4.18.2018

Que filha é esta? E estou a chorar porquê?

São raras as vezes em que passeio pelas fotografias da Irene quando era mais pequenina. Ando tão concentrada no presente (ou, erradamente, no futuro) que me vou esquecendo que todos os dias passam a passado e que todos os dias são dias novos em que ela estará a crescer e a mudar.

Aconteceu-me no outro dia porque tive de ir "ao disco" e dei por mim com grandes sentimentos de tristeza. Chorei. Como se (o que vou partilhar é uma estupidez e eu sei) a Irene de cada fotografia nunca mais voltasse e que eu não aproveitei o suficiente. 

O que vale e nisso ajuda-me muito o blog é que sei que independentemente de não conseguir sentir o sabor desses dias (por não parecerem ter passado por mim, seja por que motivo for) que, na altura, terei sempre amado e dado o meu melhor. Nos passeios diários quando ficar em casa me consumia, nos banhos em todos os momentos. 

Por alguma razão olho para o passado só com tristeza, como se me sentisse péssima mãe todos os dias e sei que não isso é verdade. Sei que estou longe de ser a mãe perfeita (se é que existe) ou até a melhor mãe que consiga ser, mas não entendo qual a razão para me massacrar tanto. 

Parece que tenho saudades dela por nunca a ter vivido e, no entanto, não tenho feito outra coisa. Que lágrimas são estas? 























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20 comentários:

  1. olá Joana, é o que me acontece a mim também com a minha filha de 5 anos, acho que não a aproveitei o suficiente no primeiro ano porque estava demasiado nervosa e cansada para simplesmente apreciar a minha filha (e tu pareces ser ainda mais nervosa que eu era :-)).
    Não vou ter mais filhos por razões que não interessam agora, e tenho muita pena porque sei que já faria tudo diferente e com muito mais calma e serenidade. Até porque acredito que os nossos nervos passam para os nossos filhos.
    Beijinhos.
    SF

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  2. Eu sinto o mesmo... talvez porque tenha vivido os primeiros meses e, depois também, em modo de sobrevivência. Só queria acabar cada dia o mais rapidamente possível, com menor quantidade de crises (minhas e dela), pô-la na cama, sentar-me no sofá e recuperar, mas já a pensar no daqui a pouco, que ela ia acordar e mamar e sempre assim, o tempo todo...

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  3. Oh tal e qual! O meu filho tem 2 anos e meio e quando vejo fotos dele bebé penso: "não me lembro nada disto, sinto que podia ter aproveitado tão mais!". Como é que estes meses/anos passaram por mim, por nós, tão depressa? Parece que o tempo me escorregou dos dedos e este tempo que não volta mais dá cá uma angústia perder-me nessas nostalgias. No entanto sei que não é verdade que o tempo tenha fugido sem o aproveitar, sei que fizemos imensa coisa gira, que vivemos IMENSO e muito intensamente e que tenho sido a melhor mãe que sei ser para ele. São partidas que a nossa cabeça de mãe nos prega.

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  4. Durante os primeiros meses só sentia culpa. Não sentia aquela felicidade que deveria sentir.Não passeava ou porque estava muito sol ou porque já estava na hora da sesta ou do banho ou do deitar. Não era só o não dormir a sesta , ou o chorar, era minha incapacidade de a fazer parar de chorar. Punha um peso imenso em cima de mim. Não vivia a minha filha, eu só cuidava dela. Parecia que tinha entrado em piloto automático, tenho que fazer isto e depois aquilo, tem de comer a hora x a quantidade y Se fizer tudo direitinho nada pode falhar e se falhar a culpa é minha. um dia disse a uma amiga " um dia ainda me rio disto tudo ou escrevo um livro".

    Quase 3 anos passaram ainda não escrevi o livro mas já me consigo rir. :)

    Joana pensa no agora e no amanhã como é amor para vida toda tens muitas fotos para tirar e dias para aproveitar.um beijinho

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  5. Quando se tem filhos complicados e as coisas nao correm tao bem como se espera fica sempre uma magoa... eu pessoalmente vou ficar apenas por 1 filho e com essa magoa. Mas tudo passa e com os anos a seguirem so temos de ver as coisas boas e o resto fica no passado :)
    Isabel

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  6. Acho que te concentras tanto em tentar superar-te a cada dia que acabas por não os aproveitar e apreciar. Deixa lá de matutar tanto sobre cada pequeno assunto. Descontrai...

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    1. Era mesmo isto que eu iria escrever. Tirou-me as palavras da boca.

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    2. Estes posts da Joana Gama estão a ficar demasiado obsessivos em relação à miúda. Descontrai e deslarga essa panca, tua e não dela (a avaliar pelos posts!) da mama... Qualquer dia já anda na primária e pinta as unhas...

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  7. Consigo perceber isto tão bem. Também olhos para as minhas licenças de maternidade com uma grande nuvem negra por cima. E pensar que seria diferente com um segundo filho e acabar por não ser, pelas atenções que são divididas, por querer que cresça depressa para que seja menos frágil e vulnerável. Incrível como consigo olhar para as fotografias e lembrar-me do meu estado de espírito nesse dia.

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  8. Entendo tão bem... sinto isso tão profundamente... Ás vezes tenho de travar forte essa angustia...

    Beijinhos
    https://titicadeia.blogspot.pt/

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  9. ​É algo que ​se ouve​ muito: "aproveita muito bem, porque o ​tempo passa a voar". Mas, por acaso, não sinto isso. Sinto que aproveito muito a minha filha e que o tempo passa, nem rápido, nem devagar. Apenas passa. E quanto mais velha ela vai ficando mais giro fica, porque a interacção é diferente. ​As conversas, a inclusão dela nas minhas actividades (sempre que possível), etc. Quando olho para as fotos recordo os momentos, as várias fases pelas quais ela (nós) já passou com esse sentimento de "uau, a minha filha está a crescer. Que bom!" Há uma sensação de orgulho pela família que construí. Mas já vivi precisamente o contrário. Tive uma depressão pós-parto e fiz um longo tratamento de 2 anos. Por isso, os primeiros meses, até ao diagnóstico e o tratamento começar não aproveitei nada da minha filha. Não havia vínculo entre nós. Cuidava dela por responsabilidade e obrigação. Mas, depois, com decorrer do tratamento, a minha relação com ela foi-se modificando e, hoje em dia, é totalmente o oposto. E consegui, com a terapia, não olhar para estes meus primeiros tempos como mãe, com culpa ou vergonha. Aconteceram, aprendi uma série de coisas, e fiquei a olhar para a vida de uma forma muito diferente :)

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  10. Ainda no tema do 'porquê blogs de maternidade' acho que para quem lê serve muito de catarse, neste tipo de post confessionários... As caixas de comentários servem um pouco como aquele mito (?) indiano (?) que aparecia num filme (não me lembro qual) de ir gritar os nossos sentimentos inconfessáveis num buraco de uma rocha...
    E isso é bom, claro :)

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  11. Pilar Carvalho6:06 da tarde

    É isso mesmo que sinto com a minha filha mais velha (4 anos) :( Uma tristeza, uma culpa, um sentimento de não ter conseguido aproveitar momentos que nunca mais voltam... E essa culpa é ainda maior pq a minha filha era um bebé fácil e eu, curiosamente, na altura vivi tudo sem angústia (achava eu...). Excepto ter sempre achado que a nossa ligação era frágil e que ela "não gostava de mim" (contei-te isto qd te conheci, senti que ias entender). Agora, penso que, apesar da aparente serenidade, eu devia estar aterrada de medo e tão focada em fazer tudo "certo", que não tive espaço nem capacidade para me entregar ao amor de corpo e alma... E sinto muita tristeza p não ter conseguido isso com um pós parto tão calmo e todas as condições, p isso a culpa ainda me persegue e interfere no fluir da nossa relação. A culpa é o maior inimigo das mães. Mas tenho lutado muito para recuperar o possível e não me massacrar tanto, pq é essa reconciliação comigo mesma que vai determinar uma relação mais forte entre mim e a L. e fazer-nos mais felizes. Um beijinho a todas as mães "culpadas" de não se darem a oportunidade de errar e um abraço para ti que expressas tão bem o que vai nos nossos corações de mães reais

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  12. Olá a todas! Eu super entendo e sinceramente, acho que somos todas super mulheres. Criar um filho é muito exigente e quando são pequenos dao realmente muito trabalho. Eu também tento aproveitar ao máximo cada dia mas também desejo o momento em que vai dormir para eu poder descansar. Acho isso normal!!!! Faz parte do exercício de ser mãe! Não podemos pensar demasiado senão vamos parar na loucura. Um beijo para todas!!!

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  13. Ola Joana, apesar de nao ter passado nada das dificuldades que tu passaste (a minha filha era muito facil!) tenho a mesma sensaçao. Tudo passou a correr, olho para as fotos e parece aue ja nem me lembro de nada como se tivesse sido ha 20 anos ( ela so tem 19 meses). Mas quando penso mais racionalmente sei que aproveitei esses primeiros tempos muito bem. Mas porque parece que não me lembro de nada é uma incógnita para mim!

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  14. Ela é tãoooo linda!😊

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  15. Eu sinto isso agora, com ela já tão crescida (8 anos). Queria voltar atrás no tempo e aproveitá-la ainda mais e poder corrigir os erros que sei que cometi. Ao menos que sirva que podermos aoroveitar o presente ao máximo, mesmo nos dias mais difíceis.

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  16. É "só" o tempo que sabemos que não volta para trás :)
    Anónima Catarina

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  17. Eu cá também chorava,a Irene é linda que dói,e isso emociona!!!!??

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  18. Queridas mães,
    Tenho 31 e não sou mãe. O que descrevem relativamente à maternidade passa-se com tudo na nossa vida. (Talvez com a maternidade seja o seu epítome.) Olhar para o passado parece sempre melhor do que vivê-lo. Porque, quando o recordamos, não há cocó nem chichi, nem fome, nem frio, nem tarefas, nem respondabilidades. Há só fotos (ou apenas memórias) dos melhores momentos, de quando estavam todos bem vestidos e limpinhos e com um sorriso.
    Por isso, sempre me indignei com o conselho ubíquo de “aproveitar” determinado evento/período. Até existe o cúmulo, dito pelos (mais) velhos, de “aproveita a vida”. Qual será o seu significado?!
    Vi todos os comentários. Há mães com filhos difíceis que não aproveitaram porque era difícil; com filhos fáceis que não aproveitaram porque era o 1.º; mães com dois filhos, que não aproveitaram porque... ninguém sabe o que é isso.
    Bjinhos

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