Isto foi no fim-de-semana passado. Tinha planeado ficar sábado inteiro em casa com ela a arrumar coisas, a organizar a minha vida, a fazer sopa - vocês percebem. Tinha acabado de arranjar uma prateleira do quarto dela e eis senão quando a Irene diz: "Quero ir para a casa do Pai!".
Ela às vezes verbaliza que tem saudades ou, quando pergunta quem vai buscar, pergunta se é o pai ou se sou eu, mas nunca tinha sido tão clara: "Quero ir para a casa do Pai".
Fiquei radiante. Dizer-me isso é sinal de à vontade. Dizer-me isso é sinal que reconhece o que sente e que verbaliza o que quer. Dizer-me isso é sinal (não que eu não soubesse), mas que gosta do Pai e quer o Pai.
Disse-me que queria fazer uma videochamada.
Disse-me que queria fazer uma videochamada.
Antes enviei umas mensagens ao Frederico a perguntar se ele teria disponibilidade e, apesar do fim-de-semana ser meu, porque é que eu achava importante que ela fosse desta vez e que isso não quer dizer que sempre que ela diga que terá que ir.
Acho importante que haja a rotina, que haja o que está definido, mas sinto que, para a Irene, nesta altura, é importante que ela sinta que o Pai está disponível para a receber quando ela verbaliza que sente saudades dele. Numas vezes dará, noutras não. Desta vez deu.
Fizemos a videochamada, ela fez um teatro de fantoches (com aqueles de dedos da Ikea), em que foram os bonecos a dizer que queriam ir para a casa do Pai. Passado um tempo lá foi o pai buscá-la e voltou a pô-la algum tempo depois que já tinha outras coisas combinadas.
Fiquei muito feliz pela sorte que a Irene tem de a conseguirmos ver e ouvir e de ambos lhe podermos dar estes miminhos para que ela sinta que, apesar de separados, estamos unidos no que conta.
Sei que isto não dará para todas as famílias. Há muitas relações que acabam depois de problemas sérios e que é difícil perdoar, esquecer. Há relações em que uma das pessoas está só concentrada em fazer mal por se sentir tão magoado e é tanta a dor que não se vê a criança.
Para todas essas famílias, esses ex-casais, só peço que num dia de sol, como o desta manhã, olhem para o sorriso do vosso filho ou filha e pensem: só isto importa.
Mais amor, por favor.
Damos o que podemos. Damos o que conseguimos. Nós temos muita sorte. Sinto que o Frederico e eu saltámos do barco antes dele se estampar contra a rocha e, por isso, embora nos tenha custado horrores, estamos os dois inteiros.
Que bom ela querer ir para a casa do Pai e dizer-me. Ela sabe que a mãe fica, que a mãe não desaparece. Diga ela o que disser ou fizer. É amor incondicional.
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Porque é que o Pai tem letra maiúscula e a mãe não? Pura curiosidade ;)
ResponderEliminarEheheh porque escrevo mãe com muita frequência e, então, já desisti! :) Por acaso, o nome do blog oficial é: a Mãe é que sabe :)
Eliminar❤
ResponderEliminarSou filha de pais divorciados que pasaram por cima de todas as divergências para me fazerem feliz! Tive o pai sempre que quis e a mãe também! Não me sinto filha de pais divorciados, sinto me filha de duas pessoas que se amaram e quando não lhes foi possível viverem mais juntas, se respeitaram e fizeram tudo para ne fazer feliz! E agora faz me tão feliz ver a minha filha com os avós juntos por o respeito e o amor serem o mais importante! Parabéns Joana!
ResponderEliminarUma Grande verdade neste texto: O que importa são eles!! os nossos filhotes!! mesmo que muitas vezes não concordemos com o EX, o que importa mesmo é o bem estar dos Pimpolhos!!. Gostei muito de ler , este é um caso típico de Sucesso (pelo menos até agora)!! E o que interessa mesmo é o presente!!!
ResponderEliminarQue maravilha ela poder dizer isso é vocês como pais darem se tão bem... No meu caso é muito diferente o pai fez muito mal as duas e as coisas não resultao... enfim faz se o que se consegue para a princesa estar bem.
ResponderEliminarParabéns por vocês serem assim.
Isto é absolutamente fantástico.. Acima de tudo, TUDO, pela Irene. Admiro muito esta vossa atitude.
ResponderEliminarMuito bem! Por eles tudo :) Estou a passar por uma separação, o meu filho tem 2 anos e meio. No caso, estou muito magoada com o pai dele, com os meus motivos que agora não vêm ao caso, mas que serão comuns à maioria das pessoas que se separam. O nosso barco estampou-se mesmo contra a rocha. Ainda assim, estamos sempre em contacto por causa do nosso filho. O nosso amor por ele não foi abalado pela nossa separação, se alguma coisa foi até reforçado em forma de atenção e de tudo fazer para que ele não sinta que "perdeu" alguma coisa. O resultado desse esforço, de engolir estes sapos todos em nome da felicidade do meu filho, tem sido ele poder falar e estar com pai e/ou mãe quando quiser, fazer todas as videochamadas, falar sobre o que sente (ele já verbaliza algumas coisas) sem nunca o fazermos sentir a nossa mágoa um pelo outro. Adoptei a tua máxima (obrigada!): os pais são muito, muito amigos, só já não são namorados. E amam-no mais que tudo. Ele sabe <3
ResponderEliminarAinda me lembro da publicação do Frederico a dizer "(...) ah, não liguem às malas, é porque vou sair de casa."
ResponderEliminarCustou-me-me tanto que ainda hoje não esqueci. Senti que não era aquela publicação que queria ver se um dia me divorciasse... Fico feliz por estar a correr tudo bem agora.
Lol você deve ser uma seca de pessoa, sem ponta de leveza e que não consegue desdramatizar nada
EliminarEnquanto filha de pais divorciados digo-te uma coisa: muito, muito mais importante do que haver rotinas, é haver esse respeito pela Irene, que vocês demonstram ter!
ResponderEliminarEu tinha dias definidos com um e com outro mas não os respeitava a 100% (nem lá perto...) e não teria sido feliz se algum deles me tivesse obrigado a cumpri-los.
Dentro da infelicidade de uma separação, fico feliz quando vejo casos assim, acho que a Irene será muito feliz se se mantiverem assim :)
Continuo a ser da opinião de que voces ainda se vão voltar a embrulhar (no bom sentido)... A Irene a crescer, a privação de sono que coloca qualquer casal na desgrava
ResponderEliminarA privação de sono que coloca qualquer casal na desgraça, acabou.
ResponderEliminarEscreves coisas que me fazem pensar que um dia vão voltar a ficar juntos.
Desculpa o meu lado romântico, mas tenho pena que se tenham separado (porque escreveste várias coisas boas dos dois enquanto casal).
Tenho vontade de um dia, ler um post em que escreves que são um casal novamente...😍😍😍😍
Joana! Sem ligação nenhuma, desculpe! Mas não aguentei ahah fez a voz do velocidade furiosa live? Podia jurar que era a sua voz!
ResponderEliminarJoana, olha aqui um artigo muito interessante escrito por uma pessoa que foi criança de guarda partilhada:
ResponderEliminarhttps://well.blogs.nytimes.com/2016/07/08/the-secret-superpower-of-a-shared-custody-kid/