1.27.2016

Ele exigiu ser o primeiro a ver o filho.

Aqui na rádio almoçamos todos os dias em conjunto porque trazemos todos comida de casa ou vamos comprar "ali" para trazermos para cá e comermos em equipa. É um momento em que se fala da actualidade, de parvoíce, de... cientologia (caso de hoje, falámos sobre um documentário que o Rui Pêgo e eu vimos na Netflix - muito muito interessante) e de partos. 

Fiquei a saber (vou confirmar) pelo meu informadíssimo colega David Carronha que o facto de parirmos deitadas (e não de cócoras como será, talvez, a nossa posição normal para expelir coisas e seres humanos do nosso corpo) por causa de Luís XIV. O Luisinho pediu que a moça se deitasse porque exigia ser o primeiro a ver a criança. 

Provavelmente só veria mesmo a criança que, na altura, não imagino as mulheres andarem a depilar-se com pedacinhos de menir (sim, eu sei que as épocas histórias estão um pouco distantes).

Acabei de confirmar, aqui, que há mais gente a partilhar a mesma informação do meu colega: 

"A posição que a mulher adota durante as últimas fases do trabalho de parto pode variar, desde sentada nas cadeiras e banquinhos usados na Europa medieval (que só se modificou no reinado de Luís XIV, quando os obstetras convenceram as amantes do rei a dar à luz deitadas em mesas demodo a que aquele, escondido atrás de uma cortina, pudesse ver tudo)[apud Pete M. Dunn, "Obstetric Delivery Today", Lancet, April 10, 1976.], até balançar pendurada nas traves da cabana. A posição mais freqüentemente adotada, e que é também a mais vantajosa do ponto de vista fisiológico, é com as costas curvadas, os joelhos fletidos e os músculos que percorrem a parte interior das coxas descontraídas..." 

Que opinião ficaram do Luís? Um rapaz que é capaz de ficar excitadinhos com imagens semelhante à de um talho por ser limpo ou um pai que quer estar tão presente ao ponto de querer ver tudo o que acontece? Será que tudo seria diferente se Luís XIV tivesse acesso ao youporn? Ou será que era extremamente obsessivo e queria só ver se nenhum obstetra estava com um sorrisinho maroto? 

Seja como for e ainda nada investiguei sobre o parto mais natural ou todo natural ou em cima de uma couve lombarda, é assustadora a quantidade de mutações que fizemos na nossa natureza no nosso meio que nos poderão estar a prejudicar. 

Daqui.

Quantas mais coisas não serão necessárias mas que estão instituídas porque ninguém se dá ao trabalho de pensar nisso ou porque, se se dá, a inércia e ou os lobbies se ocupam de abafar qualquer tipo de pensamento mais (adoro esta expressão) fora da caixa? 

Desde que fui mãe que tento interpelar-me mais sobre as coisas. Não quero acabar a ser uma velha chata cheia de teorias de conspiração a quem os netos chamarão da avó Tan-Tan, mas a partir do momento em que impingem o leite de vaca como se fosse uma necessidade do ser humano e todos nós acreditamos nisso... Que outras mil e tal coisas andamos a fazer/comer/pensar/comprar/respirar/usar que nos fazem mal, que não são necessárias, que servem apenas para alimentar alguma indústria?

Não, não sou hippie mas também acho que se ser hippie for questionar algumas coisas que já se pensam normais, acho que quero ser um pouco mais hippie. 

12 comentários:

  1. Uma vez numa reportagem que deu sobre partos na SIC vi umas imagens de um parto feito de cócoras no Hospital Garcia da Orta e só tenho a dizer que adorei. Fez todo o sentido. Talvez no próximo parto consiga que o meu seja assim também.

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    1. Será assim que vou querer o meu! Deixo aqui os vídeos: https://www.youtube.com/watch?v=MlBaKctrpKM e https://www.youtube.com/watch?v=r1rWV39-blE

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    2. Mesmo! Acho lindo e super natural!

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  2. No Curso de Preparação para o Parto que fiz com a Enf.ª Ana Lúcia, no Centro de Saúde de Oeiras, ela explicou-nos isso tudo. É mesmo isso... Estamos. Fazer as coisas de forma pouco natural...

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  3. Estou na iminência de parir a minha primeira cria (ah ah ah) e, como tal, era (e ainda sou) muito leiga no assunto. Contudo, sou muito curiosa e gosto de me informar.
    Por isso, quando vi que a altura do parto se estava a aproximar fui pesquisar sobre todas estas teorias de parto natural, formas e meios de parir, etc. Ouvir histórias e experiências. Enfim, inteirar-me do assunto.
    Vou ter a criança no Centro Materno Infantil do Norte (CMIN) e algo que me agradou quando visitei as instalações foi o facto da enfermeira dizer que podemos ter a criança da forma como nos der mais jeito (não fazem partos na água - ainda!). Temos uma sala só para nós (parturiente e acompanhante), com wc privado e não nos obrigam a estar na maca à espera que a criança saia. Se na altura da expulsão nos der mais jeito de cócoras, em pé, meio sentadas, deitadas, etc, assim pode ser. Além disso podemos levar música e colocar a iluminação da sala como quisermos. Ah, também há bolas de pilates à disposição das grávidas :)
    De salientar que é um centro hospitalar público, por isso, acredito que existam mais assim pelo país fora... As mentalidades estão a mudar e a mulher está a voltar a ter um papel ativo no seu parto.
    Não sei o que me espera (faço uma pequeníssima ideia vá) mas estou confiante que o meu corpo tem todas as ferramentas para que consiga fazer o seu trabalho :D

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    1. Eu tb pari num público com essas condições todas. Na realidade não serviu de muito, passo a explicar porque. A bola estava lá, mas nem um tapete tinha onde me pudesse por de joelhos (a bola não serve só para nos sentarmos..), não havia tomadas livres, por isso colocar música só mesmo no telemovel e ao fim de um tempo a bateria acaba.. E não nos deixavam carregar porque não havia tomadas livres e deus nos livre de desligarmos a balança que serve só quando a criança finalmente nascer!!! A posição tb diziam que podia ser a que quiséssemos, mas ninguém estimula outra que não seja deitada. Temos que nos lembrar, no meio das dores e tal, de perguntar se não podemos mesmo fazer força de outra forma (porque nos ordenam que nos deitemos). Duche tb tive que ser eu a lembrar-me de pedir (e faz toda a diferença!!!!). Ou seja, achei que vendem o serviço mas depois tentam que seja o mais tradicional possível... Ou pelo menos não promovem as alternativas..

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  4. A mim não havia quem me levantasse da cama nem durante as contrações nem durante o parto. Para me pôr sentada na cama para levar a epidural foi um filme, quanto mais andar a deambular! Estar deitada durante o parto permitiu me gastar as energias onde foi necessário: expulsar o bebé pela patareca :P claro que é óptimo poder optar e acho que se estão a mudar mentalidades, o que quero dizer é que para mim o mais confortável foi mm a posição deitada. Serei normal? :P

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  5. Eu concordo com a Sofia P., quando começaram as contrações "a sério" a última coisa que eu queria era estar sentada, de cócoras ou whatever, ajudou-me imenso estar deitada, para mim foi a posição que mais fez sentido e ajudou a estar o mais relaxada possível tendo em conta que estava prestes a dar à luz (adoro esta expressão).

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  6. Com epidural tem que se estar deitada até porque temos aquele cinto a volta da barriga o ctg que nos obriga a ficar deitadas, eu também não queria estar de pé é muito menos tinha forças para estar de cócoras mas quem quisesse à bruta sem anestesia devia poder escolher.

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    1. Esta informação não está correta. Pode não estar deitada com elidiram, depende dos casos. O ctg tb não obriga a estar deitada, além de que já há muitos que são wireless. Claro que dá mais jeito às enfermeiras que estejamos deitadinhas, nada sai do sítio. Mas não é obrigatório. Eu estava deitada a fazerem manobras para que o miúdo rodasse completamente, e a mandarem-me fazer força, e às tantas pedi para mudar de posição. Tenho pena que não tenha sido mais cedo, porque nessa altura já tinha passado tantas dores (mesmo com epidural) e tanto esforço que qs nem me conseguia colocar de cócoras..

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  7. Quando chega a hora querem de que saia!!!!! Tanto faz de cócoras deitada de cabeça para o ar!!! Tem é que said rápido para pararem as dores!!! O que não sabem é que as dores continuam depois de cada vez que mama, para o útero poder ir ao sítio!!!!

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    1. Verdade. Mas não são dores fortes como as do parto...parecem mais dores menstruais.

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