4.27.2016

Alguém anda com a mão demasiado leve...

A Isabel é uma fofinha, olhos doces, super carinhosa ao ponto de beijar os cães de alto a baixo, toda abraços, mas anda numa de bater. Bate-nos a nós, bate na mesa, bate no que estiver mais à mão nos momentos de contrariedade e frustração. Sei que é normal, que faz parte do crescimento, mas por vezes é-me difícil lidar com a situação.



Não lhe bato de volta porque - já expliquei aqui - não me parece lógico mostrar-lhe o mesmo comportamento, se lhe quero explicar que não se deve bater e porque violência gera violência. Além disso, não me é natural. Apesar de me roer toda por dentro, não quero magoá-la. Tento ajudá-la a passar aquele momento de zanga, mostrando-lhe empatia. "Sei que estás zangada, a mãe percebe, mas não se bate. Tautau nunca. A mãe não bate, o pai não bate, a avó não bate. Ninguém bate. Somos todos amigos. Só beijinhos, festinhas e abraços." Às vezes, só falar, de forma calma, não resulta e digo-lhe que fico triste com a situação, faço cara feia, digo que aquilo me faz dói-dói e que a mãe gosta e fica contente é com beijinhos. Resulta quase sempre num abraço e numa festinha que ela me dá e lá se acalma. Mas não resolve. No dia seguinte, está a fazer o mesmo. O que eu queria mesmo era que ela deixasse de bater efectivamente, mas eles, com dois anos, não estão preparados para processar as emoções, de forma controlada, pelo que vou ter de esperar. Respirar fundo e pedir, aos céus e a mim própria, muita paciência.

Ora, fez-me bem ler este texto do blogue Parentalidade com Apego, que de vez em quando vou espreitando e de que gosto muito, para perceber até as razões fisiológicas para o ato de bater. Adorei a questão da "tampa" no cérebro, o modelo cérebro-mão e de relembrar (como eu adorava as aulas de psicologia do 12º ano!) o córtex e o sistema límbico. A questão do desenvolvimento dos sentimentos mistos é super, super interessante. "Só a partir dos cinco anos de idade é que córtex cerebral começa a desenvolver-se o suficiente para que a criança comece a ser capaz de sentir estas duas coisas opostas e aparentemente contraditórias ao mesmo tempo: detesto-te neste momento mas sei que gosto muito de ti e não te quero magoar. Então tudo que precisamos de fazer é dar-lhes tempo para chegarem até aqui", pode ler-se.

É um texto grande, mas vale mesmo a pena. Caso estejam a passar pelo mesmo, leiam e pode ser que até encontrem alguma ajuda para ultrapassar esta fase. :)

15 comentários:

  1. Levo com cada lamparina que até vejo estrelas. Vou ler, claro. Tudo ajuda! Só não quero é bater de volta :)

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  2. O problema é que eles batem-se uns aos outros no infantário... Essa é a minha frustração, porque o meu filho responde logo com um chapadão aos outros miúdos!
    Claro que, em casa faz igual se o contrariam... Não é fácil controlar-me mas também me custa magoá-lo! Tenho de admitir que já me escapou um "sacode pó" no rabo!
    And

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  3. Joana...
    A minha tem 2 anos tb e já passou essa fase... e juntamente com morder. Eu já chegava á escolinha e perguntava: "em quem é que a Matilde mordeu hoje" era todos os dias... Compreendo bem o que estás a passar...
    Atualmente com 2 anos acabados de fazer, está mais calma. Reagi sempre como falaste na tua publicação e a seu tempo as coisas foram melhorando...
    Beijinhos e muita muita paciência!!!

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  4. Deve ser mesmo da idade. Nunca ninguém (que eu saiba) bateu à minha filha de 2 anos e ela está como a Isabel. Quando se chateia, faz cara feia e bate-nos.
    Eu explico que não se faz isso, a mãe fica triste, na mãe (e nas outras pessoas) não se bate, só se dá beijinhos e festinhas... enfim. Passado um dia ou dois, o mesmo. Às vezes bate no gato, o que também é péssimo. Mas aí nós também temos culpa porque nem sempre temos paciência para ele (o meu gato leva-nos ao limite tanto ou mais que a Lara).
    Enfim... é ter mesmo muita paciência.

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    1. E batem no gato?

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    2. Não, não batemos no gato. Claro que não batemos no gato. Credo!
      Mas ralhamos com ele e espantamo-lo constantemente de cima da nossa cara, onde ele insiste em depositar-se 50 vezes por dia. E a Lara imita-nos e ralha com ele, com a agravante de, de vez em quando, tentar bater-lhe. Mais ou menos o mesmo número de vezes que tenta bater-nos a nós.
      A mim custa-me tanto isso como ela tentar bater-nos a nós. De forma nenhuma queremos que ela pense que é permitido bater em animais mais do que em pessoas.

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    3. pensei o mesmo q o anónimo... :X

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    4. "nem sempre temos paciência para ele"?!

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    5. Como não temos para tudo na vida :)A paciencia acaba por esgotar, por muito que gostemos.
      Nao significa que batam no gato!

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    6. Percebo porque entenderam o que entenderam. De facto, não está muito clara a ideia. Mas não batemos no gato (não vou jurar pelo meu namorado) mas não será nunca uma prática "da casa".
      É até bizarro pensar nessa ideia. Eu gosto verdadeiramente de animais e respeito-os completamente, da forma que merecem.
      Eu (só se não puder evitar) não mato formigas, nem baratas, nem moscas, nem nada que aparente estar vivo.

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    7. Mas deve matar animais para comer... ai a ironia

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    8. Se tivesse que comer formigas, baratas ou moscas e tivesse que as matar sim, fa-lo-ia. Não o faço por me serem desagradáveis à vista, por diversão ou por desporto.
      Não sou vegetariana mas não sou a favor de touradas, caça, circo com animais ou qualquer mau trato a animais.
      Julgo que podemos optar pelo meio termo. Não precisamos todos de ser vegetarianos para não matar insetos ou não bater em gatos. Digo eu.

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  5. É dificil controlar, mas mais dificil é controlar aquilo que os outros acham que devemos fazer.
    Vou ler também. A minha ainda so tem 1 ano e 1 mes, mas as festinhas dela sao mais palmadas que outra coisa e claro que ela ainda não entende "não se bate na mama nem no papa nem no avo, etc"...
    Boa sorte e paciencia ;)

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  6. A minha era com o cão, gosta muito dele mas quando era contrariada batia no cão. Eu explicava, ralhava, mas nada, até que um dia ouvi um barulho estranho olhei e era o cão a gemer, ela vinha com ele por uma orelha, acabei por ter uma reacção exagerada e impensada em parte com pena do cão mas também de medo porque o cão é um doce mas não deixa de ser um animal, gritei-lhe e dei-lhe uma palmada, chorou muito mas acho que foi mais o susto e eu claro fiquei cheia de pena dela. Agora quando vai ter com ele olha para mim e diz, bao é migo e da-lhe um abraço...tadinha

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    1. Que filmes... no que se transforma a vida/casa de uma pessoa. Enfim, por estas e por outras é que não quero ter filhos :D

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