3.20.2018

Ontem fiquei sem coração.

Estou preocupada. Muito. Ontem, a Irene entalou-se no portão da escola e eu morri ali. Morri (e ainda bem) de maneira a conseguir manter-me perfeitamente calma durante todo o processo. 

Ela entalou-se. A mão cheia de sangue. Os gritos dela que ainda os consigo ouvir. O olhar dela para mim numa de "salva-me, faz com que isto pare de doer". Atirei as coisas dela para o chão e claro que a urgência era pegar-lhe ao colo. Por ela e por mim. 

Não consegui fazer nada com a mão dela. Ela estava muito nervosa. Chorava e gritava. Eu não conseguia pensar muito bem. Nem estava tão preocupada com o que tinha acontecido ao dedo, mas queria descansá-la. 

Fomos para o hospital. Um bombeiro chamou atenção para o nosso caso e para a mão ensaguentada da Irene e conseguimos entrar na triagem rapidamente. A Irene muito nervosa e cansada. Eu, morta, mas a querer dar-lhe todo o colo do mundo - a única coisa que podia fazer. Dois médicos muito queridos, viram-na, desvalorizaram, mas recomendaram que fosse vista nas pequenas cirurgias.

Fomos para as urgências dos adultos. Tudo tão triste. Tudo tão mau. Só queria que o tempo passasse e não passava. Desinfectar o dedo foi horrível. Muitos berros. Muito choro. Tinha de continuar morta. Para ela ver calma nos meus olhos. No raio-x fizeram-na rir e a mim também e, no final, fomos para casa.

Pelo caminho o meu corpo foi voltando a ser e fui ficando com dores no corpo todo. Uma valente dor de cabeça e claro que tive de dormir com ela. 

A alegria dela, a desvalorização depois de passar a dor é uma lição e ressuscita-me. 

E isto foi só porque se entalou no dedo. 

"Não quero mais dói-dóis" - gritava ela ontem no meio de um choro que me matou.

A mãe também não quer, meu amor, mas... vai ter que ser. 

Ahh... meu amor...


PS - Obrigada à equipa do S. Francisco Xavier, foram todos muito simpáticos. 


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4 comentários:

  1. Nem quero imaginar a vossa aflição... mãe sofre mesmo! E de que maneira! Um beijinho para a Irene!

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  2. Sei bem o que isso é. A minha filha com 2 anos abriu o queixo. Teve de ser cosida na pequena cirurgia. Imagina a miúda enrolada num lençol, com duas pessoas a segurarem no corpo dela e outra a fixar-lhe a cabeça. O médico a coser. E eu ali a olhar para ela, "está tudo bem, já vai passar, a mãe está aqui". O olhar de desespero dela para mim cortava-me o coração. Só queria voltar a tê-la no meu colo, apertá-la e enchê-la de beijos.

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  3. "Morrer ali", essa é muito boa, só tu p fazeres rir... oh pá o pior mesmo é quando uma pessoa "ressuscita" dessas situações. beijinho

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  4. Que aflicao ao ler. Coitadinhas das duas... Que sensação horrivel deve ter sido... coitadinha da pequenina.
    Solidaria contigo.
    As melhoras!
    Uma mãe que não consegue ver lágrimas e que se encolheu ao ler isto...

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