício contrário. A pensar nas coisas boas das nossas vidas. A não me julgar pelas minhas escolhas. A não exigir mais das nossas histórias. Lembrei-me do quanto os meus pais suaram, do que cresceram, dos desafios a que se propuseram. Da equipa fantástica que fizeram para que o meu pai tirasse o curso superior já com filhos. E orgulhei-me. Orgulhar-me-ia de qualquer forma só pelo amor com que sempre nos educaram, mas o facto de terem conseguido contrariar o expectável e terem ultrapassado o inexpugnável fez-me perceber a fibra de que eram feitos. E o facto de nos terem falhado com nada do que é importante, comida, amor e atenção, de se terem desdobrado para me levarem até Lisboa para os meus ensaios nos Onda Choc para cumprir um sonho (mal eu sabia que contavam todos os escudos nessa altura...), de nos terem dado uma infância muito feliz... é impagável.

E agora estava ali entre uma mola e outra, a sonhar com uma casa com piscina ou com um quintal onde pudessem correr. Não há mal nenhum nisso, mas, sei-o bem, é muito improvável que aconteça. Sou ambiciosa mas não a esse ponto sequer e acho que não vale tudo para que o conseguíssemos. Prefiro manter os pés bem assentes na terra, não me endividar do que procurar a felicidade em coisas que não sei se nos trariam isso ou só preocupações. Não sei como estão os pais daqueles miúdos que ouvi rir na piscina. Não lhes conheço as histórias, os medos, nem sei sequer se estão felizes.

Por isso, o exercício que (me) proponho é este: ver o copo meio cheio no que somos, alcançámos e não nos cobrarmos mais nem nos sentirmos infelizes pelas nossas circunstâncias. Quando temos o mais importante: saúde, amor, uma família unida e sonhos simples, tem tudo para dar certo. 

Com o que sonham vocês?

No jardim ao pé da nossa casa <3

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4 comentários:

  1. Penso tanto nisso. Mas depois penso tambem que sou uma sortuda, tenho tudo o que é essencial e uma filha feliz. Hoje de manha li um texto daqueles que aparecem no facebook que, apesar de ser ficçao, foi um murro no estomago. Basicamente era a historia de uma mulher que levava o dia a dia a 1000 ( como tantas nós), que stressava de manha com a filha pq demorava a vestir-se, com o transito, etc e que ia morrer nesse dia (mas que, claro, nao o sabia!). E eu pensei nisso, realmente nunca sabemos quais serão os nosso ultimos momentos e passamos a vida preocupados com coisas que não importam...

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  2. Olá,

    Também penso muito nisso, no tentar ter uma vida melhor, mais desafogada, com mais oportunidades. Mas para além de não ser assim tão ambiciosa, a vida não tem corrido muito bem. É obstáculos atrás de obstáculos...

    Enfim, mas tenho uma família excelente e saúde. Isso é que importa.

    Beijinhos
    Margarida

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  3. Às vezes imaginamos que as coisas seriam diferentes "se" mas depois acabam por não ser. Eu sai há pouco de um apartamento com piscina e acabava por não usufruir tanto assim. Eram os afazeres domésticos, almoço, arrumar cozinha, dar banhos, etc, etc e o mais pequeno dormir a sesta... Quando acordava já a piscina estava à sombra! Agora mudamos para uma casa com um espacinho de quintal e já me imagino com esses almoços e eles a brincarem, espero que se concretize!

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  4. tivemos esse sonho. concretizamos os sonho de uma casa grande grande jardim. foi demais! casa grande que nos sorvia o dinheiro e tempo a arrumar limpar. jardim que estavamos mais tempoa manter que a brincar. Os empregos nao evoluiamos... Mudamos. Alemanha. O meu marido conseguiu um emprego que dá para os 4. casa bem mais pequena sem jardim. não trabalho para já. dinheiro apertado. estamos felizes. 24 horas com os garotos. muitos parques muito amor. os sonhos também mudam 😀

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