12.22.2015

Há um ano tive o pior dia da minha vida.

Faz hoje um ano que tive a pior experiência da minha vida. Dia 22 de dezembro.

Chegados de Praga, onde fomos passar um fim-de-semana romântico - e já a morrer de saudades da filha - dou com a ela doente. Primeiro dia de febre, mas uns olhos irreconhecíveis. Veio para o meu colo e nele adormeceu. Senti a respiração dela. Nunca a tinha ouvido respirar assim. Peito no peito e um som que estremecia, vindo do peito dela. Isto não é normal. Urgências já. "Não quero saber que é o primeiro dia de febre, não vou esperar nem mais um minuto." Coração de mãe sabe. Coração de mãe adivinha. Coração de mãe percebeu logo que algo ali não estava bem. No hospital menti, confesso. Disse que tinha febre há 3 dias, porque sabia que tinha de ser vista JÁ, e frisei a respiração sofrida, porque ela não podia ficar com pulseira verde. 

Foram todos impecáveis desde o primeiro minuto. Incansáveis, queridos, meigos. Hospital público. Veredicto: pneumonia. O meu coração parou ali. Não aguentei e desatei a chorar. O David ficou inconsolável. Sentimo-nos perdidos. Ia ter de ficar internada, sem previsão de alta. Senti-me angustiada, preocupada, culpada. A primeira vez que fiquei longe da Isabel e ela fica tão doente... Será que, estando cá, teria percebido antes? Ou teria esperado pela febre para tomar esta decisão? Teria a bronquiolite, não detectada por dois médicos na semana anterior, evoluído para pneumonia, se eu estivesse cá, com ela? Horrível a sensação de impotência e culpa.


E ali passámos a semana do Natal, com a visita da família e dos amigos mais próximos. Com a garganta apertada, com noites muito difíceis, com trocas de cateteres em que preferia que me arrancassem um mindinho, com idas rápidas a casa para dormir duas horas e tomar um banho demorado.
Assim foi até dia 27, que passou a ser o nosso dia de Natal. Pus a mesa, com frango assado, na sesta dela montei uma árvore feita de bolacha e assim fizemos o nossa consoada e trocámos presentes, os três. A Isabel recebeu um nenuco, que levou logo com beijos repenicados e que até hoje é o bebé dela.


E este foi o texto de 24 de dezembro:


"E, de repente, os presentes de Natal que ainda faltava comprar, os bolos que não chegaram a ir ao forno, nada disso importa.

Um abraço enorme a todos os pais que passam este Natal com o coração espremido, num hospital, longe do conforto de casa, a ver os filhos doentes. De corpo hirto quando a alma está partida.

Um agradecimento a todos os profissionais que nos ajudam também com um sorriso e com palavras meigas a ultrapassar tudo isto.

Aos que estão felizmente longe desta realidade, peço-vos: abracem-se, amem-se e sintam a sorte de estarem todos juntos e com saúde. Tudo o resto não importa!

E brindem a nós, que somos neste momento um rio de leito estreito. Mas ainda nos vamos voltar a espraiar. As margens vão afastar-se novamente e vamos voltar a correr livremente até ao mar. Em breve. Muito em breve.

Este sorriso da Isabel é tudo o que o meu coração precisa neste Natal. Já estamos a ficar boas. Quase, quase boas."

12 comentários:

  1. Que Deus nos guarde!
    FELIZ NATAL!!!

    Bjs

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  2. Assim não vale, já me fizeste aqui segurar umas lágrimas para ninguém ver :-)
    Estar com um bebé internado não deve ser fácil, muito menos numa época tão calorosa como esta.
    Desejo que este ano o vosso Natal seja em grande, com tudo a que têm direito. Afinal este ano vale por dois e é a dobrar ;-)
    Beijinhos e Feliz Natal!

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  3. Eu passei pelo mesmo à 4 anos atrás. O meu menino com apenas 15 dias de vida foi internado a 21 de Dezembro e só tivemos alta a 27 de Dezembro. O nosso primeiro NATAL...tão pequenino que ele era. Tantos tubos e máquinas. Não é fácil. Não é nada fácil. Mas Deus só nos dá o que conseguimos suportar. Beijinhos e feliz Natal.

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  4. Só queria fazer um reparo: não há necessidade de mentir sobre os 3 dias de febre porque uma criança pode estar com dificuldades respiratórias graves e sem febre (ou pouca). Infelizmente tive 2 situações recentes com a minha filha em que teve pulseira laranja e só tinha feito um pouquito de febre. Normalmente mede-se a saturação na triagem e este valor é que determina a urgência ou não. Os vários médicos com que falei dizem que a regra dos 3 dias é quando não há outros sintomas, agora quando há falta de ar, é logo Urgência. Também me avisaram para ter cuidado com as crianças bem dispostas e que "aguentam" bem, que é o caso da minha, porque uma pessoa pode desvalorizar a doença vendo a criança bem disposta quando na verdade já está muito atacada.
    Feliz Natal!! SF.

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    1. Sim, claro que não o devia ter feito, mas estava tão nervosa que nem reflecti, só sabia que ela tinha de ser vista, na hora. Um beijinho e feliz Natal!!

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  5. Joana, quais foram os sintomas? A minha bebé anda com tosse há 2 semanas e começou ontem com febres altas... mas hoje está melhor... começo a ficar assustada..

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    1. Coincidência ou não, ainda hoje me lembrei da situação da Joana. Domingo fomos para o hospital porque a minha filha de 22 meses estava com tosse há umas 3 semanas- melhorava e depois piorava. Sem febre ou outros sintomas... mas não quis saber. "Ah e tal, não tem nada nos pulmões, é so expectoração". Um bocadinho mais aliviada vim embora. Mas... fiquei com a pulga atrás da orelha e comecei a ver-lhe a febre. Pois bem, ontem depois do dia de creche, bem disposta e com apetite, banho e cama. À noite acorda a chorar, meço a febre, 38,3! Hoje de manhã nem pensei duas vezes - urgências outra vez! E lá fui com ela. Diagnóstico..? Bronquiolite e amigdalas a ficarem apanhadas. Antibiotico durante uma semana e e aerossóis por 5 dias. A mãe é que sabe e sabe sempre! :) As melhoras para a sua bebé Anónimo mas eu aconselhava a verificar a situação.

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    2. É difícil explicar e mesmo hoje não consigo perceber bem. A Isabel também teve tosse agora duas ou três semanas, depois melhorou, agora tem um bocadinho outra vez. Nunca estou mesmo descansada... Aprendi a ver se tem algum problema respiratório olhando para o peito dela, com ela despida. Faz uma cova. Mas, mesmo assim, ando sempre preocupada com estas tosses, até porque me disseram que depois de uma bronquiolite é comum terem mais. Até agora nenhuma. É rezar.

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  6. há um ano também passei o Natal no hospital. também estava com o coração apertadinho, mas não por estar lá com um filho doente. tinha um na barriga e outra em casa que ia passar o Natal sem a mãe (que já lá estava desde o dia 9 de Dezembro). o aproximar do Natal fez com que a tensão obrigasse o bebé a nascer no dia 23 e passei o natal já com ele cá fora. correu tudo bem apesar de ele ter nascido com 35 semanas. e saímos no dia 31! foi uma looonga estadia!
    Juliana

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  7. Passei por isso tinha o meu filho três semanas de vida. Senti cada palavra, recordei cada lágrima! Já passou. Feliz natal

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  8. Ainda bem que já passou e foi apenas um susto embora um susto sofrido.

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  9. Ainda bem que já passou e foi apenas um susto embora um susto sofrido.

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