7.25.2018

Como são os avós de hoje em dia?

É sempre um exercício muito pouco sociológico e com base em experiência própria e na dos que me rodeiam, espelha 0,000001 da realidade provavelmente, mas estas foram as conclusões que retirámos de um jantar de amigos: os avós de hoje, regra geral, aproveitam especialmente a "parte boa" da relação e não sentem (e/ou não podem ter) tantas obrigações. Isto porque os avós de hoje ainda trabalham e ainda precisam de ter tempo para si próprios, ainda são novos de espírito, e sentem que têm muito para viver, ainda querem aproveitar a vida e gozar de umas férias descansadas, em silêncio, recuperando o tempo perdido; ainda querem sair à noite ou ir ao teatro ou ao cinema ou a um concerto; ainda querem ir para um hotel ao fim-de-semana com o namorado(a); ainda precisam de sentir a vida a pulsar. Muito menos ir buscar à escola. Menos ainda ficar com os netos em casa enquanto os pais trabalham: não tenho uma única amiga a quem isso aconteça (só uma colega e o neto já é mais velho, tem 12 anos) e acho que só tenho uma minha vizinha que fica com a neta até às 19h, mas deve ser cada vez raro.


Tenho mixed feelings relativamente a isto. Já tive pena por as minhas filhas não terem essa oportunidade quando são muito pequeninas - o que me fez querer ficar em casa ano e meio com a Luísa-, mas, a bem da verdade, não trocava a juventude e a força dos meus pais por nada. Acho até percebo aqueles avós que, mesmo reformados, não iriam adorar ter os netas em casa. Percebo. Eu acho que, caso um dia venha a ter netos, também não me iria apetecer muito, após anos e anos a criar duas pessoas, não ter finalmente o meu espaço e o meu tempo, as minhas rotinas e as minhas necessidades. Pensando bem, eu não tive isso enquanto neta e não acho que me tenha feito falta. 


Depois falámos também da perda daqueles hábitos de família que pareciam estar enraizados na nossa cultura como o “domingo é almoço na casa dos avós”. Por um lado, é uma pena (gostava de trazer para casa restos em tupperware - ahah brincadeirinha), mas, pensando bem, gosto de não ter planos fechados para, enquanto família, podermos fazer o que nos apetecer, estarmos com quem quisermos, ir passear, o que surgir. Se calhar é bom que nada seja estabelecido e rotineiro a esse ponto e que vamos marcando à medida das nossas vontades, em casa do avô, da avó, dos avós, cá em casa (muito raro, sorry ahah) ou num restaurante ou... nada. Não combinar nada também sabe bem.



Os meus pais e os meus sogros, apesar da distância física, são presentes, vêm apagar muitos fogos (por exemplo, quando a Luísa teve aquele problema na anca, a sinovite temporária da anca, todos se revezaram para que eu e o David não faltássemos muito ao trabalho - só fiquei em casa com ela dois dias inteiros, espaçados), noto que gostam muito de estar com elas e que percebem que eu e o David precisamos de ir descansando e tendo uns momentos a dois, pontualmente. E elas adoram-nos. Eu sei que temos mesmo muita sorte. <3




Avó e neta a combinar na roupa (foi ao acaso eheh).

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13 comentários:

  1. Mas nem podes pedir mais. Olha-me essa avó, gira que dói! Tem mais é de viver a vida e ajudar quando for realmente essencial.

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  2. O meu pequenino ainda tem 3 meses, mas quando chegar a altura de eu ir trabalhar, ele vai ficar com a minha mãe (neste momento está desempregada)...
    Mas tb já tem ficado com o bebé para eu e o pai irmos desanuviar os dois :)

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  3. Realmente esta avó parece mãe! No meu caso, os avós estão todos reformados e ficaram com o neto até aos 2 anos, e ficavam mais ainda por vontade deles. Domingo é sempre dia de almoço de família em casa dos meus pais. Talvez já não seja frequente, mas faz sentido para mim.

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  4. Essa também é a realidade minha e dos meus amigos/familiares. Tenho 30 anos e estou grávida pela primeira vez. Os meus sogros moram a 250km de distância e ainda trabalham (e vão trabalhar mais uns 5 anos pelo menos), por isso só vamos vê-los ou eles vêm ver-nos de 3 em 3 fins-de-semana. Os meus pais já estão reformados, também moram longe, mas estão em vias de se mudar para 5min a pé de nossa casa. Vou poder estar muito mais com eles e eles conviverem diariamente (ou quase) com o neto, acredito que possam ficar com ele durante umas horas se precisarmos, no entanto, eles já têm alguma idade (70 anos) e alguns problemas de saúde, pelo que nunca os sobrecarregaria com um pedido de ficarem com ele a tempo inteiro, ou irem buscar à creche por sistema, ou cuidarem dele durante muitas horas/dias. A nossa decisão de ter um filho foi sempre pensando só em nós e na disponibilidade de nós os 2, os avós serão um complemento e principalmente quero que convivam, brinquem, se conheçam, formem intimidade e não que sejam uma ajuda ou partilha de tarefas. Em algum caso extraordinário poderá acontecer, mas por sistema não.

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  5. A minha filha tem quase 3 anos e, desde os 5 meses, que fica ao cuidado dos avós paternos, enquanto eu e o meu marido trabalhamos. Em Setembro, vai entrar para o colégio. Até aí, fica com eles. Em conjunto, pais e avós, sentimos que era a melhor opção e tem corrido muito bem. Eu acredito na perspectiva de que os filhos são nossos, dos pais, mas também são de todos aqueles que lhes queiram bem e que queiram/possam/consigam estar com eles. E os avós quiseram, de coração, ficar com ela. E, às vezes, para apagar fogos também ficam com ela. E os meus pais também :) Eles adoram. Aliás, estão sempre a insistir para ficar com ela mais vezes (para levar de férias, para passarem o fim-de-semana com ela) e nós é que ainda não estamos preparados para estar muito tempo longe dela ;) Mas fico muito feliz e grata por eles se mostrarem disponíveis.

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    1. Por aqui é igual. O santiago tem 2 anos e 3 meses, vai entrar para a creche em Setembro. Tivemos a sorte de ter os 4 avós reformados e são eles que ficam com o Santiago. Sempre nos ajudaram muito, e até para termos tempo a dois ficam com o neto. Foi a melhor prenda que lhes pudemos dar. Agora achamos que está na hora de ir aprender novas coisas e vai para a creche. Agora os avós já andam a sofrer por antecipação... E nós pais com o coração apertadinho pois sabemos que lhe vai custar tanto não estar com os avós.....

      Vânia Ferreira

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    2. Concordo. 100% confiante de que deixá-la com os avós foi o melhor que fizemos. E eu imagino-me a cuidar de netos. É apenas durante uma fase, enquanto são mais pequenos. Claro que é um compromisso enorme, mas como disse-me há pouco tempo a minha sogra "cuidar dela, durante estes 2 anos e meio, foi cansativo mas foi maravilhoso. Vê-la crescer foi maravilhoso. E agora está na fase dela voar do ninho". E eu revejo nisso, nessa ideia de uma "pequena" comunidade que cuida da criança. A minha filha tem memórias únicas desta convivência com os avós. E eu espero também poder proporcioná-las aos meus netos.

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    3. A minha sogra fica-me com as duas. A mais velha entrou este ano na pré, e toma conta da mais nova desde os 5m. Ela fica mais descansada e eu também, não sei se conseguiria confiá-las a estranhos. Havendo vontade e disponibilidade (e os avós entendendo que avós cuidadores nao podem ser avós que estragam, têm uma responsabilidade acrescida na educação e formação das crias), acho q é o melhor até pelo menos aos 2 anos. Para nós foi...

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  6. Acho que o modelo avós que ficam a tempo inteiro com os netos se usa menos nos meios urbanos e a Sul. Pelo menos da minha experiência e das pessoas próximas só uns avós é que são o cuidador habitual dos netos, todas as outras pessoas usam creches ou empregadas recorrendo aos avós só para situações pontuais. Por outro lado tenho família e muitos amigos no Porto e aí já é muito mais habitual. Mas também acho que há todo um ambiente mais tradicional.
    Eu fui daquelas crianças que esteve em casa com a avó até ir para a escola mas hoje em dia isso nem faria sentido: os meus pais trabalhavam ainda quando tive a mais velha e agora, apesar da minha mãe se ter reformado, não a imagino avó full time. Até porque eu não me imagino um dia a ficar com os netos em casa!

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  7. Que avó tão gira!

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  8. Acho que é bom os avós passarem tempo com os netos e em situações pontuais tomar conta deles mas acho que os filhos sao maioritariamente responsabilidade dos pais e também nem todos os avós tem disponibilidade, energia ou saúde para tomar um papel muito ativo na vida dos netos. Os nossos pais vêm os meus filhos uma vez por semana ou às vezes menos, dependendo das circunstâncias, e para nós tem funcionado bem assim! Acho que nas famílias é bom haver proximidade mas também espaço :)

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  9. Mas essa avó é muito à frente! Gira mas gira!

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  10. No nosso caso temos avós maternos a morar na casa ao lado,mas não corremos risco deles se meterem na nossa vida pq eles são pessoas tão isoladas que NUNCA procuram os netos.
    Eu é que vou lá com eles de vez em quando pq os miúdos pedem.
    Ficam com eles apenas se pedirmos, por algum motivo . E tenho que ir lá levar as crianças, a 20 metros e podiam facilitar um pouco, virem buscar, mas não. É o que temos é tenho que aproveitar porque as vezes preciso, mas sem abusar muito!!
    Os avós paternos moram mais longe, 40km, vem buscar o mais velho as vezes, fica lá 2 ou 3 dias. O mais novo ainda nao foi.
    Mas quer uns quer outros, não são muito proactivos, não sinto abertura para sair uns dias e deixar os miúdos, mas se calhar tb é da minha cabeça... Andamos sempre com eles atrás!!

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