Isto parece daqueles posts que vemos partilhados nos fóruns de mães em que há uma alarme gigante para algo que durante anos foi considerado normal. Ja quase evito ler essas coisas porque, de repente, o mundo todo muda só por ter lido aquilo - seja verdade ou não. Já não consumo caldos que começam por K (não, não estou a falar de uma marca chamada Kaldos, ahah) porque não sei quê, há aquela marca que faz não sei quê, as garrafas com palhinha incorporada e que não dê jeito lavar por dentro causam mictoriavite e depois tem que se fazer uma receita de farinha de alfarrobra...
A quantidade de coisas a que temos de andar a fazer rabias hoje em dia para que tudo corra bem é, no mínimo, enervante. Isto, claro, se pertencerem ao mesmo grupo que eu: o que procura coisas para se enervar.
Não vou falar das etiquetas da roupa, não. As roupas com etiqueta não fazem com que os vossos filhos, no futuro, consigam andar menos bem a pé coxinho. Não são essas etiquetas. São as outras, as etiquetas que nos atribuímos a nós mesmos, aos outros e, pior, a eles (disclaimer: menos piaducha daqui para a frente, agora).
Estamos sempre à espera de arrumar coisas.
As pessoas em categorias:
ela é...
boa
má
estúpida
inteligente
rameira
(...)
arrumarmo-nos a nós mesmas:
feia
gorda
estúpida
trapalhona
burra
(...)
ou ainda aos nosso filhos:
teimoso
burro
trapalhão
mentiroso
lento
terrorista
porco
gordo
preguiçoso
mimado
(...)
As pessoas em categorias:
ela é...
boa
má
estúpida
inteligente
rameira
(...)
arrumarmo-nos a nós mesmas:
feia
gorda
estúpida
trapalhona
burra
(...)
ou ainda aos nosso filhos:
teimoso
burro
trapalhão
mentiroso
lento
terrorista
porco
gordo
preguiçoso
mimado
(...)
As etiquetas que damos a nós mesmas resultam em grande parte das etiquetas que, algures, alguém nos deu (e que deixamos que dessem), sendo que fomos mais vulneráveis às etiquetas dos nossos pais - pessoas em quem confiámos a nossa vida (também não tínhamos grande opção) e, por isso, se dizem que somos gordos ou trapalhões, é porque deve ser verdade.
O pior é que mesmo os nossos pais, que nos terão etiquetado de determinada forma, poderão fazê-lo (sem mal) para se sentirem melhores com eles mesmos. Por exemplo: para que eu seja reconhecida como a melhor a trabalhos manuais "lá de casa", nunca irei dar espaço (inconscientemente) aos outros para que evoluam ou que façam, assumindo esse título, essa etiqueta. O mesmo com elegância, inteligência, memória, sentido de humor, dinheiro, sucesso... Para se ser "o mais", os outros têm que ser "os menos". Enfim. Já deu para perceber a ideia.
Escrevo este post para vos aliciar a pensar nisto (já que estou a tentar também):
1) Estarmos atentas às etiquetas que andamos a pôr aos nossos filhos e tentarmos desconstruí-las. Ninguém é nada aos 4 anos (por exemplo, mas muito menos antes). Ainda estão em formação. Se começarmos a tratá-los como se fossem teimosos, eles assumirão esse papel. Muito como quando namoravam e a vossa melhor amiga dizia "Eish, o teu tipo novo é muito feio" e, de repente, no dia seguinte... já vos parecia mais feio. É importante que tentemos afastar-nos desta tendência que temos de arrumar as pessoas. Para uma criança ser teimosa, por exemplo, são precisos dois. E ninguém "é", as pessoas "vão sendo" ou "estão a ser". Eu já fui uma pessoa muito isto, mas noutra fase sou outra coisa. Agora até sou mãe. Impensável antes.
2) Desconstruirmos as etiquetas que nos puseram. Não é porque a nossa mãe ou o nosso pai um dia nos terem dito - zangados ou frequentemente - que nunca vamos ser nada ou que somos qualquer coisa desagradável que o somos e muito menos para sempre. Não é porque tivemos um namorado possessivo e porque nos fazia sentir isto ou aquilo que o somos verdadeiramente ou que o vamos ser para sempre. Temos de recuar. Pensar. Desconstruir. Limpar.
Por sabermos o quanto as etiquetas nos poderão magoar, temos de ter cuidado com as que usamos nos dia-a-dia. Em nós, nos nossos filhos, familiares...
Era só isto. Chato, eu sei. Imagino que 1 pessoa tenha lido até aqui e que, se calhar, nem fui eu a reler o post por ter adormecido a meio. :)
Nota: o Facebook decidiu mudar o seu algoritmo e a partir de agora vai mostrar-vos mais posts dos vossos amigos e menos de páginas onde fizeram like. Querem saber quando publicamos coisas?
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Muito bom. 😀
ResponderEliminarO post não é chato, é hiper-importante (embora menos engraçado do que o costume concede. Etiquetas, seja de que natureza forem, limitam-nos por dentro. Só podemos ser livres sem elas - sem as ter e sem as dar. Mas o cérebro humano está feito para trabalhar com categorias. Uma maneira de contornar isto é substituir a frase "és (tão /muito) x" por "estás a ser x. Porquê?" e "sou (mesmo) y" por "porque é que estou agora a ser tão y?" Com pratica, conseguimos
ResponderEliminarNão pareces muito feliz na foto por acaso :P Está mais "vamos lá acabar com isto depressinha!"
ResponderEliminarQuanto às etiquetas, inteiramente de acordo. Temos mesmo esse problema (por aqui também, shame on me). ;( Registo mais sério, muito interessante!
Esta questão de rotular pode ser perigosa porque há os dois lados da mesma moeda...
ResponderEliminarPor um lado, rotular pessoas não é bom e pode ser nefasto, por outro, encarar crianças como tábuas rasas livres de ser e de fazer... Também!
Quando rotulamos, geralmente há um problema de comunicação grande... Quando (na maior parte das vezes) dizemos "És feio!", "És mau!", "És burro!", "Não gosto de ti!", na realidade queremos dizer "Magoaste-me...", "Estás a preocupar-me", "Estás a envergonhar-me!", "Assustaste-me!"... E quando os nossos filhos nos dizem que somos más, que querem uma mãe diferente, que não gostam de nós... O problema de comunicação mantém-se. É importante fazermos este caminho com eles, aprendermos a comunicar e a identificar emoções e razões para estarmos a agir de determinada forma.
No entanto, as crianças não são jarras vazias que enchemos com o que queremos e que moldamos exclusivamente com as nossas ações. Dois gémeos idênticos, nascidos e criados no mesmo ambiente têm personalidades e características diferentes. Quem tem mais do que um filho sabe como às vezes pode ser frustrante verificar que modos de ação e estratégias resultam com um filho e com os outros não. Penso que seja importante reconhecer as características individuais dos nossos filhos para que possamos valorizar sem sobrevalorizar as virtudes e ajudar a ultrapassar dificuldades e a esbater os aspetos menos virtuosos das nossas crianças.
Em relação à fotografia... Correndo o risco de ser mal interpretada (na escrita não vão anexadas emoções e entoações, o que pode dar azo a interpretações dúbias)... Se não se sente à vontade, se não gosta de tirar fotografias... Porque não se liberta disso? Há posts em que poderá fazer sentido haver fotografias, mas noutros, como neste, o importante é a reflexão.
Se calhar fui eu que interpretei mal mas... Não tire fotografias quando não quer e não as publique só porque sim...
Boa semana!
Uau... dificil "desconstruirmos" etiquetas pk por vezes fazemo-lo mesmo que inconscientemente... e até nem é com nenhuma intenção, sem ser por mal... verdade mesmo.
ResponderEliminarJá agora - e-ti-que-ta da foto: "Giraça" ... ;) LOL
Tens a camisola rota???
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