8.24.2018

“Menti no trabalho: disse que o meu filho não tinha sido planeado”


Uma amiga confessou-me um dia destes que quando anunciou que estava grávida no trabalho e perante a questão das colegas se o filho estava nos planos, ela não conseguiu ter coragem para dizer que sim. “Foi um disparate, mas fiquei com vergonha e até receio de ficar mal vista”.

Acredito que, apesar de parecer um disparate, isto aconteça muitas vezes, perante colegas e principalmente perante as chefias. Engravidar nosso país é, infelizmente, visto como ir ali fazer umas férias (intermináveis) ou que a partir desse momento não podem contar connosco como até ali tinham feito. É como se houvesse um antes e um depois da profissional. Primeiro são as consultas, os exames, as baixas, depois a licença, depois a assistência e as doenças, a redução de horário, as reuniões nas escolas, as idas ao médico e ao centro de saúde, as viroses que se espalham por todos os membros da família e lá se vão as reuniões marcadas para as 18h30 da tarde, que pena, e lá se vai a disponibilidade que até ali era de 100%, a responder a chamadas à hora de jantar e a trabalhar madrugada dentro, todos os dias. As mulheres passam a ser vistas, e vezes até por mulheres, como alguém que arranja muitas desculpas para não trabalhar. Acham que nunca mais encarará o trabalho da mesma forma. Chegam a achar injustas as “benesses” (os direitos) que essas mulheres têm (ou os filhos delas). É incrível como nem a baixa taxa de natalidade no país, que está a deixar de assegurar a continuidade, é motivo de encorajamento das mulheres a terem filhos. E o facto de ganharem mundo e de ganharem uma flexibilidade gigante, de se redobrarem e chegarem a todo o lado – mesmo muitas vezes privadas de sono – nem o facto de darem tudo por tudo para continuarem a assegurar o seu trabalho para pôr comida na mesa parece suficiente.

Não vou ser hipócrita. Eu, infelizmente – não me orgulho mesmo nada – lembro-me de, uns aninhos depois de ter começado a trabalhar – ficar meia revoltada (nunca o expressei para com essa pessoa, menos), quando ela tinha redução de horário e tinha de ser eu a ir fazer todas as reportagens a 400 kms, às vezes em dias seguidos – uma vez calhou Porto e no dia seguinte Algarve. Custava-me. Mas com quem eu devia ter ficado chateada era com a minha chefia, que deveria ter arranjado outra solução ou posto mais uma pessoa na equipa, para que nos fôssemos alternando. Não era aquela mãe. Depois fui mãe e apercebi-me disso.

Termos um filho, termos dois filhos e até três deveria ser encorajado, caso seja essa a nossa vontade (e ainda melhor caso seja, de facto, planeado, desejado e sonhado). Deveria haver mais formas de gestão de equipas, mais possibilidade de trabalhar a partir de casa, mais possibilidade de fazer trabalho a tempo parcial. Deveria haver também mais equidade na distribuição de tarefas domésticas, as enfermeiras no centro de saúde não deveriam ficar ainda espantadas com o facto de ser um pai a acompanhar as consultas, as reuniões não podem continuar a ser agendadas para as 18h30 (independentemente de ser com homens ou mulheres).

Há muito caminho a fazer para que ter um filho não seja visto como um empecilho para uma empresa. Há muito caminho a fazer para que não haja medo de assumir: eu escolhi ter este filho.

 

Mais alguém teve medo de assumir?
(comentem em anónimo caso tenham receio de represálias, etc)
imagem pixabay.com/pt

Sigam-nos também no Instagram:
E nos nossos pessoais:



37 comentários:

  1. Como em tudo, é preciso ver os dois lados da questão. Estando eu dos dois lados, já vi situações tristes de entidades patronais que não respeitam as mulheres, como já vi mães que não respeitam entidades patronais a partir do momento em que se tornam mãe. O equilibrio nesse tal respeito é o mais dificil de se conseguir.

    ResponderEliminar
  2. Quando engravidei houve uma pessoa que me perguntou se a gravidez era para nao ir substituir uma colega durante as ferias desta...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Claro que é isso que toda a gente faz quando não quer substituir os colegas durante as férias...engravida-se!...Alias eu própria engravido todos os anos em Agosto por caso disso...LOLOL

      Eliminar
  3. Também menti.
    Mas foi para a própria família. A minha filha foi planeadissima por mim e pelo pai dela. Mas como escolhemos ser pais novos (23 anos) sei que muita gente não ia entender isso, e iam dizer que estava louca. Então disse que foi sem querer.
    Mas não foi.
    Enfim. Circunstâncias da vida.

    ResponderEliminar
  4. Dizer directamente que tinha sido planeado não disse porque não tive necessidade, mas disse que só me senti confortável em ter o segundon filho quando puseram mais uma pessoa no meu departamento. É muito complicado quando somos a única pessoa que sabe fazer determinadas tarefas. Pelo menos a mim restringiu-me de pensar em filhos durante algum tempo. Não queria vir para casa de licença e ser chateada a toda a hora com questões de trabalho.

    ResponderEliminar
  5. Infelizmente no 1o filho tive de mentir por medo de represalias,quando voltei acusaram-me de ter pouca disponibilidade e ainda fui chamada ao gabinete do chefe por causa do horario de amamentaçao, com apenas 6 meses ainda o meu filho,foi-me perguntado "Quando e q acaba essa monstruosidade(amamentacao)?". No segundo falei abertamente sobre o ter planeado e estou/vou gozar tudo o que tenho direito.Infelizmente ainda existe muita descriminacao para com as maes deste pais,por homens e tambem por mulheres,e espantem-se, as vezes ate por maes...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Fiquei doente!! Como alguém foi capaz de lhe dizer tal coisa?!! Essa pessoa não merece a voz que tem.

      Eliminar
    2. Infelizmente ha pessoas assim. Despedi me, do 2o filho td foi diferente. Mas nunca esquecerei o q ouvi.

      Eliminar
    3. Do meu primeiro filho, quando passou um ano de amamentação, a chefe perguntou-me:a) estimativa de quanto mais iria durar (lol, é obcecada com estimativas para tudo) e;b) se eu não sabia que hoje em dia há maneiras mais modernas de dar leite...

      Eliminar
  6. Adorei ler.... eu tambem tive de mentir ... mas mesmo assim fizeram me a vida negra ate que me despedi pois para mim ir para o local de trabalho era um pesadelo chorava a toda a hora até que tomei a melhor decisão despedir-me foi melhor para mim e para a bébe.

    ResponderEliminar
  7. Também menti, tinha entrado a 3 meses naquela empresa, e há um ano que andava a tentar engravidar e não estava fácil, como andava mais descontraída e com a cabeça ocupada no novo trabalho engravidei logo, sim e tive de mentir, mas quando o meu patrão soube teve uma das melhores reações que eu podia esperar, eu em pânico a pensar que depois dos 6 meses me ia mandar embora, mas não, virou se para mim e disse me que o meu bebê era o futuro das lojas dele, é que daqui a uns anos precisa de clientes e os nossos filhos são o futuro, encheu me o coração. Eu tive d por baixa muito cedo e ele não se importou, quando voltei ao trabalho foram 5* comigo

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Que bom ouvir uma boa experiência no meio disto tudo <3

      Eliminar
  8. Eu gostaria muito, mas muito mesmo de perceber por que razão temos de informar a nossa entidade patronal se o nosso filho foi planeado ou acidental... Também explicam em que posição o fizeram?!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Exactamente! A que propósito isso é mencionado no trabalho?? E, sinceramente, acho que fica "pior visto" dizer que não foi planeado, cria aquela imagem de "mulher nos 30s que não sabe ainda usar contracepção e não planeia a sua vida". Se é assim desorganizada na vida pessoal, como será no trabalho? De qualquer forma, acho que isso nem é tema a falar no trabalho. Mas só acho que se a ideia é causar determinada impressão, acabam por causar pior...

      Eliminar
    2. Posso dizer com conhecimento de causa, confirmado por académica especialista nestas questões, que NINGUÉM sequer é obrigado a comunicar que está grávida. A única consequência de não comunicar é não poder usufruir dos direitos que tem pela gravidez (ausências para consultas, não fazer trabalhos pesados, etc). Se vos der na gana, em teoria podem ter uma barriga enorme e não dar cavaco na empresa. Aha.

      Eliminar
  9. Fui a uma entrevista de emprego uma semana após ter tido um aborto. Uma das perguntas que me colocaram foi se tencionava ter filhos em breve. Menti para ficar com o lugar porque precisava mesmo do emprego, mas aquela questão revoltou-me e magoou-me dadas as circunstâncias. Quando terminou o contrato (substituição por licença de maternidade), eu estava grávida e fiz questão de que todos soubessem, principalmente o meu coordenador, que fez a entrevista.

    ResponderEliminar
  10. Esta é uma questão que vai muito mais além da parentalidade. É uma questão de organização da sociedade e de como se olha para a vida pessoal. O trabalho é uma componente e o resto? Quando se assumirem posturas sobre as horas trabalho necessárias, 6h diárias são msis do que suficientes para se trabalhar bem. Mas gostasse da ilusão da quantidade e não da qualidade. Se a jornada de trabalho terminasse às 16h30 para todos, as mulheres não tinham esse peso. Nos paises nórdicos é assim. Outra mudança essencial é da parte dos homens, quando eles tirarem mais dias de licença parental ou dias para assistência a família as mentalidades vão mudar.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Totalmente de acordo!
      http://peticaopublica.com/mobile/pview.aspx?pi=PT89642 assinei esta petição porque acho que seria o justo. (Desculpem Joanas, não sei quem criou a petição, mas considero um interesse comum)

      Eliminar
  11. É com tristeza que constato que há muito caminho a fazer. Por parte de todos nós. Senti "pressão" por medo de voltar e não ter trabalho... Também algum julgamento por parte de colegas relativamente à menor disponibilidade no regresso. Recentemente foi com tristeza que vi a pressão feita a um colega (homem) para que não usufruisse do tempo legal para a parentalidade. Mas acho que isto tem tudo a ver com a forma como se olha hoje em dia para o trabalho. Trabalhar por objetivos, alcançar resultados, etc, etc... Deixamos de trabalhar para viver e vivemos para trabalhar. Naturalmente as famílias saem muito prejudicadas desta nova forma de encarar o trabalho.

    ResponderEliminar
  12. Fiz o mesmo.

    A verdade é que pouco depois de nascer, acabei a despedir-me para poder ser mãe a tempo inteiro.

    ResponderEliminar
  13. Na empresa onde trabalhei ficar gravida sempre foi tabu, na primeira gravidez levei a licenca toda a espera de uma carta para saber de ia trabalhar. Em 7 mulheres que engravidaram so ficaram 2(eu incluido, ate hj ainda n sei como). Nao tive "direito" ao periodo de amamemtacao, e no primeiro ano de vida por causa do infantario, a minha filha tinha muitas bronquiolites, imaginam...
    Isto foi ha 4 anos. Agora estou gravida novamente, quando conuniquei (a medo) fui dispensada no dia seguinte (nada que nao tivesse ha espera, mas nao assim tao rapido). A gravidez foi planeada, mas as colegas disse que sim, foi planeada, mas nao para estr momento (envergonho-me disso). Em 7 anos que trabalhei la, sempre vesti a camisola, sempre me dediquei, dei horas e horas que nuncam foram pagas ou reconhecidas e disso nada podem apontar. Mas hj em dia, ha patroes que so querem saber deles. Tem familia, filhos e sabem como e que as coisas funcionam, mas quando e com os trabalhadorea, e uma tempestade.

    ResponderEliminar
  14. Já trabalhei num sítio onde trabalhava 12h por dia (em dias normais, nos outros chegava as 14h e havia-os todas as semanas), que estava cheio de workaholics, onde ninguém gozava licenças, onde as pessoas achavam normal estar sempre disponíveis, contactáveis, cancelar férias à última hora, etc. Era bem paga, era desafiante, havia progressões, havia gente competente. Mas aos 26 anos sabia que não era aquilo que queria para a minha vida, pensando em ter ou não filhos. Mudei de emprego e desde então tenho trabalhado num sítio onde ganho menos, mas os direitos dos trabalhadores são respeitados na sua plenitude. Estou grávida de 4 meses e vou mudar de emprego agora, para um sítio idêntico. Engravidei durante o processo de recrutamento (que durou 7 meses), não sabia se ia ficar ou não e eu e o meu marido queríamos ser pais, não íamos adiar esse desejo por uma hipotética mudança de emprego. Informei que estava grávida no dia de assinar o contrato e a reação foi normalíssima, nada de dar importância especial ao assunto, parabéns e felicidades.

    Acho que nos cabe a nós também perceber em que tipo de sítio trabalhamos e, se queremos qualidade de vida, separação da vida pessoal/profissional, temos de escolher quem o respeita e impor os nossos limites desde cedo. Não acho que ninguém deva ter reuniões às 18h30 (imaginando que entrou às 9h, claro), tenha ou não filhos. Nem acho que quem não tem se deva "sacrificar" por quem os tem. As pessoas muitas vezes aceitam tudo, mesmo coisas ilegais e que vão contra os seus direitos e com isso prejudicam-se a si e aos outros.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Podia ter sido eu a escrever este comentário... aliás com sorte a empresa era a mesma lol.
      Sem sombra de dúvidas, muito dos ataques aos direitos dos trabalhadores a que assistimos fomos nós, trabalhadores, que os permitimos. Eu sei que todos temos de colocar comida na mesa, mas há limites.

      Eliminar
    2. Concordo totalmente.. na minha empresa é sabido que para não se ficar encostado não se pode cumprir o horário de trabalho, isto é, não se pode sair às 18.. quem sai as 18h é mal visto, bom bom é trabalhar na hora de almoço e ficar até tarde (19h no mínimo)… e as chefias dizem abertamente que têm de recompensar as pessoas por isto e o resto fica para trás… Agora critico porque além de não ter essa disponibilidade percebi com o passar dos anos que há mais coisas para além do trabalho, mas é certo que já dei para esse peditório, demasiado tempo. Se todos fossemos cumpridores e respeitadores essa questão não se colocava. Mentalidades. E quando estão instituídas estas mentalidades nas empresas não serve de muito lutar contra elas (eu que o diga) é tentar procurar melhor.

      Eliminar
  15. Eu estou do outro lado. Näo como mãe mas como " irmã". Eu tinha um irmão que faleceu aos 15 anos, tinha eu 10. Sempre quis ter mais um irmão ou irmã, mesmo quando meu irmão era vivo. Quando ele faleceu, os meus pais ponderaram terem mais um filho. A minha mãe falou dessa eventualidade no trabalho dela e disseram1-lhe na cara, sem rodeios, a uma mãe que tinha acabado de perder um filho, que se ela engravidasse, era posta no olho da rua sem 1 cêntimo que fosse. Com contas para pagar e fragilisados que estavam, os meus pais não me " deram" nenhum mano ou mana. Fiquei sem o meu irmão que me faz uma falta danada e fiquei sem um irmão ou irmã que me deixa um vazio horrível. " só" eu sei o medo que tenho da velhice dos meus pais, se um dia ficaram dependentes e eu sozinha a fazer escolhas para tudo, sem alguém do seio familiar para me ajudar. Nunca terei sobrinhos biológicos, os meus filhos näo teräo primos do meu lado e isto é para tão pesado de se carregar....

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tenho lagrimas nos olhos ao ler o seu comentário. Muita força! E se alguém alguma vez lhe fizer o mesmo... Dê-lhe uma sova (pelo menos!)

      Eliminar
    2. Obrigada pelas suas palavras. Espero que nunca me o digam, mas se for o caso, bem se podem ir f*der. Trabalho arranja-se sempre, a família primeiro que tudo, para mim.<3

      Eliminar
    3. Também não gosto de ser filha única, nada mesmo, pelos motivos que descreve. Mas eu nunca soube o que era sequer ter um irmão... doi menos assim, claro. Força *

      Eliminar
  16. Fizeram-me a vida negra no trabalho sempre que tinha que ir a uma consulta ou a uma ecografia (ainda grávida), perguntavam-me se não podia marcar a consulta ou eco para depois das 18h (não, não podia...andava a ser seguida no público e vais às ecos à hora a que te dizem), quando tive o meu filho usufrui da licença de 5 meses mais a licença alargada até aos 8 meses, passaram-se quando tirei mais esses 3 meses... voltei ao trabalho a usufruir de licença de amamentação, foi outro inferno, só bocas...acabou a licença, eu saía as 18h, perguntavam me para que é que eu tinha q sair as 18h se o meu filho estava com a avó, e como nao estava numa creche, eu "não tinha" que o ir buscar a determinada hora... (esta até me foi dita por uma chefe..) parecia que como o meu filho estava com a avó, eu até podia /devia passar 24 horas no trabalho! Ouvi directas e indirectas.. porque é que estava a faltar por o meu filho estar doente, porque é que nao era o meu marido ou a minha mãe a tomar conta do meu filho... isto pq toda a gente sabia que o meu filho estava com a avó... Era mt dificil responder, combater este tipo de pressão.. constantemente a ameaçarem.. a dizerem q havia mt gente a querer trabalhar... E eu gostava do meu trabalho e acho q era dedicada e trabalhadora... Foi de tal maneira e ao longo de tanto tempo que não aguentei acabei por me despedir.. Já ia pra o trabalho nervosa a chorar... Não consegui meter baixa pq o médico achou q eu nao estava com uma depressão. e eu a adormecer e acordar todos os dias a chorar... Despedi-me, perdi regalias... Entretanto voltei às entrevistas de emprego, na altura tinha um filho de 1 ano e meio. Nas entrevistas era "e tem filhos?", "que idade tem o seu filho", quando eu dizia "1 ano" até literalmente reviravam os olhos... e nunca ficava...eu sentia que acabava ali a entrevista. Pensei em mentir e passar a dizer q nao tinha filhos, mas nunca consegui fazer isso, pq se fizesse, e ficasse com o emprego, depois como é q era se precisasse de faltar por o miúdo estar doente?? Nunca consegui trabalho outra vez, nunca consegui uma flexibilização de horários, optei por ficar em casa a criar o meu filho até ele ter mais idade.. Acontece que ele com mais idade, e eu agora tenho 45 e os recrutadores devem achar q 45 sao 85... é assim no nosso país e acho q deve ser denunciado.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Denunciou na altura o que lhe foi feito? Se sim, os meus parabéns por agir. Se não, devia claramente tê-lo feito.
      As mentalidades por aqui ainda terão que mudar bastante, para termos um mercado de trabalho em que a vida não é só trabalhar, em que não é normal ter hora de entrada e não de saída, em que não é normal ficar "só" mais 15 minutos... e por aí fora. É algo que me revolta bastante. Porque depois, como se vê, influencia tudo o resto.

      Eliminar
  17. Felizmente na empresa onde trabalho nunca tive medo de assumir uma gravidez (e tive 3 bebés seguidos, de 2 em 2 anos).
    Também sempre dei o meu melhor no trabalho, e acredito que depois de ser mãe até me tornei uma pessoa e uma colega muito melhor. Deixei completamente de ter qualquer tipo de conflito no trabalho e tornei-me muito mais tolerante. Deixei completamente de lado pequenas ofensas e pequenas quezilias que, antes, eram capazes de me estragar o dia. Passei a ser muito mais uma pessoa do sim do que do "não sei se vai dar".
    E tive a sorte de nunca me sentir prejudicada no trabalho por ter engravidado ou por ter tido filhos.
    Sei que foi sorte porque em muito locais não é assim.
    O meu namorado, por outro lado, decidiu deixar de trabalhar na empresa onde trabalhava e passou a trabalhar por conta própria para poder ter um horário flexível e mais disponibilidade para a família.

    ResponderEliminar
  18. Um grupo de mães estremosas assinou um abaixo assinado a pedir à direcção do Colégio, onde anda a minha filha, que não deixasse a educadora, que estava de licença de maternidade, voltar à sala quando terminasse a licença porque os filhos ja estavam mais adaptados à educadora que a tinha substituído... mães... que educação vão dar estas mulheres aos filhos? Ahh talvez a educação do primeiro eu, depois eu, e a seguir eu, e pronto que se dane sempre eu e mai nada!

    ResponderEliminar
  19. Não discordo em nada do post, e sei que há inúmeras histórias horríveis que não deviam acontecer a ninguém (muitos exemplos acima).
    Mas, só para deixar o outro lado da moeda também espelhado, saibam que há muitas mães/grávidas que desde que o são fazem questão de descurar de tudo o resto. Ele é baixa de "alto risco" aos 4 meses, ele idas ao médico de 5 horas, ele é usar a licença até ao fim e no dia antes despedir-se, deixando a empresa na mão... Bom, eu entendo que as prioridades mudam, que a cabeça está noutro sitio (onde esteja o bebe), a mim aconteceu-me e percebo-o, a sério. Mas para quem emprega, planeia, está a contar com aquela pessoa, ao fim de umas vezes ser confrontado com algumas mães mais 'chico-espertas' (ou azaradas, se os filhos tiverem mesmo mais doenças, ou se a gravidez for mesmo de risco, etc), eu percebo que fiquem de pé atrás e tentem dificultar. Não é por isso que podem ser desagradáveis, logicamente. Mas não é por serem pessoas 'más', é só porque provavelmente há histórias atrás que escaldaram... E se tivéssemos TODOS mais bom senso?

    ResponderEliminar
  20. Ui! Que tema sensível. Até me arrepio porque o meu caso foi horrível. Engravidei pq planeamos. Por saber como era a pessoa que me chefiava, até ponderei informá-la por e-mail, durante as férias pois depois de voltarmos piadética o assunto ficar mais suave... Tive gravidez de risco e no dia em que informei que estava grávida disse também que não poderia trabalhar. Foi terrível. Disse-me que era mto nova para ser mãe, que nunca pensou que eu engravidaria logo a seguir ao casamento e as últimas palavras foram: estar consigo é perda de tempo vou ter com outro colega seu. Nem os parabéns me deu! Engravidei a segunda vez e qdo informei disse: tenho uma boa notícia para lhe dar, espero que tb seja boa para si. Estou grávida! Reagiu bem pq já estaria à espera.... trabalhei quase até ao fim. Disse a colegas meus que eu achava que era funcionária pública e que metia baixa qdo me apetecia. Disse tb que eu era uma carta fora do trabalho. Que não contava comigo qdo regressasse... voltei e vivi o inferno durante 10 meses... mudei de empresa. Estou mega feliz com os meus filhos, meu novo emprego e essa pessoa passou a não existir na minha vida.

    ResponderEliminar
  21. Tenho 22 anos, a mh filha tem 4 anos. Tive a mh filha aos 18 anos. Cedo, sim, já sei! Sou formada na área da educação.
    Para mim, na minha opinião, o facto de ser mãe devia valorizar-me, no sentido que me tornou mt mais responsável, mais atenta, etc., a verdade é que chego às entrevistas e só digo que sou mãe se perguntarem, e sempre que perguntam já sei que não vou ser selecionada.
    Se acham difícil para uma mãe "que tem a idade correta p/ ser mãe", imaginem para uma mãe jovem que além de levar c tds esses julgamentos ainda tem que ouvir coisas como "mas já és mãe?", "estavas c/ pressa". No dia do aniversário da mh filha, uma colega de trabalho disse-me "ah então hoje é o dia que viste a tua vida a andar p/ trás".
    Estou c/ o pai da mh filha à 7 anos, temos a nossa casa, as nossas coisas, ninguém nos ajuda financeiramente... No entanto, p/ a maioria das entidades empregadoras, quando preciso de sair um pouco mais cedo ou faltar, eles assumem que, como eu só tenho 22 anos, é pq não me apetece trabalhar... Enfim...

    ResponderEliminar