9.03.2018

Um ano em casa com os filhos... é boa ideia?

Neste momento, 3 anos depois de já não estar em casa com a Irene (depois de ter estado durante um ano e meio), só me apetece dizer-vos "fujam!!!!". 

Não houve nada mais desgastante pelo qual tenha passado e de que tenha memória. Foi duro. Foi mesmo muito cansativo e uma prova de... amor passada juntamente com uma prova de sanidade mental não passada. 

A privação de sono, a aventura da amamentação (que começou pessimamente e torta andou durante para aí os primeiros 5 meses, podem ler aqui em "As minhas maminhas e da minha filha"), a responsabilidade que sempre me pesou tanto nos ombros que me anulava, etc. Decidi, para justificar ficar em casa sem ganhar, dispensar a nossa empregada e, para além de ser mãe, também achei que poderia ser dona de casa - afinal... ia estar tanto tempo sem fazer nada... Não.

É uma missão incrivelmente difícil. É cansativa. Mexe com o que há de mais primário em nós, não vos sei explicar. Sei que voltaria a fazê-lo de novo, mas agora tudo com outra atitude (depois, já sem estar privada de sono é tudo muito simples). É normal que pareça que "tudo vai pelo cano abaixo". 



Confesso que conheço mães muito mais relaxadas que eu e para quem, estar em casa, é menos "estar em casa" do que o que senti e é tudo muito menos horrível. 

Compensou? Sim. Se teria sido engraçado e positivo caso não tivesse ficado em casa? Sim, acho que talvez tivesse sido melhor para a minha cabeça. Voltaria a fazê-lo, mas de maneira completamente diferente. A sério.

Lembrei-me disto porque encontrei algures na internet que "Ficar em casa com os filhos é mais desgastante que trabalhar fora" - a "notícia" é tão simples e pouco fundamentada que é claramente para partilha desenfreada (o que não tem mal, só faz quem quer). Não sei o que custa mais, não sei o que cansa mais porque depende de muita coisa: como ficamos depois do parto, do sono, da ajuda, da ansiedade, do tipo de trabalho... 

Seja como for, vocês que estão em casa com os filhos, muita força, mesmo muita força. Lembrem-se que tudo é uma fase. 

Para quem não tenha tido essa sorte, acreditem que há coisas boas em não ficar em casa durante um ano ou ano e meio ou três ou quatro. Tanto para vocês, como para eles. Como em (quase) tudo. 

Já tinha escrito sobre isto há uns tempos, se quiserem ler mais um bocadinho aqui em "Se me arrependo de ter ficado um ano e meio em casa com ela?"

19 comentários:

  1. Este tema é muito interessante, sobretudo quando pensamos na questão do aumento da duração da licença de maternidade paga. Se isso acontecesse cá, e nos países onde já existe, pergunto-me se há pressão social para que as mães fiquem realmente em casa durante uma licença mais alargada...
    Eu por mim falo, se por um lado senti que os filhos eram muito pequenos quando entraram na creche (seis meses), por outro não sei se aguentaria aquela vida de cada e fraldas e sopas e sestas um ano inteiro todos os dias (sozinha, porque aos fds também tenho isso mas com o pai) ...

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    1. totalmente de acordo.

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    2. Sim, eu sentir-me-ia pressionada na mesma. Aliás, quando tive direito a um ano sem vencimento confesso que parte de mim não queria que acontecesse... senti, porém, que nada compensava o estar no trabalho enquanto ela estava sem mim... A pressão... vai existir. Sem dúvida.

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    3. Eu estou na Alemanha, onde há a licença alargada. Não só há uma pressão ENORME como muitas vezes simplesmente não é possível arranjar creche para bebés com menos de um ano, porque há muito poucas. Aliás, até aos dois anos também não é fácil.

      E sim, é dos países da Europa com um maior desiquilíbrio entre géneros em termos de salários, onde a taxa de pobreza feminina é desporporcionalmente alta. Por outro lado, a Alemanha está a conseguir inverter a tendência de diminuição da taxa de natalidade.

      Penso que a Noruega tem uma situação melhor do que a Alemanha, mas não sei detalhes.

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  2. Já eu, fiquei em casa com a minha mai velha quase 2 anos. E foram os melhores 2 anos da minha vida! Desgastante, sim, mas também um privilégio. Não perdi nada, nadinha das grandes conquistas, as sestinhas juntas, o não ter stress de extrair leite p deixar para a miúda (agora q passo por isso entendo ainda mais quem introduz LA ou AC antes do tempo recomendado qd regressa ao trabalho.. Eu não o faria, mas a realidade é que tenho a sorte de só estar 3,5h horas de cada vez longe dela na maioria dos dias, só tiro leite de manhã e à hora de almoço e o da tarde nem sempre faz falta. Quem trabalha longe de casa, q tem de deixar leite para o dia todo, tem a vida super dificultada nesse sentido). Se desta vez pudesse, teria feito o mesmo! :)

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    1. No meu primeiro filho, quando regressei ao trabalho, tirava leite a meio da manhã e na hora de almoço. Desgastante no sentido que acabava por fazer intervalos maiores (bomba manual demorava a conseguir a quantidade necessária) que depois a empresa me cobrava porque deixava trabalho por terminar. Era um stresse todos os dias saber que tinha mesmo de tirar aquele leite para levar no dia seguinte para a creche. Conclusão, na segunda filha decidi logo que não iria tirar leite no trabalho, ela comercia o que os outros bebes da creche comiam (papa) . Não sei se por isso ela se desinteressou da mama muito mais cedo que o irmão. Mas a minha decisão foi o melhor para o interesse familiar, pois os stresses no trabalho óbvio que se reflectem no bem estar familiar.
      Para responder aos comentários abaixo, claro que todas as mães sofrem por deixar os bebés tão pequeninos mas eu, honestamente, posso dizer que a privação de sono me custa por vezes mais quando tenho de passar o dia a cuidar das crianças do que passando o dia a trabalhar. No trabalho ao menos posso ir a casa de banho quando quero, almoçar no horário, fazer pausas. Com criança por vezes nem comer nem casa de banho nos deixam! Ouvir choro horas seguidas acho que é pior que lidar com mil chefes ou clientes.

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    2. *leia-se, é pior quando se está em privação de sono! Claro que tudo são rosas (até o choro de um bebé) quando estamos descansadas e relaxadas. Eu com as noites praticamente em claro, se for trabalhar tomo dois cafés e estou fina, para além de que se sai de casa, toma-se ar fresco, vê-se pessoas, fala-se com colegas, ocupa-se a cabeça com outras preocupações. E o momento de regresso aos filhos é uma corrida de alegria. Ficar em casa sem trabalhar, e caso se esteja a amamentar, nem café se pode tomar! As noites más custavam-me muito mais, porque passava o dia a desesperar pelas sestas. Claro que nos 'dias bons', tudo era fácil e um prazer, e o choro uma oportunidade de consolar e dar ainda mais mimo.
      Dito tudo isto, é óbvio (pelo menos para mim) que em abstracto quem dera as mães (ou os pais) poderem ficar um ano de licença.

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  3. Isso é uma treta .. tomará todas nós, ou pelo menos uma grande parte , ficar em casa no primeiro ano . Mesmo sem empregada , porque , sabes Joana as pessoas têm de ir trabalhar privadas de sono , tomar conta da casa , e adivinha lá , tomar conta dos filhos !! Não faças mais post a destes . Não sabes o que dizes .

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    1. Todos os sentimentos são válidos. Lamento muito por quem queira e não possa. Até quis passar a ideia de que poderia não ser assim tão "angelical" como se imagina. Quis tentar sossegar alguns corações possivelmente como o seu, mas claro, sempre de uma perspectiva privilegiada. Não deixa de ser a minha opinião, válida como tantas outras. Um beijinho.

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    2. Não tenho filhos mas nos exemplos que vejo à minha volta chegam ao final da licença desejosas de voltar ao trabalho para desanuviar do trabalho de mãe e dona de casa, por isso anónimo, por favor, não faça mais comentários destes, generalizar é feio e "Não sabes o que dizes"!

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  4. Joaninha joaninha , a maior parte das mães não sabe do falas .. a maior parte deixa uma parte de si aos 6 meses de idade no Infantario , vai trabalhar e quando volta ao final do dia de trabalho vai arranjar a casa , brincar com o bebé e adivinha no dia seguinte vai trabalhar privada de sono . Não digas asneiras . Quem tem a possibilidade de ficar em casa que não diga parvoíces .

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    1. É uma dor enorme. Também passei por ela. Fui trabalhar algum tempo antes de ficar em casa o ano seguinte. Se calhar até foi essa dor que me fez querer ficar em casa durante um ano. Tive esse direito - apostei nele e arrisquei - e valeu a pena. Como disse, voltaria a fazer o mesmo. Lamento e estou com todas as mães que passaram por tudo isso e iam trabalhar, mas não desvalorizo que não tenha ido ou quem não vá e tenha de lidar com a realidade "mãe a tempo inteiro" privada de sono. Ainda hoje em dia, com ela com 4 anos, sinto que onde descanso mais é no trabalho. Posso estar sentada. Ouvir a minha música, escrever... Mas dependerá do trabalho de cada um e da cabeça, também. Um beijinho!

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  5. Juro que não consigo perceber a maldade , falta de bom senso ou simplesmente inveja. Eu não fiquei com a minha filha em casa por falta de possibilidades para isso, com muita pena minha, mas acredito que se o tivesse feito teria sido agridoce. Agora eu por não ter ficado não tenho de achar que eu sei tudo e que as outras mães não sabem nada e que a minha opção é mais válida do que a da outra pessoa, por ter ído trabalhar exausta não tenho que achar que quem fica em casa não se pode queixar nem que os sentimentos que tem são menos importantes que os meus! Menos dor de cotovelo caramba!

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    1. Não acho que seja dor de cotovelo. Acho que é uma dor e um sofrimento enorme por não terem podido fazer isso, que ainda não foi reconhecido e aceitado por aquilo que é.

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    2. Dor de cotovelo ?!?! Nada disso ! Ainda bem que puderam ficar .. só não percebo é o choradinho por terem ficado e por dar trabalho ..

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  6. Este assunto (aliás, como todos os outros quando falamos de maternidade), é de uma enorme subjectividade. A experiência de ficar em casa com uma criança vai depender de um sem número de factores externos, que vai fazer com que algumas gostem e outras não. No meu caso, ADOREI! Consegui estar um ano e pouco com a minha filha e aproveitámos as duas imenso!! Foi uma lua-de-mel com o meu mais recente e intenso amor 😍 passeámos praticamente todos os dias, almoçámos e jantámos fora, visitámos pessoas, brincámos muito, dormimos outro tanto... 😂 Quem me dera ter esta oportunidade num próximo filho. Mas lá está, eu sou relaxada com tudo na vida... E tive sorte de ter uma bebé super calma. Cada caso é um caso.

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  7. Pois eu concordo com as anônimas . A questão não é gostar ou não gostar , a questão é queixarem se do trabalho que dá tomar conta da casa e do bebé , se juntarem a isso trabalhar ficam loucas . Os primeiros tempos são duros e infelizmente a maior parte das mães têm de ir trabalhar e não as oiço com estas conversas . Apenas isso .

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  8. Caramba! Que falta de empatia que aqui vai! Sim! É um horror ter de deixar um bebé de 6meses numa creche ter de ir trabalhar em modo privação de sono e fazer malabarismo para tentar equilibrar o novo papel de mãe com o de trabalhadora com tudo o que isso implica. No entanto, isso não significa que ficar em casa com @ herdeir@ seja um mar de rosas. Sim, é um privilégio que não está acessível a todos, mas não é por isso que não tem o seu lado negro. Tudo depende da personalidade, da relação, da ajuda que se tem do parceiro ou outros elementos da família, das rotinas que se criam mais ou menos saudáveis e do próprio bebé. A Joana Gama já abordou em diversos posts o início atribulado da sua jornada na maternidade. Não é, ou não deveria ser, difícil tentar perceber a situação do ponto de vista dela! Nenhum sentimento está errado! Essa é que é a verdadeira questão! Nenhum sentimento deve ser julgado, pq nenhum sentimento está errado e não há 2 pessoas que sintam a mesma coisa da mesma forma! Além disto, é preciso perceber que isto não é uma competição sobre quem é mais ou menos privilegiada e de quem sofre mais ou menos na maternidade. Cada um é como cada qual, cada caso é um caso. E vai dar tudo ao mesmo: pessoas diferentes sentem as coisas de formas diferentes e não há mal nenhum nisso! É este eterno e maldoso julgamento que impede,
    muitas vezes, quem precisa de pedir ajuda, por mais que sintam que se estão a "afundar", porque nunca sentem que os seus sentimentos e percepções são válidos e se fulano está, aparentemente, numa situação menos boa e consegue, então não tenho direito a sentir-me mal ou a precisar de ajuda... Pfff. Screw that mentality! #maisamorporfavor

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    1. Sem duvida dos poucos comentários que se podem ler com gosto, as pessoas são maldosas e "poucachinhas". Tive uma experiência em que a minha filha aos 5 meses teve de ir para a creche, e agora no 2o filho tirei licença alargada,quase 9 meses em casa. Tudo é diferente, os bebés, o contexto, a disponibilidade mental e a maneira como se lida com as coisas. Gostaria de ter ficado em casa no 1o filho,mas não é por isso que a jornada em casa é mais fácil, porque não é,é bastante desafiante,a nível psicológico principalmente. Mas enfim, as pessoas ainda não entenderam que quando não têm nada a dizer que preste,deveriam estar caladas ou passar à página seguinte...ressabiadonas xD

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