Houve umas férias de verão, no início da minha adolescência, em que li mais de 40 livros. Ler sempre foi importante para mim. Leio bem menos agora, mas sempre que leio - e me entusiasmo - penso na parvoíce que foi ter perdido tanto tempo nas redes sociais (dava para ler um livro por semana, à vontade).
Os jovens, que são nativos digitais, têm ainda mais dificuldade em estar em silêncio, em se concentrarem, em viver de forma lenta. E a leitura exige isso. Havendo séries, televisão, jogos e tablets à disposição, é normal que deixem os livros, silenciosos, para o fim da lista. E é isso que eu quero tentar contrariar, dando o exemplo. Está mais que provado que o exemplo é crucial para que eles reproduzam esse modelo. Isso e continuar a criar um ambiente afectivo relacionado com os livros e a leitura - mais do que o de imposição e obrigatoriedade. Por que razão eles gostam tanto que lhes contemos histórias? Exacto: é um momento de partilha, de cumplicidade, de união.
O mais recente livro a entrar cá em casa foi "O Protesto do Lobo Mau", que venceu o Prémio de Literatura Infantil do Pingo Doce, que já vai na 6ª edição. Acho que não nos escapou um. Primeiro porque são bons e baratos (3,99€). Depois, porque acho mesmo de louvar esta iniciativa de premiar novos autores e ilustradores (com 50 mil euros, metade metade), para que eles possam continuar a deliciar-nos com este trabalho: neste caso, a Maria Leitão e o Pedro Velho.
É uma prenda excelente para este Natal.
É uma prenda excelente para este Natal.
O Protesto do Lobo Mau
Há um dia, na história do Lobo Mau, em que nada parece fazer sentido.
Quem é aquele urso a fazer-se passar por Capuchinho Vermelho?
E o que está uma rã a fazer na sua história?
Porque será que já não se lembra do caminho para a casa da Avozinha?
E pior: porque estará ele a ser tão manso, se antes era feroz?
Nestas páginas, cheias de imprevistos, nada acontece como se imagina.
São muitos os desafios que o Lobo vai ter de ultrapassar, mas nesta caminhada irá
fazer uma grande descoberta...
Adorei esta desconstrução da história a que já estamos habituados (e que eu, por vezes, tento mudar um bocadinho - "o Lobo não é mau, está com fome!"). Neste caso, o Lobo, depois de se confrontar com a ausência da Capuchinho e de outras personagens, vê-se capaz de sair da história e de ir construir a própria história. O giro disto tudo é que, acabando o livro, temos de reservar ali uns bons minutos para conversar e para "escrever", em conjunto, a nova história do Lobo.
Gostámos muito (a Isabel mais do que a Luísa e compreende-se, já que está quase a fazer 6 anos (como?!) e este livro é precisamente aconselhado para essa idade (até aos 12). As ilustrações estão muito giras e adorei a paleta de cores: amarelo, vermelho, preto e branco - é bem bonito.
Todos os livros das edições passadas do Prémio de Literatura Infantil <3 |