e·go·ís·ta
(francês égoïste)
(francês égoïste)
adjectivo de dois géneros e substantivo de dois géneros
Que ou pessoa que trata só dos seus interesses.
Se há ser mais abnegado, mais altruísta, mais dedicado aos outros é uma Mãe*. A maiúscula é propositada. Há Mães e mães, sim. Felizmente já tirei o meu like da página do Facebook do Correio da Manhã e tenho menos contacto com aquelas notícias do incrível de gente louca (e má) capaz das piores atrocidades. Não vejo televisão. (Só séries e documentários na Netflix e Sic Notícias, pontualmente). As Mães a sério, assim que o são, vêem depender um pequeno ser a 100% delas e aquele momento é altamente transformador. Nunca mais serão as mesmas. Até mesmo a gravidez, tendo de ceder a tantas coisas e começando a fazer as melhores escolhas em prol do bebé - e de si - funciona como um prólogo de tudo o que se seguirá. Primeiro não podem comer saladas fora de casa nem beber álcool; depois dificilmente se separam do filho recém-nascido e tentam viver de forma a não pôr em causa o seu bem-estar. A vida social fica adiada. Os duches mega rápidos, comer com eles na mama (quantas vezes?), os colos de horas para que eles durmam qualquer coisa. Cada bebé e cada família terá as suas idiossincrasias e também a sua rede de apoio (ou falta dela). Cada mãe terá os seus timings e as suas necessidades. Da Isabel, já o disse, senti necessidade de ir comprar roupa num pulinho, teria ela duas semanas, ficou em casa com o pai. E achei que precisava de ir ao Justin Timerlake e fui (claro que as minhas mamas também foram e não aguentaram tantas horas), teria ela um mês e meio ou dois. Fomos, em casal, viajar 3 dias tinha ela 9 meses. Com a Luísa não senti falta de forrobodó tão cedo, fui bem mais caseira. Nem me imagino a dormir longe dela para já. Cada uma de nós sentirá, a seu tempo, necessidades diferentes. Mas uma coisa vos digo: temos de ser um bocadinho egoístas de vez em quando. A verdade é que não estamos sequer a ser egoístas porque, por definição, egoísmo seria se desprezássemos, por regra, as necessidades alheias.
Não será o caso. Apesar de o sentirmos quase que inevitavelmente (isso e aquela história da culpa). Raios.
Hoje não fui egoísta nem me senti egoísta. E nem estou a dizer isto para me convencer, mas sim para vos mostrar, caso tenham esse receio, que há um espectro muito grande entre altruísmo e egoísmo.
Queria, estas férias, ter umas horas na praia sozinha ou a dois sem barulho, sem choros, sem necessidades alheias. Miúdas bem entregues (Isabel na creche e Luísa com a minha mãe), e lá fomos nós os dois, de carro, até ao Baleal. O silêncio na viagem. Fomos calados a maior parte do tempo, sem trocar uma palavra, mas cúmplices no bom que tudo aquilo estava a ser. Chegar, caminhar pelo areal, conseguir apreciar a natureza em todo o seu esplendor, o cheiro a mar, o sol na cara, na pele, a água a gelar os ossinhos, os beijos mais demorados e as mãos dadas. Ler metade de um livro. Um ano e meio depois (para umas muito tempo depois, para outras desnecessário), fomos passear os dois, sem filhos. Soube-nos muito, muito, muito bem. Foram horas que valeram por dias. Nunca a Luísa tinha estado tanto tempo separada de mim mas, quando cheguei, ela estava óptima. Não chorou nunca. Esteve sempre bem disposta. Comeu, dormiu, dançou, passeou, andou a distribuir beijinhos por todos. Ficou contente quando me viu mas nem por isso veio a correr fazer queixinhas. A Isabel estava a ver um filme quando a fui buscar à escola. Contente por rever os amigos e as educadoras, 3 semanas depois. Tudo certo.
Claro que pensei nelas quando estava na praia: até pedrinhas apanhámos para a Isabel pintar e comentei que uma bebé andava como a Luísa. Lembrei-me delas várias vezes. Mas nunca me senti mal por não estar com elas. Senti-me bem, muito bem. Às vezes é preciso. Parar, respirar, ouvir-nos, relaxar. Quero fazer isto mais vezes. (Tenho de). Por mim, por mim e por ele. E por elas.
Claro que pensei nelas quando estava na praia: até pedrinhas apanhámos para a Isabel pintar e comentei que uma bebé andava como a Luísa. Lembrei-me delas várias vezes. Mas nunca me senti mal por não estar com elas. Senti-me bem, muito bem. Às vezes é preciso. Parar, respirar, ouvir-nos, relaxar. Quero fazer isto mais vezes. (Tenho de). Por mim, por mim e por ele. E por elas.
Gostava até de fazer uma espécie de retiro, já alguém fez?
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*e um Pai.
Portanto diz no título que as mães têm de ser egoístas, para no texto dizer que não foi nada egoísta em ter ido à praia (que não foi de facto). Ai o clickbait a funcionar em grande neste blog
ResponderEliminar"as mães podem ir para a praia sem os filhos que não são egoistas" era muito grande e nhonhó. Para o clickbite seria: "Deixar o filho na escola e ir para a praia? Egoísta!" 😁😉
EliminarGente mais chata. Eu adoro tudo- os títulos apelativos, os textos, as miúdas! Continuem!
EliminarQue bom Joana! E que giraça!!
ResponderEliminarSou mãe de duas (a dias de fazer 3 anos e a bebé de 8 meses) e senti essa diferença aquando do nascimento das duas. Quando a primeira tinha dois meses a minha mãe ficou com ela cá em casa e fui a um aniversário de uma amiga. E quando tinha 4 meses fiz um curso de fotografia. Não sei porquê parece que queria provar a mim mesma que ainda existia eu dentro de mim apesar de já ser mãe sentia necessidade de fazer coisas sozinha. Depois passou e quando fui mãe da segunda não senti isso, pelo contrário senti que a queria aproveitar todos os minutos. E passado estes meses tem estado sempre comigo! Lembrei me agora, quando a primeira tinha quase 1 ano, passou um domingo em casa da minha mãe e eu o meu marido fomos almoçar fora e ao teatro, mas antes da peça demos um saltinho a casa para irmos fazer sexo!! Hahahaha sexo como antes com a casa só para nós!! :p
Joana finalmenteeeeeeeeeee! LOL Claramente esse tipo de necessidades mudam de mãe para mãe, eu sou das que muito cedo me separei do meu filho, apesar de 95% das vezes preferir fazer tudo com o meu marido e filho, às vezes preciso de 1/2 dias sem o filho e as vezes sem filho nem marido lol.
ResponderEliminarDe qualquer maneira este post é interessante, porque apesar de respeitar mães que não se separam dos filhos antes dos 18 anos, tenho quase a certeza que se tentassem iam gostar, ia-lhes saber bem, e iam perceber que as crianças também gostam de ter um break dos pais. 😊
Não é ser egoísta, é uma necessidade. Tantas vezes fui jantar fora, ao cinema ou só às compras enquanto a minha filha bebé ficava bem entregue aos avós. Às vezes, só poder ir ao supermercado sem ela era uma liberdade ;)
ResponderEliminarJoana.
ResponderEliminarA minha bebe tem menos um mês que a Luísa. No seu texto fala sobre pintar pedras. Ela já pinta? Gostava de lhe pedir algumas ideias de brincadeiras que já se pode fazer com bebés desta idade 🤗 beijinhos
Revejo-me tanto no k tu escreveste, acho k existe akele timig k para cd uma tem de ser respeitado e k nos faz tão bem, a nós e a eles também, umas vezes pode ser mais tarde e outras mais cedo.
ResponderEliminarTambém sinto isso, não somos só mães, somos nós próprias agora com uma extensão de nós mesmas para toda a vida ;)
Nunca fiz nenhum retiro, mas tenho vontade de fazer este retiro para mães - tempo para mim:
http://sandramatos.net/cursos/
*A propósito adoro essa fita, onde compraste?
Beijinhos
Nem imagina a sorte que tem de ter alguém com quem possa deixar a sua filha (sem ser escola) Por aqui não há ninguém, por isso a única solução é pagar a uma baby-sitter. Mesmo assim temos a sorte de o poder fazer pelo menos duas vezes por ano (há quem não possa ter esse luxo).
ResponderEliminarMas gostava de ter alguém que me pudesse ficar com os miúdos e ter essa sorte de "quando chegasse estar tudo tratado"...
Nem sequer vou referir a parte de poder passar um tempo a sós com o marido. Fico-me pela primeira parte... ter com quem os deixar
(o raio da escola fecha em Agosto - que é quando temos de tirar férias pois não temos com quem os deixar).
Ana