Amamentar sempre foi algo que eu quis fazer: fazia parte do meu projecto enquanto mãe. Acho que por saber todos os benefícios e por sentir que seria algo natural, biológico. Fazia-me sentido. Mas acho que o principal motivo era muito emocional e estava centrado nas fotografias que eu já tinha visto da minha mãe a amamentar-me "até tarde". Até tarde porque ela me dizia que naquela altura já havia muita propaganda ao leite de fórmula e que não conhecia muitas mães que o fizessem até aos dois anos. Foi o meu caso.
E ver-me na praia, no final do dia, com aquela luz mágica, no colo da minha mãe, com os pezinhos já grandes e gordos despidos e todo aquele amor, fez-me querer replicar aquela experiência.
Agora, não foi nada fácil. No entanto, tinha a minha mãe e o David à minha volta a darem-me força mas também a dizerem-me que eu seria igualmente excelente mãe se pegasse num biberão. Não o quis fazer. Não o fiz. E superei aquele primeiro mês mais complicado. Depois veio a fase boa. Depois da boa, muitas fases menos boas (quando tive de voltar a trabalhar aos 3 meses da Isabel) e outras boas, de superação.
Mas, depois da minha experiência, e de ter procurado ajuda e de ter recibo muito amor, mas também muita informação (que gostava de ter tido antes), senti como que uma missão ajudar outras mães que quisessem amamentar. Muitos textos foram escritos sobre este tema por mim e pela Joana Gama.
Desta vez, aproveitámos a nossa visita ao Centro do Bebé para colocar esta questão à Constança Cordeiro Ferreira: quais os 3 conselhos mais importantes para quem quer amamentar?
Desta vez, aproveitámos a nossa visita ao Centro do Bebé para colocar esta questão à Constança Cordeiro Ferreira: quais os 3 conselhos mais importantes para quem quer amamentar?
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Esperamos que gostem!
Querem deixar alguma dica que vos "salvou" a amamentação?
Os 3 conselhos que considero mais importantes são:
ResponderEliminar1. Não ouvir comentários depreciativos de mães, sogras, amigas ou conhecidas (causam stress logo prejudicam a própria produção);
2. Não olhar para o relógio (dar quando o bebé quiser). Ainda há pediatras a recomendar coisas insólitas como bebé de 1m ter de saber que só mama de 3 em 3 horas. Como é possível?
3. Pedir ajuda à mínima dificuldade (uma ferida pode ser a causa de uma pega errada, etc).
Gostei sobretudo do primeiro conselho, o meu projeto de amamentação era muito claro e é isso que me tem mantido nestes dois meses de amamentação que ainda contam com percalços. Começo por dizer que sou da área e que já li muito, muito, muito sobre amamentação. Tenho muito claros os benefícios científicos da amamentaçao. Orientei profissionalmente. Orientei amigas. Achava que estava bem preparada para amamentar, primeiro pq era o meu projeto, segundo porque tinha informação do meu lado. Até ter um bebé. Correu tudo ao contrário do que esperava, nunca imaginei ser tão difícil. Compreendi TODAS as histórias de amamentação frustrada que me passaram pelas mãos. Quis desistir várias vezes. Procurei ajuda precocemente. Fui a 3 conselheiras diferentes, incluindo uma muito conceituada. Em nenhuma encontrei respostas milagrosas! A pega, a pega (a maldita pega, fiquei obcecada com as características todas de uma boa pega!), o freio, limite o tempo, livre demanda, ponha creme, não ponha nada, ponha a criança a fazer o pino, dê deitada. Eu fiz tudo o que pude e consegui. Descobri que amamentar, para algumas mulheres e com alguns bebés (isto é sempre um binómio), é custoso. E por isso todos os caminhos são compreensíveis porque as condições psicológicas das pessoas são diferentes. Ao partilhar as dificuldades com quem me perguntava como estávamos, descobri dezenas de histórias iguais ou piores, que pareciam andar muito bem escondidas sabe-se lá onde, porque ninguém me falou delas durante a minha preparação (o que acho mau)! Até senti que as mulheres não são sinceras umas com as outras! Ou será que hormonalmente se esquecem dos primeiros meses ?! Encontrei, por exemplo, conforto num dos posts da JG e nos vários comentários de histórias semelhantes. Saber que afinal a nossa história era NORMAL, ou pelo menos, comum, deu-me muito alento. Nem sempre é natural, fisiológico, simples ou INDOLOR (desculpem, nao quero gritar, só destacar). Portanto sim, é importante sabermos o que queremos, é importante termos informação, é importante termos apoio do marido e da família. Mas também é importante deixar de romantizar a amamentação. Oferecer apoio (e A verdade) às nossas amigas, dizer que vai/pode apetecer desistir (mas lembremos-nos do nosso projeto), dizer que vai/pode custar mas que depois melhora, nem que seja lentamente, mas pode não ser logo, pode não ser com 15 dias, com 1 mês, com 2. Temos que ter força, foco, esperança, persistência, para manter o nosso projeto. Em dois meses foi isto que aprendi, para já. Mil vezes mais do que profissionalmente.
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