11.25.2018

Custa mais ter o primeiro filho ou ir ao segundo?

Eu já não sei se foi o tempo que amenizou, mas não me lembro de ter sido complicado ter a primeira filha. Apesar de todos os pesares: de não termos uma rede de apoio próxima ou permanente; da amamentação ter sido um processo doloroso; de ter voltado a trabalhar aos 3 meses a tempo inteiro; de ter ido para a creche com 5 meses (graças à boa vontade da avó Béu, da tia Rosel, da tia Raquel, etc etc, que conseguiram ficar com ela e se foram revezando - calhou em tempo de férias); da gestão difícil de quem ia buscar, nos dias mais complicados de trabalho; de um dia ter chorado muito no caminho para a creche, num dia em que ia muito atrasada; de sentir culpa por achar que não lhe dávamos a atenção que ela precisava (ou de uma semana, grávida da Luísa, em que chegava tão tarde a casa e estava tão pouco tempo com ela, que me chamava durante a noite e que só acalmava coladinha a ela, de tantas saudades que tinha). 

Apesar de tudo isto, acho que não foi assim tão difícil habituarmo-nos à mudança que ter um filho acarreta. Em termos comparativos, acho que custou mais passar para o segundo filho. Acho que a Isabel passou a pedir mais atenção e que nem sempre foi fácil gerir o colo para ambas. Ficar sozinha com as duas em casa assustou-me durante algum tempo. Arriscar-me a sair sozinha com as duas era quase um cenário de guerra durante alguns meses: lembro-me da mais velha a meio do desfralde e a mais nova na mama, em plena casa de banho de um supermercado. A gestão das birras das duas. Como meter as duas no carro no meio da chuva, os sacos e o lixo. Acho que veio acrescentar um nível de dificuldade às nossas vidas. E de cansaço. Foram mais noites sem dormir. Custou até conseguirmos equilibrar a balança. E eu estive em casa durante 1 ano e tal, quase dois. E mesmo assim, foi um bocado difícil.

Perguntei à Catarina Raminhos, do 7 da tarde, na viagem de comboio que fizemos a Coimbra hoje, e ela disse-me que lhes custou mais a passagem da vida de casal à vida de casal com uma filha, do que passar de uma para duas. Também lhe custou passar da primeira, com apenas dois anos, para a segunda: "é sempre difícil".

Resolvi perguntar também à Maria Ana Ferro, do Mãe Já Vai, para quem o primeiro filho "foi um choque". "Passar de uma vida de casada e livre para ter nas mãos um bebé - não muito fácil - a meu/nosso cargo, foi muito duro. Daí o medo de ir ao segundo. Mas apesar de todas as dificuldades em equilibrar o bem estar do primeiro com as exigências de um recém nascido, a experiência ajuda e torna tudo, ainda que muito exigente, mais fácil. Perceber que os nossos instintos na maior parte das vezes estão certos. O terceiro filho para mim foi a confirmação de muitas coisas. Se por um lado ter dois ainda pequenos retirou alguma da paz que um recém nascido merece, por outro deu-me paz interior para não ter medos e acreditar 100% em mim. Logisticamente complicou. O carro, as roupas, o espaço. Mas a leveza que se ganha com a experiência que os filhos nos dão e também com a idade supera o pequeno caos que se instala. Relativizar e gerir andam sempre de mãos dadas com três filhos."

Ambas têm três filhos. Eu às vezes tenho vontade de ir ao terceiro filho. Tenho uma ideia romântica da maternidade, saudades de ter um bebé no meu colo e sentir aquele amor avassalador por mais uma pessoa, vê-lo crescer e vê-lo fazer-me rir, sorrir e chorar, de alegria. Imaginar mais um ser maravilhoso no mundo, tal como as irmãs, deixa-me balançada. As relações entre eles, para a vida. O mágico que pode ser uma família grande. Mas depois tenho, por um lado, o David, que não tem esse sonho e que é mais pragmático, e por outro, vontade de conseguir, finalmente, encontrar alguma serenidade, de conseguir vê-las "criadas" e de conseguir ir tendo mais espaço para mim e para o casal. Às vezes acho que a decisão tem fundo egoísta, noutras acho apenas racional. 


Isabel com 4 dias, já em casa.

O que vos custou mais? Do primeiro para o segundo? Do segundo para o terceiro? Do zero para o primeiro? 

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17 comentários:

  1. Aquela mudança na vida que sempre ouvi dizer que acontecia quando se tinha filhos só senti no segundo. Foi e é muito duro. Um desgaste gigante com as brigas entre os dois.

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  2. Sempre dissemos que queríamos ter 3 filhos. Temos um menino de 3 anos, uma menina de 16 meses e estou grávida de 14 semanas. Vão ter 22 meses de diferença entre eles. Agora que estou grávida digo aqui pela 1 vez que estou cheia de medo. Não sei como vai ser gerir 3 crianças pequenas. Somos só 2 para 3... Como vai ser nas crises? Nas noites em que chamam ao mesmo tempo? Sei que quando estava grávida pela 2 vez também estava cheia de medos e dúvidas e coisa foi muito mais simples do que na minha cabeça. Mas neste momento, em que não há volta a dar tenho medo de não ser capaz de chegar a todo lado. Mães de 3, digam como se acalma o coração e resolve a situação?

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  3. Joana, acho que depende muito da personalidade dos filhos e da diferença de idades entre eles. Os meus filhos mais velhos têm 2 anos de diferença e foi muito, muito difícil. Primeiro porque a carga caiu maioritariamente nos meus ombros, depois porque o 2.º filho era muito chorão e dormia mal. Foram 2 anos que, até há pouco tempo, nem em fotografias eu gostava de recordar. Não por eles, mas por toda a culpa que me pesou durante tanto tempo. Pela atenção que não conseguia dar ao 1.º filho, pelo ressentimento eu sentia em relação ao 2.º, porque cada grito, por cada palmada, por cada descontrole meu. O 3.º filho nasceu 8 anos depois do primeiro e os maiores desafios têm sido gerir a paciência para reviver tudo de novo. Mas agora os mais velhos ja ajudam, brincam com o mais novo, são independentes e dão menos trabalho. O 3.º filho aproximou os outros 2, quenpir terem idades próximas competem muito entre eles. É uma bomba de amor que venera os irmaos e é maravilhoso ve-los crescer. Pesa no orçamento, as escolas, autch. Depois se há óculos, aparelhos dentários, actividades extra curriculares, terapias, fisioterapias... mas tudo se gere. Ao 3.º descompliquei imenso, para não enlouquecer. Lavar dentes, banhos diários, consultas de rotina em dia... tive mesmo de descomplicar. Mas esta foi a minha experiência. Como podes ver, cada experiência é única. O 3.º filho foi inesperado mas foi o melhor que podia ter acontecido à nossa família :-)

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  4. Olá a todas as mães ��. Sou mãe de 3 pequenos, um com 8 e duas com 4. No primeiro filho tive medo, não sabia o que era ser mãe a responsabilidade que isso era, ao primeiro choro ia a correr ao médico porque sim, porque estava a aprender. Não foi fácil. Chorava bastante, mas tive a ajuda dos meus pais. Quando fiquei a saber que estava grávida de gémeas foi um choque. Tive medo muito medo de não ser capaz. A viver num país novo sem família por perto. Foi o melhor que me aconteceu. Fez-me crescer e ver a força que tinha e não sabia. Para além de que até foram caminhas até ao 1ano. Agora cá em casa tem dias que é o inferno porque andam todos pegados ou porque a bagunca é muito ou talvez porque a palavra mãe é dita tantas vezes... Mas no final, quando vejo o carinho que se vai escondendo nas atitudes deles, dou comigo a chorar de felicidade e orgulho.... VALEU TUDO TÃO A PENA ❤️

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  5. Olá! Cada caso é um caso, mas para mim, mãe de dois meninos de 5 anos e outro de 18 meses, custou-me imenso passar do primeiro para o segundo... Ainda hoje penso que vou enloquecer, e estando eu e o meu marido sozinhos, por vezes não é fácil! Mas tudo passa e nos fortalece! Beijinhos para todas!

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  6. Do primeiro para o segundo, sem dúvida. A mais velha está numa fase horrível, a mais nova é uma bebé muito exigente... Mas o tempo passa rapido
    !

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  7. O pior foi passar de 0 para 1. As duas mais velhas têm dois anos de diferença e tirando a gravidez foi tudo muito calmo. Ajudou que a mais nova foi uma bebé santa mas também foi fácil estarem nos mesmos horários e gerir tudo. O mais novo faz diferença de 3 e 5 anos com as irmãs. E custou-me muito o primeiro ano, voltar tudo atrás com um bebé que por muito que se descomplique não deixa de ser bebé com as limitações de horários, comidas e afins. Dito isso acho que se é para ter é tudo seguido para depois se poder encerrar a fase fraldas e afins.

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  8. olá! os meus rapazes têm quase 4 anos de diferença. pensava que o primeiro ia alterar muito a nossa vida, mas continuámos a fazer praticamente tudo, mas com ele atrás. ok, o cinema à noite e os copos deram lugar a almoços e lanches mais caseiros, mas o nosso círculo de amigos também estava passar pelo mesmo e foi tudo natural. embora o segundo também seja um paz-de-alma, as coisas complicaram agora porque o mais velho pede mais atenção e a sensação de não me conseguir desdobrar parte-me o coração: quer sempre o que o bebé tem, seja colo, sopa sem sal, papa que nunca ligou, brinquedos que já não são para a sua idade... mas com muita conversa - e alguns berros pelo meio, quando me passo... - lá vamos dando conta do recado. mas ficamos por aqui, porque queremos manter a nossa sanidade mental :)

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  9. olá! os meus rapazes têm quase 4 anos de diferença. pensava que o primeiro ia alterar muito a nossa vida, mas continuámos a fazer praticamente tudo, mas com ele atrás. ok, o cinema à noite e os copos deram lugar a almoços e lanches mais caseiros, mas o nosso círculo de amigos também estava passar pelo mesmo e foi tudo natural. embora o segundo também seja um paz-de-alma, as coisas complicaram agora porque o mais velho pede mais atenção e a sensação de não me conseguir desdobrar parte-me o coração: quer sempre o que o bebé tem, seja colo, sopa sem sal, papa que nunca ligou, brinquedos que já não são para a sua idade... mas com muita conversa - e alguns berros pelo meio, quando me passo... - lá vamos dando conta do recado. mas ficamos por aqui, porque queremos manter a nossa sanidade mental :)

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  10. A mais velha já tinha 4 anos, e nunca me deu uma noite mal dormida ou dificuldades na pega da mama, Sempre se portou muito bem,adormecia sozinha depois de uma história, gostava de se deitar a ver um filme e nos aproveitavamks para descansar, uma menina 5☆. Nasceu a Matilde cheia de disposição, com noites muito difíceis,dificuldades na pega, um pequeno e amoroso terror. Ainda hoje com 2 anos o é muito bem disposta muito feliz, mas quando lhe da a travadinha vanha-me nossa senhora.

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  11. Sem dúvida o primeiro.Lembro-me de pensar nos primeiros dias porque é que ninguém me tinha dito que iria ser tão duro,a privação de sono,a entrega total .Com o mais velho agora com 3 anos e o mais novo com alguns mesinhos,é tudo vivido com mais serenidade,já sabemos o que esperar. O pior é realmente dar atenção aos dois

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    1. Senti exatamente o mesmo. O segundo não estava previsto, mas está na barriga. Espero que corra bem...

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  12. Por aqui estamos na fase mais desafiante e mais maravilhosa de todas. Tenho duas meninas de 2 e 4 anos que passam os dias a brigar e a testar os nossos limites e um menino de quase 4 meses que foi a melhor surpresa que a vida me trouxe.

    Foi difícil a primeira filha porque nunca tinha tido contacto com crianças (nem grandes nem pequenas). Sou filha única, sem primos perto e nunca tinha pegado num recém nascido. Andava sempre cheia de medo de errar. Depois veio a segunda, quando a mais velha tinha 2 anos. Foi planeada, tal como a irmã e aí tudo foi fácil. Muito mais fácil do que ter só um. A Maria cresceu e revelou uma personalidade bem forte que nos encanta e enlouquece. Ela luta até mais não por tudo o que quer: com gritos, a bater, a chorar. É desafiante mesmo.
    Quando a mais nova tinha 18 meses descobri que estava grávida novamente e, curiosamente, fiquei imensamente feliz e nunca entrei em pânico. Foi a melhor coisa que nos aconteceu. Olho para a minha família e, apesar dos stresses e dos gritos diários, são uma fonte de felicidade imensa.
    Os desafios são a gestão de conflitos entre as mais velhas porque o resto é tudo feito com calma e descontração (também não temos uma rede de apoio constante, temos uma avó que vem tomar conta de uma das crianças quando é preciso durante o dia).
    Para nós ter dois é bom e ter três é ainda melhor. Tudo se arranja, tudo se desenrasca e tudo se completa com muito amor e vontade.
    Joana se o desejares mesmo muito, vai ao terceiro (com o apoio do David, claro. Tenho a certeza que iria ser maravilhoso. Não conheço ninguém com 3 filhos que não diga que tudo ficou ainda melhor.
    Um beijinho :)

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  13. Para mim a grande revolução, a grande transformação que se operou cá em casa foi a passagem do 0 para o 1. É avassalador! É que não tem nada a ver a vida de um casal sem filhos com a de um casal com um bebé - não dá para não cozinhar e jantar apenas uma taça de cereais, não dá para ver um filme seguido, não dá para chegar a casa e simplesmente sentar-me no sofá a vegetar...
    A passagem de 1 para 2 filhos correu lindamente, sem ciúmes, sem sobrecargas e sem stress. A dinâmica já estava toda montada, foi só seguir em velocidade de cruzeiro.

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  14. A passagem para o segundo correu bem até este começar a ser "gente". Ai começaram os conflitos entre os irmãos e é uma guerra.

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  15. Tenho uma menina da idade da Isabel e quero muito um segundo..provavelmente será já no próximo ano. Mas assuta-me tanto ter que me "dividir" entre dois...especialmente custa-me pensar que a minha filhota poderá sentir ciumes...sei lá...ela é tudo para mim....e não quero falhar com ela porque sei o trabalho que um recém nascido "pede"...
    Catarina

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