Cada vez mais. Posso ter trabalhado 10 anos em rádio (ou quase - e ainda trabalhar), feito alguma televisão aqui e ali, feito comédia em palco (aí era menos provável conhecerem-me que eram em sítios ligeiramente maiores que a minha casa de banho, vá, exceptuando o Teatro da Comuna que é jeitoso - apesar de ter feito na parte do bar). mas agora é que sinto que as pessoas me conhecem.
A verdade é que tenho uma vida muito fechada. Não costumo ir a eventos, os sítios com mais pessoas onde eu vou são centros comerciais e não é minha onda "aparecer" a não ser que não me azucrine.
Porém, em festas de aniversário (se não forem em Santarém, já sabemos, haha), no meu ginásio, na rua, nos próprios centros comerciais... vocês têm vindo ter comigo. Têm vindo dizer que me reconheceram, que lêem o blog, que gostam muito de nós e que somos importantes para vocês. Há algumas alturas em que consigo ficar à conversa, há outras em que a vergonha me inibe um pouco. Quando fico, o normal é dizerem que estão espantadas por falarem tão à vontade, mas que sentem como se me conhecessem. E conhecem.
Cuspo muito do que sinto e penso aqui. E tudo o que escrevo vem de mim. Há posts que, provavelmente, não vos interessarão porque estou a fazer uma catarse, sem pensar que há gente que quer ir à procura de um conteúdo isto ou assado e depois levam com uma reflexão, em directo, por escrito. Eu preciso de vos escrever também.
Perguntam-me muitas vezes "como é que vocês aguentam aqueles comentários imbecis?". Por cada pessoa que fala comigo, por cada comentário positivo, há 100 negativos para os quais me estou a borrifar. Não com ódio. Percebo que vêem de um sítio qualquer dessa pessoa que pouco terá que ver comigo, mas não me afectam. Afecta-me sim saber que da mesma maneira que este blog me tem ajudado a não me sentir sozinha com a minha cabeça (que parece um recém-nascido a fazer sestas de 10 minutos) também temos ajudado muitas de vocês a sentirem-se normais, adequadas, suficientes, ... .
Apesar de sermos um blog que publica fotografias giras, sempre a sorrir e nos preocuparmos com a estética das coisas, não conseguimos fugir à verdade. Às vezes estamos tristes, às vezes desesperadas, às vezes não nos apetece ser mães, às vezes apetece-nos ter quarenta. Somos uma junção de todos os dias, de todas as vontades - tal como vocês.
Não escrevo por nós, porque a Joana terá as suas coisas a dizer - que diz tão bem - mas escrevo para vos dizer que os que vocês lêem é real. E que, tal como vocês, lidamos com as nossas merdas.
É bom saber que estamos todas do mesmo lado, apesar de haver dois monitores que nos separam.
Obrigada. Fazem-me sentir normal.
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